Blog voltado ao ensino do jornalismo científico e à reflexão sobre a popularização da ciência.
Pesquisar este blog
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Radiação de celulares é "possivelmente carcinogênica"
Cientistas anunciam rio subterrâneo de 6 mil km embaixo do Rio Amazonas
Leia mais aqui.
Da redação
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
A avenida da linguística

Em entrevista à revista Ciência Hoje, Talmy defende que atsugewi nada mais é do que uma língua quase desconhecida, e assim como qualquer idioma não fluente, pode ser estudado e aprendido. Para entender melhor, basta comparar a aprendizagem do alemão, por exemplo, para quem só fala português. As dificuldades irão existir, mas não é um aprendizado impossível.
Professor emérito da Universidade Estadual de Nova York, Talmy conta que o mais curioso é como as palavras se apresentam em atsugewi. “Um verbo ‘gigante’ pode ser equivalente a uma frase inteira de médio porte em uma língua européia”, comenta o pesquisador. O termo “st’oq”, por exemplo, significa material nojento se movendo ou parado (que poderia ser exemplificado como lama, tomate podre ou vísceras).
A complexidade nascida de pequenos morfemas (a menor unidade linguística que tem significado) e suas variações é como “uma avenida para o funcionamento da mente”. Pensar na mente e sua capacidade de diferenças, como a língua, “é como desvendar parte dos mistérios do cosmo”, reflete Talmy.
Foto: Revista Ciência Hoje
O sistema energético do planeta sofrerá mudanças?

O engenheiro alemão Jurgen Schmid é uma das autoridades mais influentes da Europa no que se refere a energias renováveis. Graduado em engenharia aeroespacial e doutor em energia nuclear, Schmid é um dos nove membros do conselho consultivo de mudanças globais da Alemanha, órgão que presta serviço para o governo.
Em entrevista para a revista Ciência Hoje um dos assuntos abordados por ele é futuro energético do planeta. Segundo Schmid, o grande problema não é a disponibilidade de energia, mas a falta de sustentabilidade de nossas matrizes convencionais. Os principais adversários ainda são o dióxido de carbono [CO₂] e os demais gases relacionados com o efeito estufa. “Precisamos reduzir as emissões rapidamente e temos que fazer isso em pouco tempo. Nos próximos 20 ou 30 anos será necessário transformar todo sistema energético”, ressalta.
Conflitos ambientais envolvem grande parte da população mundial. O Brasil por possuir uma boa quantidade de hidroelétricas deveria colaborar de forma sustentável com o meio ambiente. E a melhor maneira, segundo o engenheiro seria a produção de eletricidade de forma limpa, substituindo assim a queima do carvão. “As indústrias estão mais conscientes e convencidas de que devem participar do esforço de conversão para energias renováveis, destaca.
O Brasil tem potencial para desenvolver o crescimento de energias renováveis, mas, é preciso alterar sua infraestrutura energética e investir nos sistemas convencionais, como por exemplo, apostar em veículos elétricos. Conforme Schmid o pais investe em bioenergia e hidrelétricas, mas despreza a energia eólica, apesar de seu enorme potencial para o desenvolvimento dessa matriz.
Os cidadãos devem dar início à contribuição para preservar o futuro energético do nosso planeta. Uma simples escolha pode trazer grandes benefícios, como na própria construção de uma casa, buscando um sistema energético sustentável ou ainda na compra de um carro, optando pelo mais eficiente. “É preciso educar os agentes responsáveis pelas mudanças, como engenheiros e arquitetos”, afirma Schmid.
Dramas noturnos
![]() |
Fonte: Amn |
Esporte, um produto à venda
Após o surgimento da tecnologia, outros esportes foram ganhando destaques, como atividades que envolvem bicicletas e automóveis.
Segundo o pesquisador, Victor Andrade de Melo, em entrevista para a revista Ciência Hoje, “o esporte é um produto comercial como qualquer outro”.
Em seu livro “História Comparada do Esporte”, Melo, fala sobre a origem da prática esportiva, de seu uso comercial e político, e da popularidade do futebol, a paixão nacional, e um dos elementos que ajudam a entender a construção de um país.
Para o pesquisador, quando o futebol começou a ser popular no Brasil, não havia jogadores negros. Entre as décadas 10 e 20, o futebol tinha outra relação com a identidade nacional. O autor comenta que muitos jogadores são conhecidos pelas marcas e não pela nacionalidade. Isso faz com que exista uma redução na relação entre esporte e identidade nacional.
Para ele, o esporte é, em grande medida, um produto que atinge um mercado impressionantemente, de cifras bilionárias. Considerando partes significativas dos envolvidos com o campo, o mais importante não é competir, sequer vencer, o importante é vender. Os grandes eventos podem trazer benefícios para as cidades que os sediam, como por exemplo, a Copa do Mundo.
Após a Segunda Guerra Mundial, quando o esporte dramatizou muito o enfrentamento típico da Guerra Fria, a ciência avançou bastante. As relações entre política e esporte seguiram fortes, pois as competições esportivas estão entre os eventos com maior penetrabilidade mundial. De mesma maneira que outras manifestações culturais, o esporte terá uma relação forte com a política no sentido mais amplo.
Uma das chaves para entender a popularidade do esporte é que ele é muito adequado às construções simbólicas. “O fascínio não é gerado apenas porque o poder a usa; o oposto também é verdade: o poder faz uso do esporte porque ele é fascinante”, conta o pesquisador.
Foto: UFRJPor Denise Rissi e Franciele Bolzan
As barreiras enfrentadas pelos superdotados

Foto: revista Ciência Hoje
Caos ordenado

Bohigas, como outros físicos e matemáticos, consideram o caos como um sistema muito sensível a perturbações e que, por isso, exibe comportamentos imprevisíveis. Macroscopicamente, os sistemas caóticos estão por toda parte (no clima, na economia, nos sistema solar).
No universo de átomos e moléculas, o caos quântico pode ser exemplificado a partir de um átomo de hidrogênio em um campo magnético forte. Assim como uma nota musical, o núcleo atômico também tem suas frequências, seus tons. Há argumentos fortes que dizem que, se o sistema, do ponto de vista clássico, é caótico, as leis que regem essas freqüências próprias são universais.
A revista Ciência Hoje questionou Bohigas sobre a aplicabilidade deste estudo para outros desdobramentos tecnológicos, como a nanotecnologia ou computadores quânticos. “A justificativa da ciência não está nas aplicações (...) acho importante insistir em que provavelmente haverá aplicações, mas o mecanismo intelectual da pesquisa, a motivação, não é a aplicação. A motivação é a compreensão. (...) as ideias desenvolvidas na área de caos contribuem bastante para unificar campos distintos. E, em uma época em que a especialização é inquietante, uma visão de mundo unificadora é muito importante.”
Para o pesquisador, não só nos estudos relacionados à física, mas entre a grande área da ciência a sociedade, há um abismo. Ele atribui grande parte à educação que ainda encara a ciência com uma ideia primitiva. Isso cria uma ruptura entre as pessoas que tiveram uma formação cientifica mínima e o público que foi pouco educado nesse sentido. “O analfabetismo científico é quase um motivo de orgulho para certas pessoas. O que, para mim, é muito irritante”, conclui Bohigas.
Ele ainda salienta que nem por isso, jovens pesquisadores devem fazer turismo científico, sendo pressionados a publicações. Um bom físico precisa, pois, de uma visão ampla e múltipla, na qual a física deve estender suas fronteiras a penetrar territórios que não são considerados como pertencentes à física.
Foto: revista Ciència Hoje
Desafios da cultura indígena
Desafios da Matemática
Quem é Beppo?
O processo de aprendizagem tanto do indivíduo que realiza uma pesquisa quanto da sociedade na qual esta se desenvolve é grandioso. A partir desse pensamento, o físico e historiador da ciência na Universidade de Milão, Leonardo Gariboldi, buscou e estudou dados que resultaram na biografia do físico Giuseppe Occhialini. E qual o motivo dessa iniciativa? O próprio Gariboldi explica: “Occhialini é desconhecido para as pessoas comuns e é mal conhecido pelas jovens gerações de físicos”.
Beppo,como era popularmente chamado, ou Giuseppe Occhialini, nasceu em 1907, na Itália, mas como ele mesmo afirma em um escrito que Gariboldi cita: “Ele se sentia brasileiro, porque, quando veio pela primeira vez ao Brasil e toda vez que voltava ao país, era sempre considerado pelo povo brasileiro como um deles”.
Iniciou os seus estudos na escola de ensino médio Liceu Científico, na Itália. Logo, optou por seguir os passos de seu pai, o também físico Raffaele Augusto Occhialini. Nas suas pesquisas, Gariboldi constata: “Seu pai teve grande importância em sua vida científica. Além disso, sempre acompanhou a carreia do filho, preocupado com os procedimentos burocráticos”.
Occhialini chegou ao Brasil em 1937, e, Gariboldi afirma que ele deixou a Itália devido suas posições antifascistas. A escolha do Brasil como destino deu-se pelo fato de aceitar o convite para se juntar ao físico ítalo-russo Gleb Wataghin em São Paulo. O pesquisador da biografia de Beppo também relata que o país “foi um local muito bom para certo tipo de pesquisa em raios cósmicos (partículas extremamente energéticas de origem espacial)”.
Ao final da Segunda Guerra Beppo voltou para Itália (época do falecimento de seu pai) e sucedeu o pai na Cátedra de Gênova. Em 1952, Occhialini voltou ao Brasil como líder de uma missão da Unesco para organizar o laboratório de raios cósmicos em Chacaltaya, na Bolívia.
No final de sua carreira, Occhialini dedicou-se às pesquisas espaciais. Depois que o Sputnik (primeira série de satélites artificiais Soviéticos) foi lançado em 1957, ele passou um ano de descanso no MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusstts. De volta a Milão, seu grupo dividiu-se, uns continuaram a trabalhar com partículas elementares no Cern - Centro Europeu de Pesquisas Nucleares, enquanto ele e outros se fixaram na área da física espacial.
Gariboldi define a figura de Beppo como um físico mais completo “que buscava uma representação visual da natureza na qual experimento e teoria eram intercalados de modo harmonioso”. Por três vezes (1936, 1948 e 1950) Occhialini não ganhou o Prêmio Nobel e as explicações mostram, segundo Gariboldi, “uma falta de conhecimento dos processos dos comitês do Nobel da Academia Sueca de Ciências”. Fica no ar se ele realmente deveria ter merecido a gratificação, mas, em contrapartida, permanece a certeza de um físico que muito contribuiu para o crescimento dos estudos físicos no Brasil e em outros países.
Por Emanuelle Tronco Bueno
(Fonte: Revista Ciência Hoje)