Pesquisar este blog

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Jornalismo científico no Amazonas: muita pauta e pouca produtividade

 O Amazonas é o estado brasileiro que mais produz pautas relacionadas à tecnologia, ciência e inovação. Apesar do jornalismo científico estar em ascensão no Estado, as empresas de jornalismo não investem em editorias específicos para tratar do assunto. Este foi o tema da pesquisa realizada pelas pesquisadoras em comunicação Mirna Pereira e Cristiane Barbosa, e que fez o diagnóstico do jornalismo científico praticado no Amazonas. O trabalho foi apresentado no Intercom 2010, realizado em Caxias na semana passada. 
Segundo as autoras, para modificar este quadro, empresas e instituições ligadas à ciência, tecnologia e inovação estão promovendo cursos voltados a incentivar e qualificar os jornalistas e acadêmicos da região.
No primeiro semestre de 2010 ocorreram dois grandes eventos ligados à temática, em Manaus, que corroboram com a afirmativa do jornalismo científico estar em ascensão no Estado do Amazonas: o Prêmio Fapeam de jornalismo científico, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) , e o curso “Ciência e Mídia- Curso de capacitação em jornalismo científico, organizado pela Fiocruz. Os eventos foram realizados em abril desde ano e reuniu profissionais e acadêmicos de jornalismo, além de pesquisadores e gestores de instituições de Ciência e Tecnologia no Estado.
Entretanto, segundo as pesquisadoras, a imprensa local não dá espaço para uma cobertura sistematizada, com equipes e editorias voltadas para as temáticas. Com isso cadernos e reportagens especiais sobre ciência e tecnologia ficam restritos à cobertura de grandes eventos. Entre os jornais diários produzidos na capital do Estado, somente o “Jornal do Commercio”, tem uma página diárias dedicada à ciência e ao meio ambiente. No periódico “A Crítica” o assunto ganha destaque na editoria “Cidades” em dois dias da semana, mas não tem uma editoria voltada somente para o tema, assim como o jornal “Diário do Amazonas”. “Amazonas em tempo”, um jornal que chegou a ter um caderno de ciência e tecnologia mas sucumbiu por falta de recursos, agora aborda as temáticas somente nas edições de domingo.
O baixo volume de matérias sobre C&T veiculadas nos jornais locais demonstra a resistência ao assunto e supremacia dos editoriais já existentes. Os editores amazonenses dão preferência às notícias científicas produzidas internacionalmente, deixando de lado a produção local.
A pesquisa realizada pelas jornalistas amazonenses concluiu que é preciso uma reformulação nos critérios de noticiabilidade no jornalismo científico do estado do Amazonas. A produção de ciência deve ser divulgada e popularizada, entre os mais diversos setores, do produtivo ao social. Para isso acontecer os jornalistas devem tomar conhecimento minucioso da produção científica e os cientistas devem se aproximar da linguagem jornalística.

Nenhum comentário: