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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Uma chance de cura para o diabetes

Uma cirurgia para quem sofre de diabetes tipo 2, decorrente de insuficiência na produção de insulina pelo corpo, já está sendo usada com sucesso no Paraná. A cirurgia é resultado de criação do biólogo Roberto Ferreira Artoni, do Departamento de Biologia Estrutural Molecular e Genética da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), e do cirurgião Fábio Quirillo Milléo, do Instituto de Pesquisa Aplicada em Medicina de Ponta Grossa. O projeto tem 100% de remissão desde o seu início em 2005.
O diabetes tipo 2, ou síndrome plurimetabólica, diferente do tipo 1 que é autoimune, afeta pessoas com altos níveis de triglicerídeo e mau colesterol, hipertensão, obesidade e hiperglicemia. Esses fatores, combinados a uma vida sedentária, podem facilitar para que o diabetes tipo 2 se instale no organismo.
A cirurgia chamada de entero-omentectomia é produto de duas outras. A omentectomia e a enterectomia. A primeira extrai a gordura visceral adquirida pelo estômago e que é responsável pela produção de hormônios que podem prejudicar o bom funcionamento do organismo. Já a enterectomia, reduz o intestino delgado, assim o alimento chega mais rápido e em maior volume ao trecho final de intestino. Isso estimula a produção de peptídeos, são eles que regulam a secreção da insulina pelo pâncreas. A insulina é o hormônio que tem o papel de regular a glicose no sangue.
O projeto começou com o interesse do cirurgião Fábio Milléo sobre os resultados dos procedimentos com entero-omentectomia e redução de estômago. Os pacientes que procuram a cirurgia para redução do peso na maioria têm pressão alta e diabetes do tipo 2, além de triglicerídeos e colesterol em alta. Porém, logo após deixarem o hospital, passaram a ter padrões normais nos níveis de insulina e glicemia e a pressão passou a ser regular. Com isso, os medicamentos contra diabetes se tornavam desnecessários.
A ideia de realizar a cirurgia em pessoas que não precisavam perder peso veio do médico Roberto Artoni. Os dois médicos, reunidos com uma equipe multidisciplinar descobriram a técnica. O procedimento desenvolvido pelo grupo teve a aprovação da Comissão de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UEPG e foi validado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, a Conep.
A síndrome plurimetabólica (diabetes tipo 2), tem 62 genes identificados. Os estudos agora são para saber como a cirurgia modifica a atuação desses genes no organismo. A meta da equipe é desvendar como se pode prevenir a doença.
A cirurgia em questão, segundo o Artoni, é resultado de um desenvolvimento cultural. Os alimentos que o homem consumia na pré-história eram naturais e absorvidos ao longo do processo digestivo. Com a mudança alimentar, os hábitos de se ingerir produtos industrializados acarretaram em uma fácil absorção pelas fases iniciais da digestão. Ou seja, o alimento da modernidade não chega á etapa final do ciclo digestivo, sendo assim, não liga o botãozinho que fabrica a insulina.
A recomendação é: alimentos naturais, com fibras e proteínas correm mais até a linha de chegada. E são eles que garantem que nosso corpo tenha a insulina suficiente para dar um “stop” nas taxas de glicose.


Larissa Sarturi
Texto produzido com base na matéria publicada por Helen Mendes na edição de agosto de 2010 da Revista Ciência Hoje.

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