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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A divulgação a serviço da Ciência


por Thales de Oliveira

Pesquisas, experimentos, descobertas. Esta é parte da realidade de um cientista. Mas ela está tão longe assim do cotidiano das pessoas em geral?  De forma alguma! E aí está a importância da informação sobre assuntos científicos.
Os pesquisadores Nikelen Witter e Alexandre Maccari são exemplos positivos da relação entre ciência e jornalismo. Ela é doutora em história pela Universidade Federal Fluminense, ele mestre pela Universidade Federal de Santa Maria. Witter e Maccari encontraram na História a vontade de investigar  assuntos que para muita gente comum pode ser complexo, mas auxilia a vida diária de todos. E dessa forma, suas pesquisas passam a ajudar em determinados temas da nossa atualidade.
Pensar na ciência como suporte e referência para os problemas e acontecimentos pautados pelo jornalismo é um bom caminho para a popularização de assuntos considerados fora do alcance do entendimento da sociedade em geral. Como diz o jornalista Clenio Araújo, em seu artigo sobre divulgação científica, “não faz muito sentido o conhecimento acumulado nas instituições que se dedicam à ciência ficar dentro delas”.  Contudo, ainda há muito que evoluir. O principal obstáculo a ser vencido, segundo Nikelen, é o da “criação de certeza que muitas vezes pauta a forma de escrever do jornalismo e que não é a forma como nós pensamos a ciência.”

Cinema + História + Ciência = Interesse Público


Alexandre Maccari, arquivo pessoal.

Apaixonado por cinema, Alexandre Maccari resolveu pesquisar, pelo viés político-cultural, a chamada “Política de Boa Vizinhança” e as estratégias dos EUA para, através do cinema, aproximar-se dos países da América Latina no período pós Segunda Guerra Mundial.  Maccari analisou em sua dissertação de mestrado os filmes Alô, Amigos (1942) e Você já foi à Bahia? (1945). “Desenvolvi um recorte histórico, cinematográfico e social em torno das sequências que tratavam do Brasil e da Argentina, enfatizando elementos do cinema de propaganda como a musicalidade, a construção do herói e do vilão e o perfil ideológico da produção”, conta.

       Além da divulgação em livros, Maccari conta que sua pesquisa foi divulgada na mídia imprensa, na televisão e no rádio. Completa, ainda, dizendo que foi entrevistado no programa de rádio CDN Entrevista, onde debateu, com outros convidados, durante quase uma hora para uma abrangência significativa da comunidade. Para o pesquisador, seu estudo atingiu um espaço significativo de divulgação, pois até então, eram poucos os trabalhos históricos ligados à pesquisa com cinema. Hoje, com a divulgação de sua pesquisa, seu trabalho ganhou destaque dentro da academia, “além é claro de fomentar o interesse das pessoas em ver os filmes Disney com outros olhos”, completa.

E aí, "Você já foi a Bahia?"


Um estudo do passado da saúde e sua contribuição para o jornalismo de hoje

Em 2009, quando o surto de Gripe A assustou os gaúchos, a historiadora Nikelen Witter recebeu um telefonema para falar sobre o comportamento humano em relação às epidemias. A entrevista foi para o jornal Zero Hora, onde Witter falou sobre a cultura de pôr a sociedade em quarentena, originária do período medieval.

Em sua tese, a pesquisadora estudou a História da Saúde, mais precisamente sobre o comportamento dos doentes no século XIX, em casos de epidemias e no cotidiano fora delas. Além dessa entrevista, a pesquisa de Nikelen serviu como fonte para portais de notícias na internet, outros jornais e revistas.
Nikelen Witter: arquivo pessoal
 Na revista História da Biblioteca Nacional e Revista da Livraria Cultura, ela mesma escreveu suas publicações. “Eu redigi a matéria, mas fui orientada por integrantes da equipe da revista sobre como tornar o texto menos acadêmico”, conta.

Para a pesquisadora, no caso do jornal Zero Hora, alguns de seus termos foram reinterpretados ou forçados para justificar o ponto de vista do jornal. Ainda segundo Witter, isso não teve gravidade, mas quando se é um cientista, as afirmações são feitas com muito cuidado. A estudiosa conclui que “não é incomum os jornais tornarem fatos, assertivas que são relativas”. Ainda assim, Nikelen acredita que a chegada do conhecimento acadêmico, baseado em pesquisas sólidas, ao grande público é um ponto positivo a favor da informação e da ciência. E afirma: "Sou contra o conhecimento ficar encastelado dentro das universidades. A divulgação científica é fundamental para que o grande público se assenhore dos conhecimentos que são produzidos no país e fora dele."
 
Relação entre mídia e ciência

A maior barreira encontrada entre jornalista e pesquisador talvez seja o conhecimento individual de cada um sobre a atividade do outro. O jornalista precisa ser o mais objetivo possível em sua publicação enquanto o cientista, especialista em determinado assunto, busca esclarecer com todo o seu estudo os temas abordados. Por mais que exista esse distanciamento entre os dois profissionais, o interesse da sociedade deve vir em primeiro lugar!

Alexandre Maccari e Nikelen Witter afirmam que não tiveram problemas em sua relação com os jornalistas. Maccari, diz que sua facilidade de comunicação é tão natural, e por isso não teve problemas em suas experiências com a mídia. Já Witter, fala que o respeito entre ambas as partes foi fundamental para o resultado final da divulgação de sua pesquisa.

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