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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Um grupo de pesquisa que inova

Grupos de Pesquisa compreendem um conjunto de pesquisadores com linhas de pesquisa comuns que se unem para compartilhar experiências. Esses grupos são essenciais tanto para o desenvolvimento da pesquisa, como para a articulação de cursos de graduação e de pós-graduação. Assim, a partir de um encontro da ANPUH – Associação Nacional dos Profissionais de História, pesquisadores que estudavam a área da saúde criaram um GP – Grupo de Pesquisa inovador, e que possui colaboradores de diversas instituições, cidades e estados brasileiros.
Em 2002, foi fundado o prupo de pesquisa Corpo, Saúde e Doença da UFSM, que agrega docentes e acadêmicos da área de ciências humanas, mais especificamente do curso de história. Além desses, professores de outras instituições, como da Unifra, e de outras cidades ou estados, como da UFPel e a UFRJ, também participam do quadro de pesquisadores. Atualmente, o grupo de pesquisa é cadastrado no CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, e conta com as professoras Beatriz Teixeira Weber (líder do grupo), Lorena Almeida Gill, Nikelen Acosta Witter e Sandra da Silva Careli como pesquisadoras oficiais junto a cinco acadêmicos do curso de história. Entretanto, outros pesquisadores colaboram com o grupo.
A escolha do tema saúde não é por acaso, segundo Nikelen Witter, o nome do grupo foi pensado de modo que incluísse a medicina e, principalmente, estudos sobre curandeirismo. A pesquisadora iniciou suas pesquisas na área estudando o curanderismo e a relação dele com a medicina do século XIX, estudo esse que deu origem ao livro “Dizem que foi feitiço, as práticas da cura no sul do Brasil (1845-1889)”. Após, Nikelen estudou como as pessoas agiam quando não havia médicos, nem hospitais, traçando esse itinerário para o século XIX. Pesquisas sobre práticas de cura em geral, sobre um ponto de vista histórico, são a temática estudada pelos pesquisadores do grupo. Segundo a líder do grupo, Beatriz Weber, “as diversas práticas de cura articulam o conhecimento e as práticas de cada época, produzindo complexos sistemas sociais para a cura”. Dentre as pesquisas, encontram-se as mais diversificadas práticas populares de cura, como espiritismo, homeopatia, dentre outras.
A pesquisadora Lorena Gill, atualmente tem um estudo de levantamento de profissões em extinção que, ao localizar a profissão do benzedor, se voltou para esse tipo especifico de serviço e, assim, Lorena criou um projeto de história oral, resgatando relatos de atuantes nessa área no século XX na cidade de Pelotas, RS.
Outro estudo do grupo, realizado pela professora Beatriz, chama-se “estratégias homeopáticas: a Liga Homeopática do Rio Grande do Sul nos anos 1940-1950”. A pesquisadora afirma que, hoje em dia, a homeopatia já é considerada uma prática médica, entretanto “a lógica dos discursos compõe-se como reação estratégica à desqualificação da proposta homeopática, ditada pelas condições históricas que permeavam as práticas médicas no decorrer das décadas de 1940 e 1950”, afirma.
Os estudos do grupo são diversificados e amplos, e visam tratar as práticas de cura como atividades que disputam espaço social. Dessa forma, parte do pressuposto que compreender a história médica é fundamental para entender a organização e evolução da cura na sociedade, bem como analisar de que forma epidemias surgem e como essas eram tratadas. Além dessa abordagem, as pesquisas também estão voltadas para as diferentes abordagens dadas ao corpo, à morte, à alimentação, ou seja, “todas as atividades pertinentes as tentativas de manutenção da vida e da saúde dos indivíduos”, como afirma Beatriz.
Foi a partir da amplitude de conhecimentos que essa área de pesquisa propiciou que a professora Nikelen Witter se interessou em estudar, também, a história da alimentação, do vestiário, da leitura, entre outras segmentações, pois, tudo está ligado a práticas humanas relativas à qualidade de vida. Nikelen afirma estuda nessa área toda a parte dietética e, inclusive, o tecido, que em épocas de pestes, era necessário ser mais fechado.
Com mais de sete anos de jornada, o Grupo Corpo, Saúde e Doença já possui um amplo acervo de materiais doados e de pesquisas sobre a temática. Com o passar do tempo, como afirma Beatriz Weber, o desafio é tentar agregar outras áreas. Hoje, por exemplo, a pesquisadora orienta alunos no mestrado voltado à psicologia da saúde da UFSM, e seus alunos ampliam mais as diversidades de pesquisa.

Por Emanuelle Bueno

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