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terça-feira, 24 de junho de 2008

Efeito Magnus: o futebol e a física

Essa vai para os fanáticos por futebol. Rogério Ceni, Nelinho, Roberto Carlos, Gérson, Rivelino, Zico, Éder Aleixo, Didi, Marcelinho Carioca, Ronaldinho Gaúcho, sem dúvidas, jogadores que marcaram época e inspiraram milhares de torcedores por onde passaram. No entanto, é por outro motivo que esta seleção de craques está no topo deste post.
Está curioso? Pois bem, todos estes jogadores dominavam uma técnica encantadora e muito peculiar no futebol, o chute com efeito. É só voltar um pouco no tempo, que podemos nos lembrar de cobranças de falta, passes ou cruzamentos antológicos de alguns desses craques do futebol brasileiro. Por vezes, modificavam de tal forma a rota da bola que deixavam além dos goleiros adversários, torcedores, telespectadores e, por que não, até os narradores perplexos.
No jogo da seleção brasileira, na última quarta-feira, contra a Argentina, me impressionou a qualidade com a qual o jogador argentino Riquelme executa seus passes.
A situação me levou a recordar que, há cerca de dois anos atrás, o narrador Galvão Bueno protagonizou uma discussão repercutiu nas rodas de discussão futebolística. Na ocasião, Galvão insistiu por um longo instante do jogo, dizendo que as leis da física não permitiam tal curvatura do trajeto da bola apenas pela forma de que o jogador efetuou o chute.
Afinal, a Física permite ou não?Um artigo produzido por Oriana Geada, da organização portuguesa Ciência Hoje, pode nos explicar um pouco melhor a partir desta questão.
Uma bola em movimento no ar está sujeita a forças aerodinâmicas causadas pela pressão e viscosidade do meio, como a força de arrasto e a força de sustentação. A força de arrasto é a resistência que o ar oferece à passagem da bola, porém, ao contrário do atrito entre duas superfícies sólidas, a força de arrasto não é constante – ela depende da velocidade com que a bola se move em relação ao ar. A força de sustentação surge quando a bola gira em torno do seu centro, produzindo o chamado efeito Magnus. Este se manifesta quando um jogador chuta a bola e, dependendo de onde ocorre o contato do pé com a bola, é possível imprimir-lhe uma rotação capaz de alterar a sua trajetória retilínea. Ao girar sobre o seu próprio eixo a superfície da bola sofre o atrito do ar. Isto influi na velocidade com que o ar passa em seu redor – na parte superior da bola, o ar é mais rápido; na inferior, mais lento. Devido a esta diferença de velocidade, ocorre uma diferença de pressão entre a parte de cima e a de baixo. A diferença de pressão faz com que a bola se desvie da sua trajetória normal, produzindo o efeito Magnus.
A revista Superinteressante já abordou este tema na edição de janeiro de 1988.
O efeito Magnus foi observado pela primeira vez em 1852 pelo físico alemão Gustav Magnus, daí o nome, a pedido da Comissão de Provas da Real Artilharia Prussiana. Pouco a pouco, essas observações começaram a ser aplicadas em vários campos da ciência.
E não apenas os cientistas recorreram às descobertas de Gustav Magnus. Desde muito cedo, na história moderna do futebol, também os jogadores aprenderam na prática a chutar com efeito. Portanto, o mesmo efeito que é comumente utilizado nos jogos de tênis, golfe e pingue-pongue pode ser produzido nas partidas de futebol. Neste caso, o peso da bola influi bastante no grau de dificuldade, porque a influência na sua trajetória se manifesta mais facilmente em bolas mais leves. Daí a justificativa para o fato de que o domínio desta tão bela técnica não é para qualquer jogador. O chute com efeito, antes de ser explicado pelas leis da Física, requer para sua execução, a presença de um verdadeiro craque.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente esta materia, passada de forma clara e precisa. Show de bola.
Parabéns.