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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Pesquisa revela que o acesso a conteúdos relacionados à Ciência e Tecnologia é escasso no Brasil

A quarta edição da pesquisa Percepção Pública da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil revelou que os brasileiros possuem escasso acesso à informação científica e tecnológica, embora tenham bastante interesse sobre as áreas. A pesquisa realizada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), no ano de 2015, também avaliou o interesse por temas como Política, Moda, Esportes, Arte e Cultura, Economia, Religião, Meio Ambiente e Medicina e Saúde.

Segundo a pesquisa, 61% dos brasileiros são interessados em Ciência e Tecnologia, uma porcentagem bem maior que as apresentadas para temas como Esportes (56%), Moda (34%) e Política (28%). Áreas como Meio Ambiente e Medicina e Saúde também apresentam interesse elevado, com 78% para ambos, comparável ao interesse por Religião, que representa 75%.

Embora elevado, o interesse por C&T caiu em relação aos dados levantados em 2010. No ano, o número era de 65%. O interesse por moda também apresentou baixa significativa. Já os interesses declarados em Política e Religião permaneceram os mesmos. Os percentuais levantados no Brasil são comparáveis ou superiores às médias da maioria dos países nos quais tais enquetes foram efetuadas. Na União Europeia, 53% da população entrevistada declarou interesse por C&T.

Meios de comunicação mais utilizados para consumo da informação

A TV é o meio de comunicação mais utilizado pelos brasileiros para adquirir informações sobre C&T há anos. Cerca de 21% consome com mais frequência e 49% com menos frequência. Meios como jornais, revistas, livros e conversas com amigos, são cada vez menos utilizados pelos brasileiros para consumo desse tipo de informação.

O uso da internet e das redes sociais como fonte de informação sobre C&T dobrou entre 2006 e 2015 (de 23% para 48%), e já se aproxima da TV (18% consome com muita frequência). É provável que tal uso seja maior entre os jovens. Sobre a qualidade desta divulgação, metade dos brasileiros avalia como satisfatórias as notícias sobre descobertas científicas e tecnológicas. Uma parcela equivalente a 20% acha a divulgação mediana e o restante considera insatisfatória no que se refere à qualidade do conteúdo divulgado. Os principais motivos apontados pelos brasileiros que descontentes são número insuficientes de matérias veiculadas e fontes não confiáveis.

Cresce o número de visitantes a espaços científico-culturais

A pesquisa revelou ainda um crescimento no número de brasileiros que visitam espaços científico-culturais e que participam de atividades públicas de popularização da ciência. De 13% constatados em 2006, o número de participantes em feiras e olimpíadas de ciência foi para 21%, em 2015. Também houve crescimento significativo na visitação a museus ou centros de C&T – de 4% para 12% - mais intenso entre os jovens. Foi observado que o crescimento mais forte ocorreu em regiões que eram menos favorecidas em termos de infraestrutura de C&T e de divulgação científica. A inexistência de espaços científico-culturais é a principal razão pelo pouco envolvimento dos brasileiros. Espaços científico-culturais ligados à natureza, como jardins botânicos, zoológicos e parques ambientais, tem visitação anual significativa, alcançando cerca de 30% dos brasileiros.

Grande parcela dos brasileiros são otimistas quanto a C&T 


A maioria dos brasileiros acredita que a C&T está associada somente a benefícios para a humanidade - cerca de 73%. Apenas 4% acredita que os malefícios sejam preponderantes. O resultado é semelhante ao constatado nas enquetes internacionais: 73% dos chineses são otimistas, bem como 63% dos americanos.

Índice de confiança entre os profissionais que são fontes de informação

Os cientistas ligados a instituições financeiras têm o maior índice de confiança entre os profissionais que lidam com a divulgação da informação, acima de jornalistas e médicos. O índice dos jornalistas, no entanto, cresceu desde 2006, superando o dos médicos em 2015. O nível de confiança em políticos permaneceu baixo em todas as enquetes.

Maioria dos brasileiros considera o país atrasado em pesquisa

Cerca de 43% dos brasileiros considera que o Brasil está atrasado em pesquisa.  A maioria apoia a ideia de que devem ser feitos maiores investimentos de recursos públicos em C&T e aponta tal desinteresse é a razão para que não haja maior desenvolvimento na área. Segundo eles, as áreas de medicamentos e tecnologias deveriam receber mais investimentos que as demais: energias alternativas, agricultura, mudanças climáticas e exploração dos recursos da Amazônia.

Preocupação da população brasileira

O Desmatamento da Amazônia é a maior preocupação dos brasileiros (9,2 em escala de 1 a 10), seguido por efeitos das mudanças climáticas e do aquecimento global (9), uso de pesticidas na agricultura (8,4), uso da energia nuclear (8,1) e plantas transgênicas ou comida com ingredientes transgênicos como possíveis causadoras de doenças (7,9).

Nomes de cientistas e instituições de pesquisa caem no esquecimento 

A Pesquisa Percepção Pública constatou que uma parcela muito pequena dos brasileiros lembra o nome de alguma instituição de pesquisa (12%) e apenas 6% lembraram o nome de um cientista brasileiro. O desconhecimento entre os jovens também é significativo.


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