Pesquisar este blog

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Reutilizar a água é uma solução

A água é usada de maneira inconseqüente todos os dias. Seja o exagero de minutos no banho, os vários enxágües da máquina de lavar roupas, a torneira corrente na hora de lavar a louça e os legumes. Da mesma forma a indústria brasileira gera água altamente poluída nos processos de produção, sem demonstrar preocupação com os recursos hídricos. A questão é: por quê não aproveitar essa água?
Questão que já faz parte do dia-a-dia de algumas donas-de-casa, que utilizam a água resultante da máquina de lavar para lavar calçadas, banheiro e outras dependências da casa. A indústria, também está despertando para a reutilização. A principal vantagem é a economia de até 70% do gasto com água, segundo a AGCO do Brasil. A empresa conhecida pelos seus tratores e colheitadeiras para a agricultura, implantou desde o final de 2005 o Projeto Gestão Sustentável dos Recursos Hídricos: Re-uso de Água, em Canoas e Santa Rosa no Rio Grande do Sul.
A direção da empresa afirma que é um sistema de tratamento de água, por meios mais naturais, isto é, uma tecnologia limpa, que evita desperdícios e economiza recursos hídricos. Pois pode ser reusada na fabricação de novas peças, ou até mesmo nos banheiros e na limpeza. Além disso, a AGCO tem o programa: Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) como tratamento terciário, para controle de fim-de-tubo. Isso porque nem toda a água pode ser aproveitada, já que tem grandes cargas com óleo e produtos químicos utilizados nos processos de fabricação. Mesmo assim, por meio de um complexo de tanques, a água passa por processos naturais como o Sistema de Plantas Aquáticas Emergentes (PAE), que permite devolver esta água em bom estado para a natureza.

Fórum sobre reutilização d’água
http://www.akatu.net/interatividades/forum/encerrados/mudancas-de-habito-quais-as-praticas-de-reutilizacao-de-agua-que-um-consumidor-consciente-pode-adotar-em-sua-casa-1/
Produção limpahttp://www.agco.com.br/respSocialProducaoMaisLimpa.asp?op=3

A ansiedade pode ser doença

O brasileiro está mais ansioso, e também mais doente por causa disso. A vida globalizada e competitiva, atrelada à correria e à pressão por resultados, tem provocado no cidadão um sentimento de expectativa desenfreado, que necessita ser dosado, atentam especialistas.
Quando esse sentimento foge ao controle, dura muito tempo e passa a prejudicar o cotidiano do indivíduo, a vida social e profissional, o alerta está dado. Pode-se estar sofrendo de algum transtorno mental, como um dos cinco tipos de ansiedade que apareceram nas últimas décadas.
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (
ABP), cerca de 20% da população do país hoje padece com algum tipo de transtorno comportamental derivado da ansiedade. Porém, muita gente sequer ouviu falar que ansiedade pode ser doença, a maioria por falta de acesso a atendimento médico.
O psiquiatra
Luiz Alberto Hetem, da ABP, lembra que, embora boa parte da população tenha dificuldades de se consultar com um profissional da área no sistema público de saúde, é sempre necessário buscar ajuda especializada.
Ele destaca que diz que são cinco os tipos de transtornos de ansiedade mais observados nos brasileiros: as fobias, o transtorno de ansiedade social, o transtorno obsessivo compulsivo, o transtorno de pânico e o transtorno da ansiedade generalizada. Para cada um deles, é indicado um tipo de tratamento.
De acordo com especialistas na área da psiquiatria, a psicoterapia ainda é a melhor saída em busca de uma vida mais tranqüila para o paciente. Mas isso nem sempre funciona, dependendo do grau de evolução da ansiedade.
O psiquiatra Rodrigo Marot, colunista do
Psicosite, comenta que o uso de antidepressivos e tranqüilizantes às vezes se fazem necessários durante o tratamento, mas desde que combinados com terapia. Marot dá dicas para uma auto-análise antes de buscar tratamento. Ele informa que uma das maneiras de diferenciar a ansiedade generalizada da ansiedade normal é através do tempo de duração dos sintomas.
A ansiedade normal se restringe a uma determinada situação, e mesmo que uma situação problemática causadora de ansiedade não mude, a pessoa tende a se tolerar melhor a tensão diminuindo o grau de desconforto, em um curto espaço de tempo, como um dia ou mais.
Agora, uma pessoa que permaneça apreensiva, tensa, nervosa por um período superior a seis meses, ainda que tenha um motivo para estar ansiosa, começa a ter critérios para diagnóstico de ansiedade generalizada.

Alguma das características dos transtornos
Dificuldade para relaxar ou a sensação de que está a ponto de estourar
Cansa-se com facilidade
Dificuldade de concentração e freqüentes esquecimentos
Irritabilidade
Tensão muscular
Dificuldade para adormecer ou sono insatisfatório

Tipos de transtornos de ansiedade
Transtorno de pânico
São quadros de ansiedade muito intensos, a ponto da pessoa achar que está morrendo
Transtorno da ansiedade generalizada
Apresenta-se como quadros mais longos de ansiedade. Podem durar de cinco a oito meses de duração
Transtorno de ansiedade social
A situação temida é quando individuo se sente o centro das evidências, achando que todas as pessoas estão olhando para ele
Transtorno obsessivo compulsivo (TOC)
O paciente tem idéias obsessivas e comportamentos em forma de rituais, como por exemplo, manter tudo em ordem ou achar sempre que está contaminado. Quando a pessoa tenta resistir a essas idéias obsessivas, sente-se ansiosa e culpada
Fobias
São medos irracionais de objetos, animais, pessoas ou situações


Hábitos alimentares incorretos e saúde comprometida

A alimentação do brasileiro vai mal, obrigado. Essa foi a conclusão da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), entidade que encomendou, em 2008, uma pesquisa para mapear os hábitos alimentares do brasileiro. O estudo foi desenvolvido nas cinco regiões do país e o resultado não é nem um pouco satisfatório para a Associação Brasileira de Nutricionistas (Asbran). 2008
Frituras, muito carboidrato e carne vermelha, esses são os alimentos que compõem a dieta do brasileiro, frutas e verduras são sempre preteridas. O resultado dessa dieta coloca 63,1% da população, isso representa 117 milhões de pessoas, acima do peso. Segundo o Presidente da SBCBM, Luis Vicente Berti, essas dados são esclarecedores. Até esta pesquisa ser realizada não se sabia ao certo quantas pessoas no Brasil, estavam com sobrepeso. Berti explica que há muito tempo a comunidade científica cobrava dados referentes ao número pessoas acima do peso, pois os dados obtidos até então não eram seguros.
A nutricionista Sônia Lucena, que compõe a diretoria da Asbran, explica que o cardápio nada saudável, que está a mesa do brasileiro, se deve ao estilo de vida moderno. Ela acredita que hoje é mais fácil comer um pastel na esquina do que preparar um almoço balanceado. Em 2007 duas Universidades paulistas, Universidade Federal de São Paulo (
Unifesp) e Universidade de São Paulo (USP), realizaram uma pesquisa semelhante. A conclusão: ricos e pobres consomem pouca quantidade de vitaminas e minerais.
Para aqueles sequer tentam organizar-se para ter uma alimentação correta Sônia não prevê um futuro muito promissor. A nutricionista explica que quem não tem uma alimentação balanceada comprometerá sua saúde no futuro. Jovens que ingerem poucos nutrientes e muita gordura saturada estão propensos a ser idosos com diabetes e hipertensão.

A música como remédio

Trocar as caixas de remédios por caixas de som. Essa talvez seja uma saída mais barata e até mesmo menos nociva ao organismo humano. Nos últimos anos pesquisadores de diversos lugares do mundo tem investido em estudos que comprovem a eficácia da música como um aliado a recuperação de algumas doenças. Através da musicoterapia, tratamento desenvolvido com sons, ritmos, melodias e harmonia alguns médicos tentam desenvolver e restaurar funções em seus pacientes. Problemas físicos, mentais, motores, casos de obesidade, depressão, ansiedade, fobias, estresse, acidente vascular cerebral (AVC) são alguns dos problemas que têm dado à musicoterapia a chance de comprovar sua eficiência. Durante a Segunda Guerra Mundial, na tentativa de distrair os soldados internados, as enfermeiras colocavam música nos alojamentos médicos. A partir dessas experiências, os médicos perceberam que muitos dos soldados enfermos que estavam em nos locais onde havia música se recuperavam mais depressa do que outros que não escutavam. Hoje, além das pesquisas cientificas sobre o assunto, muitas academias já possibilitam aos seus alunos especialização e formação em musicoterapia. E ao contrário do que pensa o senso comum, não se trata de uma terapia alternativa, mas sim de a uma intervenção terapêutica, no qual seu objeto é o estudo do comportamento sonoro do paciente. Conforme o musicoterapeuta Haroldo Campos, logo no inicio do tratamento é feita uma ficha com características do paciente. Nela deverão conter dados importantes sobre o mundo sonoro do individuo. A partir daí, as intervenções musicais passam a ser feitas, e se moldam de acordo com a reação de cada pessoa. Além disso, existe ainda a possibilidade de tratamentos coletivos. "Para trabalhos em grupo é necessário que se reconheça uma deficiência em comum" salienta Campos. No entanto se de um lado há quem perceba a música como um ótimo analgésico, de outro há quem diga que suas funções não podem ser comprovadas. De acordo com o estudo realizado em 2006, intitulado "Music for pain relief" os pesquisadores Cepeda MS, Carr DB, Lau J, Alvarez H perceberam que "escutar a música reduz sim os níveis de intensidade da dor e suas necessidades de opiáceo, mas o valor destes benefícios é de pequena importância e, conseqüentemente, o diagnóstico desta melhoria se torna obscura". O opiácio mencionado pelos pesquisadores trata-se de uma substância química derivada do ópio. Ela, assim como endorfinas, dinorfinas e encefalinas são alguns dos inibidores para a dor mais utilizados na medicina. Essas substâncias, quando em consumidas em dosagens desmedidas podem trazer danos a saúde. É isso que torna faz cada vez mais, médicos em geral encontrarem na musicoterapia uma forma segura de tratamento. Sem reações ou contra-indicações, ela ainda é a única que o consumo em excesso não vai agredir o organismo dos pacientes.
fontes:
http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_
http://www.cochrane.org/reviews/en/ab004843.html
http://
redebrasileiradetransdisciplinaridade.net

terça-feira, 24 de junho de 2008

Efeito Magnus: o futebol e a física

Essa vai para os fanáticos por futebol. Rogério Ceni, Nelinho, Roberto Carlos, Gérson, Rivelino, Zico, Éder Aleixo, Didi, Marcelinho Carioca, Ronaldinho Gaúcho, sem dúvidas, jogadores que marcaram época e inspiraram milhares de torcedores por onde passaram. No entanto, é por outro motivo que esta seleção de craques está no topo deste post.
Está curioso? Pois bem, todos estes jogadores dominavam uma técnica encantadora e muito peculiar no futebol, o chute com efeito. É só voltar um pouco no tempo, que podemos nos lembrar de cobranças de falta, passes ou cruzamentos antológicos de alguns desses craques do futebol brasileiro. Por vezes, modificavam de tal forma a rota da bola que deixavam além dos goleiros adversários, torcedores, telespectadores e, por que não, até os narradores perplexos.
No jogo da seleção brasileira, na última quarta-feira, contra a Argentina, me impressionou a qualidade com a qual o jogador argentino Riquelme executa seus passes.
A situação me levou a recordar que, há cerca de dois anos atrás, o narrador Galvão Bueno protagonizou uma discussão repercutiu nas rodas de discussão futebolística. Na ocasião, Galvão insistiu por um longo instante do jogo, dizendo que as leis da física não permitiam tal curvatura do trajeto da bola apenas pela forma de que o jogador efetuou o chute.
Afinal, a Física permite ou não?Um artigo produzido por Oriana Geada, da organização portuguesa Ciência Hoje, pode nos explicar um pouco melhor a partir desta questão.
Uma bola em movimento no ar está sujeita a forças aerodinâmicas causadas pela pressão e viscosidade do meio, como a força de arrasto e a força de sustentação. A força de arrasto é a resistência que o ar oferece à passagem da bola, porém, ao contrário do atrito entre duas superfícies sólidas, a força de arrasto não é constante – ela depende da velocidade com que a bola se move em relação ao ar. A força de sustentação surge quando a bola gira em torno do seu centro, produzindo o chamado efeito Magnus. Este se manifesta quando um jogador chuta a bola e, dependendo de onde ocorre o contato do pé com a bola, é possível imprimir-lhe uma rotação capaz de alterar a sua trajetória retilínea. Ao girar sobre o seu próprio eixo a superfície da bola sofre o atrito do ar. Isto influi na velocidade com que o ar passa em seu redor – na parte superior da bola, o ar é mais rápido; na inferior, mais lento. Devido a esta diferença de velocidade, ocorre uma diferença de pressão entre a parte de cima e a de baixo. A diferença de pressão faz com que a bola se desvie da sua trajetória normal, produzindo o efeito Magnus.
A revista Superinteressante já abordou este tema na edição de janeiro de 1988.
O efeito Magnus foi observado pela primeira vez em 1852 pelo físico alemão Gustav Magnus, daí o nome, a pedido da Comissão de Provas da Real Artilharia Prussiana. Pouco a pouco, essas observações começaram a ser aplicadas em vários campos da ciência.
E não apenas os cientistas recorreram às descobertas de Gustav Magnus. Desde muito cedo, na história moderna do futebol, também os jogadores aprenderam na prática a chutar com efeito. Portanto, o mesmo efeito que é comumente utilizado nos jogos de tênis, golfe e pingue-pongue pode ser produzido nas partidas de futebol. Neste caso, o peso da bola influi bastante no grau de dificuldade, porque a influência na sua trajetória se manifesta mais facilmente em bolas mais leves. Daí a justificativa para o fato de que o domínio desta tão bela técnica não é para qualquer jogador. O chute com efeito, antes de ser explicado pelas leis da Física, requer para sua execução, a presença de um verdadeiro craque.

Quando a esperteza ajuda

Em recente matéria publicada no tradicional periódico norte americano The New York Times, um fato chama a atenção: os animais são espertos e por sinal, bem mais do que muitos de nós pensamos.

Muita gente se questiona, por que os seres humanos são tão espertos? A partir disto um biólogo da Universidade de Friburgo (Suiça), Tadeus Kaweci, começou a buscar o raciocínio contrário: - Se é tão bom ser “esperto”, por que a maioria dos animais é “burra”?

A intenção de Kaweci e outros cientistas era descobrir como os animais aprendem e porque alguns aprendem melhor que os outros. E pelo menos em parte, eles conseguiram. Um exemplo é um verme (Caenorhabidts elegans) com apenas 302 neurônios e que é capaz de aprender. Só para se ter idéia, nós seres humanos, temos algo estimado entre 10 e 100 bilhões de neurônios. É alguma diferença para este verme não é?! E mesmo assim ele tem a capacidade de assimilar tarefas e aprender coisas novas.

O suíço Kaweci e sua trupe produziram evidências impressionantes sobre as reações dos insetos quando são submetidos a uma espécie de “evolução”. Eles trabalharam com moscas e as treinaram para que se tornassem mais espertas que as comuns. Só depois de 15 gerações de moscas que foi possível obter um resultado satisfatório. Os cientistas colocavam as moscas em contato com dois tipos de geléia: uma com sabor de laranja e com quinino (uma substância amarga) e outra também de laranja, mas sem quinino. No início os insetos levavam horas para descobrir que uma tinha quinino e a outra não. Só que 15 gerações depois as moscas levavam menos de uma hora para identificar as diferenças entre as geléias. Porém, todo estudo cobra um preço, e desta vez, custou a sobrevivência. Kaweci e seu grupo juntaram as moscas espertas (treinadas) com as burras (não treinadas) e lhes deram um escasso suprimento de leveduras para se alimentarem. Resultado: a esperteza realmente não garante a sobrevivência. A vida das moscas treinadas foi 15% mais curta.

Fechando o seu raciocínio Kawice demonstrou que, às vezes, é bom ser treinado para sobreviver. Segundo ele, há grupos de abelhas que se alimentam e produzem mel com apenas um tipo de néctar, porém quando treinadas elas podem utilizar o instinto para sobreviver com qualquer tipo de flor. E é neste caso que o suíço mostra que às vezes, a esperteza ajuda na sobrevivência. E que já ficou provado não ser o caso das moscas.

Se você deseja conferir na íntegra a matéria do jornalista Carl Zimer acesse aqui.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Pneus velhos são reutilizados como tubos de saneamento

O que antes ia para o meio ambiente na forma de lixo, hoje já pode ser utilizado como meio de melhorar o saneamento nas cidades, e com um custo muito baixo. A grande novidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, é a utilização de pneus velhos para substituir os tubos de concreto, uma alternativa que vem dando resultados satisfatórios.
Chamados de ecotubos, os pneus velhos que antes não tinham um destino final certo, já podem ser úteis para o fechamento de valetas e fossas.
A utilização deste sistema ainda está em fase de teste, segundo Fernando Caetano, idealizador do projeto e arquiteto da Secretaria de Qualidade Ambiental de Pelotas, muitas outras formas de utilizar os pneus velhos ainda podem ser criados.
Para a confecção dos ecotubos, os pneus são prensados uns aos outros em uma máquina que também foi desenvolvida por Fernando, e depois são presos por cabos. Para a realização deste processo, é gasto em média 15 minutos e cerca de R$ 40, enquanto que os tubos de concreto levam cerca de 20 dias para ficarem prontos, com um custo final de R$ 140.
Outra vantagem na utilização deste sistema para o saneamento é a durabilidade e resistência do material utilizado. Enquanto um tubo de concreto tende a rachar com as vibrações, os de pneus duram cerca de 400 anos, não quebram, e amortecem o impacto produzido pelos veículos.
A Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, através do deputado Nelson Härter (PMDB), já pensa em apoiar o projeto, para isso, solicitou a realização de uma audiência pública para debater e divulgar os ecotubos.
Para o futuro, Fernado pretende buscar a certificação junto ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e parcerias para a fabricação do ecotubos.

Falta de políticas públicas aumenta vulnerabilidade social de famílias da periferia

Frio de 8ºC na manhã de segunda-feira e a geada cobrindo de branco os caminhos de terra. Na porta da Escola Municipal Adelmo Simas Genro, região periférica da cidade de Santa Maria, uma parte dos 800 alunos se preparam para mais um dia de aula.

Joyce, 8 anos, franzina e agitada, entra rápido com duas irmãs menores que freqüentam a pré-escola. Uma delas caminha com certa dificuldade. Meia-hora depois, as três choram. São encaminhadas pela estagiária e pela professora ao ambulatório do Posto de Saúde que fica nas dependências da escola. Além do frio, as crianças têm os pés vermelhos e inchados. Uma delas tem três anos e a inflamação ameaça os dedinhos mínimos. A enfermeira começa o atendimento. Da menorzinha são retirados mais de 20 bichos-de-pé, o Tunga penetrans da família dos tungídeos, uma espécie de micro-pulga que se desenvolve na areia, penetra na pele humana e se repoduz a cada três semanas. Se não tratado, pode provocar ulcerações graves, tétano e gangrena.

A tungíase, assim como a diarréia, escabiose, verminoses intestinais, impetigo, micoses cutâneas, doenças venéreas, infecções exantemáticas agudas, resfriados, pediculose, pneumonia, faringites e outras doenças infecciosas e parasitárias fazem parte da rotina diária das famílias das classes populares.

No bairro Alto da Boa Vista, onde se localiza a escola, moram mais de duas mil famílias. A maior parte das ruas não têm calçamento, os esgotos correm a céu aberto, crianças e animais transitam soltos no mesmo ambiente. Além da escola e do posto de saúde, uma creche popular mantida por freiras assegura também o funcionamento uma unidade do CRAS- Centro de Referência da Assistência Social -, que tenta atender a população em situação vulnerabilidade social.

O caso de Joyce não é único ou novo na região. Uma mesma família costuma apresentar, ao mesmo tempo, várias dessas infecções repetidamente. Muitas vezes o serviço de saúde só é procurado quando o caso ultrapassa o nível de tolerância. Profissionais que atuam na região ressaltam a convivência diária da população com as doenças infecciosas corriqueiras. As reações perpassam atitudes de sofrimento, desesperança, resistência, excesso de burocracia, esgotamento.

A equipe de estagiários se choca ao chegar à casa das meninas. São sete filhas a morar em um barraco de três cômodos, com o pai. A mãe foi embora com um companheiro novo. Colchões imundos fazem as vezes de cama. Animais circulam pela casa e pelo pátio infestado de carrapatos e bichos-de-pé. Uma televisão ocupa o centro de atenção da família numa casa em que geladeira não existe, o fogão ainda é a lenha e a luz é ocasional, possivelmente vinda de um "gato", como na maioria dos casebres da região. O CRAS vai tentar uma intervenção judicial, retirando as meninas de casa até o pai resolver o problema da infestação.

O caso da família de Joyce é idêntico ao de muitas outras em situação similar. A ausência de política públicas cujas estratégias metodológicas sejam capazes de fazer os Centros de Saúde saírem para as comunidades e para visitas familiares, continuam uma heresia. Médicos não são formados para o trabalho comunitário, resultados de pesquisas nessa área não retornam com a eficácia e agilidade necessárias, epidemias são tratadas em gabinetes, serviços ambulatoriais e as campanhas de saúde pública interferem apenas pontual e ocasionalmente neste contexto. Na área das políticas públicas não se consegue trabalhar em rede.

No Alto da Boa Vista falta tudo, inclusive cuidar, uma vez que a cura depende do saneamento da miséria.

terça-feira, 10 de junho de 2008

FEPAM diz ser crítica a situação das águas em Santa Maria

O presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), José Antônio Mallmann, 56 anos, engenheiro civil e de segurança de trabalho, em entrevista ao Noticiência, fala sobre a falta de planejamento urbano e a situação crítica das águas em Santa Maria.


Noticiência: Qual é o tipo de cuidado que se deve tomar ao fazer construções em uma cidade que possui vários cursos da água e também lençóis freáticos?
Mallmann: Quanto aos cursos da água, deve ser respeitada uma faixa que é chamada de APP - Área de Preservação Permanente. Esta faixa varia de acordo com a largura do arroio, até dez metros de margem. A margem é de, no mínimo, 30 metros para cada lado, que é a grande maioria dos cursos, principalmente em Santa Maria. A respeito dos lençóis freáticos, a história é outra. Não chega a ser tão problemática ao meio ambiente. Diz mais a respeito à qualidade da própria construção, isto é, se a casa for térrea fica muito úmida, as águas de chuva não escoam direito e ficam por mais tempo encharcadas. Isto diminui a qualidade de vida dos moradores.

Noticiência: Como você avalia o planejamento das construções da cidade frente à poluição dessas águas santa-marienses?
Mallmann: Como os loteamentos - os terrenos são de antes da legislação vigente, é difícil cumprir estas APPs. Então a própria legislação reduziu estas faixas para 15 metros (loteamentos antigos, antes de 1979). Os novos loteamentos têm que obedecer aos 30 metros no mínimo. Isso é para que os cursos d água possam ter a mata ciliar, ter espaço para que sejam feitas redes de coleta de esgotos e assim não lançarem estes diretamente no curso, e assim manterem uma qualidade mínima da água, onde a vida aquática possa se desenvolver e conseqüentemente melhorar a qualidade de vida dos habitantes urbanos.

Noticiência: Como você vê o problema das sangas em Santa Maria?
Mallmann: A atual situação é crítica, tanto é que quase todos os cursos d’água estão comprometidos, cheiram mal, são valões de esgotos a céu aberto. Para reverter isso o município tem que assumir logo a aplicação da lei das APP(s), o que dá muito trabalho, A população reclama de tudo, mas quando tem que preservar uma faixa mínima, faz de tudo para não cumprir. Os administradores também não cumprem e ninguém é punido. E isto é tanto para os ricos como para os pobres. É só olhar a situação do Cadena. Se tem planejamento, e tem, só que mal feito, este não está revertendo em melhorias, É só andar onde tem sangas, olhar a situação estética e sentir o mau cheiro.


BubbleShare: Share photos - Play some Online Games.

Córrego em meio urbano ameaça Edifício

No mês passado, o síndico do Edifício Eliza, localizado na Rua Appel no Bairro Bom Fim, próximo à Escola Cilon Rosa, contatou a Prefeitura Municipal para solicitar a canalização da sanga que corre ao lado do prédio. O salão de festas do edifício corre o risco de desmoronamento, causado por um possível avanço da erosão de terra, conseqüência do fluxo da água.

A Secretaria do Meio Ambiente informou que há planejamento de canalização de toda rede hidrográfica urbana – que hoje são utilizadas como esgotos e depósitos de lixos – mas não existe verba por parte do município para esta correção. De imediato, caberia aos moradores próximos tomar as devidas providências, evitando assim maiores danos aos terrenos e quem ali próximo reside, segundo a secretaria.

Além do problema já citado, existe o revés da falta de conscientização de alguns moradores da região. Lixos são jogados ao córrego, causando entupimento de alguns trechos da sanga, exalando mau cheiro.

Moradores do prédio afirmam que cabe à população colaborar para que haja o mínimo de condição de tratamento e conservação, evitando maiores problemas ambientais e habitacionais.

Vida nova para o Arroio Cadena

Um corredor de concreto de 4,3 mil metros quadrados dotado de soluções de engenharia para recuperar o meio ambiente está prestes a mudar o cenário e também o trânsito de Santa Maria nos próximos meses.
Considerada um marco na arquitetura da cidade, a primeira avenida perimetral do município, que ganha o nome de um do seu filho mais ilustres – Dom Ivo Lorscheiter – representa muito mais do que uma nova alternativa de tráfego. Trata-se da chance de fazer renascer o Arroio Cadena, calculada em R$ 35 milhões que chegaram aos cofres municipais graças ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.
A construção da perimetral está dividida em três fases. Duas delas já estão licitadas, e somam cerca de R$ 21 milhões. A primeira etapa de concretização da Avenida Perimetral Dom Ivo Lorscheiter consistirá em obras que ligam as avenidas Borges de Medeiros e a Walter Jobim.
“Já o segundo trecho, compreende da Venâncio até a Ernesto Beck e será realizado pela Conpasul no valor de R$ 9 milhões. O prazo final para a conclusão de ambos os trechos, é de um ano”, disse o coordenador executivo do PAC, Ivo Cassol, em entrevista ao jornal A Razão, em 20 de maio de 2008.
Ao longo do trajeto, trechos degradados e ameaçados pela erosão começarão a ser recuperados pela canalização do Cadena. Pelo projeto, a obra terá pista dupla – sendo uma de cada lado do arroio – que segue da Rua Venâncio Aires até a Ernesto Beck. Neste ponto será erguido um trevo que levará a uma via simples.
Além disso, haverá duas pontes, uma no cruzamento da Walter Jobim com a Venâncio Aires e outra na Walter Jobim com a Avenida Miguel Meirelles, na Vila Lídia. As obras de recuperação do Cadena já estão liberadas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e acontecem paralelamente ao trecho da perimetral.

O local deve ainda receber o plantio de seis mil árvores. Isso ajudará na revitalização das margens do arroio e a evitar a erosão, agravada pelas ocupações irregulares de moradores pobres, também responsáveis pelos altos índices de poluição do Cadena. O processo de arborização, segundo a Prefeitura, aumentará a área verde da cidade e também evitará que novas ocupações sejam registradas no local.
Pouco a pouco, famílias alojadas ao longo do curso do arroio – pertencentes a bairros e vilas Lorenzi, Urlândia, Renascença, Patronato, Juscelino Kubistchek, Nonoai, Passo d’Areia, Divina Providência, Salgado Filho, Carolina – serão retiradas desses pontos e re-alojados em moradias populares do município. Para a administração municipal é uma maneira de resolver tanto a questão social da habitação, quanto a ambiental.

A ESTRUTURA DE CANALIZAÇÃO
“A estrutura de cada trecho do canal é diferente” explica o engenheiro civil Silvio Froes, um dos membros da equipe da Re-coordenação Técnica PAC, um setor criado com a incumbência exclusiva de gerir os projetos desse programa.
De acordo com o técnico, em cada trecho, será executada uma nova obra respeitando a vazão do arroio e as condições do solo. “Em primeiro lugar, uma subcamada de rachão (pedras pequenas que vão servir de base para a estrutura serão colocadas para impedir que água se infiltre no solo, com cerca de 20 centímetros de espessura. Acima dessa camada, haverá uma outra camada de Colchão Reno - pedras maiores, revestidas por uma cerca metálica, de aproximadamente 20 cm também”.
É entre estas duas camadas, que será lançada uma espécie de manta geotextil. Esse manto de feltro impedirá que resíduos passem de uma camada pra outra. Assim, a água poluída do Cadena não entrará mais em contato com o solo, e deixará de contaminá-lo, atingindo lençóis freáticos e nascentes.
“As laterais do canal também são reforçadas com um colchão reno e pedras grandes. O canal será revestido de asfalto. Há também a preocupação com a arborização dos arredores do arroio, que receberá ainda uma ciclovia no percurso”, destaca Froes.

Por Eduardo Ramos, Gilson P. Alves, Marcelo Barcellos. Fotos: Rodrigo Simões






BubbleShare: Share photos - Powered by BubbleShare

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Projeto financiado pelo CNPq ensina a aproveitar água da chuva

Aproveitar a água que seria desperdiçada. O TEC-ÁGUA – projeto para captar água da chuva surgiu a partir de estudos sobre o racionamento de água realizado por um grupo de pesquisadores do curso de Engenharia Ambiental da Unifra - Centro Universitário Franciscano. É coordenado pelo professor Afrânio Righes e tem participação de alunos bolsistas. O Projeto intitulado Tecnologias para sustentabilidade da água em zonas rurais e urbanas em Santa Maria-RS iniciou em 2006 e tem por objetivo educar para o uso racional da água.

O volume de chuva não variou nos últimos 50 anos no Brasil. Como explicar a falta de água? Por meio de um mapeamento do solo, o grupo de pesquisa constatou que houve uma degradação da sua estrutura. A compactação do solo impede a penetração da água da chuva. Nos centros urbanos a infiltração da água é dificultada pela grande quantidade de calçadas e ruas pavimentadas e, por conseqüência, causa enchentes e alagamentos. Além das pesquisas de mapeamento de solo e da quantidade de água nos mananciais e rios, o projeto demonstra que é possível captar água da chuva com baixo custo. A prova disso está na implementação de estações de captação de água em dois colégios que estão localizados na Bacia Hidrográfica do Vacacaí Mirim.


A captação é feita por meio das calhas de água do prédio das escolas João Pedro Menna Barreto e Escola de Santa Flora. O processo de captação funciona de acordo com um sistema automático de cisternas. Esta é uma caixa d’água comum, porém leva este nome, pois nela é armazenada água da chuva. A primeira cisterna de 250 litros recebe os primeiros cinco minutos de chuva com água suja. A partir daí a água limpa passa para uma cisterna com capacidade para 3000 litros onde fica armazenada para diversos usos.

Outra maneira demonstrada pelos pesquisadores é o experimento de captação por meio do solo. Na Escola João Pedro Menna Barreto foram instalados sistemas de captação de água com diferentes coberturas de solo. Uma feita de piso permeável (material específico para absorção d’água) onde a infiltração é de 100%. Outra de grama, com infiltração de 98%; paralelepípedo, com infiltração de 80% e asfalto com infiltração de 29%. Segundo o coordenador do projeto, isso demonstra a quantidade de água que perdemos nas cidades. Já na Escola de Santa Flora foram instaladas estações de captação de água, uma sem cobertura artificial, uma utilizando somente a técnica de plantio direto e outra de plantio direto com Vertical Mulching, uma técnica que usa palha na cobertura. A Prefeitura Municipal de Santa Maria, EMATER/RS e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Vacacaí Mirim são apoiadores do projeto financiado pelo CNPq. A estrutura da pesquisa que envolve captação da água foi demonstrada por meio de dias de campo para acadêmicos, especialistas da área ambiental e comunidade em geral. A diretora da Escola João Pedro Menna Barreto, Ilka Martins, ressalta a importância da presença de instituições de ensino superior junto à comunidade. “Este projeto da Unifra contribuiu muito para a conscientização da comunidade em relação ao desperdício de água”.

Detalhes do projeto no Youtube