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sexta-feira, 5 de maio de 2017

Entrevista com Eduardo Bessa, do blog Ciência à Bessa

Por Pedro Lenz Piegas

Eduardo Bessa é zoólogo e
trabalha  na UFMT
A interdisciplinariedade pode ser um dos caminhos para fazer com que a ciência seja mais popular? 
Entrevista com o professor Eduardo Bessa, zoólogo na Universidade do Estado de Mato Grosso e especialista em comportamento animal. Escreve para o blog Ciência à Bessa. O blog é relacionado a área de biologia e traz matérias são sobre seres vivos, como por exemplo animais listados em extinção, pesquisas na área, condições, salários e a informações a respeito da profissão de biológo no Brasil. 
Link para o blog: http://scienceblogs.com.br/bessa/

   Como surgiu a ideia de ter um blog sobre animais, biodiversidade? Pode falar um pouco sobre ele também?Bessa:Sempre gostei de falar sobre ciência, mesmo antes de me tornar pesquisador eu já gostava disso. Escrevi matérias para o Estadão, Scientific American e Ciência Hoje. O Ciência à Bessa surgiu em 2008 na noite do meu casamento. Um grande amigo, o Carlos Hotta, me perguntou: "E aí, o jornalzinho da graduação da Bio-USP ficou no passado (eu escrevia uma coluna chamada Maravilhosa Obra do Acaso nesse jornal), vai parar de escrever sobre ciência? Por que não cria um Blog?" No começo fiquei meio resistente, nem sabia direito o que era um blog e nunca fui muito bom de informática, mas o Carlos acabou me convencendo. Na época eu não sabia, mas ele já estava pensando em criar o Lablogatórios com o Átila Iamarino, que depois tornou-se Scienceblogs Brasil. Aí acabou me incluindo nesse grande condomínio de blogs científicos. O Ciência à Bessa não surgiu exatamente como um blog de animais, eu falava de física e química também. Com o tempo senti necessidade de ocupar meu próprio nicho e deixar de lado aquilo que não dominava tanto assim. Por isso, acabei convergindo para a Zoo e o Comportamento Animal, minhas áreas de formação.

    Como você vê a ciência sendo divulgada na mídia hoje em dia? Com tantas possibilidades de conhecimento através de blogs (como o seu), artigos acadêmicos disponibilizados também na Internet.
    Bessa:Tem muita gente no mundo e por isso tem público para tudo. Sempre haverá leitores para a revista Superinteressante, assim como sempre haverá audiência para o Iberê Thenório no Manual do Mundo. Recentemente os blogs perderam muita visibilidade com o crescimento do youtube, mas eu gosto é de escrever. Então vou seguir é como blogueiro mesmo, sempre terei um leitor ou outro. Acho que a grande mídia poderia produzir material de melhor qualidade. Não gosto da Super, do canal NatGeo e nem do Globo Ciência. Mas sabe que esses canais nem me incomodam tanto? Me incomodam muito mais as vias de divulgação de pseudociências travestidas de ciência séria. As redes sociais, em especial o facebook e o whatsapp, se tornaram jardins de mentiras sinceras que se espalham rapidamente. As pessoas parecem não ter filtro, não desconfiam de nada. Isso sim me perturba.

Bessa: Não estou certo se eu sei o que é interdisciplinariedade (ou o que NÃO É interdisciplinar). Em todo caso, caixinhas como Zoologia ou Genética ou Fisiologia são ferramentas didáticas, não barreiras físicas reais que isolam disciplinas. Acho que o que realmente tornaria a ciência mais popular seria as pessoas fazerem parte do processo científico. A ciência é encantadora, só não o sabe quem nunca experimentou.

   Você acredita que todo pesquisador também precisa ser um bom comunicador? No sentido de redação, expressão oral ao transmitir conhecimento para o público hoje. Bessa:Nenhum trabalho científico é pleno enquanto não se torna acessível a outros da comunidade científica ou leiga. Por isso o cientista tem que ser um comunicador. Em curto prazo, saber comunicar a beleza da sua pesquisa para seus pares cientistas é suficiente. Serão eles que julgarão o mérito para um novo financiamento. No entanto, em longo prazo a grana para a ciência vem do contribuinte, do cidadão comum. Se não aprendemos a seduzi-los, um dia a fonte seca. Daí a importância da divulgação científica na minha opinião.

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