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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Diálogo com um surdo no meio da floresta

No momento em que se comemora o Ano das Florestas, cabe trazer o artigo do jornalista Washington Novaes publicado no jornal O Estado de São Paulo de hoje (23).

"Há questões muito relevantes no Brasil em que, na aparência, ocorre um diálogo entre governo e sociedade; na prática, entretanto, os governantes parecem absolutamente surdos ao que dizem cientistas e cidadãos; só ouvem os que estão do lado oposto. E esse é - entre outros - o caso da gestão "sustentável" de florestas públicas por empreendimentos privados.
Ainda há poucos dias, o jornal Folha de S.Paulo (4/9) divulgou estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) mostrando que o manejo de florestas nativas é, ao menos do ponto de vista econômico, "insustentável", pois não permite a regeneração das árvores mais valiosas e tende à perda da rentabilidade após o primeiro corte para comercialização. Imagine-se, então, o que acontece em termos de sustentação da biodiversidade e da manutenção da floresta. Uma questão tão grave que, segundo o estudo, "pode fazer fracassar a política federal de concessão de florestas". O caso estudado é em Paragominas (PA), região onde o autor destas linhas esteve há uma década acompanhando um desses projetos e concluiu que de sustentável nada tinha; algum tempo depois ele foi embargado pelo Ibama porque retirava sete vezes mais madeira do que lhe era permitido.
Pois exatamente poucos dias depois de divulgado esse estudo da Esalq o Ministério do Meio Ambiente (MMA) anunciava (9/9) que "dez florestas nacionais integram a lista de florestas públicas que poderão ser concedidas em 2012, segundo o Plano Anual de Outorga Florestal". Ao todo, 4,4 milhões de hectares - ou 44 mil quilômetros quadrados no Pará, em Rondônia e no Acre, equivalentes a mais de dois Estados de Sergipe. E 2,8 milhões de hectares se destinarão à "produção sustentável". Da qual se espera retirar 1,8 milhão de metros cúbicos de madeira.
É uma política que vem desde a gestão Marina Silva no ministério, contestada por uma legião de conceituados cientistas - mas sem que merecesse discussão alguma. Foi aprovada por proposta do governo ao Congresso em 2006, por escassa maioria - 221 votos a 199. E dava direito a conceder até 50 milhões de hectares, por 40 anos. Imediatamente vieram críticas contundentes, muitas delas já mencionadas em artigos neste espaço. A começar pelas do respeitado professor Aziz Ab"Saber, da USP, para quem se trata de "um crime histórico, uma ameaça de catástrofe". A seu ver, mais de 40% das terras são públicas e permitiriam "um programa exemplar". A concessão, no entanto, como seria feita pela proposta aprovada, levaria à exploração intensiva à margem de rodovias e à perda da biodiversidade. Mais ainda: as florestas jamais voltarão ao domínio público após 40 anos. Todos os países que entraram por esse caminho ficaram sem elas.
O professor Rogério Griebel, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e o almirante Ibsen Gusmão Câmara argumentaram na mesma direção: é um sistema que dará início a um processo de evolução às avessas, partindo dos exemplares mais fracos (os que restarem após o corte dos melhores). Outro cientista do Inpa, Niso Higuchi, e o escritor Thiago de Mello perguntaram como seria possível falar em manejo sustentável se num único hectare de floresta podem ser encontradas árvores com tempo de maturação de 50 anos, ao lado de outras cujo tempo chega a ser de 1.400 anos. Como selecionar para o corte? Os professores Enéas Salati e Antônia M. Ferreira lembraram que existem muitas Amazônias diferentes, é preciso conhecer todas minuciosamente antes de qualquer decisão. E os professores Deborah Lima (UFMG) e Jorge Pozzobon (Museu Goeldi) acentuaram que os melhores exemplos de sustentabilidade não estão nesses projetos, e sim em áreas indígenas; o manejo "sustentável", ao contrário, está entre os piores. O agrônomo Ciro F. Siqueira trouxe argumento muito forte: não se deterá o desmatamento enquanto explorar ilegalmente um hectare invadido ou grilado custar menos da metade do que se gasta com um hectare em que se paguem todos os custos. Principalmente porque, como argumentou o ex-ministro José Goldemberg, no Brasil temos um fiscal para cada 100 mil hectares, 27 vezes menos que a média mundial.
Da mesma forma, poderia ser dito que o MMA continua tendo pouco mais de 0,5% do Orçamento federal. Como fará para cuidar de milhões de quilômetros quadrados da Amazônia? "Não temos para onde correr", limitou-se a dizer na época o diretor do Serviço Florestal Brasileiro (quem quiser conhecer, em toda a sua extensão, os pareceres dos cientistas pode recorrer aos números 53 e 54 da revista do Instituto de Estudos Avançados da USP).
Nesta mesma hora em que se vai avançar pelos mesmos caminhos - com os cientistas dizendo que todos os países que seguiram essa rota perderam suas florestas -, uma notícia deste jornal informa que 60% da madeira amazônica é desperdiçada por ineficiência no beneficiamento - quando o País consome 17 milhões de metros cúbicos anuais, segundo algumas fontes; ou 25 milhões, segundo outras (Envolverde, 20/10/2010). 46% do desmatamento corre por conta da agricultura (Greenpeace, 31/8). E poderão ser muito problemáticos os caminhos oficiais que permitem regularizar terras pagando até R$ 2,99 por hectare, com prazo de 20 anos.
E enquanto a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência se esgoela inutilmente pedindo um programa de desmatamento zero e forte investimento em ciência na região - para formar cientistas e investir em pesquisas da biodiversidade -, este jornal traz a advertência do Imazon (15/7): o desmatamento vai aumentar até julho de 2012, com 10,5% mais que no período 2009-2010.
Com que cara nos vamos apresentar à Rio+20 no ano que vem, quando a perda de florestas será um dos temas centrais? Como vamos dizer que temos cumprido e cumpriremos metas para a área do clima? Vamos seguir nessa interminável tentativa de diálogo com um surdo?"

Da Redação

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Criança e Consumo: a Publicidade em Televisão para o Dia das Crianças

Apresentado por Patrícia Oliveira de Freitas, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, durante o Intercom Recife, neste ano, o artigo investiga os filmes publicitários direcionados ao público infantil e analisa a construção das peças publicitárias criadas para o dia das crianças no ano de 2010. O produto midiático utilizado para o trabalho foi a programação matinal das emissoras Globo e SBT, considerando que o público-alvo que se destina esse horário é infantil.
A pesquisa foi dividida em quatro etapas. A primeira consistiu em fazer a gravação e a avaliação quantitativa dos comerciais. Na segunda ocorreu a classificação e investigação dos comercias, mas de forma ampla. Na terceira foi feita a análise de conteúdo. Na ultima etapa será feito um estudo de recepção com crianças de uma escola pública.
A análise foi desenvolvida com base em 18 horas de gravação da programação do SBT e 16 horas da Rede Globo, totalizando 34 horas de gravação. No fim nas gravações foram totalizados 1050 filmes publicitários, os quais foram classificados em cinco categorias: beleza, criança, emissora, política e outras.
Das 1050 peças publicitárias, 475 eram direcionadas para as crianças, o que corresponde a 46% da publicidade analisada nas gravações. A porcentagem de publicidade direcionada ao público infantil foi dividida em quatro categorias: alimentos, brinquedos, calçados/acessórios/roupas, entretenimento e educativos /lojas/promoção, totalizando 140 produtos. Destes, a categoria que recebe mais destaque é a de brinquedos com 90 produtos. Por isto, recebe uma análise mais profunda no decorrer do artigo e é subdividida em: brinquedos para meninas, para meninos e para ambos.
Mesmo com a pesquisa ainda em andamento, Patrícia Freitas entende que os anúncios direcionados as crianças, vão além do fato de vender brinquedos, as peças publicitárias parecem funcionar como um tipo de pedagogia, que produzem valores e saberes.

Por Iara Menezes

Representações da saúde masculina na TV


    Qual o espaço disponibilizado na mídia televisiva para assuntos que dizem respeito à saúde masculina? É a partir deste questionamento que a professora e pesquisadora da Universidade de Caxias do Sul e da Universidade Federal de Santa Maria, Najara Ferrari Pinheiro, busca analisar e compreender o panorama existente sobre o assunto na TV local.
     A pesquisa, intitulada “Mosaico de Vozes: o discurso sobre a saúde masculina na TV regional”, foi apresentada recentemente no XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação em Recife, onde Najara Ferrari apresentou o artigo “Saúde Masculina: invisível até na TV”, que aponta a representação da saúde masculina no programa Vida e Saúde, da RBSTV/RS.
     No artigo, a autora faz uma breve contextualização da abrangência da televisão no Brasil e sobre a presença da ciência nos programas televisivos, em especial nos últimos 5 anos (na época de implementação da pesquisa o programa Bem Estar da Rede Globo ainda não fazia parte da programação diária da emissora). De acordo com ela, foi constatado que assuntos que abordam a saúde dos homens são quase inexistentes na grade de programas da TV, limitando-se a campanhas de prevenção do vírus da AIDS, ao uso de drogas e à hipertensão.
     Najara chama a atenção para a importância do debate, da circulação de informações sobre o tema e destaca os meios de comunicação como um dos grandes responsáveis pela fomentação de campanhas e ações de prevenção de doenças.
      “É necessário popularizar o conhecimento produzido no campo científico”, destaca a professora ao falar sobre a utilização de fontes especialistas e linguagens específicas em programas de TV. No entanto, ela alerta para o fato de que a quantidade de programas, ou até mesmo campanhas publicitárias, com a temática saúde não significa popularizar o saber científico, que fica a cargo do jornalista científico e dos profissionais de comunicação.

Um dos programas analisados no artigo. Fonte: site Vida e Saúde

     Para a observação do programa Vida e Saúde a pesquisadora utilizou gravações de todos os episódios entre os meses de agosto e dezembro de 2010. O resultado assustou: com quase 20 horas de gravação de programas apenas 3 blocos do programa (com média de 5 minutos cada) abordavam questões sobre saúde masculina diretamente.
      Tal timidez pode ser decorrente de alguns fatores culturais, como o preconceito em relação à vulnerabilidade a doenças pelos homens ou, até mesmo, o conceito de masculinidade perpetuado em nossa sociedade. “Diante de tais aspectos, não se pode estranhar que a saúde masculina seja pouco discutida na TV”, declara Najara, num dos pontos de debate do artigo.
      Durante o período de análise dos programas gravados, o único quadro que fez referência direta à saúde masculina esclarece duvidas sobre a disfunção erétil. Os outros dois quadros fazem uma comparação com os cuidados masculinos e femininos. Desta forma, partindo das análises parciais da pesquisa, Najara afirma que a saúde masculina é invisível para o Governo (pela ausência de campanhas), pelos homens (pela ausência de cuidados e temor de doenças) e até mesmo pela TV, pela ausência de uma discussão fundamentada.


* Vida e Saúde é um produto da RBS, a TV Regional afiliada da Rede Globo de Televisão. Está no ar desde 2003 e é transmitido aos sábados, às 8h05min e tem duração de 30 minutos.

Por Dandara Flores

A consagração do casamento real como fenômeno mediático

     Um evento que se tornou fenômeno mediático foi o casamento entre o príncipe William e a plebeia Kate Middleton, em abril de 2011. Cerca de dois bilhões de espectadores do mundo puderam assistir ao casamento real através da televisão e da internet.
     Os meios de comunicação permitem a disseminação em massa de informação, facilitando a construção e a reprodução do discurso público e certos níveis de interação. O artigo “A consagração do casamento real pelos meios de comunicação”, de Edimárcia Ramos de Araújo, apresentado este ano no XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, em Recife, reflete sobre a questão e discute o papel desempenhado pelos meios de comunicação, principalmente da TV e da Internet, na consagração do casamento real como fenômeno mediático
     Segundo o artigo, o site de notícias “R7”, foram 2 bilhões de espectadores no mundo e 1 milhão nas ruas de Londres. Só para se ter uma ideia, a autora expõe que a abertura da Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul, foi vista por 3,2 bilhões de telespectadores no mundo e que, segundo o jornal “O Mossoroense”, este número representa pouco mais de 46% da população mundial.
    Edimárcia afirma que o casamento real foi o álibi perfeito que encontrou para investigar os efeitos que os meios de comunicação trazem à sociedade. “Além do conteúdo, o meio é capaz de determinar quais os fenômenos podem ser forjados como “midiáticos”, comenta.
    Mas, qual foi o papel dos meios de comunicação na consagração do casamento real como fenômeno mediático? De acordo com o artigo, em uma sociedade complexa, os indivíduos se servem dos meios de comunicação para ter uma representação do social e sondar este social, reduzindo sua complexidade. O que aconteceu com o casamento foi a interação do texto televisual com outras plataformas no nível da expansão. “Além de ter sido visto por muitas pessoas, ele foi incansavelmente discutido entre membros das principais redes sociais, como, por exemplo, Facebook e Twitter”, expõe a autora. A pesquisa de Edimárcia relata que de acordo com o site do Correio Braziliense, “no Twitter, nove entre dez assuntos mais tratados eram relacionados à boda, com palavras-chave como "royalwedding" (casamento real) ou "proudtobebritish" (orgulhoso de ser britânico), passando por "they kissed" (eles se beijaram)”.
     Os debates sobre o casamento só foram reduzidos após a divulgação da notícia sobre a morte do terrorista Osama Bin Laden, anunciada pelo presidente dos EUA, Barack Obama, no dia 1º de maio de 2011.

Por Bruna Girardi Kozoroski

A censura escondida

Um candidato a reeleição ao cargo de governador no estado do Tocantins, é acusado, as vésperas das eleições de 2010, de desviar dinheiro de contrato com prefeituras de São Paulo e Tocantins. A fraude nas licitações atinge um montante de R$ 615 milhões.
O jornal “O Estado de São Paulo” publicou a matéria no dia 18 de setembro, reta final da campanha política, onde o suspeito Carlos Henrique Amorin, conhecido também como Gaguim, aparecia na frente das pesquisas de intenção de voto, disparado do seu opositor José Wilson Siqueira Campos. Acuado, Gaguim tentou censurar os jornais locais e de todo país, de veicular qualquer notícia sobre o esquema. O governador conseguiu uma liminar favorável e durante quatro dias impôs a censura aos meios de comunicação. O caso foi estudado pelas acadêmicas da Universidade Metodista de São Paulo, Rose Maria Vidal de Souza e Malena Araújo Mota, que publicaram o artigo, “CENSURA E POLÍTICA: ELEIÇÕES 2010 NO TOCANTINS E O CONTROLE DA INFORMAÇÃO” no XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom) em Recife, setembro desse ano. Elas abordaram a censura nos jornais, agora, quando a liberdade de imprensa é tão debatida.
Segundo as estudantes, a má utilização do poder político frente a campanhas eleitorais, onde a informação dos cidadãos e a denúncia dos meios de comunicação emergem como ferramenta de combate a este problema na sociedade.  Após o nome do candidato à reeleição, Gaguim, ser exposto em vários veículos de comunicação no país, as pesquisas mostraram uma ligeira queda e um aumento do candidato da oposição, Siqueira Campos, que ganhou a eleição na última semana de campanha política, devido ao escândalo de corrupção ganhar as páginas dos principais jornais do país e expor a imagem de Gaguim.
     De acordo com as pesquisadoras, no meio político, a busca incessante pelo poder, acaba levando políticos e partidos a utilizarem de todos os recursos estratégicos, legais ou não, para conseguir seus objetivos. Quando se esgotam as ferramentas de estratégias da propaganda política, entra em cena as de coersão. O fato ocorrido no Tocantins ganhou repercussão nacional, uma vez que a censura durou quatro dias e foi comparada a época da ditadura militar, com o golpe institucional AI-5. Ficou evidenciado, também que a censura é sempre uma ameaça pronta a estourar na sociedade. O papel que o cidadão desempenha na política é acompanhar a movimentação dos políticos, uma vez que as denúncias e o alerta da comunidade e dos meios de comunicação, ainda é a melhor maneira de combater esse problema chamada censura.

Por Mateus Barreto

O poder exercido pela embalagem em consumidores infantis

Cada vez mais, a imagem manipula e influencia a ver e/ou acreditar no que está estampado nela. A embalagem de um produto atrai desperta vontades, cria tendências culturais quanto sociais, se tornando o principal agente de comunicação e marketing de um produto. A afirmação está no artigo apresentado no Intercom 2011 em Recife, “A embalagem, o Marketing e o Design: a influência sobre o consumo infantil de produtos alimentícios, de Alexandre Coelho Rodrigues Gomes, Débora Persilva Soares, Sérgio Arreguy Soares e Admir Roberto Borges, o qual teve por enfoque, o público infantil, e a influência que as embalagens de produtos alimentícios têm na escolha de compra das crianças. Abaixo uma das imagens usadas no artigo, reverenciando as cores, e a presença de personagens da cultura e do universo infantil.

O assunto do artigo engloba tanto os pais como as crianças. O fato do poder que a embalagem tem de seduzir o público infantil com desenhos animados, quadrinhos, jogos e demais imagens, e também a influência que a criança exerce para com os pais na hora da compra. O artigo aborda também o fato de o Design ser o fator decisivo na compreensão de uma linguagem visual do produto. Os conceitos de semiótica e estética também ajudam na hora do consumidor ter uma percepção favorável do que pretende comprar.

O poder da imagem é tanto, que o conteúdo do alimento, sua importância para a saúde, como seus nutrientes ficam em segundo plano, pois a imagem é mais atraente que todas essas informações que constam no verso de todo o produto. As crianças deixam-se seduzir pelo poder da propaganda que estimula os desejos e as vontades do consumidor. De acordo com autores citados no artigo, esse estímulo acaba por atuar na sensibilidade humana, fazendo com que o consumidor aja impulsivamente ao efetuar a compra.

A imagem, tanto como a propaganda tem por função, justamente chamar a atenção para o produto. Uma embalagem bem desenhada e planejada é um grande diferencial no qual as empresas não podem abrir mão. Com a diversidade de produtos, onde existem inúmeras marcas e modelos, a embalagem é que vai fazer o consumidor colocar o produto no carrinho ou não.

A presença de diversas cores e até o posicionamento das embalagens são feitas de uma forma estratégica para chamar mais atenção do consumidor. O artigo aborda o fato de a criança valorizar mais os desenhos ilustrados na embalagem, os brindes e/ou brinquedos que o produto traz.

Os autores entrevistaram pais que afirmaram que cedem às vontades dos filhos e acabam comprando produtos pela embalagem e não por seu valor nutricional.

A pesquisa concluiu que os publicitários, designers e profissionais do marketing devem estimular o consumo consciente e saudável, sem estimular o consumo desenfreado e de valor nutricional questionável.

Por Lidiana Betega


Indígenas na rede

     Um endereço na internet conectou indígenas de diferentes partes do país. Isto é o que mostra a pesquisa apresentada este ano no XVIII Intercom regional de Londrina. O trabalho é uma análise sobre o portal Índio On line. O Uso da Internet na Comunicação comunitária: Análise do Portal Índios Online, produzido pela acadêmica da Universidade Estadual de Londrina, Bruna de Lima Silva com a orientação do professor Rozinaldo Antônio Miani.
O estudo aponta o portal Índios On line como veículo de comunicação para grupos nativos indígenas e mesmo não-indígenas de todo o país. O site foi criado em 2004 pela ONG Thydewá, sediada em Salvador. Paralela a esta iniciativa de inclusão digital, algumas atividades voluntárias também são realizadas pela ONG, como oficinas nas áreas de saúde, jornalismo étnico, educação, cidadania, economia solidária, entre outras.
     Segundo a pesquisa, o Índios On line possibilita quebrar a idéia da perda de identidade étnica, pois permite que os indígenas possam se expressar através da Internet. “Para esses povos, o contato dinâmico com as redes digitais é um modo de se manter sintonizado às mudanças e avanços sociais e tecnológicos”.
    Para a realização do estudo, o portal foi analisado pela pesquisadora durante duas semanas. Dentre as descobertas apontadas está a de que membros da rede Índios On line é que produzem conteúdo publicado, eles são integrantes de tribos indígenas da região nordeste, de estados como Bahia, Alagoas e Pernambuco. No entanto, a participação no site é disponibilizada a qualquer membro da população indígena ou não-indígena, contanto que o tema apresentado seja de interesse desses grupos.
    O estudo ressalta que a Internet funciona como meio de registrar, manter e globalizar as tradições indígenas. Além de romper limites geográficos e tornar a comunicação comunitária irrestrita a um limite territorial. O uso de diversas mídias de forma simultânea também é um aspecto destacado na pesquisa sobre o site.
     A utilização da internet para a prática da comunicação comunitária é ressaltada pela pesquisa. A incorporação de práticas sociais do cotidiano ao ambiente digital torna-se um processo natural “configurado pela própria presença humana na Internet e nas redes sociais de comunicação.”
    A pesquisa traz como conclusão um aspecto existente no cenário da comunicação atual. A partir da análise do portal Índios On line, a autora aponta que a busca por espaço entre as novas tecnologias, por exemplo, é apenas a primeira etapa pela luta democrática e de garantia da cidadania e de direitos para todos.

Por Marianna Antunes

A notícia contada e não decorada

Para os futuros jornalistas que pretendem transmitir as informações através da televisão, o trabalho diário diante as câmeras é fundamental. Diferente do jornalismo impresso, o texto do telejornal é transmitido de maneira informal aos telespectadores.
Para os iniciantes na profissão, o Stand up, também chamado de passagem, é a parte da notícia mais temida pelos novatos, pois exigem do repórter, concentração e organização na hora de montar a reportagem. No artigo" A prática da passaegm no telejornalismo", publicado no XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), de dois a seis de setembro de 2010, em Caxias do sul, RS “A prática da passagem no telejornalismo”, escrito por Valquíria Aparecida Passos Keipp e Aline Farias Martins Oliveira, a passagem, auxilia na compreensão da verdade que se tenta transmitir.
É através do stand up que o repórter vai expressar através de seu semblante e da tonalidade da voz, que tipo de fato é. Você já viu algum repórter falando sobre uma tragédia sorrindo? Seria estranho ver isso.
Os novatos normalmente costumam ir para a pauta com a passagem feita, o que é arriscado para o repórter. Isso seria uma criação antecipada do que você vai apurar no local dos fatos. Além disso, o repórter corre o risco de chegar no local e ter que refazer o texto.
De acordo com o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, capítulo II, artigo 4º, “o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação” (FENAJ, 2007). Por isso a importância de apurar os fatos antes de começar a escrever.
De acordo com as autoras do artigo, a passagem é um dos elementos responsáveis pela construção de um efeito de real, tanto na reportagem como no telejornal.
Em uma notícia ou reportagem a passagem não é obrigatória, mas deve sempre ser feita quando o repórter tem algo importantíssimo para falar e não tem imagens para deixar a informação com mais credibilidade. O artigo defende que é através da passagem que o repórter cria uma afinidade com o telespectador, o que trata de um recurso importante no sentido de estabelecer uma aproximação, um diálogo com quem está assistindo.
Assim, o stand up é considerado por muitos jornalistas como marca registrada do repórter de televisão. A passagem funciona como um elemento importante durante a construção da notícia televisiva. Para criar um texto com passagem é preciso pensar no conteúdo, ter em mente um texto para não fazer feio na hora de fazer e gravar a passagem. Ter o texto em mente e contá-lo no momento da gravação, é essencial.

Por Franciele Bolzan

O retrato do jovem da nova geração

Afinal, do que o jovem gosta? A partir de um questionamento semelhante a este que uma pesquisa apresentada este ano no XVIII Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação) nacional, constrói uma análise do perfil do jovem universitário e seus gostos culturais.

O trabalho “Pesquisas de Opinião: Hábitos de Consumo Cultural e de Lazer do Jovem Universitário”, de autoria de Vanessa Damasceno, com orientação da professora Laura Jane Vidal, da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), mostra um retrato do jovem que integra a geração Y, ligada à tecnologia e à interatividade.

A análise foi feita através de um questionário, composto com 40 questões fechadas e uma aberta. Todos os jovens integram o grupo de 282 alunos matriculados no primeiro semestre de 2010 no curso de comunicação social da UFAM. Destes, foram selecionados 50 estudantes, com base em dois pontos chaves: a faixa etária e a participação no XVIII Semana de Comunicação da Universidade onde foi realizada a pesquisa.

A grande maioria dos participantes só estuda; e, mais de 80%, possuem renda familiar superior à R$ 4.500,00.

A pesquisa traz dados que talvez não assustem uma grande parcela da população, pois a realidade de jovens consumidores e midiatizados está presente nas notícias diárias. O dado mais relevante encontra-se nas perguntas relacionadas às atividades realizadas sem interação direta: 70% dos jovens respondem que navegam sempre na internet, 58% lêem livros e, os que assistem sempre TV e DVD, ficam entre 50% e 38%, respectivamente.

Os dados relacionados ao hábito de ir ao cinema, ao teatro, à prática de esportes alternativos e radicais ou à de fazer exercícios físicos não chegam a 38% dos participantes. Frente a estas informações, Laura recomenda à UFAM a criação de uma programação cultural anual, envolvendo os departamentos de Comunicação Social, Artes Plásticas, Música e Letras.

“A universidade é o espaço ideal para a união da educação formal e informal”, afirma a autora, que acredita ser importante entender o contexto do consumo jovem, a fim de aproximá-los do cinema, da literatura, da música, do teatro e das artes em geral.



Por Emanuelle Bueno