Pesquisar este blog

quinta-feira, 13 de junho de 2013


Como levar a ciência a público 


O conhecimento tecnológico e científico - veja.abri.com.br

                 Para a produção de textos científicos, segundo Cláudio Bertolli Filho, em seu artigo "Elementos fundamentais para a prática do jornalismo científico" alguns critérios devem ser considerados, como interesse humano e social, impacto e critérios de noticiabilidade. A colunista  e  geneticista Mayana Zatz [1], mantém tais cuidados em  suas matérias, como pode-se analisar em a “Clonagem da ovelha Dolly abre caminho para futura prevenção de doenças mitocondriais” e “Bebes normais devem ter seus genomas sequenciados?” publicadas no site da revista Veja, na editoria de ciência e disponíveis no  link .

           Os critérios utilizados nesses textos, em específicos, apresentam questões fundamentais na construção de um texto de qualidade e relevância para o campo jornalístico no âmbito da ciência e tecnologias. Entre tais aspectos, a cientista se preocupa em apresentar as informações de maneira diferenciada, tendo a atenção de escrever de forma bem simples e coloquial, para que a notícia possa chegar até a população em geral e ser compreendida corretamente.Em todos os textos publicados pela autora há uma série de subtítulos ligados ao tema com explicações e coleta de dados. 

                No texto sobre a clonagem da ovelha Dolly, a autora esclarece como esta descoberta abre novas possibilidades na medicina contemporânea  Para chegar a tais possibilidades, a autora contextualiza e explica os principais fatos com relação à clonagem para depois instruir como o procedimento pode prevenir doenças mitocondriais. Mas, a pesquisadora não se baseia somente no lado positivo da descoberta, ela também alerta para alguns problemas que ainda precisam ser resolvidos. Mesmo assim, Mayana deixa claro, neste texto, que torce para que a metodologia utilizada na clonagem da ovelha Dolly possa, sim, prevenir as doenças mitocondriais. Ou seja, o comprometimento de mostrar que existem várias alternativas a partir da clonagem expõem a ética profissional da autora na publicação de um avanço que poderia lhe trazer maior visibilidade, antes mesmo, de levar a público o devido conhecimento. Esta, é uma das questões que envolvem e polemizam o universo científico, e que muitas vezes acabam por desmerecer a importância de tais informações chegarem ao grande público.

            Já na outra postagem, sobre a questão de sequenciar ou não os genomas de bebês normais, a autora é bem mais crítica. Aqui, além de falar sobre os benefícios dessa técnica, ela questiona o leitor sobre outras possíveis soluções. Quando a pesquisadora se refere aos benefícios, enfatiza que todos eles são a longo prazo e, assim, declara não ser totalmente a favor do desenvolvimento dessa descoberta.
É importante lembrar que em todas as suas postagens, a pesquisadora interpela o leitor para saber a sua opinião sobre o assunto e, também, promover a interação com a sua coluna no site.

        Dentro da visão científica pode-se entender que Mayana Zatz procura não só satisfazer as necessidades do leitor, como também oferecer a ele conhecimento sobre ciência de uma forma coloquial e dinâmica. A capacidade de afirmar uma relação de familiaridade com o público torna a leitura e o entendimento das informações mais acessível, bem como, o interesse pelo cenário científico e tecnológico algo muito mais natural. 

Por  Mariane B.Dall'Asta e Yuri Nascimento



[1] Mayana Zatz possui graduação em Ciencias Biologicas pela Universidade de São Paulo (1968), Mestrado em Ciências Biológicas (Biologia Genética) pela Universidade de São Paulo (1970) Doutorado em Genética pela USP (1974) e pós-doutorado em genética humana e médica pela Universidade da California UCLA (1977) É Profa. Titular de Genética do Instituto de Biociencias da USP. Foi Pró-reitora de Pesquisa da USP (2005-2009).É Coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano e do Instituto Nacional de Células-Tronco em doenças genéticas, É membro da Academia Brasileira de Cièncias e da Academia de Ciências dos Países em Desenvolvimento - TWAS e Presidente Fundadora da Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM).
É colunista da revista VEJA onde já publicou mais de 250 artigos científicos para leigos. É autora do livro "Gen ÉTICA: escolhas que nossos avós não faziam". Tem grande interesse em questões éticas relacionadas com o Genoma Humano, testes genéticos e células-tronco. Desde agosto de 2010 faz parte do corpo de revisores (BORE) da Revista Science. Participou ativamente da aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias pelos parlamentares (2005) e STF (2008).

Nenhum comentário: