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sábado, 15 de novembro de 2008

A verdade sobre os remédios para emagrecer

A obsessão por formas perfeitas fez com que o Brasil ganhasse um título preocupante. Pesquisa realizada pela ONU revela que o país é o campeão no consumo de anfetamina – substância presente na maioria dos remédios para emagrecer. Especialistas alertam para o uso indiscriminado dessas drogas que, se tomadas sem orientação médica, podem causar efeitos graves como a depressão e a dependência química.
No entanto, por ser supostamente a forma mais rápida e fácil para perder os quilinhos a mais, milhares de brasileiros apelam para esses medicamentos sem ao menos saber dos efeitos que podem causar no organismo.

Mas por quê?
O acesso fácil a esses remédios é um dos fatores de tal número de consumidores. A nutricionista Irene Barros, destaca também o culto exagerado à estética pelos brasileiros. "A beleza aqui é valorizada pelo corpo. Isso, junto ao fato de ser um país tropical e liberal, faz com que as pessoas estejam sempre preocupadas em estar em forma", afirma.
E nessa busca impaciente pela boa forma, as pessoas apelam para qualquer tipo de oferta que prometa os resultados desejados. Foi o que aconteceu com a lojista Raquel Andrade Nunes, 27. Mesmo estando apenas cinco quilos acima do peso, ela buscou uma dessas fórmulas mágicas anunciadas no rádio e na TV. Sem nenhuma indicação médica começou a tomar os medicamentos. Resultado: nenhum quilo a menos e vários efeitos indesejáveis a mais. "Os remédios afetaram meu intestino que parou de funcionar totalmente. Comecei a ficar inchada, preguiçosa para os exercícios e, pior, 'enorme', reclama.
Após a procura de médicos especializados e nutricionista, a comerciante obteve os resultados pretendidos anteriormente."Gradativamente eles foram retirando a medicação. Hoje, sem remédios, mantenho os 55 kg só com dieta equilibrada e exercícios. Auto-medicação nunca mais", garante.

“Tira teima”
Mas qual é a verdade sobre estes medicamentos? Quais os benefícios? Que problemas podem trazer? Vale trocar a estética pela saúde? Não é preciso pesquisar muito para saber os males das “pílulas mágicas”.
“Existem três classes desses remédios. Não há contra-indicações, desde que eles sejam bem administrados e não haja abuso na posologia. O ideal é começar com uma dosagem baixa e analisar o perfil do paciente para saber suas necessidades. Fazer exames para ver qual medicação se adapta a massa corporal da pessoa. Exames cardíacos e sanguineos também são obrigatórios para poder fazer o tratamento. Adolescentes, idosos, grávidas, mulheres no período de amamentação e pacientes com problemas psiquiátricos não devem tomar esses tipos de medicamentos. O problema é que sempre há alguém conhecido que já se submeteu a um tratamento desse tipo. A facilidade na obtenção de receitas, sem pedir exames, sem cuidados individuais. Compras pela internet sem nenhuma precação de estar ingerindo outra química. Isso leva o ser humano a se auto-destruir.”, alerta o Endócrino, Dr. Cláudio Teixeira.
Segundo Teixeira, os efeitos colaterais costumam ser os mesmos para todas as classes desses remédios. Tanto os catecolaminérgicos como os serotoninérgicos causam sono ou insônia, diminuição da libido, boca seca, nervosismo, obstipação intestinal, desconcentração, fraquezas momentâneas, ansiedade e taquicardia. Para controlar os últimos sintomas, os médicos costumam associar os medicamentos a ansiolíticos.
Vale ressaltar que os especialistas devem recomendar essas cápsulas apenas aos pacientes com IMC acima de 30 kg/m2 ou acima do IMC 25 kg/m2, quando eles apresentam também alguma co-morbidade associada à obesidade, como diabetes ou hipertensão. Além disso, seu uso só pode ser feito após prescrição médica.

Se você usa anfetaminas há anos ou meses, saiba que existem outras opções medicamentos, além de psicoterapeutas especializados em Transtornos Alimentares. Confira algum deles:

Sibutramina
– Possui outro mecanismo de ação, pois age nos dois centros (serotonina e noradrenalina). Já foi testado em todos os tipos de pacientes, por isso tem uma abrangência maior. Sua dosagem deve ser entre 10 e 15 mg diárias. Existem dois tipos: subtramina anidra e cloridrato monoidratado de sibutramina. Ainda não há estudos que comprovem a eficácia da subtramina anidra, além de ter origem desconhecida. Por isso, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proíbe a sua importação no Brasil.

Anfepramona
– É potente na diminuição do apetite e um dos que provocam menos efeitos colaterais. Age no núcleo do hipotálamo para inibir a fome. Estudos comprovam que tem grande eficácia, mas apresenta altos índices de dependência quando usado em exagero. As doses diárias são até 120 mg, divididas em duas vezes ao dia. Pode ser encontrado na fórmula de remédios, como Dualid S, Hipofagin S e Inibex.

Topiramato
– Surgiu no mercado como um anticonvulsivante, aliado no combate à epilepsia infantil e enxaqueca. Uma pesquisa feita pelo Instituto de Psiquiatra da UFRJ e Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (Iede) comprovou que este medicamento diminui em até 70% a compulsão alimentar. Ao contrário do que muitos pensam, a compulsão alimentar vai além do ato de devorar um pacote de biscoitos. Esse transtorno, que atinge cerca de 30% dos obesos, consiste no descontrole do consumo de muitos alimentos rapidamente. Geralmente essas pessoas comem escondidas das outras, no mínimo duas vezes por semana e acabam passando mal depois. O abuso desse medicamento pode causar até anorexia. Seu nome nas farmácias é Topamax.

Rimonabanto - Em abril de 2007, a ANVISA aprovou o registro de um remédio que prometia mexer nas estruturas corporais. O Acomplia ou pílula antibarriga, à base de Rimonabanto, como é chamada, é usada no tratamento da gordura localizada na região da cintura. Mas, ao contrário do que pensam, não é milagre. A pílula tem contra-indicações e efeitos colaterais. Ela só deve ser usada em casos de obesidade e não para aquela barriguinha saliente, que se forma por questão de dois ou três quilinhos. De qualquer forma, mais de 50% dos brasileiros se encontram neste quadro e, para eles, o remédio pode ser muito eficiente. As pessoas que têm a circunferência acima de 80 cm são fortes candidatas ao medicamento. Em média, se tomado corretamente, o Acomplia promete reduzir até oito centímetros ao redor do abdômen em um ano. Mas ele não é mágico. Para que funcione, é preciso conciliar dieta com exercícios.

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