Segundo
análises feitas por Filipe Fernandes Ribeiro Mostardo, o estilo de jogo adotado
como símbolo do futebol nacional, o futebol-arte, foi edificado em densas
narrativas da imprensa nacional. Segundo as pesquisas, esse termo começou a ser
utilizado no final da década de 30 e consolidou-se na década de 70.
Para a realização da pesquisa, foram
analisadas edições dos jornais Jornal do Brasil e O Globo durante as Copas do
Mundo que aconteceram entre os anos de 1950 e 1970. Apesar dessa limitação
temporal, a pesquisa remeteu o pesquisador ao ano de 1938, onde o embrião do
futebol-arte brasileiro foi criado. Após a Copa do Mundo de 38, Gilberto Freyre,
sociólogo e jornalista, publica em sua coluna do Diários Associados de
Pernambuco, um texto que se tornou emblemático no que diz respeito ao futebol
brasileiro. Segundo o jornalista, o futebol nacional contrastava com o futebol
europeu em relação a velocidade e a capacidade de improvisação
que, segundo ele, era decorrente da mestiçagem do povo brasileiro. A seleção
brasileira terminou o campeonato na terceira posição e teve Leônidas da Silva,
o “diamante negro”, como artilheiro do campeonato, o que acabou chamando a
atenção dos jornalistas europeus.
Já mais consolidado, o Brasil abre a
década de 50 sediando uma Copa no país. Após fantásticas exibições, a seleção
acabou derrotada pelo Uruguai em pleno Maracanã, fato conhecido até hoje como
“Maracanaço”. Já na copa seguinte, em 54, a seleção perdeu para a forte equipe
húngara e, mesmo assim, ainda era exaltada pela facilidade que seus jogadores
tinham para improvisar em campo.
No final da década de 50, mais
precisamente em 1958, a equipe brasileira consegue finalmente alcançar o título
de campeão mundial de futebol, o que acabou sendo extremamente exaltado na
imprensa nacional. Segundo o artigo, é nesse momento em que começa a se
consolidar o futebol-arte como algo restritamente relacionado ao povo
brasileiro. A consolidação definitiva do futebol-arte acontece no México, em
1970, quando os preparadores físicos da seleção brasileira elaboraram o
“Planejamento México”, um plano de preparação física para os jogadores. Após o
título, os jornais exaltaram a capacidade dos jogadores canarinhos e do plano
físico. Porém, segundo Salvador e Soares, preparadores físicos criadores do
“Planejamento México”, com o tempo a cientificidade do planejamento seria
secundarizada. Desse modo, o estilo de jogo nacional ficaria limitado a
"aquilo que acontece naturalmente", deixando de lado toda a
preparação física pensada para aquele ano.
A pesquisa, de maneira geral, tenta
afirmar que o estilo "futebol arte" adotado pelas seleções
brasileiras, estão enraizados na década de 70, afinal a partir desse momento
nos tornamos "o maior campeão do mundo", "detentores do talento"
e reconhecidos mundialmente, o que torna o nosso estilo de jogo, um importante
elemento na formação de uma identidade brasileira.
Luiz Gustavo Mousquer de Oliveira
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