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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Mídia televisiva: vilã ou mocinha?


Não é preciso ser um especialista no assunto para perceber que pelo menos há 10 anos a televisão e a internet não eram objetos motivos de preocupação dos pais para com os filhos. Hoje, com o avanço da tecnologia e a própria “correria” da vida profissional, cada vez mais pais e/ou responsáveis deixam as crianças expostas ao computador, TV e outras mídias. A questão é: até que ponto esta exposição é saudável para os pequenos? A mídia cumpre seu papel, enquanto busca educar e informar? A mídia aliena e influencia de maneira errada o comportamento do público infantil? O conteúdo que está nas telas está de acordo com determinadas faixas-etárias? E mais: qual deve ser a atitude dos pais em relação a este panorama?
Uma pesquisa realizada pela Unesco em 2004, comprova que o tempo que as crianças gastam assistindo a televisão é, pelo menos, 50% maior que o tempo dedicado a qualquer outra atividade do cotidiano, como fazer a lição de casa, ficar com a família, ler ou brincar com os amigos.
A agrônoma Fátima Guedes, mãe de Yuri, 10 anos, reclama que o filho passa muito tempo na internet ou assistindo TV. Ela ainda compara que na sua época, o conteúdo dos desenhos na televisão, por exemplo, tinha um caráter mais educativo. “Sempre lembro que assistia o Sítio do Pica-Pau Amarelo, todos os dias o programa passava uma mensagem diferente. Hoje em dia não vejo uma identidade nos desenhos, a gente não sabe nem mais o nome do programa. São só temas de luta e brigas”, opina Fátima.
A psicóloga Vânia Fortes de Oliveira destaca a década de 80, como época em que surgiram programas que preocupavam os pais. “A mídia possui grande influência sobre o comportamento dos indivíduos e com as crianças não é diferente. Os programas da Xuxa e Angélica, por exemplo, tornaram-se fenômenos culturais no país. O culto ao consumismo infantil e a sensualidade das apresentadoras tirava a tranquilidade dos pais, pois estimulavam os pequenos a adquirirem comportamentos precoces”, explica Vânia.
Por outro lado, deve-se levar em consideração também a maneira como as crianças observam a televisão e não apenas o que os pais acham dela. Uma curiosa pesquisa realizada em 2004 pelo Grupo de Pesquisa em Educação e Mídia, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), aponta que crianças da região sudeste do Brasil, sabem enxergar a televisão de forma positiva e não tem dúvidas sobre o caráter educativo que ela possui. O estudo teve como suporte textos escritos por mais de 400 crianças, com idades entre 8 e 12 anos. Nas redações, elas expressavam o que pensavam sobre a TV.
Na pesquisa, um menino de 12 anos, de uma escola pública de Araguari, Minas Gerais coloca no texto que “nos dias de hoje a televisão vem de todos os cantos do mundo, trazendo educação, cultura de outros países, costumes de diferentes povos. A televisão traz conhecimento de todos os lugares”. Já os textos de uma menina e de um menino de uma escola pública de São Gonçalo, Rio de Janeiro diz: “O programa que eu não gosto de assistir é o filme Cidade de Deus, porque mostra muita coisa que é ruim para a vida de uma pessoa, mostra muita violência e as pessoas fumando maconha, mostra armas, brigas”.
Os textos provocam reflexão, à medida que se percebe que as crianças têm consciência do que estão assistindo e não precisam, necessariamente, ser influenciadas pela televisão. Todo este assunto que aborda a relação entre mídia e criança é muito amplo. As respostas relativas às questões do primeiro parágrafo deste texto abrem um leque de opção, opiniões e ângulos sobre o tema. O interessante é que os pais saibam impor limites às crianças e que as crianças possam escolher e saber aproveitar o que não só a televisão tem de bom para oferecer, mas todas as mídias que estão inseridas no cotidiano atual.

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