
Além de diminuir a velocidade e destruir graduavelmente os cascos dos navios, esses organismos ao serem transportados de sua distribuição geográfica original para outro local, podem adaptar-se ao novo ambiente, desenvolvendo-se consideravelmente e disputando espaço com as espécies nativas, ameaçando a sobrevivência destas.
Os incrustantes mais encontrados nas embarcações são: as cracas, os briozários, as algas, os hidrozoários, as esponjas, as anêmonas e outros. No Brasil um exemplo do problema é o mexilhão Prena perna.
Esse mexilhão comestível presente em diversas áreas do litoral brasileiro e por muito tempo considerado uma espécie nativa, na verdade é uma espécie exótica, pois estudos da bióloga Rosa Cristina C. L. Souza revelaram que não há vestígios desses moluscos em sambaquis (deposito de conchas e artefatos humanos no litoral feito por antigas populações indígenas).
Existem poucas pesquisas sobre o transporte das espécies nas embarcações brasileiras. Uma delas foi com o cargueiro salineiro Frotargentina e a lancha balizadora Tubarão, da Marinha Brasileira. No cargueiro foram constadas seis espécies nativas e uma exótica, cracas e macroalgas foram os organismos mais encontrados no casco do navio. Já na lancha Tubarão foram identificadas 43 espécies incrustadas, na sua maioria cracas brasileiras nativas e exóticas, o mexilhão Perna perna, o poliqueto, hidrozário, briozário e macrolagas.
A diferença no número de organismos do cargueiro para a lancha se dá a partir de sua pintura. No navio Frotargentina a pintura anticrustante é à base de TBT (tributil estanho) um regente que antes mesmo do seu banimento os principais fabricantes decidiram parar de produzi-lo, pois, causa problemas hormonais em alguns moluscos, levando o surgimento de estruturas sexuais masculinas nas fêmeas.
Na lancha o aumento de organismos, em relação ao cargueiro deveu-se principalmente ao tipo de tinta incrustante livre de estanho, mas menos eficiente que as tintas com TBT.
Novas fórmulas estão sendo desenvolvidas, inclusive no Brasil, empregando-se biocidas extraídos de organismos marinhos, o que permitirá uma nova perspectiva no combate às incrustações, com tintas eficientes, mas de baixa toxidade.
Como os crescentes investimentos no setor naval tendem a aumentar o numero do fluxo de embarcações dentro do país, é urgente conheçamos a biologia e a ecologia das espécies incrustadas para fundamentar as decisões sobre a preservação e a solução de possíveis casos de introdução de espécies em seus cascos, visando proteger os ecossistemas marinhos da costa brasileira.
Diego Diniz
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