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quinta-feira, 21 de maio de 2015

Pesquisa em Comunicação: olhares e abordagens



O livro Pesquisa em Comunicação, organizado por Eugenia Mariano da Rocha Barichello e Anelise Rublescki, foi lançado na Feira do Livro de Santa Maria, no dia 3 de maio deste ano. Trata-se de uma coletânea de artigos escrito por integrantes da Faculdade de Comunicação Social (FACOS) da UFSM.

O sétimo artigo, de Debora Cristina Lopes e Marisandra Rutilli, traça diretrizes metodológicas para compreender o newsmaking. A ideia central defendida pelas autoras é que "o fazer jornalismo e fazer ciência sobre jornalismo" devem ser entendidos como processos que caminham lado a lado, compartilhando métodos e ferramentas. São ressaltadas as práticas como a observação, a entrevista, a pesquisa documental e o estudo de caso, comuns tanto à atividade jornalística quanto à investigação acadêmica. 

Em entrevista, uma das autoras do artigo, Debora Cristina Lopes, fala sobre o fazer jornalístico, aspecto central de suas discussões.

O que tem a dizer sobre estas práticas jornalísticas?

São práticas comuns e fundamentais para o jornalismo. Observar os cenários, os sujeitos e os acontecimentos deve ser uma constante para o jornalista, pois sua função social só se desenvolve a partir desta observação. Da mesma maneira, a pesquisa documental é tão importante para a construção do produto jornalístico quanto o contato com as fontes orais. É através desta preparação que o jornalista consegue compreender fenômenos de maneira mais contextualizada, viabilizando um olhar mais complexo sobre os acontecimentos vividos.

Por que você entende que o fazer jornalismo e fazer ciência sobre o jornalismo são processos que caminham lado a lado?

Ambos têm como matéria prima observações de fenômenos que - por um motivo ou outro - destacam-se no contexto dos acontecimentos vividos. Para que precisem ser compreendidos, precisam ser olhados com apuro, com responsabilidade, com certa sistematização. Não queremos dizer, com isso, que são práticas iguais ou que o jornalista faz ciência ou ainda que o cientista faz jornalismo. Dizemos, sim, que algumas ferramentas são comuns – embora seus usos variem.

Que semelhanças e diferenças entre atividade jornalística e investigação acadêmica você abordou em seu artigo?

Vou me ater aqui a uma diferença que acredito ser principal porque a vejo como reveladora das semelhanças e distinções entre as práticas jornalística e científica. Embora compartilhem fenômenos, embora dialoguem com a mesma sociedade e, muitas vezes, com protagonistas próximos ou iguais, embora compartilhem ferramentas e práticas, jornalismo e ciência têm propósitos distintos. O cientista, por exemplo, não busca contar histórias ou relatar (ainda que de maneira complexa e contextualizada) acontecimentos. Ele não pretende construir acontecimentos jornalísticos. Ele pretende inferir, analisar, compreender, cruzar realidades e, muitas vezes, verificar hipóteses propostas. O jornalista, por sua vez, lida com as histórias de vida, com os acontecimentos, contextualizando-os, mas não inferindo sobre eles necessariamente. Assim, as ferramentas e práticas são compartilhadas, mas as rotinas e objetivos são distintos.

Deborah Alves

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