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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Representações da saúde masculina na TV


    Qual o espaço disponibilizado na mídia televisiva para assuntos que dizem respeito à saúde masculina? É a partir deste questionamento que a professora e pesquisadora da Universidade de Caxias do Sul e da Universidade Federal de Santa Maria, Najara Ferrari Pinheiro, busca analisar e compreender o panorama existente sobre o assunto na TV local.
     A pesquisa, intitulada “Mosaico de Vozes: o discurso sobre a saúde masculina na TV regional”, foi apresentada recentemente no XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação em Recife, onde Najara Ferrari apresentou o artigo “Saúde Masculina: invisível até na TV”, que aponta a representação da saúde masculina no programa Vida e Saúde, da RBSTV/RS.
     No artigo, a autora faz uma breve contextualização da abrangência da televisão no Brasil e sobre a presença da ciência nos programas televisivos, em especial nos últimos 5 anos (na época de implementação da pesquisa o programa Bem Estar da Rede Globo ainda não fazia parte da programação diária da emissora). De acordo com ela, foi constatado que assuntos que abordam a saúde dos homens são quase inexistentes na grade de programas da TV, limitando-se a campanhas de prevenção do vírus da AIDS, ao uso de drogas e à hipertensão.
     Najara chama a atenção para a importância do debate, da circulação de informações sobre o tema e destaca os meios de comunicação como um dos grandes responsáveis pela fomentação de campanhas e ações de prevenção de doenças.
      “É necessário popularizar o conhecimento produzido no campo científico”, destaca a professora ao falar sobre a utilização de fontes especialistas e linguagens específicas em programas de TV. No entanto, ela alerta para o fato de que a quantidade de programas, ou até mesmo campanhas publicitárias, com a temática saúde não significa popularizar o saber científico, que fica a cargo do jornalista científico e dos profissionais de comunicação.

Um dos programas analisados no artigo. Fonte: site Vida e Saúde

     Para a observação do programa Vida e Saúde a pesquisadora utilizou gravações de todos os episódios entre os meses de agosto e dezembro de 2010. O resultado assustou: com quase 20 horas de gravação de programas apenas 3 blocos do programa (com média de 5 minutos cada) abordavam questões sobre saúde masculina diretamente.
      Tal timidez pode ser decorrente de alguns fatores culturais, como o preconceito em relação à vulnerabilidade a doenças pelos homens ou, até mesmo, o conceito de masculinidade perpetuado em nossa sociedade. “Diante de tais aspectos, não se pode estranhar que a saúde masculina seja pouco discutida na TV”, declara Najara, num dos pontos de debate do artigo.
      Durante o período de análise dos programas gravados, o único quadro que fez referência direta à saúde masculina esclarece duvidas sobre a disfunção erétil. Os outros dois quadros fazem uma comparação com os cuidados masculinos e femininos. Desta forma, partindo das análises parciais da pesquisa, Najara afirma que a saúde masculina é invisível para o Governo (pela ausência de campanhas), pelos homens (pela ausência de cuidados e temor de doenças) e até mesmo pela TV, pela ausência de uma discussão fundamentada.


* Vida e Saúde é um produto da RBS, a TV Regional afiliada da Rede Globo de Televisão. Está no ar desde 2003 e é transmitido aos sábados, às 8h05min e tem duração de 30 minutos.

Por Dandara Flores

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