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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Bullying: ameaça na escola


Seu filho não gosta de ir à escola e está com as notas ruins. Você já reduziu as horas de vídeo-game dele, cortou a televisão, mas nada mudou. Pode ser que não sejam as excessivas horas na frente do computador ou o fato dele ir dormir tarde que justifiquem esta má vontade de estudar. Seu filho pode estar sofrendo o tipo de agressão denominada "bullying".


O "bullying", palavra de origem da língua inglesa (bully, que significa valentão) significa a prática de violência na qual uma ou mais pessoas agridem e humilham alguém incapaz de se defender. Segundo a psicóloga Dalva Lopes Gonçalves, a prática tem origem na própria família: “Questões como desestruturação familiar, relacionamento afetivo pobre, maus tratos e explosões emocionais por parte dos pais podem desencadear este comportamento em um indivíduo”.
Um jovem que xinga os professores e bate nos colegas, ou não quer ir mais no colégio e volta com as roupas rasgadas, pode estar praticando ou sendo vítima de "bullying". Segundo Dalva Gonçalves, independente do caso, o jovem deve procurar ajuda psicológica para um trabalho de orientação, mas o principal está no “ papel dos pais, dando atenção e afeto ao jovem”.

O tratamento ao praticante da agressão é recomendado enquanto a pessoa ainda é jovem, pois na medida em que envelhece, o indivíduo torna hábito xingar vizinhos e colegas de trabalho. Se não tratado, Dalva avalia que a pessoa pode ter conseqüências tanto no trabalho como na vida particular: “A pessoa pode perder uma ótima oportunidade de emprego ou um relacionamento, por ter este temperamento agressivo e intolerante”.
O estudante Fernando Costa, hoje na universidade, lembra como foram difíceis os tempos do colégio. “Na oitava série, eu era o chamado courinho da turma. Todos me humilhavam. Nunca sofri agressão física, mas a psicológica era horrível”. A solução encontrada foi a troca de escola. O estudante melhorou seu rendimento e sentiu-se mais confiante: “Eu senti de novo a vontade de ir às aulas. Nunca fui muito de estudar, mas sempre gostei de estar no ambiente escolar”, conta Fernando.
Como o bullying também se desenvolve facilmente no âmbito escolar, é importante que os professores estejam atentos às atitudes de seus alunos: “Acredito que se os professores estiverem atentos ao comportamento da turma, orientando e intervindo, poderemos prevenir muitos casos”, ressalta Dalva Gonçalves.
A professora e psicóloga Micheline Ritzel conta que atuando como educadora há dez anos, já presenciou casos de bullying: “Já presenciei pequenos furtos, ameaças, ofensas, agressões físicas. Mas o que mais se vê é alunos que apelidam, xingam e zoam outros colegas. Muitas vezes estes alunos justificam suas atitudes como uma brincadeira, ou ainda como forma de se defender de algum tipo de agressão”. Ritzel conta que nesses casos, parou a aula e conversou com os alunos: “Sempre parei a aula e orientei meus alunos quando via essas atitudes, alertando eles das conseqüências que o bullying pode trazer à vida escolar e social do adolescente”.
A Secretaria Municipal de Educação,em Santa Maria, informou não ter dados específicos registrados sobre o bullying. Porém, a coordenadora do eixo do Ensino Fundamental, professora Neuza Pereira explicou: “Com certeza os professores presenciam esse tipo de comportamento em sala de aula, só não sabem que isso é um comportamento chamado bullying”. E é em cima deste ponto que iniciou na última segunda-feira, 20 de outubro, o I Curso de Formação de Profissionais da Educação: Escola que protege na Universidade Federal de Santa Maria, sobre violência nas escolas para professores da rede Estadual, Municipal e Particular. O curso, que vai até 31 de outubro, está divido entre manhã e tarde, contara com palestras e oficinas sobre diversos temas que englobem violência infantil nas escolas. O curso é promovido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Formação Inicial, Continuada e Alfabetização da UFSM (GEPFICA), com apoio do Ministério da Educação e do Centro de Educação da UFSM.
Por Adriano Sartori e Bruno Tech

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