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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

H1N1 e o posicionamento da mídia impressa.

No ano de 2009, o surto de contaminação provocado pelo vírus Influenza H1N1 provocou apreensão nas autoridades e população do mundo inteiro. Após a pesquisa e produção da vacina, o Ministério da Saúde organizou em 2010 uma campanha nacional de imunização para evitar novo surto.  A campanha foi realizada em etapas, em que os grupos de riscos eram imunizados.  Surgiram no período, casos de algumas pessoas que tiveram reações à vacina colocando em xeque sua eficácia.  Qual o posicionamento da mídia em relação ao problema?
Problematizar esta questão é do que trata o trabalho apresentado no GP Comunicação, Ciência, Meio Ambiente e Sociedade durante o X encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação durante o Intercom, em Caxias do Sul. Os pesquisadores Kátia Lerner e Igor Sacramento, integrantes do Observatório Saúde na Mídia da Fiocruz analisaram a cobertura sobre a campanha de vacinação em cinco jornais durante os primeiros 30 dias da campanha: Zero Hora, Estado de Minas, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo. Katia e Sacramento constataram que tanto o discurso científico, quanto o do senso comum da população eram apresentados de forma a transmitir confiança aos leitores.
Segundo a pesquisa, os jornais utilizaram fontes do meio científico para desqualificar as crenças populares sobre a real eficácia da vacina e os boatos sobre as reações adversas provocadas pela vacinação. Nestes textos, os jornais apelavam para a imagem do cientista como o porta-voz da verdade. No caso dos boatos, pelo seu anonimato o sentido dos textos era em forma de denúncia para desmentir o conhecimento científico.
Na conclusão do trabalho, os pesquisadores verificaram que nos textos jornalísticos analisados há um embate entre os especialistas e os boatos na conquista da confiança do público. Eles podem tanto impedir que as pessoas se imunizem contra o vírus Influenza H1N1, no caso dos boatos e o discurso dos especialistas em contrapartida eram utilizados como um atestado de confiança e segurança da vacina. Apesar da abertura da mídia analisada para ambos os discursos, Katia e Sacramento verificaram que a postura dos jornais e especialistas defendem que a vacina é segura, objetivo compartilhado com o Ministério da Saúde.




Leandro Rodrigues

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