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domingo, 8 de novembro de 2009

Do berço para o mundo

“A primeira noite longe de nossas asas”. Foi com esse título que a jornalista Fabiana Sparremberger relatou no Blog Em Nome do Filho, a experiência de passar a primeira noite distante do seu pequeno Bruno , de 4 anos. Cada nova descoberta e conquista dos pimpolhos se tornam um ato heróico para quem acompanhou a sua evolução. No início, em tudo, os bebês dependem dos progenitores. Com o tempo isso vai se transformando, os primeiros sinais de independência surgem. É como se os pais levassem os filhos para uma pracinha e os colocassem em um balanço. E, quando estes estivessem lá no alto criassem asas e voassem.
A busca por ensino e crescimento profissional é um dos motivos pelos quais jovens saem da casa de seus pais, principalmente aqueles que moram em pequenas cidades do interior . Esse foi o caso da jornalista e mestranda em Ciências Sociais Francieli Rebelatto, 25. Há sete anos ela deixou a cidade de Charrua com o sonho inicial de ser escritora. O processo de adaptação à nova cidade e as novas amizades foram algumas mudanças pelas quais passou, mesmo no início morando com o seu irmão. Segundo Francieli, os pais sempre teriam projetado no filhos as oportunidades que eles não conseguiram ter e lembra como foi quando veio para Santa Maria “Foi a segunda vez na vida que vi meu pai chorando. A primeira foi quando meu irmão foi embora, alguns anos antes”,
Há pais que, embora sintam saudades, encaram esse processo como natural. Já, para outros, a saída dos filhos de casa gera a Síndrome do Ninho Vazio. As mudanças na rotina se alteram e há sentimento de falta e até de perda. Essas transformações altera a rotina do casal que antes tinha como foco a vida do filho . “ Nesse momento então, vendo-se ‘sós’ em casa, eles precisam enfim olhar para a própria relação e enfrentar o que até então permanecia em segundo plano. Como se ambos se olhassem e dissessem ‘agora somos nós dois outra vez”, comenta a psicóloga Priscila Friggi . O sofrimento exagerado com a ausência do filho pode fazer também com que esse não se sinta livre o suficiente para executar as suas tarefas necessárias. Nessa etapa da vida a psicóloga salienta a importância dos pais buscarem apoio psicoterapêutica . “ Ao buscarem essa ajuda, eles estarão não apenas aprendendo a lidar com essa situação, como também reaprendendo a olhar para dentro do próprio casamento e relação conjugal”, ressalta.
Quem também teve de deixar a casa dos pais em Agudo para ter acesso ao ensino superior é a acadêmica de Biologia Hulia Scherer, 20. Ela mora em São Gabriel e a distância é um dos motivos que faz com que não vá todos os finais de semana para casa da família. “Me sinto para baixo se fico muito tempo sem ir visitar meus pais. A gente conversa muito pelo telefone mas não é a mesma coisa. Bem melhor estar junto” , diz Hulia.
Para a artista plástica e professora aposentada Maria Célia Dalcin, 63 , a saída dos filhos de casa já era prevista. Tiago e Sabrina precisavam buscar novas oportunidades após a conclusão do ensino médio e isso implicava mudança de cidade. Maria Célia comenta que quando estavam em família tudo era planejado em função deles, como o cardápio, o lazer e a escola. Com os filhos fora de casa se acentuaram preocupações com a alimentação , segurança e vestuário. Para a artista plástica de Agudo, mesmo sabendo que o jovem de hoje gosta de morar sozinho, também há a preocupação pela pouca idade deles ao deixarem o ambiente familiar. As novas tecnologias são aliadas dessa família. Por meio do telefone, MSN, email e web can os pais podem se comunicar com Tiago que está na Bahia e Sabrina que está mais próxima, mora em Santa Maria. O fato de estar acostumado com os filhos no convívio familiar e depois de um tempo haver essa ruptura e o contato ser menos freqüente traz saudade e é necessário um tempo de adaptação. Maria Célia define esse momento como parecendo uma peça que a vida estava pregando mas conclui: “Sabe-se que os filhos são como pássaros,temos que ensiná-los a voar”.

Francine Boijink

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