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quinta-feira, 7 de março de 2013

Bom demais para ser verdade

Incidência de fraudes e “despublicações” aumentou dez vezes de 1975 a 2012


René Descartes, em seu Discurso sobre o método, definiu uma receita que os cientistas seguem até hoje em seu trabalho. O método pode ser resumido em cinco passos: o primeiro é detectar o problema ou, o que significa o mesmo, ter uma ideia. A seguir, se reúnem todos os dados essenciais sobre ele, eliminando o que não é substancial, para então formular uma hipótese, que é o terceiro passo. O quarto é predizer, a partir dessa hipótese, o resultado de ensaios ainda não realizados. O quinto e último passo verifica se as experiências terminam como previsto, para que então a hipótese passe a integrar uma teoria.
Tal processo foi colocado em prática devido à impessoalidade que ele impõe. Dessa forma, a pesquisa não é aceita até que o objeto tenha sido devidamente analisado e seus resultados comprovados. Ao seguir os passos, se tenta impedir que haja fraudes e trapaças. Não há, então, aquele “jeitinho” para as coisas, mas existem aqueles que ainda tentam.

Marc Hauser falsificou dados em pesquisas que teriam mostrado a capacidade de macacos de reconhecer regras semelhantes à gramática. O sul-coreano Hwang Woo-Suk anunciou que tinha sido o primeiro a criar, a partir de um embrião clonado, linhagens de células-tronco. Dois casos de fraude onde os pesquisadores não saíram ilesos: Hauser foi obrigado a renunciar seu cargo na Universidade Harvard e Woo-Suk foi condenado na Justiça. Esses são dois casos identificados. Mas e aqueles que acabam “passando”?

Um trio de pesquisadores liderado por Arturo Casadevall, da Faculdade de Medicina Albert Einstein (EUA), mostra que a proporção de artigos “despublicados” devido a fraudes e plágios aumentou dez vezes desde 1975 para cá. O estudo foi publico na revista científica americana “PNAS”. 
Ao analisar as publicações biomédicas, eles viram que quase metade dos 2.047 artigos que tiveram alguma intervenção desde 1975 envolviam fraude ou suspeita de fraude: coisas como inventar dados e manipular experimentos. 
É um crescimento elevado, e a situação norte-americana pode ser semelhante à brasileira. Nesse sentido, no ano de 2012 o CNPq, que é o principal orgão federal de apoio à pesquisa no país, criou a Comissão da Integridade na Atividade de Pesquisa, responsável por receber denúncias e conduzir investigações de má conduta. A intenção é fiscalizar, e, embora o CNPq não tenha poder de polícia, tem autoridade para cancelar bolsas e projetos do pesquisador denunciado. 


Fontes:




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