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terça-feira, 24 de novembro de 2015

As barreiras entre ciência e mídia no Brasil

   A coletiva de imprensa realizada na disciplina de Jornalismo Especializado II, no Centro Universitário Franciscano, com o meteorologista, professor da Universidade de Santa Maria (UFSM) e pós-doutor em meteorologia Ernani de Lima Nascimento levantou algumas perguntas a respeito da relação dos cientistas com a mídia e com a forma de veiculação de pesquisas e informações com grande importância para a população.                                                                                                                Nascimento acredita que os cientistas e pesquisadores devem estar preparados para comunicarem-se diretamente com os jornalistas, utilizando uma linguagem compreensível, se dispondo a dar boas e, se preciso, longas explicações que possam ser facilmente decodificadas. Em contraponto, os profissionais da comunicação devem ter responsabilidade no contrato de fidedignidade com o discurso do especialista. Muitas vezes, a interpretação do jornalista pode prejudicar o conteúdo da matéria jornalística, o que acaba por comprometer a informação.                               O professor é doutor em meteorologia pela University of Oklahoma, nos Estados Unidos e contou sobre as diferentes formas de alertas meteorológicos de tempestades severas são enviados no país, por exemplo. Segundo ele a velocidade e a forma como a população é informada no Brasil, não são eficazes. Ele acredita que para que esses sistemas operacionais funcionem, é necessário que se haja educação na hora de tomar providências. “Não sei se seria bom termos um sinal de alerta aqui, por exemplo, se ele apenas causaria pânico, e ninguém saberia como agir”, comenta Nascimento.  
Em uma entrevista para o programa Cidadania, da TV Senado, Rivaldo Venâncio da Cunha, pós-doutor em Medicina com ênfase no estudo das doenças causadas por vírus pela Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro comentou a maneira de divulgar saúde no Brasil. Segundo ele, a mídia tem sim total capacidade de transmitir informação de qualidade e de uma forma acessível. Porém, ainda se peca no formato utilizado.
Cunha da ênfase ao trabalho em longo prazo que deveria ser realizado pela mídia. Segundo ele, saúde pública não pode ser tratada tão pontualmente ou factualmente. As campanhas devem ser embasadas em mudanças de hábitos e não na “cura milagrosa”, ou em “o novo remédio”.  Sem generalizações o médico ressalva: “Depende da mídia e depende do assunto tratado”.
Alguns exemplos relacionados à saúde foram citados. Como a campanha de prevenção de DST’s, por exemplo, que segundo o pesquisador é lembrado nas épocas de grande movimentação de pessoas no mesmo local, como quando se aproxima o carnaval. Assim como as doenças sexualmente transmissíveis, Cunha comenta da forma como foi veiculado o vírus Ebola. “Estava tão distante daqui e por vezes as doenças que estavam afetando mais gravemente o país foram deixadas de lado”, alerta o médico.  

Para Cunha saúde pública é um casamento entre ciência, cidadania, mídia e como não, educação. E a questão de como comunicar questões relacionadas á saúde devem ser discutidas, para que os veículos o façam com cautela. “A mídia tem capacidade de falar para todas as classes sociais sim, então, não é um problema técnico, mas sim de formato como é construída e a linguagem e  interpretação do veículo e jornalista”, conclui o professor.  

Julia Machado

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