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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A difícil tarefa de popularizar o conhecimento


Por Camila Cunha
Divulgar ciência na mídia pode não ser uma tarefa muito fácil. Os conflitos surgem devido à divergência de discursos dos jornalistas e de profissionais de outras áreas especializadas. É necessário adequar a linguagem científica para a linguagem jornalística.
Para a jornalista Aline Dalmolin, mestre e doutora em Comunicação pela Unisinos, não foi difícil fazer essa adequação. A jornalista que teve trechos da sua dissertação sobre a reforma editorial executada por Padre Lauro Trevisan na revista Rainha publicada no Diário de Santa Maria, explica a forma como esquematizou sua publicação: “Procurei escrever um texto que articulou as entrevistas obtidas como dados na pesquisa, como se fossem entrevistas, ou seja, utilizando as informações do entrevistado como declarações”. Dalmolin ressalta que para isso solicitou uma nova autorização do entrevistado, visando as questões éticas de publicar as informações fora do âmbito original, no caso sua dissertação de mestrado.   Segundo o advogado, ex-promotor e professor de direito da Ulbra de Santa Maria, João Marcos Adede y Castro, é natural que o jornalista não compreenda a linguagem técnica muitas vezes utilizada em seus diversos trabalhos publicados na mídia. Por isso sempre envia aos jornalistas um resumo de suas pesquisas.
Adede y Castro afirmou que os jornalistas redigiram os textos das publicações sozinhos, apenas contando com as informações que lhes foram passadas. O advogado ainda ressaltou que, em raros casos, os jornalistas telefonaram para pedirem mais esclarecimentos sobre o assunto da pesquisa. Já Dalmolin afirma que o texto foi inteiramente redigido por ela mesma. Os jornalistas só realizaram o trabalho de edição e inclusão de imagens.
São estas questões que geram polêmicas. Será que os jornalistas estão preparados para divulgarem pesquisas de outras áreas sem perder a credibilidade?
Além de disseminar o conhecimento cientifico é necessário interpretá-lo e contextualizá-lo para que o leitor possa entender sua real dimensão. Porém, essa adequação impõe riscos e distorções nos conteúdos cientificos.  
Adede y Castro encara esses “erros” como naturais ao processo, mas no seu caso nenhum destes desvios comprometeu a informação que estava sendo passada.
Aline Dalmolin avalia a relação entre jornalistas e cientistas como amistosa e cordial, atingindo sempre o objeto de passar a pesquisa de uma forma melhor, e mais acessível. A pesquisadora conclui, dizendo que se não existisse essa relação, o público jamais teria acesso a informações importantes que muitas vezes ficam restritas apenas ao mundo acadêmico.
O papel do jornalista é essencial na divulgação e na democratização da ciência, e para que os trabalhos de pesquisadores não fiquem apenas restritos a pesquisadores ou guardados em gavetas. Divulgar pesquisas científicas é popularizar o conhecimento. Apesar de culturas diferentes os trabalhos de jornalistas e pesquisadores devem ser somados.
Graça Caldas em seu artigo sobre divulgação científica(2010) fala sobre essas diferenças que devem ser agregadas: “[...] devem utilizar as diferenças, exatamente, para garantirem a distribuição do saber, do conhecimento, em benefício público, para que a sociedade possa participar ativamente dos processos decisórios sobre assuntos que interferem diretamente no cotidiano”. 

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