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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Biodiesel obtido a partir do óleo de cozinha

O que fazer com o óleo de cozinha usado? A maioria das pessoas o joga pelo ralo da pia ou na lixeira. Mas não sabem que esse óleo de cozinha, se descartado de maneira incorreta, pode causar grandes danos ao meio ambiente.
Pensando em reduzir os impactos ambientes causados por esse despejo, surge a ideia de utilizar o óleo usado na fritura para fazer biodiesel. Segundo o professor da UFSM e doutor em Engenharia Mecânica, Ronaldo Hoffmann,"a sua utilização como alternativa para produção de biocombustível não é só uma forma de reciclagem, mas também a utilização como matéria-prima para geração de uma fonte alternativa de energia".
Biocombustíveis, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), são derivados de biomassa renovável que podem substituir, parcial ou totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural em motores a combustão ou em outro tipo de geração de energia. Podem ser derivados também de matérias orgânicas de matérias agrícolas como plantas oleaginosas, biomassa florestal, cana-de-açucar e outras matérias orgânicas.
De acordo com o engenheiro químico e mestrando na área, Michel Brondani, o biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, pode ser produzido a partir de gorduras animais e de óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso, soja, dentre outras, além de óleos usados em procedimentos como o de fritura.
Para que o óleo usado se torne biodiesel é necessário que ele passe pelo processo de transesterificação. Hoffmann conta que este processo foi proposto, no Brasil, primeiramente pelo professor Expedito Parente da Universidade Federal do Ceará (UFCE). A molécula de óleo vegetal é formada por três moléculas de ácidos graxos ligadas a uma molécula de glicerina, o que faz dele um triglicerídeo. O processo de transesterificação nada mais é do que a separação da glicerina contida no óleo vegetal. Durante o processo, a glicerina é removida do óleo vegetal, deixando-o mais fino e reduzindo a viscosidade.
A reação de transesterificação consiste numa reação química dos óleos vegetais ou gorduras animais com o álcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um catalisador (NaOH, KOH, metilato de sódio ou metilato de potássio), onde resultam dois produtos, o biodiesel e a glicerina, produto com aplicações diversas na indústria química.
Michel Brondani afirma que o biodiesel tem um perfil de emissão mais favorável do que o diesel petroquímico, tais como menor emissão de monóxido e dióxido de carbono, partículas e hidrocarbonetos não queimados. Além da vantagens de ser uma energia renovável, apresenta excelente lubricidade, e nenhuma modificação nos atuais motores do tipo ciclo diesel faz-se necessária para misturas de biodiesel com diesel de até 20%. Além disso, há a redução da importação de petróleo e diesel já refinado e, principalmente, a emissões de óxidos e dióxidos de enxofre são nulas, o que contribui de forma relevante na preservação do meio ambiente.
Mesmo com todos esses benefícios a produção do biodiesel através do óleo de cozinha usado, gera algumas desvantagens como o um aumento no perfil na liberação de óxidos de nitrogênio dos gases gerados pela combustão, gera como subproduto, a glicerina (não se sabe se o mercado assimilará grandes quantidades).
Pensando nessas questões a UFSM está realizando um projeto interdisciplinar com a Agronomia, Engenharia Química e Engenharia Mecânica, sobre Análise do Ciclo de Vida (ACV) do biodiesel no RS. Este projeto propõe a realização da ACV do biodiesel no Rio Grande do Sul e está baseado na definição de um sistema de controle, ou mapeamento, dos fluxos de produção e uso dos produtos analisados e a definição da “unidade funcional”, com ênfase no processo industrial de produção do biodiesel, podendo contribuir de forma significativa para melhoramento do processo produtivo e estabelecer opção de um combustível (biodiesel), mais atrativo econômico, social e ambientalmente falando.

Por Iara Menezes






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