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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Divulgação científica: inovação x promoção

O modelo de jornalismo científico no Brasil, não é muito diferente do americano. Editoras e emissoras fazem uso de uma linguagem informal para atrair o público. O uso de metáforas e hipérboles também é evidenciado nesses veículos. O consumidor deste tipo de publicação tem referências científicas o tempo todo referenciadas pelas fontes. Uma matéria de ciência busca levar a sociedade dados descobertos em pesquisas criteriosas. As instituições financiadoras destas pesquisas também atendem a investimentos nas indústrias.
A publicação de pesquisa cientifica em uma revista de status envolve a representação dela diante do veiculo, os interesses editorias, além dos acordos com laboratórios. Ou seja, os rigores científicos podem ser pensados no Brasil como um investimento para a pesquisa que vai trazer lucro para todos os âmbitos e não pelo cunho inovador dentro da ciência. “Ao apresentar-se perante a esfera pública apenas como fonte de inovação, palavra de ordem e pedra-de-toque da hora, a pesquisa científica se barateia e subordina a uma lógica alheia, a da rentabilidade imediata, exilando-se voluntariamente do seu próprio território, a cultura” afirma o pesquisador Marcelo Leite no artigo “O Atraso e a Necessidade: Jornalismo científico no Brasil”.
Além disso, a linguagem que o jornalismo utiliza para simplificar a linguagem cientifica é muito criticada pelos pesquisadores. A fim de tornar o discurso mais acessível aos leitores, muitas vezes o jornalista distorce a interpretação em relação ao assunto pesquisado ou desvia os interesses do autor.
A mídia, ao mesmo tempo em que dá espaço para o campo das ciências, é usada como pilar de muitas instituições privadas diante da esfera pública. No artigo Os equívocos do Jornalismo Científico no Brasil, professor Wilson da Costa Bueno afirma que “o jornalismo científico, que temos por aqui, com as exceções de praxe (e não são muitas) continua pouco investigativo, refém das pautas externas e de temas muitas vezes deslocados da nossa realidade. Certamente, a falta de uma “cultura de comunicação” nas nossas principais universidades, empresas e institutos de pesquisa; e a falta de consciência dos editores e empresários da comunicação, que buscam pautas óbvias, oficialescas, contribuem para isso”.
Sendo assim, o jornalista que trabalha para a divulgação da ciência que centralizar sua demanda de instituições que querem a visibilidade da sua marca e não reconhecimento por um trabalho importante, bem sucedido e utilidade pública, certamente será criticado. “O equívoco maior está na prática de um jornalismo científico que vive a reboque de fatos sensacionais, que não atende à sua função pedagógica e que não está comprometido com o processo de democratização do conhecimento" diz Bueno.

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