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quinta-feira, 9 de junho de 2016

BIOMASSA: o ecossistema energético


    O mundo está em pleno desenvolvimento. Mas, mais do que ter recursos financeiros para construir, investir e inovar, é preciso energia. Contudo, há um porém: a demanda cresce na mesma ou igual proporção ao volume de lixo. Equilibrar este “ecossistema” de forma inteligente a fim de contribuir com o crescimento constitui um dos grandes desafios tecnológicos da atualidade.Essa é a razão pelo qual vários países investem no aproveitamento energético do lixo, ou de subprodutos.  A tecnologia utilizada para alcançar esse objetivo é a queima direta dos resíduos (waste-to-energy) e do biogás produzido a partir da decomposição da matéria orgânica.

Segundo dados da ONU, estima-se que há cerca de mil e quinhentas usinas térmicas que queimam o lixo para gerar energia ou calor. Este “reaproveitamento” de matérias limpas, ou seja, oriundas da natureza, constitui o termo: Energia de BIOMASSA. Essas fontes alternativas buscam menor impacto ambiental. Além de contribuir com o ecossistema, visam alcançar independência com relação ao petróleo.

 
 PARA ENTENDER MAIS:
  •     Biomassa: utiliza matéria de origem vegetal para produzir energia (bagaço de cana-de-açúcar, álcool, madeira, palha de arroz, óleos vegetais etc).
  •     Energia solar: utiliza os raios solares para gerar energia oferece vantagens como: não polui, é renovável e existe em abundância. A desvantagem é que ainda não é viável economicamente, os custos para a sua obtenção superam os benefícios.
  •     Energia eólica: é a energia gerada através da força do vento captado por aerogeradores. Suas vantagens são: é abundante na natureza intenso e regular e produz energias a preços relativamente competitivos.
  •     Etanol: é produzido a partir da cana-de-açúcar, do eucalipto e da beterraba. Como energia pode ser utilizado para fazer funcionar motores de veículos ou para produzir energia eléctrica. Suas vantagens são: é uma fonte renovável e menos poluidora que a gasolina.
  •     Biodiesel: o biodiesel substitui o óleo diesel de petróleo em motores ciclo diesel. Vantagens: é renovável, não é poluente. Desvantagem:  existe o esgotamento do solo.
 

Reserva florestal em Itaara, onde é realizada pesquisa sobre o manejo e análise do solo para produção de biomassa. Foto: arquivo Mauro Schumacher

ENERGIA DE BIOMASSA ARBÓREA

Como já disse o cantor, Jorge Benjor, o Brasil “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”, é abundante em recursos naturais, tendo potencial para ser autossuficiente em produção- cerca de 90% da energia produzida é por meio de fontes renováveis, de acordo com o Balanço Energético Nacional, realizado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), 2009.

O baixo custo, aliado ao potencial e somados aos benefícios ambientais e de desenvolvimento são sinônimos da biomassa. Ela reduz a poluição, pois utiliza lixo orgânico, subsídios agrícolas (restos), madeira e óleo vegetal para produzir energia. Restos de cana de açúcar e capim também são explorados na forma de compostagem. Esta energia representa 27% da matriz energética do Brasil.

 Os distintos polos de ensino superior em Santa Maria, mais específico a Universidade Federal de Santa Maria e o Centro Universitário Franciscano, capitaneados pelos cursos de engenharias (Ambiental e Sanitária; Civil; Química; Florestal; Acústica) trazem como ideologia esta matriz: energia limpa.

As fontes renováveis vão além da eólica, solar e hidroelétricas. Elas também englobam o solo, com a compostagem e a arbórea.

Mauro Schumacher, professor do departamento de Ciência Florestal da UFSM
O professor titular do departamento de Ciência Florestal, Mauro Schumacher, doutor em Ecologia Florestal pela Universitaet fuer Bodenkultur em Viena na Austria, destaca o potencial do país. “No Brasil, na região tropical há uma produção de biomassa muito grande, favorecidas pelo clima. Por exemplo, no país são gerados 50 m³ de madeira, enquanto na Europa, no mesmo período, apenas 5m³”, relata.

Segundo ele, no Rio Grande do Sul, as plantações restringem-se a Pinos, Eucaliptos e Acácias.

Produção de energia através da biomassa arbórea. Foto: arquivo Mauro Schumacher
Schumacher, ainda destaca que em Santa Maria já é utilizada a biomassa de lenha para gerar calor, ou energia em piscinas térmicas, pizzarias, padarias e secadores de grãos. “É um primeiro passo, uma experimentação válida, que pouco a pouco vai ganhar novos adeptos”, sugestiona;

O mestre do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, Afrânio Righes, pontua que a biomassa arbórea tem maiores resultados como energia de calefação, sendo própria para aquecimento. E ressalta, “não é só plantar e extrair tem que ter um cuidado para o transporte, armazenamento e queima”.

Ao encontro da ponderação de Righes, Schumacher enfatiza: “antes de qualquer projeto, é precioso analisar a capacidade produtiva do solo x impacto ambiental x produção de energia, para depois investir em tecnologia e gerar recursos limpos”.
Ele ainda sublinha que o curso de Engenharia Florestal da UFSM, possui grupos de pesquisas voltados aos cuidados e análises do solo após as extrações das árvores nas plantações de pinho, acácias e eucaliptos, nas plantações localizadas em São Sepé e Itaara.  
Afrânio Righes afirma a importância do “olhar futurístico” nas universidades. Segundo ele, os cursos de engenharias da Unifra trabalham em conjunto e buscam trazer aos acadêmicos experiências por meio do contato com empresas voltadas a energias renováveis. “A tendência é que cada vez mais esta ideologia seja incorporada as redes de ensino”, disse.   
O professor da Unifra afirma que se cada um fizer a sua parte, como separa o lixo, por exemplo, “estaremos dando um salto em qualidade de vida “. Ele conclui: ” pensar o meio ambiente é projetar o futuro”. 

Como funciona:
As plantações arbóreas de Pinhos, Acácias e Eucaliptos geram toneladas de madeira. As árvores são extraídas, mas mantêm-se a raiz no terreno, separa-se as folhas, galhos e casca que vão ser triturados e servirão como recomposto mineral do solo- uma espécie de adubo.
A tora passa por um processo de corte, que será encaminhado para uma esteira que se encarrega de transforma os resíduos em cavacos- “chips de madeira”- para serem incinerados nas fornalhas e por fim, gerar energia. 
Essa energia pode ser consumido na queima, ou ser armazenada em um gerador específico, que reverte o calor em fonte energética.
Cavacos. Foto: arquivo Mauro Schumacher


   
Prós:
 É uma energia limpa, de grande potencial
Rápida produção;
O Brasil possui tecnologia necessária;
Energia mais barata, mais viável que o petróleo e com retorno “garantido”;
Grandes empresas já usufruem deste recurso;

Contra:
Ainda é pouco utilizada;
Impacto ambiental. A produção deve ser maior do que o consumo/ queima;
Liberação de carbono.


 Por Lorenzo Franchi e Petterson Lucas Vieira 

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Maneira simples e sustentável de captação de água

Quando os recursos naturais estão cada vez mais escassos, sua reutilização é fundamental para manter o equilíbrio dos elementos oferecidos pela natureza. Um dos principais debates colocado em pauta é saber até quando vai existir água. Ela não é fonte infinita de abastecimento, e o homem pouco se preocupa em preservá-la. O que se vê são as fontes de abastecimento de água cada vez mais secas. Exemplo disso, são as barragens de São Paulo que vem sofrendo com a grande estiagem.Por outro lado, iniciativas para evitar o
Coletores de água presentes ao redor da casa do 
professor Afrânio. Fotos: Rafael de Bem.
 o desperdício de água, através de sistemas de coleta e reutilização da água da chuva evidenciam uma tendência que deve se consolidar nos próximos anos . Afrânio Almir Righes, pesquisador, professor dos Cursos de Engenharia da UNIFRA desenvolveu, em torno da sua residência, um sistema de coleta de água da chuva.
O professor explica que um dos grandes problemas na atualidade é o fato de que a quantidade de água existente no planeta será sempre o mesmo. “Com o passar dos anos vamos ter um aumento populaciona, a demanda de água será muito maior e o volume de água sempre sendo o mesmo vai haver escassez”, explica Afrânio.
Para o professor a água da chuva não está sendo mantida onde ela deveria ficar. “ A água deve ficar onde ela cair. A água da chuva deve infiltrar e armazenar no solo para depois escoar para as vertentes e alimentar os rios. O que ocorre hoje é que a água da chuva não infiltra no solo. Ela escoa pela superfície e isso causa enxurradas, alagamentos e inundações, o que causa falta de água”, esclarece o professor sobre a origens das enchentes.

Poço artesiano
Segundo Afrânio, baseado em dados e previsões da ONU, no ano de 2025, nós vamos  ter que reduzir em um terço o consumo de água. “Se vamos precisar reduzir o nosso consumo em um terço, é evidente que precisamos utilizar o reaproveitamento da água e não deixar a água da chuva ir embora”, salienta o professor que baseado em seus dados começou a utilizar o seus sistema de coleta para que a água não fosse desperdiçada.  
Para Afrânio um dos fatores que colaboram para o desperdício de água é causado pelo preço da mesma que é barato. “ O custo da água em Santa Maria e no Brasil ainda é muito barato. Com o tempo esse custo vai aumentando e você precisa reduzir custos. E uma das formas de reduzir custos é reduzindo o desperdício da água da chuva que é grátis”, esclarece o professor.

Caixa D'água que faz a distribuição para a  casa
Um sistema de baixo custo


Ao construir sua casa em 1980, Âfranio já possuía no projeto e na planta de construção da sua casa o modelo sistêmico de coleta e armazenamento da chuva. Em torno da sua casa são encontrados coletores e diversos ralos que coletam a água da chuva, e direcionam para tubulações e canos que enviam direto para o poço artesiano.

Do poço a água passa para um grande reservatório que é oxigenado por uma espécie de bomba que garante a potabilidade da mesma. Do reservatório, ela chega a uma grande caixa d'água encontrada nos fundos do seu quintal que distribui para a sua casa. Além disso, o restante de água armazenada vai para seu açude  que contém peixes e patos. A água do açude e reservatório serve para irrigar suas plantações de legumes e hortaliças e seu pomar.


Sobre o custo da instalação do sistema de coleta e reutilização de água da chuva, Afrânio conta que é muito barato e acessível. “O reservatório de quinze mil litros custa em torno de três mil reais. As tubulações e os coletores são baratos, então é um sistema bem acessível para a grande maioria das pessoas que desejam ter um em sua casa.”, garante o pesquisador.

São poucas as pessoas que são cientes que de a água não é fonte finita e renovável. Algumas utilizam a água para realizar tarefas cotidianas como é o caso da Elizabeth de Magalhães Soares , 59 anos, revendedora de cosméticos. “Sim, reutilizo a água da máquina de lava, para lavar a área,carro, dar banho nos cachorros mas sobre coletar e armazenar a água da chuva nunca experimentei”, conta.

 Segundo os dados apontados por Righes, a população no Brasil terá apenas mais 9 anos de uso e abuso da água. Em 2025 reduzir em um terço e mais um pouco, e a água existente não vai ser suficiente para tomar um banho diário. Com o aumento populacional cada vez mais crescente e a demanda de água cada vez maior é inevitável  que o esgotamento de água no planeta vai ocorrer. O mundo vai passar a viver tempos cinzas e nebulosos, como se estivesse prestes a chover, mas não haverá chuvas e sim muita escassez. 

Açude que armazena água da chuva na casa do professor Afrânio Righes


Os vídeos da reportagem podem ser assistidos abaixo:

Sistema coletor de água da chuva 




Professor Afrânio alimentando os peixes no seu açude 


Açude na casa do Professor Afrânio Righes 




Por Gilson Stefenon e Rafael de Bem.