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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Zoonoses, um mal comum do qual ninguém fala



Pare tudo o que está fazendo, preciso te contar uma história!
Já ouviu falar em zoonoses?


     Há centenas de anos, homens e animais dividem um mesmo território. Desta convivência geram-se boas e más consequências e, entre elas, as doenças. Mesmo que o nome soe estranho em muitos ouvidos, Zoonose nada mais é que um termo para designar doenças e infecções transmitidas de forma natural entre bicho e humano. Apesar destes males serem erroneamente associados aos animais de rua, é importante ressaltar que neste cenário, ambos (homem e animal) atuam como verdadeiros hospedeiros. Entretanto, a transmissão – de fato – ocorre através de vírus, bactérias, fungos e outros microorganismos diversos.
       Hoje as zoonoses são consideradas um risco à saúde pública e sua mutação acompanha o desenvolvimento da sociedade. De um antigo conhecido como o bicho de pé até as novas doenças, como a H1N1, pode-se encontrar uma catalogação de aproximadamente 200 enfermidades.

Os diagnósticos das zoonoses

Alexandre V. Schwarzbold
   No centro do estado são elencadas por sua recorrência algumas doenças consideradas comuns como a leptospirose, a criptococoses, a tuberculose, a toxoplasmose e a histoplasmose. As zoonoses possuem tratamentos, mas nem todas podem chegar à cura, como é o exemplo da leptospirose, que atinge um índice de morte em 10%  dos casos.
     De acordo com o infectologista Alexandre Vargas Schwarzbold, é difícil estabelecer os indicativos de uma zoonose. Segundo ele, “em geral as doenças compartilham de alguns sintomas, que são chamados de sintomas sistêmicos e sugerem uma doença infecciosa que talvez tenha sido transmitida por animal”. Num panorama geral é possível citar a febre, o suor noturno, o emagrecimento, o aumento de gânglios e aumento do baço e do fígado. No entanto é somente com a sorologia laboratorial que se pode diagnosticar, de forma precisa, as zooonoses.

      Santa Maria é um município difícil de contabilizar os casos de zoonoses. De acordo com o médico especializado em saúde pública, Paulo Cesar Schaefer, “é importante o médico ter conhecimento sobre a situação do enfermo, pois o que leva ao diagnóstico é a queixa do paciente”. Entretanto, ele explica que muitos profissionais medicam seus pacientes a partir de seus quadros clínicos, e não detectam a presença da zoonose deixando de registrá-la. Schaefer relembra que “a leptospirose, por exemplo, é muito confundida com a gripe. Se o paciente não expuser o problema de forma clara, sem omissão de fatos, é difícil chegar aos agentes causadores, resultando em um tratamento equivocado”. O especialista ainda fala da falta de investigação médica ao estabelecer um diagnóstico preciso: “Se a medicação receitada surtiu efeito, o caso é dado como encerrado, ou ao menos, controlado”.
      Carlos Flávio Barbosa da Silva, médico veterinário e chefe do setor de vigilância em saúde, complementa a explanação de Paulo Schaefer quando diz que não é possível estabelecer um número exato de casos de zoonose em Santa Maria. Segundo ele, o fato se dá por consequência de um “procedimento conhecido como tratamento empírico”, que por sua vez, ocorre devido aos médicos não registrarem os casos de zoonoses junto ao estado.


Uma forma de controle das doenças


Animais que podem transmitir zoonoses são subdivididos em duas classes

      Segundo pesquisa realizada por Wanderson Kleber de Oliveira, Coordenador Nacional de Doenças Transmissíveis no Departamento de Vigilância Epidemiológica, estima-se que “75% das novas doenças humanas terão um animal ou um vetor envolvido em sua cadeia de transmissão”. Mas apesar do alto percentual de estimativa, estudos acompanham estas evoluções em busca de tratamentos e prevenções.
Durante muitos anos o único recurso para o controle de epidemias foi os Centros de Controle de Zoonoses (CCZ). Unidades de saúde pública, os CCZs previnem e controlam as zoonoses através de sistemas de vigilância sanitária. Promotores de ações educativas, os centros também são responsáveis pelo controle de animais, pelo recolhimento de errantes e pela eutanásia (para portadores de doenças sem tratamento).
     Em Santa Maria o controle destas doenças é um trabalho feito pela Vigilância em Saúde. Mesmo entendendo como necessária a implementação de uma estrutura de um CCZ no município, o chefe do setor de vigilância, Carlos Flávio Barbosa da Silva, ressalta que devemos “parar de pensar um serviço, uma ação ou uma atividade a partir de uma estrutura física”. Segundo o vigilante em saúde, a proteção à saúde deve ultrapassar o elemento físico, afinal, quando se trabalha com zoonose, é preciso conhecer o “perfil da população, a densidade populacional, os hábitos, costumes, posturas, condutas, atitudes e formações”. Silva põe em relevância a formação do povoamento de uma região, pois ao adentrar a natureza, o homem afeta o ponto de equilíbrio do meio ambiente.
     Esta má ocupação geográfica e a falta de estrutura municipal deixam espaço para o aumento de doenças. Deste modo, para remediar a propagação destas doenças, hábitos de higiene podem ser necessários. Tratar o esgoto, manter a casa limpa e destinar adequadamente os lixos, são mudanças que ajudam garantir a saúde do homem e do animal.



Soluções aplicadas pela administração pública

Vereador Manuel Badke

     Além das manifestações da comunidade é também de interesse do governo garantir a saúde da população. Manuel Badke, presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria, explica que a cidade está em processo de adaptação às novas leis.
     Três novidades devem se instalar na cidade e a primeira a ser posta em prática é a microchipagem. Animais considerados domésticos deverão ser registrados em um cadastro público e receber um chip. Com a nova lei, o chip funcionará como uma espécie de identidade que remeterá o animal ao seu dono e atribuirá a ele todas as responsabilidades de possíveis acontecimentos como o abandono e maus tratos. Outras novidades serão: a Central do Bem Estar do Animal e a criação do Conselho Municipal de Proteção Animal.  Um novo conceito de ação preventiva, de acordo com Badke, os novos projetos visam garantir os direitos e os cuidados com os animais, além estimular o zelo coletivo pela autoavaliação do comportamento social.



*Dados estatísticos foram solicitados para o Hospital Universitário de Santa Maria e para a Vigilância Sanitária de Santa Maria. Até o fechamento desta matéria não foi possível obtê-los.



Prevenção por vacinação

De acordo com a informação prestada pela central de vacinas de Santa Maria, no portal da saúde do governo nacional é possível encontrar as vacinas para crianças, adolescentes, adultos e idosos ( http://portal.saude.gov.br) e na página da prefeitura de Santa Maria, estão disponíveis os contatos dos postos de saúde (http://www.santamaria.rs.gov.br/saude).




Conheça as principais Zoonoses:


Zoonoses e Doenças
Parasitárias
Agente Etiológico
Principais Fontes de Infecção e Reservatórios
  Vias de Transmissão
Criptosporidiose
 Cryptosporidium spp
 Mamíferos
 Ingestão de água e alimentos contaminados com oocistos
 Doença de Chagas
 Trypanosoma cruzi
 Mais de 200 espécies de mamíferosprincipalmente o gambá Didelphis sp
 Contato com as fezes dos vetores biológicos (hemípteros) principalmente dos gêneros Triatoma, Panstrongylus e Rhodnius contendo tripomastigotas
 Giardíase
 Giardia intestinalis
 Carnívoros
 Ingestão de água e alimentos contaminados com cistos
 Larva migrans cutânea
 Ancylostoma braziliensis
 Canídeos
 Solo contaminado com ovos do parasita e através da pele (larvas)
 Larva migrans visceral
 Toxocara canis
 Canídeos
 Fecal-oral (solo contaminado com ovos do parasita)
 Leishmaniose tegumentar
 Leishmania braziliensis
 Roedores (principais), preguiça, tamanduá,
canídeos, eqüídeos
 Vetores biológicos flebotomíneos Lutzomyia spp (mosquito-palha)
 Leishmaniose visceral
 Leishmania chagasi
 Canídeosprincipais reservatórios
 Vetores biológicos flebotomíneos Lutzomyia spp (mosquito-palha)
 Toxoplasmose
 Toxoplasma gondii
 Felídeos e animais endotérmicos
 Ingestão de oocistos esporulados na água e alimentos contaminados, carnivorismo (cistos teciduais-bradizoítas) ou transplacentária (taquizoítas)



 Zoonoses e doenças infecciosas
 Agente Etiológico
  Principais Fontes de Infecção e Reservatórios
 Vias de Transmissão
 Brucelose
 Brucella abortus B. suis,B. ovis e B. canis
 Ungulados e carnívoros
 Ingestão de pastos contaminados com brucélas através de fetos abortados, placenta e líquidos uterinos. Exposição por meio das mucosas genital e conjuntival, da pele e das vias respiratórias
 Febre maculosa
 Rickettsia rickettsii
 Capivaras.Principal reservatório suspeito
 Através de picadas de carrapatos, possivelmente do gênero Amblyomma spp
 Histoplasmose
 Histoplasma capsulatum
 Morcegos e aves
 Através da inalação dos esporos dos fungos em ambientes fechados, cavernas principalmente
 Leptospirose
 Leptospira interrogans.Diversos sorovares
 Roedores e carnívoros
 Por meio de contato de mucosas ou pele com água, fômites ou alimentos contaminados com urina dos animais (fontes de infecção)
 Raiva
 Lyssavirus
 Morcegos e carnívoros
 Através da mordedura de animais raivosos
 Salmonelose
 Salmonella spp
 Répteis, aves e mamíferos
  Através da ingestão de salmonelas viáveis
 Tuberculose
 Mycobacterium
tuberculosis e M. bovis
 Mamíferos: Herbívoros, carnívoros e primatas
 
 Através da inalação de esporos no meio ambiente, principalmente fechado.
Fonte: Portal da Educação.


Por  Aline Zuse e Rúbia Keller

2 comentários:

MDeLi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MDeLi disse...

Super importantes estas informações. Excelente artigo.