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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Incidência de malária pode estar relacionada a variação climática

Estudo realizado por Andressa Tavares Parente, em 2007, verificou a incidência de malária no Estado do Pará e suas relações com a variabilidade climática regional. A pesquisadora fez uma análise de uma série de 35 anos de dados anuais (1970-2005) e 14 anos de dados mensais (1992-2005) da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) referentes a quatro diferentes regiões do Pará.

A pesquisa mostra que a variabilidade da chuva na Amazônia depende de algumas forçantes climáticas. Uma forçante é uma mudança imposta no balanço de energia planetária que, tipicamente, causa mudanças na temperatura global. Um diagnóstico mostrou que, em pontos específicos da Amazônia, a chuva teve uma dinâmica própria de formação. Quando o Oceano Pacífico está muito quente, atribui-se ao fenômeno El Niño todo o impacto climático regional. Quando está muito frio, sabe-se que é La Niña que influenciará o clima.

O estudo mostrou a incidência de chuva no Pará e como se comportaram os índices da malária nos municípios de Anajás, Itaituba, Santana do Araguaia e Viseu, locais que – historicamente – têm grande incidência da doença e estão em regiões diferentes com padrões climatológicos de chuva diferenciados.

Para atingir os resultados, a pesquisadora comparou o Índice Parasitário Mensal (IPM) e o Índice Parasitário Anual (IPA) dos quatro municípios com os períodos de maior e menor precipitação.

O fator ambiental foi relevante no estudo da doença, já que a floresta é o habitat natural do mosquito vetor. O estudo também levantou outros fatores como o desmatamento, o crescimento populacional e a atividade garimpeira.


Após a análise dos dados, a pesquisa concluiu que a intensificação da malária em determinadas regiões da Amazônia está atrelada aos eventos climáticos gerados pelos oceanos. Nem sempre a malária está relacionada à chuva, pois a doença pode ocorrer também em tempos de seca.

Deborah Alves

Estudo analisa a evolução dos transtornos mentais e comportamentais segundo Classificação Internacional de Doenças

Com o avanço das pesquisas científicas acerca da psicanálise, periodicamente se faz necessário uma organização das informações sobre as doenças e sintomas para facilitar determinados tratamentos. Assim, em meados do século XIX, foi criada a Classificação Internacional de Doenças (CID).

Trata-se de um sistema utilizado na codificação de perigos à saúde, inclusive na área da psiquiatria, e tem por objetivo a busca da padronização internacional de diagnósticos. Dessa forma, são facilitados o entendimento e a comparação das informações referentes a saúde utilizadas pelos profissionais da área. 

Em artigo publicado na Revista Electrónica en Salud Mental, Alcohol y Drogas, em 2013, pesquisadores da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (SP) questionaram as mudanças que ocorreram no CID da sua sexta revisão até os dias de hoje nos quadros  referentes a transtornos de humor, esquizofrenia, transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substâncias psicoativas.

Desde a criação do CID houveram mais de dez mudanças que procuraram reagrupar as informações necessárias, de tal forma que facilite o tratamento necessário para cada tipo de paciente.  Os pesquisadores basearam-se em dados do Sistema de Informações de Saúde do Sistema Único de Saúde, DATASUS, para investigar se as novas classificações respeitam o quadro médico do paciente, sem ocorrer em descuidos que venham a menosprezar sua imagem e se estão devidamente organizadas obedecendo um padrão que facilite o acesso aos dados.

Durante o levantamento de dados foi constatado que somente em 1948, a partir da sexta revisão, que as finalidades das categorias se expandiram passando a incluir doenças não fatais. Anteriormente, as categorizações só diziam respeito a doenças que causavam morte do paciente. Nas mudanças que aconteceram da sexta à décima revisão houve um aumento significativo no número de categorias para classificar tanto morbidade como mortalidade. 


Nesses quadros verificou-se que as alterações ocorridas no CID acompanharam a trajetória das doenças e transtornos psiquiátricos de forma que remetem ao preconceito e à exclusão.  Também foi constatado que somente a partir da nona mudança os dados foram organizados nas suas subdivisões de forma satisfatória evitando, assim, sucessivas revisões. Desse modo, o entendimento para uso profissional de dados foi facilitado, tornando-o mais lógico e, consequentemente, evitando que suas subdivisões recorram ao erro de utilizar de preconceitos para retratar o quadro do paciente. 

Daniel Pinto

Maconha é usada como tratamento de viciados em crack



           Pesquisadoras da Universidade Federal de Santa Maria mostraram que a maconha pode reduzir os efeitos da abstinência do crack. O estudo foi realizado em dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), o da infância (CAPSi) e o do álcool e outras drogas (CAPSad), com 10 pessoas do sexo masculino com idade entre 15 e 36 anos.

            Foram feitas diversas entrevistas para a coleta de dados, instrumento utilizado para pesquisas qualitativas. As entrevistas continham questões como: a idade em que começou a fazer uso de drogas ilícitas; o tipo de drogas já usado; o uso da maconha e sua frequência; os benefícios e danos do uso de crack e maconha; além de dados como o tipo de tratamento, histórico de internações e os motivos que levaram cada um a procurar tratamento.

            Segundo a pesquisa de Amanda Schreiner Pereira e Rudiane Ferrari Wurfel, publicada em 2011, a maioria começou a fazer uso de drogas a partir dos 13 anos de idade. Foi constatado que alguns desses usuários de crack também consumiam maconha. A observação dos dados e entrevistas permitiram que o estudo fosse dividido em dois temas: “Percepção dos adictos acerca do uso de crack e maconha” e “Possibilidade de tratamento ou uso/abuso impensado?”.

            O primeiro, quanto a percepção dos usuários acerca do uso de crack e maconha, pôde-se constatar que são inúmeros os danos causados pelo uso excessivo do crack. Esses danos aparecem de forma física, psicológica e social, pois a droga age com efeito estimulante no organismo do usuário. Isso também aparece nos relatos dos participantes.

          “Na cabeça e no pensamento, a pessoa fica magra. O pulmão perde a força de respirar e a cabeça parece que não pensa direito” - afirma um dos participantes. Outro integrante do grupo relatou: “Eu gastava demais, vendi meu carro e fumei tudo (...) O que eu tinha de bom dentro do meu apartamento eu vendi, entende? Pra comprar crack”. Quanto a substituição do crack pela maconha, a maioria dos participantes alegou que percebem a diminuição nos seus atos ilícitos como roubos, assaltos e vendas de objetos. “O benefício pra mim é que eu não fumo o crack, entendeu? Eu não saio para roubar, não saio assaltar”, diz um participante.

            Já em relação à possibilidade de tratamento ou uso/abuso impensado, muitos dos participantes afirmaram que o uso da maconha auxilia no alívio da "fissura" (crise de abstinência) do crack. Um dos participantes da pesquisa conta:  "Quando eu fumo a maconha eu não fumo crack, a maconha me tira a vontade de usar crack". A fissura, segundo a pesquisa, pode causar alterações comportamentais e de humor do dependente e a maconha pode ajudar no controle dessa ansiedade aliviando a "fissura" por não usar crack. Isso pode ser caracterizado como uma estratégia de redução de danos, ou seja, a substituição de uma droga mais pesada por uma que não apresenta danos permanentes quando usada em longo prazo.

            A pesquisa traz o método de redução de danos como uma alternativa eficaz para o tratamento de dependentes químicos, levando em conta que deve ser acompanhado por especialistas da saúde mental.

 Luiz Gustavo Mousquer de Oliveira

           

           
           

            

Fatores climáticos podem favorecer a proliferação do mosquito da dengue

Uma pesquisa realizada por Dione Viana e Eliane Ignotti revelou que nas últimas décadas a dengue clássica (DC) e a dengue da febre hemorrágica (DFH) têm um número significativo de mortes no Brasil e no mundo. Mais de 100 países apresentaram casos da doença. No ano de 2013 foram internadas aproximadamente 550 mil pessoas, totalizando 20 mil óbitos. Durante todo o ano cerca de 80 milhões de novos casos são notificados em todo o país.
  
 Com este estudo, pesquisadores mostraram que a proliferação do mosquito da dengue está fortemente relacionada às condições climáticas dos países. As condições do clima e as variações da temperatura acabam estimulando a criação e o desenvolvimento do mosquito.   

 Foi realizado um levantamento sobre o tema em artigos científicos no período de 1991 a 2010. Ao total foram publicados 625 artigos a respeito da dengue e fatores climáticos em todo o mundo. Foram escolhidos 31 artigos feitos no Brasil sobre o respectivo tema.

Os pesquisadores concluíram que a proliferação do mosquito da dengue está diretamente ligada às mudanças climáticas. O Brasil, por exemplo, é um país tropical, situado em zonas de latitudes baixas, nos quais os climas quentes e úmidos predominam. Os ovos do mosquito da dengue são capazes de resistir as temperaturas baixas. Devido ao fator climático, a população deve se conscientizar a respeito da importância no controle da proliferação do mosquito Aedes aegypti

 Laura Bacim



O merchandising nas telenovelas da Rede Globo

As novelas não só buscam o pico de audiência de uma emissora como moldam a vida dos brasileiros através dos sentidos que despertam e dos desejos de consumo, visto que a televisão não é só uma forma de entretenimento, mas uma formadora de opiniões. A Rede Globo usa as teledramaturgias como principais formas de inserir o merchandising e estimular a compra de produtos e a forma de comportamento dos espectadores, que passam a ser consumidores. É o que revela o artigo “Análise de estratégias de merchandising em telenovelas”, publicado na Revista Tecer, de Belo Horizonte, em novembro de 2014.

          O estudo quantitativo realizado por Ana Clara Oliveira Santos Garner e Érica Teixeira Silva, graduadas em Comunicação Social, utilizou a análise de conteúdo para entender as estratégias de merchandising usadas pela Globo nas novelas Sangue Bom e Amor à Vida, ambas transmitidas em 2013, nos horários das 19h e 21h, respectivamente. Foram feitas as seguintes categorias de análise sobre produtos e serviços inseridos em um total de 30 capítulos de cada trama, durante o período de 12/08/2013 a 14/09/2013: personagens, posição do produto na cena, texto, contexto da cena e cenário.

A pesquisa mostrou que as marcas mais oferecidas nas telenovelas foram de produtos de higiene pessoal, aparelhos eletrônicos, automóveis, mercadorias de limpeza e objetos de uso pessoal. Dos 30 capítulos assistidos da trama Sangue Bom, 16 continham pelo menos um merchandising, o que representa 48%. Já dos 30 capítulos assistidos da novela Amor à Vida, 14 continham pelo menos uma propaganda, o que significa 45%. Alguns capítulos incluíram mais de uma menção a produtos comerciais no mesmo dia.


Mesmo que a audiência desse gênero venha diminuindo, conforme as autoras, as novelas ainda têm uma influência social e cultural muito forte na vida dos brasileiros. E o merchandising é cada vez mais presente entre as narrativas, com um formato diferente das propagandas publicitárias, mas a fim de promover a imagem, incentivar o aumento de vendas de um produto e da identificação com o serviço e com a telenovela. 


Amanda Santos

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A música como aliada no aprendizado escolar

        Os pesquisadores Daiane Tennroller e Marion Machado Cunha investigaram o quanto a música pode ser uma ferramenta colaborativa para a formação integral de crianças com idades entre cinco e seis anos, e como ela pode ser uma aliada no aprendizado escolar.

      A pesquisa foi realizada em uma creche municipal da cidade de Sinop-MT. No início foram feitas observações do âmbito escolar, sendo as mesmas registradas em um caderno de campo no final de cada aula. As observações totalizaram 45 horas e aconteceram no período matutino com o registro da recepção das crianças, do café da manhã, das atividades dirigidas, do momento recreativo e da hora do almoço.

     Participaram quarenta alunos, vinte de uma turma da pré- escola e vinte da outra; duas professoras de uma turma da pré-escola, sendo elas pedagogas. Foram realizadas entrevistas com duas educadoras de turmas da educação infantil.

    O trabalho teve por instrumento entrevistas, além de um questionário, que abordava questões como: a importância da música; a contribuição para o ensino/aprendizagem e metodologias utilizadas. 

    “A música é tudo que produz som, através de movimentos, de materiais como instrumentos musicais, ajuda no desenvolvimento linguístico da criança, na ampliação do vocabulário, na percepção auditiva, facilita a aprendizagem do conteúdo e por fim ajuda no desenvolvimento psicomotor da mesma”, relata uma das professoras entrevistadas.

     Concluiu-se que a música, além de ser uma forte aliada no auxílio ao ensino infantil, complementa a formação e o desenvolvimento do ser humano.


Mateus Konzen

Estudo aborda medidas restritivas ao uso de sacolas plásticas

      Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) analisaram o processo que vai da produção à reciclagem com foco nos materiais plásticos. Apesar das campanhas de conscientização para que as pessoas separarem o lixo, os resultados da pesquisa apontam que apenas 13,92% da população brasileira tem acesso ao serviço de coleta seletiva.

     Um dos objetos que mais polui o ecossistema é a sacola plástica. Segundo o estudo, diversos países estão empenhados em restringir o uso das sacolas a fim de proporcionar mudanças de pensamentos das pessoas e dos fabricantes em favor do ecossistema.

      A produção de lixo tem aumentado exponencialmente. Uma das causas desta expansão é o consumismo, apontado pela ONU como o grande vilão do ecossistema. Neste contexto, a sacola plástica é alvo certo dos ambientalistas, tendo em vista seu poder de poluição. A pesquisa aponta, ainda, que a estimativa de uso de sacolas plásticas é de quase um milhão por minuto no mundo. Cada unidade de sacola plástica permanece no meio ambiente por, aproximadamente, 100 anos.

    Para considerar o grande consumo de sacola plástica, o estudo apresentou caráter documental por meio de informações procedentes, relatórios oficiais, bancos de dados, entre outros. Os dados foram fornecidos pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

     A pesquisa concluiu que o lixo deve ser reduzido desde a sua origem e que buscar a reutilização dos mesmos, principalmente das sacolas plásticas, reduz as áreas de demandas para aterros. Sendo assim, a reciclagem é uma alternativa viável para preservação dos recursos naturais, economia de energia, geração de emprego e renda.

Luisa Neves

Pesquisa detecta que cirurgia bariátrica é a melhor saída para pessoas com obesidade mórbida


        Uma pesquisa feita pelas estudantes do curso de enfermagem da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) – Josiane da Motta Moraes, Rita Catalina Aquino Caregnato e Daniela da Silva Schneider – avaliou a qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. O estudo foi publicado em março de 2014 pela revista ACTA Paulista de Enfermagem, da Escola Paulista de Enfermagem, da Universidade Federal de São Paulo (USP).

          As pesquisadoras avaliaram a qualidade de vida de 16 obesos, antes e depois da cirurgia, em um hospital privado no município de Montenegro (RS). Os pesquisados responderam questionários pré-estabelecidos antes e depois do procedimento. 

           Antes da cirurgia pontos como: avaliação da qualidade vida, satisfação com a saúde, frequência de sentimentos como mau-humor, ansiedade, depressão, impedimentos para atividades físicas, entre outros foram avaliados. Após o procedimento, os questionamentos continham questões como: energia para o dia a dia, aceitação da sua aparência física, sentido da vida, entre outros.

De acordo com o estudo, no pós-operatório, 62,5% dos pacientes responderam não terem mais sentimentos negativos ou tê-los, às vezes. Também consideraram sua qualidade de vida e saúde boa ou muito boa. Em relação a dor, 81,3% dos pacientes informaram não terem dor, ou terem pouca dor, ao realizarem atividade física. A maioria dos pacientes expressou satisfação em todas as variáveis analisadas.

A pesquisa concluiu que a cirurgia bariátrica melhorou a qualidade de vida do grupo de pacientes pesquisados, os quais tinham obesidade mórbida, minimizando seus agravos físicos e psicossociais. Dentro dessa perspectiva, o estudo revela que estes pacientes deverão continuar sendo acompanhados para evitar possíveis complicações decorrentes do procedimento cirúrgico.

                                                                                                                                  Priscila Martini         

Depressão está aliada a baixa qualidade de vida em jovens da região sul do Brasil

A depressão e outros transtornos de nível psicológico afetam a qualidade de vida do ser humano. As pesquisas em torno dessas patologias começaram a ser discutidas amplamente a partir do final do século XIX. Sobretudo, a depressão é uma doença que afeta o público jovem e idoso, e tem relação direta com as mudanças ocasionadas pela a vida moderna e os conflitos sociais vivenciados nas esferas urbanas.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), a depressão pode ser caracterizada por um período mínimo de duas semanas durante as quais predomina um humor deprimido ou perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades. Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável ou rabugento, além de outros sintomas físicos como alteração no apetite, peso, sono e atividade psicomotora.

Em artigo publicado na Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, em 2011, pesquisadores e profissionais da área da psicologia, saúde e comportamento da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) investigaram a relação da qualidade de vida e depressão em jovens entre 18 e 24 anos, da cidade de Pelotas (RS). Foram escolhidos 1.560 jovens de forma aleatória. A motivação da pesquisa foi a pequena quantidade de pesquisas acadêmicas realizadas com o público jovem no Brasil, especialmente localizados na região sul do país.

O estudo avaliou a associação entre depressão e qualidade de vida. Foram analisadas as diferenças entre os sujeitos com e sem depressão, bem como as características daqueles com ideação suicida. Foi apontado que há maior incidência e associação com os transtorno psíquicos em sujeitos com seguinte perfil: sexo feminino, de classe social situada entre os padrões D e E, usuário de derivados do tabaco, álcool e psicofármacos. Fatores relevantes como transtornos de ansiedade e risco de suicídio também entram nas características presentes nos indivíduos da amostragem.


A relação direta dos portadores da doença com a baixa qualidade de vida é evidenciada na pesquisa que apontou o diagnóstico precoce e o tratamento dos transtornos como condição importantes para o aumento na qualidade de vida.


Renan Mattos

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Música no ambiente educacional mostra resultados benéficos ao aprendizado infantil

A inclusão da música no ambiente escolar, além de valorizar o conteúdo, ajuda a desenvolver a mente, o raciocínio e a concentração. Sons, ritmos, timbres e intensidades distintas ajudam a estimular o cérebro. O livro Educação Musical e Pedagogia: pesquisas, escutas e ações, aborda essa questão.

Uma das autoras, a professora e pedagoga Cláudia Bellochio, comenta que “a música é um conhecimento que potencializa o desenvolvimento”. Para ela, a música na sala de aula é uma forma de se comunicar. “Sempre foi um elemento mediador das relações entre ensinar e aprender, mesmo quando não tem uma linguagem constituída de letras”, afirma.

A autora ressalta a importância do profissional da área da pedagogia para conduzir aulas com música. “Lutamos para a inserção da formação musical na pedagogia porque o profissional vai trabalhar com a criança, e a criança é musical. Ela leva a música para dentro da escola e, muitas vezes, o professor não tem a formação. Ele sequer sabe reconhecer essa linha de contato com seu aluno como algo potente para a continuação do processo de escolarização,” afirma a autora.

A educadora especial Juliane Corrêa, conta que a inserção de música no aprendizado de crianças que possuem necessidades especiais também é muito importante. “As crianças têm dificuldades de aprendizagem, não conseguem aprender de maneira tradicional. Elas precisam de técnicas e metodologias. Então, ao invés de contar para ela uma história lendo, contamos uma história sonorizando”, explica. De acordo com a educadora, ao invés de fazer uma brincadeira para a criança adquirir tons no seu corpo, deve-e fazer uma atividade musical para ela adquirir esses tons.

A música deve receber mais espaço nas salas de aula, pois ela tem grande capacidade de auxiliar no ensino, além de beneficiar a relação familiar. Corrêa exemplifica um caso de um aluno com autismo: “o pai toca teclado, mas nunca investiu no filho porque acreditava que nunca iria aprender, mas o menino ficava perto do pai observando. Quando percebi isso levei um teclado para aula e deixei que ele explorasse o instrumento. Quando o pai percebeu que ele conseguia tocar algumas notas, ele começou a ensinar seu filho e a relação entre eles melhorou”.

Músicas, sons e ruídos têm seus benefícios. Cabe ao profissional saber a melhor maneira de aproveitá-los. Para isso, vale a busca por conhecimento de como inserir essa metodologia de modo correto na sala de aula, pois todos são beneficiados.


Diego Oliveira e Laura Bacim

Livros de autoajuda: entre a contradição e a promessa

      Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta cerca 350 milhões de pessoas no mundo, sendo que 60% são mulheres. Uma doença comum, mas que as pessoas têm dificuldade em aceitar por se tratar de um transtorno mental, adiando um diagnóstico precoce.

       Os primeiros apontamentos são, às vezes, confundidos com sentimentos naturais do indivíduo, como desânimo, tédio, fadiga. Quando esses sentimentos começam a afetar o nosso humor, seja no trabalho, na vida particular, perda de sono, configura-se um quadro de depressão.

           E os livros de autoajuda podem amenizar essa depressão?

          Para a psicóloga Juliana Novo Coutinho, a autoajuda é uma literatura perigosa, pois passa uma falsa ideia do conhecimento e das práticas da psicologia. Psicologia é ciência. Autoajuda é inconsistente e cheia de promessas, relata Juliana.

        “Qualquer busca por ajuda, por menor que ela seja, por mais errada que ela possa parecer, já deve ser exaltada. Hoje, a grande maioria das pessoas se isola num mundo particular e ali padecem com seus problemas. Com isso, concluímos que esse é o sentimento que deve transparecer para o povo em geral. O primeiro passo deve sempre partir da própria pessoa”, afirma Coutinho.

         O pedido de atenção parte da educadora Nelci Procopio, atuante há 35 anos no mercado de trabalho santa-mariense. O discurso corrobora com a ideia relatada pela grande maioria dos profissionais da área. Embora sem um caráter técnico aprofundado, Nelci acredita que a ajuda através da leitura, por si só, já muda o panorama da doença e chama atenção.

        “É importante a participação da família. As pessoas mais próximas são, muitas vezes, mais importantes em um tratamento do que um especialista na área. A grande maioria desses casos acontece devido ao paciente se sentir improdutivo, inexistente para as pessoas que o cercam. Logo, para isso não acontecer, deve-se municiar com muito carinho e atenção estes que sofrem dessa lacuna”, conclui a educadora.

Livros de autoajuda. Foto: Yasmin Lima


Victor Piaz e Yasmin Lima

Muito além das goleiras: o amor e o fanatismo pelo futebol

        Jogador de futebol, no Brasil, é sinônimo de consagração. Os comerciais publicitários e as capas de revistas estão recheados de jogadores. O amor nutrido pelas pessoas em relação a esse esporte é algo passado de geração em geração. Desde a infância, por influência da família, somos levados a escolher um time do coração. É quase uma obrigatoriedade o indivíduo pertencer, gostar ou torcer por times estaduais e nacionais. A globalização e o capitalismo impõem um padrão sobre o que é ser “legal”, ou seja, ser aceito na sociedade. Nesse sentido, nos encontramos fragilizados, e mais propensos ao fanatismo, explica o psiquiatra Lucas Ramos Leal.

        O torcedor é aquele que consegue compreender que é apenas um esporte e isto não vai decidir sua vida, conseguindo assimilar a vitória ou a derrota com mais facilidade. Já o torcedor fanático, segundo Leal, é aquele que não tem pensamento próprio, ele age de acordo com o raciocínio do grupo, podendo provocar uma série de sintomas no sujeito como insônia e irritabilidade, relata.

        O Rio Grande do Sul tem dois times que grande nome no quadro brasileiro, um deles é o Sport Clube Internacional. O livro “Minha Camisa Vermelha”, do escritor gaúcho Athos Ronaldo Miralha da Cunha, é composto por crônicas de torcedores que literalmente vestem a camisa do time colorado. A ideia principal da obra é reunir escritores fãs do time e prestar uma homenagem com histórias inusitadas e lembranças. “Em dias de jogo do Inter, principalmente os decisivos, fico apreensivo. O coração pulsa mais forte”, diz Athos.

        Questionado se já sofreu opressão por parte de torcedores do time rival, Grêmio, o autor afirma: “não pelo contrário, alguns já participaram das sessões de autógrafos, penso ser um estímulo para que os tricolores façam um livro”, afirma.

        A gaúcha Paula Guizolf se considera uma torcedora fanática pelo Internacional. Aos dezessete anos de idade eternizou seu amor fazendo uma tatuagem com o nome do time nas costas. Uma loucura que lhe rendeu bons frutos. “O ex-presidente do time parou em frente a minha casa. Ele estava procurando um amigo e comecei a gritar desesperada. Achei que era sonho. Ele ficou tão impressionado que me mandou, semanas depois, uma camiseta oficial autografada pelos jogadores”, relata. “Sou fanática, brigo, discuto, choro. Podem me chamar de louca, pois esse sentimento é maior que eu. Torcer pelo Inter é algo que nunca vou conseguir explicar, amo ser colorada”, ressalta.

        Quando se trata do amor ao futebol, a questão em pauta é saber moderar esse sentimento para que ele seja sempre saudável e não afete nossas vidas particulares, nem nossos relacionamentos. “No caso do fanatismo pelo futebol, o homem encarna uma alegoria através da derrota do inimigo, da potência, da virilidade. Vitória ainda mais saborosa quando compartilhada pelo grupo de iguais”, afirma Lucas.

Tatuagem de Paula Guizolf em homenagem ao Internacional. Foto: arquivo pessoal.



Yasmin Lima

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Os benefícios da música no desenvolvimento infantil

            A música está presente em nosso cotidiano desde a antiguidade e exerce imensa influência nos indivíduos, pois sempre esteve ligada a cultura e as tradições de um povo e sua época. Na Feira do Livro de Santa Maria 2015, a atração do palco principal foi a 6ª edição do projeto Concertos Didáticos. Trata-se de uma iniciativa realizada pela Associação Cultural Orquestra Sinfônica de Santa Maria e apresenta o espetáculo "A educação embalada pela música", com canções infantis do folclore brasileiro como “Marcha Soldado”, “Ciranda, Cirandinha”, “Cai, cai, Balão” e “Pezinho”. As canções são arranjadas por alunos da UFSM e regidas por Marco Antônio Penna.

        "A música e a educação caminham juntas, e podemos dizer que é uma atividade vital no processo de desenvolvimento da criança. As notas e melodias de uma canção auxiliam no desenvolvimento cognitivo, deve ser valorizada no crescimento da criança a fim de fomentar a imaginação, a linguagem, a atenção, a memória e outras várias habilidades. Além disso, contribuem de forma efetiva no processo de ensino- aprendizagem", afirma Penna.

        Desta maneira, a música pode proporcionar a comunicação com outras culturas, trazendo momentos alegres e de aprendizado transformando o conhecimento das crianças. Ela deve ser trabalhada com as crianças da educação infantil, onde o universo musical é construído de maneira lúdica e de fácil entendimento. Os pequenos acompanham os sons com movimentos do corpo através de palmas, sapateados e danças.

           Em Santa Maria, a Associação Orquestrando Arte foi criada para promover o bem estar social, educacional e cultural das famílias em situação de instabilidade ou risco social. Desenvolvido desde 2013, o projeto teve início na Escola Municipal de Ensino Fundamental Pão dos Pobres. Atualmente, é executado com apoio da Universidade Federal de Santa Maria e Orquestra Sinfônica de Santa Maria. Um exemplo que a música pode dar um novo rumo para a vida das crianças.

Crianças em aula na Associação Orquestrando Arte. Foto: divulgação.

           Lucas dos Santos, ex aluno do Projeto Orquestrarium, ressalta a importância que a música teve na sua vida. Ele conta que ao ingressar na vida militar, logo se identificou com os instrumentos musicais dentro do quartel e sabia que era ali que queria trabalhar. Hoje, faz parte da banda oficial do quartel e afirma que se não tivesse participado do projeto antes, não saberia se estaria onde está.

         Nesse processo de desenvolvimento, a convivência com a música estimula de forma eficaz o sistema sensório- motor, ou seja, no método através do qual a criança diferencia o mundo externo do seu próprio corpo. A possibilidade de uma criança ter uma aprendizagem musical possibilita um maior equilíbrio. Também, possibilita o desenvolvimento no imaginário da criança.

          A música surge através dos sons e está inserida no dia-a-dia das pessoas. Ela consegue tornar qualquer ambiente mais agradável, mais leve, mais prazeroso, e se faz presente no universo infantil desde muito cedo. Assim, consegue encantá-las com seus diversos elementos como a melodia, a harmonia e o ritmo.

Daniele Carvalho e Gisele Fernandes

Pesquisa em Comunicação: olhares e abordagens



O livro Pesquisa em Comunicação, organizado por Eugenia Mariano da Rocha Barichello e Anelise Rublescki, foi lançado na Feira do Livro de Santa Maria, no dia 3 de maio deste ano. Trata-se de uma coletânea de artigos escrito por integrantes da Faculdade de Comunicação Social (FACOS) da UFSM.

O sétimo artigo, de Debora Cristina Lopes e Marisandra Rutilli, traça diretrizes metodológicas para compreender o newsmaking. A ideia central defendida pelas autoras é que "o fazer jornalismo e fazer ciência sobre jornalismo" devem ser entendidos como processos que caminham lado a lado, compartilhando métodos e ferramentas. São ressaltadas as práticas como a observação, a entrevista, a pesquisa documental e o estudo de caso, comuns tanto à atividade jornalística quanto à investigação acadêmica. 

Em entrevista, uma das autoras do artigo, Debora Cristina Lopes, fala sobre o fazer jornalístico, aspecto central de suas discussões.

O que tem a dizer sobre estas práticas jornalísticas?

São práticas comuns e fundamentais para o jornalismo. Observar os cenários, os sujeitos e os acontecimentos deve ser uma constante para o jornalista, pois sua função social só se desenvolve a partir desta observação. Da mesma maneira, a pesquisa documental é tão importante para a construção do produto jornalístico quanto o contato com as fontes orais. É através desta preparação que o jornalista consegue compreender fenômenos de maneira mais contextualizada, viabilizando um olhar mais complexo sobre os acontecimentos vividos.

Por que você entende que o fazer jornalismo e fazer ciência sobre o jornalismo são processos que caminham lado a lado?

Ambos têm como matéria prima observações de fenômenos que - por um motivo ou outro - destacam-se no contexto dos acontecimentos vividos. Para que precisem ser compreendidos, precisam ser olhados com apuro, com responsabilidade, com certa sistematização. Não queremos dizer, com isso, que são práticas iguais ou que o jornalista faz ciência ou ainda que o cientista faz jornalismo. Dizemos, sim, que algumas ferramentas são comuns – embora seus usos variem.

Que semelhanças e diferenças entre atividade jornalística e investigação acadêmica você abordou em seu artigo?

Vou me ater aqui a uma diferença que acredito ser principal porque a vejo como reveladora das semelhanças e distinções entre as práticas jornalística e científica. Embora compartilhem fenômenos, embora dialoguem com a mesma sociedade e, muitas vezes, com protagonistas próximos ou iguais, embora compartilhem ferramentas e práticas, jornalismo e ciência têm propósitos distintos. O cientista, por exemplo, não busca contar histórias ou relatar (ainda que de maneira complexa e contextualizada) acontecimentos. Ele não pretende construir acontecimentos jornalísticos. Ele pretende inferir, analisar, compreender, cruzar realidades e, muitas vezes, verificar hipóteses propostas. O jornalista, por sua vez, lida com as histórias de vida, com os acontecimentos, contextualizando-os, mas não inferindo sobre eles necessariamente. Assim, as ferramentas e práticas são compartilhadas, mas as rotinas e objetivos são distintos.

Deborah Alves