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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Radiação de celulares é "possivelmente carcinogênica"

A Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (IARC) informou no último dia 24, que a radiação emitida por celulares é "possivelmente carcinogênica", com base em três estudos: Interphone, feito no ano passado, outro realizado na Suécia recentemente, e pesquisa na Dinamarca que investigou entre 1982 a 1995, a relação das taxas de cãncer entre usuários de celulares.
O relatório inclui ainda as ondas eletromagnéticas de telefones sem fio, bluetooth, rádio amadores, equipamentos de grande porte como radares e aquecedores, estações de transmissão de sinais de celulares, antenas retransmissoras e equipamentos médicos. Todos eles tem uma radiofrequência de 30 mil a 300 bilhões de oscilações por segundo (30kilohertz a 300 gigahertz).

da redação

Cientistas anunciam rio subterrâneo de 6 mil km embaixo do Rio Amazonas

Batizado de Hamza em homenagem a um dos pesquisadores que participaram do estudo, rio corre a 4 mil metros de profundidade em meio a sedimentos.
Pesquisadores do Observatório Nacional (ON) encontraram evidências de um rio subterrâneo de 6 mil quilômetros de extensão que corre embaixo do Rio Amazonas a uma profundidade de 4 mil metros. Os dois cursos d'água têm o mesmo sentido de fluxo - de oeste para leste -, mas se comportam de forma diferente. A descoberta foi possível graças aos dados de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobrás nas décadas de 1970 e 1980, na região amazônica. A estatal procurava petróleo.

Leia mais aqui.


Da redação

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A avenida da linguística

Leonard Talmy é um dos mais importantes linguistas do mundo. Com estudo sobre a língua Atsugewi, falada por índios das proximidades de Monte Lassen, na Califórnia, Talmy apresenta reflexões sobre as formas que a linguagem pode interferir ou delimitar nossa compreensão sobre acontecimentos rotineiros. Em uma língua estruturada em prefixo, raiz e sufixo, o estudioso exemplifica como pequenos morfemas podem dizer o mesmo que inúmeras palavras.

Em entrevista à revista Ciência Hoje, Talmy defende que atsugewi nada mais é do que uma língua quase desconhecida, e assim como qualquer idioma não fluente, pode ser estudado e aprendido. Para entender melhor, basta comparar a aprendizagem do alemão, por exemplo, para quem só fala português. As dificuldades irão existir, mas não é um aprendizado
impossível.

Professor emérito da Universidade Estadual de Nova York, Talmy conta que o mais curioso é como as palavras se apresentam em atsugewi. “Um verbo ‘gigante’ pode ser equivalente a uma frase inteira de médio porte em uma língua européia”, comenta o pesquisador. O termo “st’oq”, por exemplo, significa material nojento se movendo ou parado (que poderia ser exemplificado como lama, tomate podre ou vísceras).


A complexidade nascida de pequenos morfemas (a menor unidade linguística que tem significado) e suas variações é como “uma avenida para o funcionamento da mente”. Pensar na mente e sua capacidade de diferenças, como a língua, “é como desvendar parte dos mistérios do cosmo”, reflete Talmy.


Foto: Revista Ciência Hoje


por Djuline Seiffert e Willian Correia

O sistema energético do planeta sofrerá mudanças?


O engenheiro alemão Jurgen Schmid é uma das autoridades mais influentes da Europa no que se refere a energias renováveis. Graduado em engenharia aeroespacial e doutor em energia nuclear, Schmid é um dos nove membros do conselho consultivo de mudanças globais da Alemanha, órgão que presta serviço para o governo.

Em entrevista para a revista Ciência Hoje um dos assuntos abordados por ele é futuro energético do planeta. Segundo Schmid, o grande problema não é a disponibilidade de energia, mas a falta de sustentabilidade de nossas matrizes convencionais. Os principais adversários ainda são o dióxido de carbono [CO] e os demais gases relacionados com o efeito estufa. “Precisamos reduzir as emissões rapidamente e temos que fazer isso em pouco tempo. Nos próximos 20 ou 30 anos será necessário transformar todo sistema energético”, ressalta.

Conflitos ambientais envolvem grande parte da população mundial. O Brasil por possuir uma boa quantidade de hidroelétricas deveria colaborar de forma sustentável com o meio ambiente. E a melhor maneira, segundo o engenheiro seria a produção de eletricidade de forma limpa, substituindo assim a queima do carvão. “As indústrias estão mais conscientes e convencidas de que devem participar do esforço de conversão para energias renováveis, destaca.

O Brasil tem potencial para desenvolver o crescimento de energias renováveis, mas, é preciso alterar sua infraestrutura energética e investir nos sistemas convencionais, como por exemplo, apostar em veículos elétricos. Conforme Schmid o pais investe em bioenergia e hidrelétricas, mas despreza a energia eólica, apesar de seu enorme potencial para o desenvolvimento dessa matriz.

Os cidadãos devem dar início à contribuição para preservar o futuro energético do nosso planeta. Uma simples escolha pode trazer grandes benefícios, como na própria construção de uma casa, buscando um sistema energético sustentável ou ainda na compra de um carro, optando pelo mais eficiente. “É preciso educar os agentes responsáveis pelas mudanças, como engenheiros e arquitetos”, afirma Schmid.


por Luana Baggio e Thays Ceretta

Dramas noturnos



Fonte: Amn
O pneumologista e professor, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e membro da Academia Nacional de Medicina, José Manoel Jansen após muito estudo na área da cronobiologia, procurou responder uma pergunta em seu livro “Medicina da noite”: Por que as doenças respiratórias se agravam no período noturno?
Durante muito tempo se discutiu o porquê de muitos pacientes terem seus sintomas agravados durante a noite, como é o caso de pacientes asmáticos. A cronobiologia a partir dos anos 80 desenvolveu uma serie de exames laboratoriais que visavam entender as demandas desse tipo de paciente, que tem o ar exalado em menor escala durante a madrugada do que durante o dia.
A cronobiologia aborda vários ritmos, sendo o mais importante deles o circadiano que estuda as condições do organismo em se resguardar, e os ritmos cardíacos e respiratórios durante o dia e a noite. O circadiano estuda variação rítmica nos seres humanos e nos animais.
Esses efeitos se mostram mais evidentes durante o vespertino, pois as pessoas se movimentam e estão mais dispostas, já durante a noite seu organismo tende a estar mais relaxado, sofrendo alterações relacionadas a certas doenças.
Ao contrario do que se pensava o lado psicológico pouco interfere nas doenças. O ritmo biológico é o que mais influencia. Por exemplo, uma pessoa que viaja para outro país, com o fuso horário diferente do habitual, tem uma perda maior de resistência, a chamada sobrevida, demorando a adaptar-se ao seu novo ritmo e também para voltar ao antigo. Sofre efeitos em primeiro lugar, emocionais, podendo tornar-se depressivo, grande sonolência e mais facilidade em adquirir hipertensão arterial e obesidade, além das diabetes.
Jansen dedica um espaço especial em seu livro à ainda não conhecida cronofarmacologia. Nada mais é do que a administração de remédios e outros tratamentos ajustados aos organismos cronobiológico de cada um. É preciso conhecer o ritmo biológico para poder interferir no momento certo com cada medicamento e os efeitos que alguns remédios realizam durante determinadas partes do dia.
Em entrevista cedida à revista “Ciência Hoje” Jansen comenta que apesar de pouca divulgação, existem vários grupos de pesquisa dentro da área da cronobiologia no Brasil, e isto será uma tendência no futuro.
Por Aline Schefelbanis e Guilherme Kalsing

Esporte, um produto à venda

 O esporte surgiu no século 18 e foi uma releitura de práticas populares em uma sociedade que crescia. O espaço rural estava perdendo importância. A corrida de cavalo foi a primeira atividade esportiva em todo o mundo, inclusive no Brasil que teve sua primeira sede esportiva no Rio de Janeiro. O remo também foi um dos esportes mais importantes nesse momento.
Após o surgimento da tecnologia, outros esportes foram ganhando destaques, como atividades que envolvem bicicletas e automóveis.
Segundo o pesquisador, Victor Andrade de Melo, em entrevista para a revista Ciência Hoje, “o esporte é um produto comercial como qualquer outro”.
Em seu livro “História Comparada do Esporte”, Melo, fala sobre a origem da prática esportiva, de seu uso comercial e político, e da popularidade do futebol, a paixão nacional, e um dos elementos que ajudam a entender a construção de um país.
Para o pesquisador, quando o futebol começou a ser popular no Brasil, não havia jogadores negros. Entre as décadas 10 e 20, o futebol tinha outra relação com a identidade nacional. O autor comenta que muitos jogadores são conhecidos pelas marcas e não pela nacionalidade. Isso faz com que exista uma redução na relação entre esporte e identidade nacional.
Para ele, o esporte é, em grande medida, um produto que atinge um mercado impressionantemente, de cifras bilionárias. Considerando partes significativas dos envolvidos com o campo, o mais importante não é competir, sequer vencer, o importante é vender. Os grandes eventos podem trazer benefícios para as cidades que os sediam, como por exemplo, a Copa do Mundo.
Após a Segunda Guerra Mundial, quando o esporte dramatizou muito o enfrentamento típico da Guerra Fria, a ciência avançou bastante. As relações entre política e esporte seguiram fortes, pois as competições esportivas estão entre os eventos com maior penetrabilidade mundial. De mesma maneira que outras manifestações culturais, o esporte terá uma relação forte com a política no sentido mais amplo.
Uma das chaves para entender a popularidade do esporte é que ele é muito adequado às construções simbólicas. “O fascínio não é gerado apenas porque o poder a usa; o oposto também é verdade: o poder faz uso do esporte porque ele é fascinante”, conta o pesquisador.

Foto: UFRJPor Denise Rissi e Franciele Bolzan

As barreiras enfrentadas pelos superdotados



    Trabalhar com a inclusão dos superdotados no Brasil não é tarefa fácil para os educadores, nem mesmo para os doutores que se especializam em pesquisar quem possui altas habilidades, como é o caso de Susana Pérez Barrera, prestes a se tornar doutora na área.     
    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil existe cerca de oito milhões de superdotados, o que representa 3,5% a 5% da população. No país existem apenas seis doutores formados com foco na superdotação. Nas pesquisas em educação, há registro de apenas um único trabalho sobre superdotados. Segundo Susana, existe um preconceito na sociedade. “A própria legislação valoriza mais a inclusão de alunos com deficiência, poucos reconhecem que o aluno com altas habilidades também precisa de educação especial”, afirma a educadora.
Mas o problema começa desde cedo, quando os pais percebem a diferença no aprendizado do filho. Geralmente, a criança já está na escola e é nesse ponto que há uma fragilidade. O professor não está preparado para lidar com essas situações, explica Susana. “O aluno superdotado não consegue se concentrar nas aulas fica entediado e desinteressado. Em geral, o professor acha que ele está desmotivado”, diz Pérez, que preside o Conselho Brasileiro para Superdotação. Ainda explicando as falhas encontradas em sala de aula, ela diz que o professor não percebe que o desinteresse da criança provém justamente da incapacidade do mestre de propor algo que o estimule.
No Brasil, um dos métodos adotados para trabalhar com os superdotados é o sistema da aceleração curricular, que consiste em adiantar o aluno, “pulando” um ano de seus estudos regulares. A legislação brasileira permite que isso aconteça, porém Susana explica que isso prejudica os alunos. “Ao acelerar o estudante, ele pode sofrer com problemas em sua socialização e na parte emocional”, afirma a educadora. Dessa forma, o aluno acaba perdendo o contato com colegas da mesma idade e o convívio em grupo. Porém, existe outro método mais adequado para trabalhar, que se trata do Método do Enriquecimento. O aluno com altas habilidades freqüenta sua turma regularmente e no horário inverso recebe atendimento individual com um professor especializado. Assim, o superdotado não sofre com a “exclusão” social.
Outro problema encontrado é a identificação das crianças superdotadas. “Os portadores de deficiência vão para rua manifestar, exigir seus direitos, enquanto pessoas com altas habilidades não, devido ao preconceito”, afirma Susana, que ainda faz uma pergunta: “Quem é que chega e diz: sou superdotado, tenho meus direitos?”
Geralmente são os pais que procuram orientação para seus filhos, quando crianças. No Brasil não há escolas especiais para alfabetizar e formar superdotados. Na visão da educadora Susana Pérez, é um ponto positivo. “Nenhuma experiência deu certo, houve rejeição às instituições de ensino que dispuseram dessa técnica, pois as crianças não se adaptaram”, pondera. O aluno não pode ser discriminado porque possui habilidades aquém dos seus colegas. A legislação brasileira obriga que as instituições de ensino prestem atendimento especial aos alunos superdotados.
A educadora, por fim, acredita que a maneira encontrada para mudar essa realidade no país, seja por meio de parcerias. “Um aluno do ensino fundamental não tem acesso a laboratórios que o estimulem a estudar”, diz. Essa ferramenta só está disponível em universidades. É nesse ponto que entra a integração com o ensino universitário. “Uma articulação do ensino básico com as faculdades seria fundamental”, avalia Susana, que acredita que essa é a melhor forma para lidar com a questão dos superdotados no Brasil.

Foto: revista Ciência Hoje

Por Mateus Barreto e Bruna Kozoroski

Caos ordenado


Para qualquer cidadão comum, o caos, bem como viver à beira do caos, soaria como uma perturbação e um constante estado de confusão. Para Oriol Bohigas, físico espanhol e pesquisador do Laboratório de Física Teórica e Modelos Estatísticos em Orsay (França), o caos tem uma outra significação.
Bohigas, como outros físicos e matemáticos, consideram o caos como um sistema muito sensível a perturbações e que, por isso, exibe comportamentos imprevisíveis. Macroscopicamente, os sistemas caóticos estão por toda parte (no clima, na economia, nos sistema solar).
No universo de átomos e moléculas, o caos quântico pode ser exemplificado a partir de um átomo de hidrogênio em um campo magnético forte. Assim como uma nota musical, o núcleo atômico também tem suas frequências, seus tons. Há argumentos fortes que dizem que, se o sistema, do ponto de vista clássico, é caótico, as leis que regem essas freqüências próprias são universais.
A revista Ciência Hoje questionou Bohigas sobre a aplicabilidade deste estudo para outros desdobramentos tecnológicos, como a nanotecnologia ou computadores quânticos. “A justificativa da ciência não está nas aplicações (...) acho importante insistir em que provavelmente haverá aplicações, mas o mecanismo intelectual da pesquisa, a motivação, não é a aplicação. A motivação é a compreensão. (...) as ideias desenvolvidas na área de caos contribuem bastante para unificar campos distintos. E, em uma época em que a especialização é inquietante, uma visão de mundo unificadora é muito importante.”
Para o pesquisador, não só nos estudos relacionados à física, mas entre a grande área da ciência a sociedade, há um abismo. Ele atribui grande parte à educação que ainda encara a ciência com uma ideia primitiva. Isso cria uma ruptura entre as pessoas que tiveram uma formação cientifica mínima e o público que foi pouco educado nesse sentido. “O analfabetismo científico é quase um motivo de orgulho para certas pessoas. O que, para mim, é muito irritante”, conclui Bohigas.
Ele ainda salienta que nem por isso, jovens pesquisadores devem fazer turismo científico, sendo pressionados a publicações. Um bom físico precisa, pois, de uma visão ampla e múltipla, na qual a física deve estender suas fronteiras a penetrar territórios que não são considerados como pertencentes à física.

Foto: revista Ciència Hoje

Por Iara Menezes e Pâmela Rubin

Desafios da cultura indígena

A antropóloga Manuela Carneiro da Cunha é uma referência mundial quando o assunto são as questões indígenas. Autora de Direitos dos índios (Brasiliense, 1987) e Cultura com aspas (Cosac Naify, 2009), a pesquisadora busca colocar os povos indígenas brasileiros como agentes de sua própria história. Em entrevista à revista Ciência Hoje ela discute diversos pontos relacionados a questões indígenas.
O título da obra mais recente faz referência a uma distinção feita pela pesquisadora luso-brasileira sobre o termo cultura. Carneiro da Cunha afirma que os antropólogos a entendem como tudo que nos move, desde comida até a religião. “É aquilo que a gente aprende sem perceber e torna-se praticamente uma segunda natureza”, relata. A outra visão de cultura relaciona-se com o sentido pela qual os grupos étnicos estão reivindicando. “O que chamo de cultura entre aspas, não porque não seja absolutamente autêntica, mas pelo fato de ser reflexiva”, esclarece.
Outro aspecto abordado pela antropóloga é a autenticidade em relação ao índio. Segundo Carneiro da Cunha, a palavra autenticidade é cognata da palavra autoridade. Ela aponta que uma sociedade indígena se reconhece e é reconhecida como tendo um vínculo histórico com uma ou mais sociedades pré-colombianas. Essa ligação foi durante séculos motivo de discriminação e trouxe conseqüências a esse povo que escondia seus vínculos com os antepassados.
A autora não considera o termo aculturação correto para definir os povos indígenas que convivem com realidades diferentes da deles. Carneiro da Cunha cita o caso dos líderes indígenas como exemplo contrário a esse pensamento. “Os maiores líderes indígenas tiveram uma trajetória de sair da comunidade, ser educados fora e voltarem”, conta. Para ela, essas pessoas que supostamente teriam sido aculturadas, assumem um papel de destaque numa espécie de revitalização cultural.
A pesquisadora critica a história que, muitas vezes, é contada em escolas sobre os povos indígenas, pois ela era ignorada pelos livros didáticos. Para ela, essas sociedades não foram simplesmente vítimas passivas do progresso e desapareceram como muitos acreditam. “As sociedades indígenas foram vítimas de um genocídio, mas não foram apenas vítimas: foram também agentes da sua própria história e da história do Brasil”, conclui.
Outro aspecto discutido por Carneiro da Cunha são as ciências indígenas. Segundo a antropóloga, elas não são valorizadas como deveriam ser. “Essas ciências são conhecimento que vai sendo produzido e não um tesouro fechado”, afirma. Para ela, é preciso que se tenha instrumentos para não prejudicar o bom funcionamento dessas ciências. “Não se trata só de reconhecer o passado, mas de manter as ciências indígenas funcionando”, ressalta.

Por Evelyn Paz e Marianna Antunes

Imagem: Meu Lote

Desafios da Matemática


Artur Avila tinha 16 anos quando recebeu a medalha de ouro na Olimpíada internacional de Matemática. Formou-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro, cursou o Pós Doutorado no Collége de France, em seguida ingressou no Centro Nacional de Pesquisa Científica, onde foi o mais jovem a se tornar diretor de pesquisa, cargo que acumula, junto com o de pesquisador do Impa (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada). Hoje com 30 anos recebeu um convite para proferir uma conferência plenária no Congresso Internacional de Matemática na Índia, devido á várias premiações na área.

Em meio à rotina produtiva do pesquisador, passando metade do ano no Brasil, metade na França e viagens por conta dos eventos matemáticos internacionais, as pesquisas oscilam de forma constante, por vezes estagnam e outras aceleram o ritmo de trabalho. Para ele, a aplicação e utilidade não são as principais motivações envolvidas e sim, o conhecimento em si.

As três áreas que estão sendo trabalhadas pelo pesquisador Artur Avila, e que serão destacadas no congresso da Índia, são Dinâmica Unidimensional, Operadores de Schrodinger e Fluxo de Teichmuller, que explicam as relações entre Física-matemática.

Em entrevista concedida à revista Ciência Hoje (Revista de divulgação Cientifica da SBPC), o pesquisador também fala o porquê de poucas pessoas se especializarem nesta área. Segundo ele, o problema começa na escola que não desperta interesse no aluno em estudar matemática. Mantendo um arcaico sistema de resolução de fórmulas, tornando a matéria massiva e complexa. Artur acredita que se perdem muitas vocações, devido à falta de exposição dos aspectos interessantes da matemática.

Uma importante ação para divulgação do campo são as olimpíadas matemáticas, pois atingem um grande público, motivando pessoas interessadas que precisam ser expostas e estimuladas.




Por Carla Tavares e Luyany Beck

Quem é Beppo?

O processo de aprendizagem tanto do indivíduo que realiza uma pesquisa quanto da sociedade na qual esta se desenvolve é grandioso. A partir desse pensamento, o físico e historiador da ciência na Universidade de Milão, Leonardo Gariboldi, buscou e estudou dados que resultaram na biografia do físico Giuseppe Occhialini. E qual o motivo dessa iniciativa? O próprio Gariboldi explica: “Occhialini é desconhecido para as pessoas comuns e é mal conhecido pelas jovens gerações de físicos”.

Beppo,como era popularmente chamado, ou Giuseppe Occhialini, nasceu em 1907, na Itália, mas como ele mesmo afirma em um escrito que Gariboldi cita: “Ele se sentia brasileiro, porque, quando veio pela primeira vez ao Brasil e toda vez que voltava ao país, era sempre considerado pelo povo brasileiro como um deles”.

Iniciou os seus estudos na escola de ensino médio Liceu Científico, na Itália. Logo, optou por seguir os passos de seu pai, o também físico Raffaele Augusto Occhialini. Nas suas pesquisas, Gariboldi constata: “Seu pai teve grande importância em sua vida científica. Além disso, sempre acompanhou a carreia do filho, preocupado com os procedimentos burocráticos”.

Occhialini chegou ao Brasil em 1937, e, Gariboldi afirma que ele deixou a Itália devido suas posições antifascistas. A escolha do Brasil como destino deu-se pelo fato de aceitar o convite para se juntar ao físico ítalo-russo Gleb Wataghin em São Paulo. O pesquisador da biografia de Beppo também relata que o país “foi um local muito bom para certo tipo de pesquisa em raios cósmicos (partículas extremamente energéticas de origem espacial)”.

Ao final da Segunda Guerra Beppo voltou para Itália (época do falecimento de seu pai) e sucedeu o pai na Cátedra de Gênova. Em 1952, Occhialini voltou ao Brasil como líder de uma missão da Unesco para organizar o laboratório de raios cósmicos em Chacaltaya, na Bolívia.

No final de sua carreira, Occhialini dedicou-se às pesquisas espaciais. Depois que o Sputnik (primeira série de satélites artificiais Soviéticos) foi lançado em 1957, ele passou um ano de descanso no MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusstts. De volta a Milão, seu grupo dividiu-se, uns continuaram a trabalhar com partículas elementares no Cern - Centro Europeu de Pesquisas Nucleares, enquanto ele e outros se fixaram na área da física espacial.

Gariboldi define a figura de Beppo como um físico mais completo “que buscava uma representação visual da natureza na qual experimento e teoria eram intercalados de modo harmonioso”. Por três vezes (1936, 1948 e 1950) Occhialini não ganhou o Prêmio Nobel e as explicações mostram, segundo Gariboldi, “uma falta de conhecimento dos processos dos comitês do Nobel da Academia Sueca de Ciências”. Fica no ar se ele realmente deveria ter merecido a gratificação, mas, em contrapartida, permanece a certeza de um físico que muito contribuiu para o crescimento dos estudos físicos no Brasil e em outros países.


Por Emanuelle Tronco Bueno

(Fonte: Revista Ciência Hoje)