
A escassez de notícias sobre a produção e o comércio de armas desenha um panorama pouco conhecido e muito contraditório do cenário nacional. Mesmo com a atual crise no setor econômico, o Brasil não deixa de investir na indústria bélica. Com o apoio do Governo Federal, empresas que tiveram seus funcionários demitidos, a partir de setembro do ano passado, os recontrataram e aumentaram os modos de produção.
Para cumprir um contrato de R$ 500 milhões com a Malásia, a
Avibrás – Indústria Aeroespacial-, admitiu 400 funcionários. Entretanto, acumula uma dívida de R$ 640 milhões. O governo federal - maior credor do processo-, vai arcar com R$ 320 milhões, embora tenha informado que não pretende controlar as empresas de Defesa.
Outra indústria beneficiada foi a Mectron. A corporação vai produzir mísseis anti-radar para o Paquistão. O contrato de R$ 255 milhões vai impulsionar a produção e a qualificação dos empregados na empresa.
Segundo o grupo de pesquisas
Small Arms Survey, do Instituto de Estudos Internacionais de Genebra (Suíça), o Brasil é um dos maiores fabricantes de armas de pequeno porte do mundo. A produção delas é cinco vezes maior do que os materiais recolhidos na campanha do Desarmamento, promovida pelo Ministério da Justiça entre 2004 e 2005.
A conseqüência da alta produção da indústria bélica está nas ruas, e as taxas comprovam. Embora o número de
mortes por armas de fogo tenha caído em relação a 2003 , quando o Estatuto do Desarmamento entrou em vigor - 39.325 mortos -, o índice continuou alto no ano de 2007, ficando em 35.076 mortos.
As políticas públicas do atual governo buscam equilibrar os dois lados do duelo: de um lado, auxilia as empresas de armamento para que não entrem em crise e, em conseqüência, protagonizem demissões em massa nas fábricas; de outro, cria programas como o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI) para que os índices de mortes por armas de fogo sejam menores.
Por Flavia Alli, Juliano Pires e Carlos Eduardo