Ocorreu
na tarde de 3 de outubro a apresentação dos professores Luiz Caldeira Brant de
Tolentino Neto e Claudia Lisete Oliveira Groenwald, ambos da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM). O evento ocorreu no Salão Azul do Conjunto I do
Centro Universitário Franciscano, dando continuidade ao último dia do XVIIISimpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPE). Dentro do eixo “Educação e
inovação”, os palestrantes do dia falaram para cerca de 40 pessoas abordando o
tema “Pós-Graduação Ensino de Ciências e Matemática em debate”.
A Matemática
Tecnológica
Abordando o ensino e pós-graduação na
área de matemática, Cláudia Groenwald (foto) deu ênfase à utilização da tecnologia no
aprendizado dos alunos, exibindo à plateia vídeos e programas que demonstram
métodos empregados pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) para facilitar
o aprendizado dos estudantes de matemática de referida instituição. Dentre um
dos processos, um programa no qual o professor tem a capacidade de conduzir
toda sua aula de maneira virtual e interativa.
Além disso, a professora também
mencionou que a educação no Brasil – e em especial no Rio Grande do Sul –
recebe uma avaliação muito baixa nas provas que classificam os índices
medidores do conhecimento dos jovens. Segundo ela, isso se deve a dois
condicionantes: à evasão escolar e ao fato da prova ser feita por faixa etária
e não por escolaridade. Assim, alunos de 15 anos que repetiram de série acabam
condenando a média nacional e estadual por este processo avaliativo. Para Cláudia,
é preciso investigar o currículo escolar em alguns aspectos, como o que
ensinar, quando ensinar, como ensinar, buscando uma transformação curricular
que seja adequada às necessidades do mundo atual e que vise a formação do
cidadão e o desenvolvimento de suas competências.
![]() |
Claudia defende a tecnologia na sala de aula/Foto: Ezekiel Dall'Bello |
![]() |
Luiz Tolentino apresentou políticas públicas para a educação e defesa ao jovem/Foto: Ezekiel Dall'Bello |
Os alunos, todos portando Notebooks, permanecem
com o docente sob controle das “páginas” que cada um está acessando. Assim,
consegue impedir que o estudo seja desvirtuado, por exemplo, por redes sociais
e sites de entretenimento. Segundo a professora, “é preciso ter conexão, ambientes virtuais que possibilitem a navegação
do aluno em contato com a tecnologia. Os governos não devem mais investir em
laboratórios, mas sim em conexão.”
Repensando a Educação
Cláudia ainda cita Tedesco (2013) que
enumera alguns fatores responsáveis pela crise no setor educativo, levantando o
desafio de realizar pesquisas que busquem alternativas para amenizar essa
realidade. Trata-se de um compromisso dos professores com uma educação para
todos, com o desenvolvimento de ciência e matemática para a vida em sociedade,
que prepare o estudante para atuar como cidadão consciente e comprometido.
Ela condiciona essa má avaliação da
educação nacional, também, à precariedade do ensino público, retornando para a
utilização das tecnologias na aprendizagem, tornando-a mais fácil, acessiva,
prazerosa e interativa. Citando experiência particular, Claudia nos conta que
os institutos de ensino superior estão investindo cada vez mais em tecnologia
e, inclusive, “presenteando” seus mestres e doutores com notebooks e tablets.
Pós-Graduação: ensino
e pesquisa
Quanto à parte da Pós-Graduação
propriamente dita, Claudia diz que se
trata de um “grupo de pessoas reunidas
pensando na educação” e afirma que se faz necessário “pensar em como fazer a eduação inicial e continuada, não só para
aumentar salário.” Em tempo, acerca desse pensamento, relata que “um pós-graduado não tem respostas, apenas
perguntas e problemas a resolver”, sendo preciso realizar a arte da “pesquisa”.
A palestrante informa ainda que “estar
atualizado é estar constantemente pesquisando”, e que se alguém pesquisa é
porque realmente quer chegar a algum lugar, descobrir algo e não só cumprir
metas para atingir a especialização.
Ao término de sua palestra, a Profª Cláudia
cede seu lugar para o também Prof. e Dr. Luiz Caldeira Brant de Tolentino Neto (Foto ao lado),
que dá continuidade ao tema previsto com outra abordagem. Ele inicia citando o
caso particular de Santa Maria, a qual é enquadrada como a 3ª cidade no Brasil
com mais doutores por habitante, com cerca de 6400 para uma população de mais
de 260 mil moradores, uma média de um doutor para cada 40 pessoas.
Para o professor, porém, esses dados
não excluem Santa Maria do quadro nacional de ensino deficiente. Ainda se faz
necessário, conforme relata, um trabalho para melhorar os processos de
aprendizagem, com o intuito de facilitar a construção do conhecimento pela
contextualização e utilização de diferentes estratégias pedagógicas baseadas na
problematização local. Entre as ações desenvolvidas estariam práticas de
avaliação, intervenção e formação continuada de professores.
Outro desafio elencado por Luiz é
promover a participação dos educadores da Educação Básica nos Grupos de
Pesquisa, anteriormente apresentados pela Profª Claudia. Conforme o professor
relata, é importante também tornar público esses resultados das pesquisas em
redes virtuais, eventos, textos de divulgação, etc., tendo cuidado especial com
a culpabilização do material e do professor. Afinal, muitas são as instituições
de hoje que são resistentes à pesquisa justamente para não correr o risco de
ter sua imagem denegrida por pesquisadores mal-intencionados.
O professor finaliza com uma metáfora,
dizendo que os estudantes de hoje estão “enraizados”, parados no tempo e reféns
de um sistema que dificulta o “florescer” de conhecimento de cada um. Para tal,
os professores devem continuar no processo de pesquisa e ensino supracitado, a
fim de revitalizar as mentes dos jovens e fortalecer sua capacidade cognitiva,
culminando com a proliferação do fruto da sabedoria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário