Pesquisar este blog

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Analfabetismo científico preocupa pesquisadores

Nos EUA, 10 mil alunos de graduação foram ouvidos por pesquisadores. Eles constataram  que a maioria dos entrevistados acreditam em teses sem base científica. Apenas 35% dos pesquisados discordavam da ideia de que ETs teriam visitado civilizações antigas da Terra e ajudado a construir monumentos como as pirâmides do Egito; mais de 40% acreditam que os antibióticos matam tanto quanto vírus e bactérias ( apenas estas são vulneráveis ao medicamento);somente 22% não acredita em astrologia e 40% em números da sorte.
A equipe de pesquisa liderada pelo astrônomo Chris Impey aponta que os números refletem um problema do ensino no país que é fraco em ciências.
Mais aqui.

Da redação.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Custos com Alzheimer chega a 1º do PIB mundial

O Relatório Mundial do Alzheimer, divulgado nesta terça, dia mundial do Alzheimer, com os dados mundiais sobre os custos da doença revelam que eles atingem 1% do Produto Interno Bruto mundial, chegando a US$ 604 bilhões, neste ano de 2010.
O documento produzido pela Alzheimer's Disease International (ADI) - que reúne várias organizações - aponta que atualmente  existam 35,6 milhões de pessoas com demência no mundo, e a previsão é de que este número suba para 65,7 milhões até 2030 e 115,4 milhões até 2050.
Mais informações aqui.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Quando fazer previsão de comportamento influencia atitudes futuras

     No momento em que uma pesquisa pede às pessoas para fazer uma previsão de comportamento, ela não explica que tais ideias podem influenciar os entrevistados no futuro. Para debater sobre o assunto os pesquisadores da Universidade de São Paulo, Leandro Leonardo Batista e Renato Narciso Cancela, levaram ao XXXIII Intercom em Caxias do Sul, os estudos sobre o Efeito da Auto-Profecia e como isso pode contribuir para o consumo sustentável.
     Através de estudos de casos de marketing e pesquisas de opinião os pesquisadores desenvolveram hipóteses, envolvendo responsabilidades socioambientais, como por exemplo,as intenções de compras de produtos que obtiveram resultados positivos de maior consumo após o estímulo dado com pesquisas de opinião. Os pesquisadores relacionam e descrevem no texto, os fenômenos que explicam as influências no comportamento futuro a partir de estímulos dados através dessas pesquisas prévias.
    O objetivo da investigação é explorar o potencial do efeito para incentivar ações socialmente desejáveis tais como jogar pilhas e baterias usadas em locais apropriados, e não, no lixo comum.
    Um exemplo de comportamento foi apresentado pelos dados do IBOPE de 2007. Coerentemente, em torno da metade da população dos maiores estados do Brasil acredita que reciclar é uma obrigação social (92%), mas não o fazem (70%). Portanto,concluem que estes indivíduos têm atitude incoerente em relação ao comportamento de fato.
     Self- Profecy, o fenômeno apresentado no artigo, é estudado há mais de 30 anos nos Estados Unidos e desperta pouco interesse no Brasil, mas, segundo eles, poderia ser um recurso utilizado para persuadir a população a ir do discurso à prática de bons hábitos de consumo mais sustentável. Fazer previsões de comportamentos pode influenciar os mesmos no futuro, defendem os autores.

Daiane Costa

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

H1N1 e o posicionamento da mídia impressa.

No ano de 2009, o surto de contaminação provocado pelo vírus Influenza H1N1 provocou apreensão nas autoridades e população do mundo inteiro. Após a pesquisa e produção da vacina, o Ministério da Saúde organizou em 2010 uma campanha nacional de imunização para evitar novo surto.  A campanha foi realizada em etapas, em que os grupos de riscos eram imunizados.  Surgiram no período, casos de algumas pessoas que tiveram reações à vacina colocando em xeque sua eficácia.  Qual o posicionamento da mídia em relação ao problema?
Problematizar esta questão é do que trata o trabalho apresentado no GP Comunicação, Ciência, Meio Ambiente e Sociedade durante o X encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação durante o Intercom, em Caxias do Sul. Os pesquisadores Kátia Lerner e Igor Sacramento, integrantes do Observatório Saúde na Mídia da Fiocruz analisaram a cobertura sobre a campanha de vacinação em cinco jornais durante os primeiros 30 dias da campanha: Zero Hora, Estado de Minas, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo. Katia e Sacramento constataram que tanto o discurso científico, quanto o do senso comum da população eram apresentados de forma a transmitir confiança aos leitores.
Segundo a pesquisa, os jornais utilizaram fontes do meio científico para desqualificar as crenças populares sobre a real eficácia da vacina e os boatos sobre as reações adversas provocadas pela vacinação. Nestes textos, os jornais apelavam para a imagem do cientista como o porta-voz da verdade. No caso dos boatos, pelo seu anonimato o sentido dos textos era em forma de denúncia para desmentir o conhecimento científico.
Na conclusão do trabalho, os pesquisadores verificaram que nos textos jornalísticos analisados há um embate entre os especialistas e os boatos na conquista da confiança do público. Eles podem tanto impedir que as pessoas se imunizem contra o vírus Influenza H1N1, no caso dos boatos e o discurso dos especialistas em contrapartida eram utilizados como um atestado de confiança e segurança da vacina. Apesar da abertura da mídia analisada para ambos os discursos, Katia e Sacramento verificaram que a postura dos jornais e especialistas defendem que a vacina é segura, objetivo compartilhado com o Ministério da Saúde.




Leandro Rodrigues

Seara da Ciência: difundindo ciência e tecnologia

Num mundo altamente globalizado, cada vez mais há espaço para diversos assuntos, mesmo que eles sejam de difícil entendimento como a ciência e tecnologia. A divulgação científica não é uma atividade muito recente, e seu reconhecimento pela sociedade brasileira ainda é pequeno. Uma das razões, possivelmente, é a baixa escolaridade no país (média de 6,5 anos). Além disso, há uma grande carência de professores de ensino básico qualificado nessa área, principalmente em escolas públicas, onde, no geral, as condições de trabalho são precárias e a remuneração é baixa. Pensando em melhorar essa situação, a Universidade Federal do Ceará criou a Seara da Ciência, que é o seu espaço destinado à divulgação cientifica.
A Seara foi criada em 1999 por um grupo de professores dos departamentos de Química Orgânica e Inorgânica, Matemática, Física, Biologia, Geografia e Computação e tem como objetivo estimular a curiosidade pela ciência, cultura e tecnologia.
A instituição reúne diversos projetos com o intuito de popularizar a ciência, dentre os quais se destacam: laboratório de pesquisas, salão de exposições, realização de vídeos sobre a vida e a obra de cientistas de renome nacional e cearenses, e manutenção de um portal na internet, o Seara da Ciência que recebe em média, de 4.500 a 5.000 visitas por dia, o que possibilita o acesso do público à ciência.
Além de ser um museu interativo, a Seara também promove cursos voltados para alunos de escolas públicas do estado, exposições itinerantes, produz vídeos e espetáculos de teatro. No âmbito estadual, a Seara da Ciência consolida-se como um dos principais centros de divulgação científica do Nordeste, difundindo conceitos e novas formas de aprendizado aos estudantes das escolas da rede pública e particular do Ceará.
O que dá mais relevância ao trabalho realizado na Universidade é que portais e espaços de divulgação científica ainda são pouco comuns no país, principalmente no Nordeste. E ainda mais, a maioria dos espaços está centralizada nas capitais, fator que dificulta o acesso da população das cidades mais afastadas. Na região Nordeste, somente os Estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte possuem lugares de divulgação científica nas cidades do interior.
A experiência é relatada em artigo divulgado no XXXIII Congresso do Intercom de Caxias do Sul, realizado de 2 a 6 de setembro de 2010, por Giselle Soares, estudante do curso de especializaçao do curso de Jornalismo Cientifico da Universidade Federal do Ceará (UFC),Gerlene Rodrigues, também estudante do mesmo curso, e Riverson Rios, orientador do trabalho e tutor do PET do curso de Comunicação Social da UFC.


Lucian Ceolin

Jornalismo científico em busca da qualidade da informação

O artigo “A contribuição do jornalismo na popularização da ciência”, desenvolvido por Greyce Mara França e Ocimar Santiago Ramires, professores do núcleo de jornalismo científico da UFMS, aborda a popularização da ciência em relação à qualidade da informação jornalística nos textos científicos.
O avanço da tecnologia fez com que o jornalismo se desenvolvesse quantitativamente, porém, na área científica a qualidade não cresceu junto com a quantidade.
Alguns fatores foram diagnosticados para essa falta de qualidade na informação. Um deles é o despreparo dos profissionais, que “devem buscar a popularização e a educação em ciência, visando promover a formação de cidadãos capazes de perceber a ciência em todas as dimensões, como fonte de prazer, de transformação da qualidade de vida e das relações entre os homens”, segundo os autores.
O Núcleo de Jornalismo Científico(NCJ) da UFMS fez uma análise nos últimos anos da ciência e tecnologia e percebeu que é necessário uma prática cotidiana de tornar a pauta científica um noticiário para fazer com que o público leigo se interesse pelo assunto.
Os personagens responsáveis pela divulgação da ciência e tecnologia debateram em workshop realizado durante a semana nacional de ciência e tecnologia em outubro de 2004, sobre os possíveis “nós a serem desatados”. A relação pouco amigável entre pesquisadores e jornalistas e as iniciativas tímidas de pesquisadores na popularização do seu trabalho estavam entre as principais constatações.
Para tentar sanar parte dos problemas, o NJC implantou uma agência de notícias no Estado do Mato Grosso do Sul através de um portal de ciência e tecnologia. A finalidade é qualificar jornalistas interessados, criar um espaço para educar o cidadão e formar profissionais de Jornalismo especializado em ciência e tecnologia.
O núcleo atua em três áreas para popularizar a ciência, aliar o ensino, através da disciplina de jornalismo científico, a extensão, na realização de Oficinas para a capacitação de profissionais, e a interatividade social, através do portal Ciência e Notícia.
O núcleo de jornalismo científico traz em sua essência uma concepção de priorizar métodos mais críticos e menos superficiais para que a educação científica venha até a sociedade de forma democrática e eficiente”, finalizam França e Ramires.
O relato da experiência foi apresentado no Intercom 2010, XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, em Caxias do Sul de 2 a 6 de setembro.
Pedro Pavan

Responsabilidade Ambiental da Petrobrás presente no último Intercom

Estudo de caso Petrobrás traz a comparação entre as ações de Marketing Ambiental e Comunicação Institucional e analisa o comprometimento da empresa com a responsabilidade social ambiental através de suas ações. Outro ponto em discussão é a divulgação das críticas feitas pela imprensa em relação às suas ações negativas com relação ao meio ambiente.
 O artigo foi apresentado pelas pesquisadoras da Faculdade Anhanguera de Jundiaí, Márcia Dias Barbosa Paduan e Célia Maria Cassiano, no XXXIII Congresso brasileiro de Ciências da Comunicação.
Segundo as pesquisadoras, foi possível constatar que ainda há necessidades de reavaliação nas ações quanto à responsabilidade ambiental da empresa. “De fato muitas informações analisadas sobre a Petrobras oscilam entre a imagem positiva e a imagem negativa da empresa vilã, que promove os graves acidentes ambientais”, afirmam.
O objetivo geral do trabalho foi desvendar as ações de marketing para ver se estão ou não em harmonia com a comunicação institucional. Para isso, a pesquisa foi embasada de duas maneiras: bibliográfica e documental. Livros, documentários, artigos científicos, vídeos, veículos na internet, site da Petrobras, site dos patrocinados e da imprensa em geral serviram de base para a investigação. 
Com o olhar contornado para o lado positivo da empresa, o artigo traz informações do site oficial da Petrobrás. De acordo com o site, a empresa confirma o compromisso da companhia em contribuir para a implementação do desenvolvimento sustentável. “Por meio de sua política de patrocínio ambiental, a Petrobrás investe em iniciativas que visam à proteção ambiental e a difusão da consciência ecológica”, afirma as pesquisadoras.
Entre as matérias analisadas, está a que foi divulgada no site do planeta sustentável em 2008. Essa matéria mostra que na última pesquisa realizada em 2007 do M&E (consultoria espanhola especializada na avaliação de companhias), a Petrobrás havia sido classificada na segunda posição no reconhecimento do compromisso da companhia com questões de governança, transparência, responsabilidade social e ambiental.
Como exemplo de matéria de cunho negativo está a publicada no site Eco-Finanças em 2009. Segundo o artigo a matéria enfatiza que a Petrobrás não cumpriu um acordo que prevê a implantação do diesel limpo em todo o território neutro, pedindo assim, mais quatro anos para produzir esse diesel.

A trajetória do jornalismo ambiental na mídia

A pesquisadora da PUCRJ, Camila Pelegrini Motta, através de seu artigo Jornalismo Ambiental em rede e a Biodiversidade no foco da mídia, analisa a abordagem jornalística ambiental feita durante suas primeiras aparições na mídia até os dias de hoje.
Em seu trabalho, Camila consta que a mídia começou a divulgar assuntos relacionados ao meio ambiente por volta dos anos 80, quando descobriram o buraco na camada de ozônio. Junto com esse assunto, veio à tona as primeiras hipóteses sobre o impacto das atividades humanas no aumento do aquecimento global.
Nesta época, a imprensa brasileira preocupou-se em noticiar os problemas ambientais da Amazônia. Em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento divulgou o relatório Nosso Futuro Comum que seria a base das discussões da Eco-92, Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), onde reuniu jornalistas do mundo todo.
Na década de 90, expandiram-se os estudos sobre o tema, impulsionados pela cobertura jornalística da Rio-92. Em 1997, com a assinatura de diversos países do Protocolo de Kyoto, pela diminuição de gás carbônico na atmosfera, continuaram as produções de investigações a respeito do jornalismo ambiental.
A pesquisadora, acredita que nos dias de hoje, é o mundo virtual o grande mobilizador dos agentes sociais mostrando que a potencia das ações comunicativas podem se articular em rede.
A presença da mídia como divulgadora do discurso ecológico, vem colaborando para as mudanças de consciência sobre o meio ambiente.
Além da imprensa, o jornalismo ambiental tem aparecido em diversas publicações no ciberespaço. Essa movimentação resultou na criação da Associação Brasileira das Mídias Ambientais (Ecomídias), que tem como objetivo principal convencer as agências de publicidade a programarem anúncios nos veículos especializados, de divulgação dirigida.

Modelos de Comunicação Pública da Ciência

Discutir ciência, tecnologia e sociedade (CTS) com as suas implicações teóricas é uma tarefa que exige destreza e muito domínio. Afinal, exigem grande conhecimento prévio, tanto para pesquisadores, quanto para os recém-chegados na área. A discussão sobre os modelos de Comunicação Pública da Ciência foi levada ao XXXIII Congresso da Intercom pelos pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba, Antonio Roberto Faustino da Costa e Cidoval Morais de Sousa, e da USP, Fabricio José Mazzoco.
Com base em autores como Auler, Feemberg e Schor, os pesquisadores defendem que a ciência e a tecnologia andam lado a lado, apesar de apresentarem vários aspectos diferenciados. Para Feemberg (2003), enquanto a ciência busca o saber, a tecnologia almeja o controle. Compreender a interação ciência-tecnologia significa considerar a produção do conhecimento científico como intrínseca às práticas políticas, econômicas e sociais constitutivas dela própria.A maneira de articular ciência e tecnologia possibilita entender a sociologia da ciência que é, justamente, a relação entre elas. Segundo Schor (2007), pode-se entender, então, que a relação entre ciência e tecnologia deve ser tratada dentro de um mesmo contexto social. E dessa forma relacionar a ciência com: as aplicações tecnológicas e os fenômenos na vida cotidiana; abordar o estudo daqueles fatos e aplicações científicas que tenham uma maior relevância social; avaliar as implicações sociais e éticas relacionadas ao uso da ciência e do trabalho científico; e adquirir uma compreensão da natureza da ciência e do trabalho. Para Auler (2002) os estudos em CTS promovem a alfabetização científica.
Por outro lado,segundo eles, vêm sendo discutidas, com maior intensidade, as formas que os não-cientistas percebem e compreendem a ciência e como as mais diferentes vias institucionais podem ajudar a modificar essa compreensão. Dessa forma, chega-se ao “modelo de participação pública” que acredita em uma sociedade democrática e ativamente participativa nas decisões relacionadas às questões de ciência e tecnologia. O modelo busca uma relação de igualdade entre cientistas e público num mesmo diálogo. Ou seja, através de um debate aberto e participativo.
Para que tal modelo se concretize, são necessárias profundas mudanças de comportamento tanto para cientistas, quanto para o público. Entre elas, o esforço na valorização da educação científica, a aceitação da divisão de poder na política de ciência e tecnologia quando falamos dos cientistas. Já para o público, a busca de conhecimento permanente e reivindicação em debates.

Henrison Dressler

Cibercultura ambientalista: estratégias e mobilização

Global e independente, assim é definida pelos pesqusiadores a organização que atua para defender o ambiente e promover a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos, investigando, expondo e confrontando crimes ambientais, com o propósito de fazer as pessoas a adotarem novos conceitos.
Presente em 43 países de todos os continentes, o Greenpeace conta com o apoio de 4.384.000 ciberativistas e mais de 3.875.000 colaboradores. No Brasil, mais de 70 pessoas trabalham nos escritórios de São Paulo, Manaus e Brasília, 250 voluntários, 47 mil colaboradores e 300 mil ciberativistas. Com estes números é certo que o ciberespaço está concentrado em uma comunicação não necessariamente midiática, mas interativa, comunitária, que engloba diferentes culturas e uma pluralidade de conceitos.
Katarini Miguel, mestre em Comunicação Midiática pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Bauru propôs uma discussão prático-teórica relacionada à cibercultura dentro deste movimento ambientalista, avaliando a experiência comunicativa, na tentativa de compreender o funcionamento de ferramentas virtuais como o ciberativismo e as redes sociais. A autora levanta questionamentos sobre a construção da comunicação ambiental na internet. “A dinâmica da sociedade contemporânea exige novas perspectivas de investigação dos fenômenos tecnológicos, que implicam em mudanças sociais e culturais”, explica.
Segundo ela, o site da ONG, visualmente bem construído e atualizado, traz uma grande quantidade de informação logo na página inicial. Assuntos ambientais em destaque, acompanhados de imagens impactantes chamam a atenção. Na home Page as informações sobre destruição ambiental, estão seguidas de notícia com link para mais informações. Também, ícones de redes sócias colaboram para a divulgação do conteúdo.
Os atores sociais estão configurando os movimentos ambientais tornando-os difusores de informação e protagonistas de uma cibercultura diferenciada, com a proposta de mobilização pela rede. O espaço ambientalista é um fenômeno social recente que busca a interação, conquista adeptos, mesmo considerando os limites técnicos da própria comunicação virtual.
A pesquisadora defende que a tendência que se avalia no portal do Greenpeace, é da interatividade restrita a encaminhamento de mensagens, assinatura de petições e comentários. Portanto, a cibercultura ambientalista fascina porque encurta processos burocráticos consegue ser ágil e instantânea, fatores que vão ao encontro da dinâmica dos movimentos populares.
A pesquisa foi apresentada no XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - Intercom, 2010, em Caxias do Sul, na semana passada.

Publicidade sustentável

“Sustentabilidade” é uma das palavras mais populares do início deste século. O mercado publicitário sempre foi alvo de críticas por incentivar o consumo, em detrimento da conscientização para questões ambientais. No entanto, muito graças à exigência dos consumidores, a publicidade começa a mudar seus paradigmas e demonstra maior preocupação com o planeta.
Com essa premissa, a pesquisadora Fabiana Cristina Perin desenvolveu o trabalho A Construção do Conceito de Sustentabilidade na Publicidade – Análise do Documentário Uma Verdade Inconveniente. Nele, Fabiana discorre sobre a utilização do documentário de Al Gore como ferramenta de divulgação dos problemas do meio ambiente, e de como é aplicado o conceito de sustentabilidade no longa-metragem.

É fato que a população está mais consciente. Consequentemente, ela exige das empresas uma postura responsável para com o ambiente. No artigo, Fabiana exalta que o marketing tradicional contribuiu para o crescimento do consumo irresponsável. Com a introdução de novos meios no processo de comunicação, como Orkut, Twitter e fóruns de discussão, houve um crescimento no feedback entre emissores e receptores.
O estudo de Uma Verdade Inconveniente (Dennis Guggenhein, 2007) mostra como as questões publicitárias e ambientais foram vinculadas no filme. Segundo a autora, a semelhança entre documentário e publicidade está no fato de que ambos defendem causas, apresentam argumentos e transmitem um ponto de vista.

Fabiana explica, ainda, que documentários como o analisado devem ser “difundidos enfaticamente”, visando mudanças e conscientização nos seres humanos. Para ela, isso é a base para “empresas que buscam credibilidade no mercado”. O trabalho foi apresentado no Intercom 2010, em Caxias do Sul.

Crise entre jornalismo e ciência é pauta no Intercom 2010

O jornalismo científico está mais uma vez correlacionado à discussão. Parece que os temas de Ciência e de Jornalismo não conseguem andar de mãos dadas. O problema foi abordado no XXXIII Congresso do Intercom 2010 pela mestranda em Comunicação Midiática da Unesp, Kelly Tatiane Martins Quirino.
No artigo “A Crise da Ciência e do Jornalismo e as Perspectivas para o Jornalismo Científico”, a pesquisadora propõe uma discussão sobre o problema da comunicação entre jornalista e cientista, além de possíveis respostas para um bom relacionamento de ambos. A autora ainda especifica como essa relação implica no entendimento do público, uma vez que desde sempre os jornalistas especializados em ciência têm a missão de traduzir para a população o que se passa nos bastidores científicos do mundo.
Uma das questões abordadas é o cenário científico de ontem, de hoje e de amanhã. Segundo ela, as informações e a sua divulgação são uma forma de poder através do campo científico e da economia. As grandes descobertas científicas são, em sua maioria, patrocinadas por grandes conglomerados. Sendo dessa forma, poder nas mãos de quem as tem.
Em sua dissertação, Kelly deixa claro que a modernidade ocorre simultaneamente, tanto no jornalismo como na ciência. Ela discorre sobre o contexto cultural em que surgiram as primeiras grandes conquistas nas duas áreas, além das projeções futuras para o jornalismo científico. Nessa área, ela cita que jornalistas e cientistas devem ser parceiros em seus trabalhos. Sendo assim, não haverá disputa e sim união entre eles.

Larissa Sarturi

Escolas do Sergipe produzem conteúdo científico em rádio web

A preocupação em levar temas científicos aos grandes grupos de pessoas motiva cada vez mais grupos a realizarem estudos sobre ciência. A necessidade de uma sociedade mais informada sobre temas científicos coloca aos meios de comunicação a responsabilidade de permitir que este acesso seja possível, além do interesse do público em se manter informado sobre assuntos que há tempos fugiam de seus objetivos.
Pesando nisso, um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia e Pesquisa do Sergipe realizou um estudo sobre a relação dos meios de comunicação, especificamente o rádio, na disseminação de conteúdo científico. O grupo implantou uma rádio web com conteúdo científico em escolas da rede pública do Estado. O material elaborado a partir da realização do projeto foi apresentado na última semana, durante o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação de 2010, na cidade de Caxias do Sul – RS.
O uso da rádio online está atrelado à troca que este possibilita entre interlocutores e sua fundamentação de bidirecionalidade, ou seja, a capacidade de atingir um grupo que foge aos aspectos geográficos e ultrapassa as barreiras do conhecimento, quando também pode atingir não alfabetizados. Os pesquisadores se basearam em autores que citam a importância do contato do conteúdo científico já nas escolas com o papel de fortalecer o processo de produção e socialização da informação.
Tendo como base este e outros fundamentos, o grupo propôs a criação da rádio web para divulgação científica em escolas da rede pública do estado do Sergipe. Algumas escolas foram selecionadas de acordo com requisitos básicos à realização do projeto. A partir dessa escolha, os pesquisadores realizam oficinas para participação e implantação na Rádio Ciência e orientam as escolas na elaboração das grades de programação, bem como, a produção do material veiculado.
Apesar do projeto ainda estar em andamento algumas considerações já são feitas pelos autores. Eles destacam que além do compartilhamento do conhecimento, outro fator que o projeto vem a agregar é a produção de significados. Esta produção é entendida como a mobilização do ambiente escolar e pelos discursos dos alunos durante a busca de informações da comunidade cidadã até que se chegue ao tema científico. Os pesquisadores também acreditam que a produção na rádio online está possibilitando que o conhecimento ultrapasse barreira escolar, quando este pode ser propiciado a diferentes culturas e classes sociais.

Pense verde, aja verde, compre verde

A discussão do Marketing Verde enquanto diferencial competitivo nas empresas, apresentada pelos pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Matheus Pereira Mattos Felizola e Fernando Bastos Costa, durante o Intercom de Caxias do Sul de 2 a 6 de setembro de 2010, defende que marketing e responsabilidade social, aliados à competitividade, norteiam o funcionamento e a propaganda de determinadas empresas, preocupadas em transmitir uma possível preocupação ambiental perante à população.
Junto a essa “responsabilidade” verde está o lucro que caminha ao lado das empresas que optam por investir em uma conscientização com o meio ambiente em suas produções.
Consumidores, enganados ou não, optam por adquirir tais produtos, mesmo pagando um valor mais alto e levam em conta a preocupação da empresa em preservar o meio ambiente. O apoio que a mídia oferece às questões ambientais facilita o trabalho das empresas, que buscam cada vez mais, o desenvolvimento e a conquista de clientes.
Segundo os pesquisadores, diante dos problemas ambientais que atualmente atingem o universo, as pessoas sentem-se na obrigação de fazer a sua parte, mesmo que seja comprando um produto ecologicamente consciente, na tentativa de salvar o mundo. Empresas com selos verdes são melhor vistas pelos consumidores. Resultado disso é a crescente competitividade das empresas que zelam pelo meio ambiente.
Felizola e Costa afirmam que aliada às instituições ecologicamente corretas, estão as ONG´s ambientais que incentivam a conscientização dos consumidores, facilitando ainda mais a atuação de marketing ambiental de determinadas empresas. No ato da compra, o consumidor deve estar ciente de qual benefício tal produto gera no meio ambiente. A presença de um selo ambiental não especifica de que forma a empresa trabalhou para minimizar os problemas ambientais. No rótulo do produto, devem estar especificados os benefícios que o produto gera no meio ambiente, como a maneira como foi extraída a matéria prima, por exemplo.
Percebe-se que essa conscientização ambiental, vem sendo disseminada entre as empresas, principalmente dos países desenvolvidos que percebem a crescente preocupação da população em adquirir produtos ecologicamente corretos.


Andressa Oliveira

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Mitos e verdades da FSP sobre o câncer e a ciência

Diante de tantas descobertas na área científica, mitos, medos e poucas verdades sobre doenças que ainda não encontraram a cura passam diariamente pela cabeça das pessoas.
Uma dessas doenças é o Câncer, que tem pelo menos 500 novos casos por ano no Brasil. Como se sabe, a causa da doença ainda é desconhecida. Somente alguns fatores que talvez possam contribuir para o seu avanço são conhecidos, mas o verdadeiro responsável ninguém ainda pode afirmar.
Pesquisa realizada por Carla Costa Garcia, mestranda em Comunicação e pós-graduanda em Jornalismo Científico pela Unicamp, evidencia como um dos maiores jornais do país, a Folha de São Paulo, aborda o tema e transcreve a linguagem científica para uma linguagem mais acessível ao público. Foram escolhidos e analisados 92 textos publicados no jornal durante o mês de Março de 2010.
Para a pesquisadora, o jornalista constrói a realidade uma vez que a notícia resulta do processo de produção definido como percepção, seleção e transformação dos acontecimentos num produto, as notícias.Traçado esse início, tem-se a mídia como item fundamental na divulgação e esclarecimento de novas descobertas.
Das 92 matérias, 26 podem ser consideradas de divulgação científicas, somente 28% das noticias vinculadas tem temas relacionados à pesquisa, tratamentos e fatores de risco.
As pesquisas mostram o desconhecimento de parte da população em relação a algumas questões sobre o câncer, mas na maioria dos casos é reconhecido o fumo e o excesso de bebidas alcoólicas como fatores que contribuem para o avanço da doença.
Observa-se que toda publicação constrói imagem sobre as doenças, uma simples escolha em publicar ou omitir um novo fato, molda a cabeça da população.
Para a Folha de São Paulo as matérias de divulgação sobre o câncer e o meio científico, são construções sociais, estabelecem limites entre os mitos e verdades, trazendo de forma acessível , temas que ainda são um grande mistério também para a ciência.
O trabalho foi apresentado no GP Comunicação, Ciência, Meio Ambiente e Sociedade durante o X encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do XXXIII Congresso Brasileiro de Ciência e Comunicação, que ocorreu em Caxias do Sul, na semana passada.

Carolina Henriques Baraúna.

Os passos da mídia em relação ao tema ambientalismo

A biodiversidade em 2010 está em foco. Discussões no mundo todo sobre o assunto tomam conta de planos de políticas pública. A natureza e a humanidade caminham juntas, uma pertence a outra. As ações da primeira interferem na segunda e vice-versa. Ambas se sustentam no mesmo espaço, e a abordagem jornalística ambiental tem caminhado na construção de um discurso midiático de ligação entre as partes.Tais questões são propostas por Camila Pelegrini Motta em paper apresentado no GP Comunicação, Ciência, Meio Ambiente e Sociedade, X Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação durante o XXXIII Congresso do Intercom.
A questão ambientalismo começou a aparecer com maior frequência, na imprensa internacional, depois da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972. Segundo McCormick, quando em abril dos anos 70 os norte-americanos se reuniam na maior manifestação ambientalista da história, o Dia da Terra, revistas e jornais do mundo estampavam o ambientalismo como questão pública fundamental. Na revista Time, o meio ambiente era o tema dos anos 70, e para a revista Life, tratava-se de um movimento que ia dominar a nova década.
A autora referencia que desde os anos 70 no Brasil, jornalistas como Randau Marques e suas matérias sobre poluição industrial, Lúcio Flávio Pinto e as reportagens sobre a Amazônia, e Elson Martins, que assistiu de perto o aparecimento da liderança de Chico Mendes na luta pela criação da Reservas Extrativistas no Acre, deixaram importantes contribuições para a história do jornalismo ambiental.
No Brasil, a imprensa preocupava-se com problemas ambientais da Amazônia. Mas a mídia, em geral, abriu espaço à descoberta do buraco na camada de ozônio e as primeiras hipóteses sobre o impacto das atividades humanas no aumento do aquecimento global. E foi a partir da metade da década de 1980 que as investigações sobre o jornalismo ambiental começaram a ser realmente publicadas no Brasil.
Hoje, segundo o pesquisador, a presença da mídia alternativa como divulgadora do discurso ecológico, através do jornalismo, com as novas tecnologias vem colaborando para as mudanças de consciência sobre o debate sobre o meio ambiente. O jornalismo, principalmente em sua vertente mais alternativa, como um ofício que visa a formação da opinião pública, a responsabilidade para com a sociedade, e a valorização da cidadania e da democracia, acompanha há algumas décadas o movimento como narrador dos fatos relevantes do tema ao longo do tempo.




Alessandra Tonatto Noal

Jornalismo científico no Amazonas: muita pauta e pouca produtividade

 O Amazonas é o estado brasileiro que mais produz pautas relacionadas à tecnologia, ciência e inovação. Apesar do jornalismo científico estar em ascensão no Estado, as empresas de jornalismo não investem em editorias específicos para tratar do assunto. Este foi o tema da pesquisa realizada pelas pesquisadoras em comunicação Mirna Pereira e Cristiane Barbosa, e que fez o diagnóstico do jornalismo científico praticado no Amazonas. O trabalho foi apresentado no Intercom 2010, realizado em Caxias na semana passada. 
Segundo as autoras, para modificar este quadro, empresas e instituições ligadas à ciência, tecnologia e inovação estão promovendo cursos voltados a incentivar e qualificar os jornalistas e acadêmicos da região.
No primeiro semestre de 2010 ocorreram dois grandes eventos ligados à temática, em Manaus, que corroboram com a afirmativa do jornalismo científico estar em ascensão no Estado do Amazonas: o Prêmio Fapeam de jornalismo científico, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) , e o curso “Ciência e Mídia- Curso de capacitação em jornalismo científico, organizado pela Fiocruz. Os eventos foram realizados em abril desde ano e reuniu profissionais e acadêmicos de jornalismo, além de pesquisadores e gestores de instituições de Ciência e Tecnologia no Estado.
Entretanto, segundo as pesquisadoras, a imprensa local não dá espaço para uma cobertura sistematizada, com equipes e editorias voltadas para as temáticas. Com isso cadernos e reportagens especiais sobre ciência e tecnologia ficam restritos à cobertura de grandes eventos. Entre os jornais diários produzidos na capital do Estado, somente o “Jornal do Commercio”, tem uma página diárias dedicada à ciência e ao meio ambiente. No periódico “A Crítica” o assunto ganha destaque na editoria “Cidades” em dois dias da semana, mas não tem uma editoria voltada somente para o tema, assim como o jornal “Diário do Amazonas”. “Amazonas em tempo”, um jornal que chegou a ter um caderno de ciência e tecnologia mas sucumbiu por falta de recursos, agora aborda as temáticas somente nas edições de domingo.
O baixo volume de matérias sobre C&T veiculadas nos jornais locais demonstra a resistência ao assunto e supremacia dos editoriais já existentes. Os editores amazonenses dão preferência às notícias científicas produzidas internacionalmente, deixando de lado a produção local.
A pesquisa realizada pelas jornalistas amazonenses concluiu que é preciso uma reformulação nos critérios de noticiabilidade no jornalismo científico do estado do Amazonas. A produção de ciência deve ser divulgada e popularizada, entre os mais diversos setores, do produtivo ao social. Para isso acontecer os jornalistas devem tomar conhecimento minucioso da produção científica e os cientistas devem se aproximar da linguagem jornalística.

Projeto SciELO Divulgação

Ocorreu entre os dias 2 e 6 de setembro, em Caxias do Sul, o XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, o Intercom. Pesquisadores, profissionais e estudantes de comunicação participaram de várias atividades, entre elas, a apresentação de trabalhos relacionados à área.
Um dos trabalhos apresentados é o da jornalista e mestranda da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Natália Martins Flores, junto à professora de pós-graduação da UFSM, Ada Cristina Machado da Silveira. As pesquisadoras apresentaram o tema: Projeto SciELO Divulgação como fonte do Jornalismo Científico praticado nas redações jornalísticas. A pesquisa procura descrever as atividades do projeto SciELO Divulgação, abordando conceitos do jornalismo científico.
Para quem não conhece, a SciELO é uma biblioteca virtual de revistas científicas criada em 1997, direcionada à comunidade de pesquisadores, e abrange os países latino-americanos e também Portugal, Espanha e a África do Sul.
A SciELO tornou-se uma importante ferramenta de divulgação científica, conseguindo refletir a ciência produzida na América Latina. Desde 2002, um periódico de Santa Maria faz parte da biblioteca, a revista Ciência Rural, da UFSM. Ciência Rural é um periódico científico que publica artigos científicos, notas e revisões bibliográficas relacionadas a área das Ciências Agrárias.
Em maio de 2009 a biblioteca virtual lançou o projeto SciELO Divulgação, cujo objetivo é divulgar relises sobre artigos publicados nas revistas indexadas pelo sistema. São textos direcionados a estudantes, pesquisadores de outras áreas e jornalistas interessados em pesquisas científicas, e podem ser encontrados no sítio www.scielo.org .
 As autoras contam que o projeto utiliza ferramentas da assessoria de imprensa, mediando a relação das fontes e/ou instituições com os meios de comunicação, como a produção de relises, fazendo uma pré-seleção dos fatos de interesse público da instituição e disponibilizando o material de maneira pré-produzida. Assim, jornalistas dos veículos de comunicação podem produzir notícias sobre aquele fato.
Elas apresentam também o processo que ocorre para que os relises sejam publicados. Após a produção, o material passa por uma revisão do próprio autor do artigo científico e o editor do periódico onde ele foi publicado, como por exemplo, artigos da revista Ciência Rural. Depois de aprovado, o relise também é traduzido para o inglês, para que seja disponibilizado no portal SciELO nos dois idiomas.
Flores e Silveira concluem a pesquisa falando sobre a importância do trabalho feito pela SciELO Divulgação, destacando a responsabilidade do projeto para divulgar a ciência nos meios de comunicação, com o objetivo de divulgar o conteúdo científico de maneira simples, assim, popularizando o conhecimento entre jornalistas, pesquisadores e o público em geral.

Caroline Rocha

A pluralidade de vozes na cobertura jornalística sobre a dengue

A análise sobre a cobertura da dengue a partir de matérias selecionadas e publicadas no jornal do Comércio (JC) nos anos de 2002,2004,2006,2008 foi o tema do artigo apresentado  por  Isaltina Maria de Azevedo Mello Gonçalves e Luis Marcelo Robalinho Ferraz,professores do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A pesquisa foi discutida no Intercom, realizado de 06 a 08 de setembro corrente, em Caxias do Sul. O objetivo do trabalho foi refletir a respeito da cobertura jornalística e ao mesmo tempo discutir sobre a tentativa da imprensa em criar um espaço democrático na produção da noticia.
Com relação à Dengue foi verificado que as informações divulgadas pela midia se enquadram em quase todos critérios de noticiabilidade. Tornaram-se noticia pela imprevisibilidade, pelo peso social, pela quantidade de pessoas envolvidas, pela proximidade geográfica e pela atualidade.
Os autores afirmam que as informações sobre a dengue vindas da imprensa, têm como base a fala de diferentes atores envolvidos com o assunto, a exemplo de gestores públicos, cidadãos e pacientes. Na busca por construir um aspecto democrático, a mídia atua no espaço publico no sentido de dar voz a todos, mas sob uma gerencia própria que visa revelar diferentes pontos de vista. Muitas vezes são contrários entre si, mas numa clara intenção de parecer plural, mostrando uma credibilidade em seu discurso.
Conforme as informações reveladas no texto, os especialistas na área da saúde pública estão sendo os preferidos da mídia para dar voz sobre o tema relacionado à Dengue. A razão está ligado pelos órgãos de saúde concentrarem mais técnicos e dados precisos sobre a doença, além de serem os responsáveis pelas ações de prevenção e controle sobre o mosquito.
Os pesquisadores defendem nas suas considerações finais que a mídia constitui em seu discurso uma polifonia aparente na intenção de criar um espaço democrático repartido, dentro da matéria, a partir de diferentes perspectivas sociais como poder público, iniciativa privada sociedade civil organizada e cidadão comum.

Educomunicação e ciência, em busca do ensino

Uma das presenças no XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Intercom, ocorrido em Caxias na semana que passou, foi a do professor da USP Ricardo Alexino Ferreira, doutor em Ciências da Comunicação, e que discutiu a Divulgação Cientifica Midiática no Campo Educomunicativo: o jornalismo no formato transversal.
Segundo Ricardo Ferreira, antes dos anos 90 a comunicação e educação pareciam dois campos contraditórios entre si. Só depois dessa década é que começaram a aproximar as duas áreas. É quando surge a educomunicação.
Com divergências ou aproximações, as duas áreas procuram completar uma a outra, não como partes independentes mas como interseções. Assim novos projetos vão se concretizando. Conforme a implantação de licenciatura em Educomunicação na ECA-SP, o corpo docente afirma que formará profissionais voltados para a inter-relação Comunicação/Educação.
Para o pesquisador, a midialogia científica enquanto divulgação cientifica no jornalismo cientifico, a ciência e a educação se fundem de uma forma tão intensa que se torna difícil distinguir uma da outra. Assim elas formam um terceiro elemento multi e transmidiático, que pode se chamar educomunicação.
Outro ponto destacado pelo autor é que a escola que transmitia o “conhecimento o vê sendo midiatizado”. Para o pesquisador, a escola deveria aprender as informações e produções dos meios e ressignificá-los para uma produção dos sentidos dos fenômenos. Com isso completaria um ciclo de aprendizado. Em oposição, tem-se uma ciência midiática, mas pouco educativa. Ele fala ainda, que uma característica dada às matérias jornalísticas de divulgação na contemporaneidade é uma visão pragmática do papel das ciências. Sempre há, ou quem sabe sempre vai existir, perguntas como “Para que serve a ciência” ou “qual o resultado?”. Basta esperar.




Maurício Araujo

Plantas Medicinais: a segunda investida

A babosa foi o alvo da segunda investida, mais espinhosa do que a própria, do Fantástico através de Dráuzio Varela sobre o uso popular de plantas medicinais, no domingo dia 05. Temos ainda a terceira e a quarta nos próximos domingos, sabe-se lá o que virá!
A reportagem destacou alguns problemas que são amplamente conhecidos e que resultaram em propostas de soluções da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos: a alta incidência de uso na população sem a devida informação, o uso irracional, a falta de comprovação de eficácia através da pesquisa científica, a recomendação por leigos (em relação a profissões de saúde, mas não em relação ao conhecimento transgeracional), a dificuldade de interação entre o conhecimento popular e o conhecimento científico. Ora, todos esses aspectos são justamente diretrizes da política que é suporte para a inclusão da Fitoterapia no SUS! E vale lembrar que o sistema é único, portanto, não se refere apenas aos serviços públicos.
O ponto falho do programa, então, não é evidenciar a preocupação que é a dos profissionais, do governo, das instituições, e de Dráuzio e da Globo, mas a impregnação de preconceito que perpassa toda a reportagem. As apresentações e entrevistas mostram ironias e adjetivos dispensáveis, como “a tal terapeuta”, “a argila não é quimioterápico”, “produtos alternativos”, entre outros, que em nada contribuem para a necessária valorização do conhecimento e do trabalho de pessoas sérias que conhecem sua utilização, como organizações religiosas que merecem respeito na suas práticas assistenciais, como a Igreja Católica. Como também religiões de base africana, rituais indígenas e tantas outras que usam plantas medicinais em seus processos de cura, associando a espiritualidade à saúde, acertadamente...
E foi lamentável o uso de imagens semelhantes àquelas de falcatruas de corruptos, filmadas clandestinamente como se não houvesse honestidade nas práticas dos religiosos. O discurso ultrapassa a utilidade pública para o denuncismo e intimidação, sem trazer o contraponto das evidências e do benefício do uso tradicional sério e consagrado de plantas medicinais. À comunidade científica cabe também o registro desses resultados de eficácia e sucesso em tratamentos, que não constam das revistas científicas, mas isso exige despojamento e abertura de visão para além do cartesianismo...
Perdemos todos em iniciativas como essas da Globo que não somam, pois seus recursos poderiam sim, somar ao sistema de saúde, à informação e educação para a saúde das pessoas, aos saberes profissionais e as próprias plantas que precisam ser conhecidas e preservadas... E até a Globo que perde a oportunidade de fazer um bom serviço à população.


Sílvia Czermainski é famacêutica e bioquímica, e presidente da Comissão Assessora de Fitoterápicos do Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul.

Dia D, de Dráuzio, das plantas medicinais no Fantástico

É assim que talvez a Globo, usando da credibilidade do Dr. Dráuzio Varella - nessas alturas já devemos procurar saber um pouco mais sobre esse atencioso médico global -, inicia uma cartada pesada contra o uso tradicional de plantas medicinais. Sim, porque esse é o ponto crítico: o uso tradicional/popular de resistência contra o uso irracional de medicamentos, contra a empurroterapia, contra o abuso econômico, contra a desumanização da farmacoterapia. Antagonismo claro aos valores da poderosa Globo.
O programa já iniciou sentenciando plantas "ditas" medicinais, colocando abaixo toda a construção de conceitos, de legislação e de acumulação de conhecimento que existe sobre as plantas medicinais.
Apresentou inserções de feirantes, populares de forma a serem ridicularizados, assim como pequenos depoimentos de cientistas como prof. João Calixto, muito breves, que não deram a chance de uma maior contextualização e de análise.
Também apresenta um representante da OMS em contradição com sua própria organização, pois a OMS recomenda sim, o uso das práticas tradicionais e reconhece seus benefícios para as pessoas e para os sistemas de saúde dos países.
Equivocadamente tenta associar, a reportagem, o uso de plantas medicinais com a pobreza e a ignorância, ignorando a adesão crescente nos países ricos. Busca explicação para seus benefícios, não à curas mas à minimização de sinais e sintomas e a efeito placebo. Nesse momento, com voz macia, Dr. Dráuzio atira a pérola "uma coisa é tomar chá pra relaxar e dormir e outra é tomar chá pra tratar doença, pois isso pode ser perigoso!" E remetem a matéria a situações que demonstram ineficácia e riscos que serão apresentados na sequência. E ainda menospreza a tradicionalidade com outras pérolas, a de que "não há evidências" e de que "não foi testado", o que caracterizou como "arremedo de tratamento".
Ora, serão quatro Fantásticos denegrindo as políticas nacionais que dão base para a afirmação da fitoterapia no SUS, em horário e período eleitoralmente nobre, quando no que se refere ao tema, o candidato apologista dos genéricos e financiado pela indústria farmacêtuica multinacional, amarga índices que nenhum remédio poderá fazer melhorar. É bom eles tomarem um chá de camomila...
E se a questão eleitoral não for pano de fundo para essas reportagens, o que fazer então com as inúmeras edições de "Globo Repórter" que evidenciaram as maravilhas das plantas medicinais na promoção da saúde? Agora talvez não dêem Ibope...

 

* Silvia Czermainski é farmacêutica e bioquímica, presidente da Comissão Assessora de Fitoterápicos do Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A Mídia e a Ciência, uma relação que precisa de reparos

Diante de uma relação delicada entre os jornalistas e a comunidade científica, o papel da mídia ainda encontra-se em construção. De um lado as empresas ligadas à comunicação precisam vender seus produtos, e do outro, estão os cientistas com valores diferentes e abordagens mais complexas com linguagem específica. Neste ponto entra e questão a credibilidade das notícias científicas e o espaço que elas ocupam nas produções midiáticas.
Nesta discussão precisamos lembrar que estamos num país onde as palavras educação, leitura, cultura, entre outras que deveriam ser importantes para a sociedade, não têm um espaço relevante na mídia, como também nas escolas. Fator esse, que influencia culturalmente de forma negativa.
Os produtos que os meios de comunicação nos oferecem e as escolhas que fazemos por determinada revista, jornal ou canal de televisão, representam este contexto onde estamos inseridos.  E onde não temos o incentivo para o pensamento mais complexo, interpretativo das coisas.
Se acompanharmos a grade da programação da Rede Globo de televisão é fácil perceber que os programas relacionados às questões ambientais estão num horário em que o público é muito restrito. Já os de apelo popular têm grande audiência e ocupam espaço relevante no horário nobre.
O desafio tanto para jornalistas como cientistas está em encontrar um ponto de encontro entre os interesses em educar e informar. O cientista precisa do jornalista para traduzir suas pesquisas. Os jornalistas enfrentam por sua vez a questão editorial que além da sua falta de base científica e seus interesses, existe toda uma linha editorial por trás da publicação que irá modificar este produto segundo seu potencial de venda.
A mídia precisa abrir espaço para o campo científico. Os profissionais de ambas as áreas, tanto da comunicação quanto os cientistas estão num momento em que as atitudes devem falar mais alto do que o orgulho. Com as novas tecnologias estamos num tempo onde as pessoas tem inúmeras possibilidades para fazer as suas escolhas, falar o que pensam, formar comunidades virtuais ou organizar-se de forma mais expressiva e concreta.
Tanto no meio científico como profissionais do campo midiático existem dificuldades a serem enfrentadas. Valores a serem estudados e discutidos, mas que podem resultar em boas construções que venham a acrescentar para a sociedade como um todo. Esse processo começa com a relação entre a comunidade científica e a mídia, pois o homem só evolui através da comunicação. Conhecimento sem comunicação não existe, é apenas um registro irrelevante.


Sérgio Pinheiro