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segunda-feira, 12 de junho de 2017

A tecnologia como aliada no controle de pragas e doenças


Nos tempos em que o mercado exige melhores produtos, a ciência cresce em meio às plantações na busca por qualidade e menos prejuízos ao produtor


A plantação soja é um exemplo de investimento em tecnologia, da compra da semente a colheita. Foto: Gabriel Haesbaert

A busca de produzir alimentos de qualidade para atender à população, o foco na melhoria da produção, além da constante preocupação com fatores que atuam, de alguma form,a na qualidade e desenvolvimento desses alimentos faz com que ao longo dos anos, os métodos de controle de doenças e pragas passem por modificações. Técnicas até então tidas como eficientes, tornam-se ineficazes.
Com a adaptação natural de agentes nocivos fica ainda mais rápida a mudança e a importância da tecnologia no mundo do agronegócio. A evolução da tecnologia no campo parece tão intensa que vai desde a criação de equipamentos até a inserção de recursos científicos para ajudar na busca de soluções para o campo.

A visão de quem investe na busca de melhores resultados


O agricultor Iury Rüdell, 22 anos, formado em agronomia, tem plantações de soja em Tupanciretã e considera o avanço em equipamentos, produtos químicos e pesquisas como os principais componentes da agricultura. “A tecnologia está presente em todas as etapas da produção. Desde análise do solo para correção e adubação”, afirma Rüdell.
Dentre as novas tecnologias empregadas estão semeadoras com doadores pneumáticos, tratores e pulverizadores com tecnologia embarcada, controladores eletrônicos de pulverização, piloto automático.Tudo contribui na melhora desde a preparação do solo até a colheita, segundo o produtor.
Atualmente Rüdell diz controlar as doenças e pragas na lavoura de soja através do manejo integrado de pragas. “Utilizamos cultivares que realizam a supressão de lagartas e, quando necessário, a utilização de agrotóxicos”. O agricultor ainda conta com visitas periódicas de uma empresa de assessoria agronômica, que avalia, relata e trata possíveis pragas e doenças na lavoura.
As variedades mais resistentes ou tolerantes às principais pragas são cada vez mais utilizadas na agricultura e possibilitam a redução dos custos, pois tornam menos necessário a aplicação de produtos químicos para o controle.
Para o também engenheiro agrônomo Fernando Machado, 31 anos, o uso de tecnologias recentes como drones, para identificação de áreas afetadas e direcionamento das aplicações de produtos somente em áreas afetadas, reduz os custos em função de aplicar produtos em pequenas áreas onde as pragas estão iniciando o ataque, evitando o desperdício de produtos em áreas desnecessárias.


Fernando trabalhou na Emater em 2014 e visitava inúmeras plantações

a fim de ajudar no controle de pragas. Foto: Arquivo Pessoal


O agrônomo conta quem está por trás de todos esses métodos tecnológicos em desenvolvimento constante em nosso país: “as novas tecnologias que surgem são muitas vezes oriundas de ideias que pesquisadores, profissionais atuantes na assistência técnica e, até mesmo produtores, desenvolvem empiricamente para a resolução de problemas pontuais nas mais diversas situações do sistema produtivo de uma unidade de produção de grãos. Essas ideias são desenvolvidas e testadas através de método científico adequado e comprovada a sua eficiência, a tecnologia é difundida aos produtores. Muitas empresas públicas e privadas estão envolvidas na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para a melhoria dos processos de produção de grão. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA é a maior empresa de pesquisa agropecuária da América Latina, e desenvolve inúmeras tecnologias úteis aos produtores. Além da EMBRAPA, empresas de pesquisa estadual e privadas bem como universidades públicas e privadas tem atuado intensamente no desenvolvimento e difusão das tecnologias aos produtores” conclui.


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A colheita da safra de verão 2016/2017 registrou crescimento de 23% em relação ao ano anterior. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), foram colhidas 19,5 milhões de toneladas de soja. Foto: Gabriel Haesbaert
Os custos de usar ou não a tecnologia no campo
O custo de controle de pragas em uma lavoura de produção de grãos é muito variável, uma vez que inúmeros fatores contribuem para essa soma, tais como a cultura que se está produzindo e, mais detalhadamente, o tipo de material genético utilizado - se apresenta ou não resistência ou tolerância às principais pragas de ocorrência comum na região-,o lugar de produção, fatores climáticos como temperatura e umidade do ar, o histórico de ocorrência de pragas na área, o custo do produto e da aplicação. Machado ressalta que todos esses fatores interagem e formam o custo total de aplicação e a não adoção de tecnologias de manejo integrado de pragas, certamente dão um custo extra para o controle, o que também acarretará em menor produtividade da lavoura.
Questionado sobre qual seria a necessidade maior do agrônomo no sentido tecnológico, ele responde: “A maior tecnologia que um engenheiro agrônomo pode utilizar é o conhecimento. Quanto mais conhecimento sobre o processo de produção, sobre as pragas existentes na lavoura e na região onde a lavoura está inserida, melhor será a sua capacidade de tomada de decisão sobre as melhores estratégias a serem utilizadas na proteção da lavoura."
Tecnologia na palma da mão
O modelo AT190 está sendo testado e por meio de câmeras e de um software, o produtor e agrônomo tem acesso a imagens capazes de identificar doenças e outros problemas no cultivo. Foto: Gabriel Haesbaert
O monitoramento remoto de máquinas agrícolas, coleta de informações específicas sobre operações, informações a respeito de manejo de ervas daninhas, assim como fornecimento de dicas práticas com base em elementos variáveis como localização, tipo de cultura, entre outros tópicos de cada plantação são recursos disponíveis para agricultores via dispositivos móveis. Nas mais novas formas de controle de pragas e ervas, está o uso de drones e aviões não tripulados, que coletam dados e fornecem inúmeras informações sobre o solo, sobre a produtividade e onde a plantação está tendo prejuízos. Desta forma os dados são enviados para softwares e traduzidos por um agrônomo que irá verificar os locais indicados, ganhando tempo e poupando recursos que seriam aplicados em toda a extensão da lavoura.
Na Universidade Federal de Santa Maria(UFSM), uma turma de jovens está prestes a ganhar os ares do campo e do mercado de drones para agricultura. Por conta do grande potencial dessas naves na agricultura de precisão, a empresa se direcionou para desenvolver soluções customizadas para empresas de assistência técnica no meio rural e para agricultores. Segundo Saulo Penna Neto, um dos responsáveis pela empresa, o modelo de negócios, que ainda está sendo delimitado, deve contemplar o mapeamento de áreas agrícolas e a venda dos sistemas para interessados em operá-los diretamente. Fornecendo o produto, será necessário capacitar usuários. “Nós queremos tornar esse mercado cada vez mais profissional, assim como é com a aviação tripulada. Não é brincadeira, apesar de lembrar o aeromodelismo. Para isso, estamos fazendo testes para determinar a vida útil das aeronaves”, conta Neto. 
Ao contrário dos aviões convencionais, os drones geram menos custos, já que não precisam de pista de pouso para decolar e pousar. O equipamento decola com uma catapulta e aterrissa com um paraquedas e, o principal: não necessita de um piloto profissional, que geralmente é pago por tempo de voo.
A cada dia novas pesquisas fomentam a busca por soluções em diversas áreas, na agricultura não é diferente. O uso de máquinas cada vez mais modernas e com mais funções automatizadas está se tornando comum, o mais atual meio tecnológico empregado no campo é o uso das naves. As pesquisas são o ponto de partida nesta área e requer o uso correto destas ferramentas na busca por menos perdas, maior qualidade e baixo custo na produção. Tudo isso aliado ao menor uso de produtos químicos que prejudicam o meio ambiente.

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