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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Ensino de Ciências e Matemática em Debate

         Ocorreu na tarde de 3 de outubro a apresentação dos professores Luiz Caldeira Brant de Tolentino Neto e Claudia Lisete Oliveira Groenwald, ambos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O evento ocorreu no Salão Azul do Conjunto I do Centro Universitário Franciscano, dando continuidade ao último dia do XVIIISimpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPE). Dentro do eixo “Educação e inovação”, os palestrantes do dia falaram para cerca de 40 pessoas abordando o tema “Pós-Graduação Ensino de Ciências e Matemática em debate”. 

A Matemática Tecnológica
Abordando o ensino e pós-graduação na área de matemática, Cláudia Groenwald (foto) deu ênfase à utilização da tecnologia no aprendizado dos alunos, exibindo à plateia vídeos e programas que demonstram métodos empregados pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) para facilitar o aprendizado dos estudantes de matemática de referida instituição. Dentre um dos processos, um programa no qual o professor tem a capacidade de conduzir toda sua aula de maneira virtual e interativa.
Claudia defende a tecnologia na sala de aula/Foto: Ezekiel Dall'Bello
Além disso, a professora também mencionou que a educação no Brasil – e em especial no Rio Grande do Sul – recebe uma avaliação muito baixa nas provas que classificam os índices medidores do conhecimento dos jovens. Segundo ela, isso se deve a dois condicionantes: à evasão escolar e ao fato da prova ser feita por faixa etária e não por escolaridade. Assim, alunos de 15 anos que repetiram de série acabam condenando a média nacional e estadual por este processo avaliativo. Para Cláudia, é preciso investigar o currículo escolar em alguns aspectos, como o que ensinar, quando ensinar, como ensinar, buscando uma transformação curricular que seja adequada às necessidades do mundo atual e que vise a formação do cidadão e o desenvolvimento de suas competências.
Luiz Tolentino apresentou políticas públicas para a educação
e defesa ao jovem/Foto: Ezekiel Dall'Bello


Os alunos, todos portando Notebooks, permanecem com o docente sob controle das “páginas” que cada um está acessando. Assim, consegue impedir que o estudo seja desvirtuado, por exemplo, por redes sociais e sites de entretenimento. Segundo a professora, “é preciso ter conexão, ambientes virtuais que possibilitem a navegação do aluno em contato com a tecnologia. Os governos não devem mais investir em laboratórios, mas sim em conexão.”

Repensando a Educação

Cláudia ainda cita Tedesco (2013) que enumera alguns fatores responsáveis pela crise no setor educativo, levantando o desafio de realizar pesquisas que busquem alternativas para amenizar essa realidade. Trata-se de um compromisso dos professores com uma educação para todos, com o desenvolvimento de ciência e matemática para a vida em sociedade, que prepare o estudante para atuar como cidadão consciente e comprometido.
Ela condiciona essa má avaliação da educação nacional, também, à precariedade do ensino público, retornando para a utilização das tecnologias na aprendizagem, tornando-a mais fácil, acessiva, prazerosa e interativa. Citando experiência particular, Claudia nos conta que os institutos de ensino superior estão investindo cada vez mais em tecnologia e, inclusive, “presenteando” seus mestres e doutores com notebooks e tablets.

Pós-Graduação: ensino e pesquisa

Quanto à parte da Pós-Graduação propriamente dita, Claudia  diz que se trata de um “grupo de pessoas reunidas pensando na educação” e afirma que se faz necessário “pensar em como fazer a eduação inicial e continuada, não só para aumentar salário.” Em tempo, acerca desse pensamento, relata que “um pós-graduado não tem respostas, apenas perguntas e problemas a resolver”, sendo preciso realizar a arte da “pesquisa”. A palestrante informa ainda que “estar atualizado é estar constantemente pesquisando”, e que se alguém pesquisa é porque realmente quer chegar a algum lugar, descobrir algo e não só cumprir metas para atingir a especialização.

Ao término de sua palestra, a Profª Cláudia cede seu lugar para o também Prof. e Dr. Luiz Caldeira Brant de Tolentino Neto (Foto ao lado), que dá continuidade ao tema previsto com outra abordagem. Ele inicia citando o caso particular de Santa Maria, a qual é enquadrada como a 3ª cidade no Brasil com mais doutores por habitante, com cerca de 6400 para uma população de mais de 260 mil moradores, uma média de um doutor para cada 40 pessoas.
Para o professor, porém, esses dados não excluem Santa Maria do quadro nacional de ensino deficiente. Ainda se faz necessário, conforme relata, um trabalho para melhorar os processos de aprendizagem, com o intuito de facilitar a construção do conhecimento pela contextualização e utilização de diferentes estratégias pedagógicas baseadas na problematização local. Entre as ações desenvolvidas estariam práticas de avaliação, intervenção e formação continuada de professores.
Outro desafio elencado por Luiz é promover a participação dos educadores da Educação Básica nos Grupos de Pesquisa, anteriormente apresentados pela Profª Claudia. Conforme o professor relata, é importante também tornar público esses resultados das pesquisas em redes virtuais, eventos, textos de divulgação, etc., tendo cuidado especial com a culpabilização do material e do professor. Afinal, muitas são as instituições de hoje que são resistentes à pesquisa justamente para não correr o risco de ter sua imagem denegrida por pesquisadores mal-intencionados.


O professor finaliza com uma metáfora, dizendo que os estudantes de hoje estão “enraizados”, parados no tempo e reféns de um sistema que dificulta o “florescer” de conhecimento de cada um. Para tal, os professores devem continuar no processo de pesquisa e ensino supracitado, a fim de revitalizar as mentes dos jovens e fortalecer sua capacidade cognitiva, culminando com a proliferação do fruto da sabedoria.

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