Postos frente à frente a todo instante, seja em
debates, comerciais ou pela troca de “singelos” insultos e acusações no horário
político, Aécio Neves e Dilma Roussef vivem um dilema. Com as pesquisas do
Datafolha e do Ibope, principais institutos de pesquisa do Brasil, apontando
empate técnico entre os dois candidatos à República, um clima de instabilidade
se instaura em toda nação. Principalmente, nos veículos de comunicação, mediadores
desses resultados para com o povo brasileiro.
O cuidado com a maneira com que o
tema é tratado deve ser considerado fator preponderante aos media a fim de não intervir na eleição,
seja de forma direta e/ou indireta, coibindo para que o público vote em
determinado candidato devido às notícias elencadas pelo veículo em questão. O
simples fato de, em uma mesma página eletrônica, citar um bom projeto de um
candidato consoante a uma “furada” de seu adversário, induz, mesmo que subjacente
ao objetivo primário da mensagem ressaltada, à opção de tal presidenciável,
contrapondo a massa contra seus
próprios ideais, muitas vezes já definidos.
No sítio eletrônico Universo
Online, mais conhecido por UOL, dentre as manchetes principais de sua página
inicial, estão notícias ligadas, aparentemente, ao governo da candidata Dilma,
denegrindo de forma indireta sua imagem e reputação. Exemplos disso são as
manchetes: “Em três dias, ações da Petrobrás caem 13%”, fazendo referência à
uma das maiores empresas do Brasil, envolvida no maior escândalo de corrupção e
desvio de dinheiro da atualidade, na qual o partido da atual presidente está
inserido. Nessa mesma linha, há também outra manchete que avisa: “Laranja
mentiu sobre PSDB, diz advogado”, notícia que limpa a ficha do partido de Aécio
Neves – ou pelo menos parte dela – deixando-o menos vulnerável a ataques e escândalos
que envolvam referido assunto.
Em outra notícia do UOL, o site
remete sua manchete para a Folha de São Paulo, a qual traz a informação: “71%
criticam agressividade na eleição”. Junto com a notícia, um infográfico dizendo
que, conforme opinião dos entrevistados, Dilma Rousseff é menos agressiva que
Aécio Neves. Contudo, ela é elencada pelas jornalistas Andréia Sadi e Daniela
Lima com uma campanha na qual “os ataques
tendem a continuar [...] mas com alguns cuidados para tentar driblar o Tribunal
Superior Eleitoral”.
As notícias e manchetes veiculadas
ao longo do segundo turno seguem uma tendência a denegrir a imagem de Dilma
Rousseff – ou estariam falando apenas a verdade?
– conforme exemplos supracitados. Seguem também frases como : “PT aumenta teto de gastos em campanha para
40 milhões”; “Grupo anti-Dilma é expulso em MG, “PT leva 12 dos 15 estados com
maior taxa de Bolsa Família” (insinuando que Dilma está na frente apenas
pela grande parcela da população pobre, a quem ela ajuda sem solicitar trabalho
em troca), etc...
A exemplo do jornal “Folha de São
Paulo”, o UOL também parece seguir uma “linha de tiro” na qual o Partido dos
Trabalhadores e Dilma Rousseff são os “alvos” principais. Curioso que se nota é
que esses “disparos” contra a candidata e seu partido variam de acordo com as
eleições. Afinal, acima de tudo, ainda é um veículo de comunicação que visa, em
primeiro lugar, a fidelidade de seu público e a garantia do consumo de seu
produto, que no caso, é a notícia.
Se a grande maioria dos eleitores
brasileiros estão indo em sentido contrário ao pensamento desse veículo, logo
deixarão de segui-lo. E nisso se justifica a não surpreendente coincidência da
redução de notícias contra PT em consonância à evolução de Dilma nas pesquisas.
Essa é a realidade que enfrentamos com o jornalismo político brasileiro, com
veículos tentando utilizar de seus poderes comunicativos para “orientar” o
leitor, mas ao mesmo tempo, manipulando-o. E, quando se nota que o resultado é
falho, muda sua linha de ação para não perder seu cliente.
Por Ezekiel Dall'Bello
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