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terça-feira, 25 de novembro de 2008

A longa espera por um transplante

A carência de doadores de órgãos, vivos e mortos, é ainda um grande obstáculo para a efetivação de transplantes no Brasil. Hoje, a espera por uma doação atinge 70 mil brasileiros. A falta de informações também é um grande problema que limita o número de doações.
O curioso é que quando ocorrem em decorrência de tragédias midiatizadas, como o caso da jovem Eloá Pimentel que constatada sua morte cerebra,l a família doou seus órgãos, registra-se um aumento do número de doações no país.
No Brasil, cada Estado possui uma central de transplantes que é interligada com a central nacional, responsável pela distribuição dos órgãos doados. Existem três tipos de potenciais doadores: o doador vivo, que pode doar parte do rim, fígado e pulmão, além da medula óssea; o doador com morte cardíaca, que pode doar somente as córneas; e o doador com morte cerebral, que pode doar múltiplos órgãos.
A doação só é efetivada, no caso do doador com morte cerebral, após esta pessoa passar por um protocolo de avaliação que é único em todo o mundo, e certifica definitivamente que o paciente está com morte cerebral. Em seguida, é chamada a equipe médica que fará a retirada dos órgãos. Cada órgão tem um tempo para ser colocado no receptor. O coração e o pulmão de quatro a seis horas; o fígado e o pâncreas até 12 horas, os rins de 24 a 48 horas e as córneas até sete dias. No caso de doadores vivos, o transplante ocorre de forma simultânea, ou seja, na medida em que o órgão é retirado do doador, é implantado no receptor.


Doações em Santa Maria

Em Santa Maria, cidade da região central do RS, cada hospital possui a sua Comissão Intra-Hospitalar de Captação de Órgãos e Tecidos, que é responsável pelo processo de captação, retirada e encaminhamento de órgãos para transplante. O nefrologista Dr. Rafael Cauduro, integrante da comissão intra-hospitalar do HUSM, Hospital Universitário de Santa Maria, e do Hospital de Caridade, estima que se todos os pacientes que falecem por morte cardíaca, doassem suas córneas durante um ano em Santa Maria, acabaria com a fila de espera por este órgão no Brasil. Cauduro acredita que o grande problema da falta de doadores ainda é o pouco esclarecimento da população sobre a situação.

Depoimento de quem já recebeu órgão:

"Antes do transplante, a vida era muito difícil, eu não tinha disposição nenhuma pra sair de casa. Até comer era complicado. Além disso, três vezes por semana eu precisava vir até Santa Maria para fazer hemodiálise.
O problema é que onde eu moro não tem ambulância, por isso vinha de ônibus. Eram três horas de viagem até o hospital, às vezes fazia diálise só por duas horas (o ideal seriam quatro) porque precisava voltar para rodoviária.. Agora tenho uma vida normal, posso sair e sou muito mais disposto. Queria conhecer as famílias que me ajudaram, mas é muito difícil. Gostaria que eles soubessem que graças a Deus e a esse ato de superação, hoje eu estou bem."
Wilson de Moura - recebeu um rim há quatro anos.

Depoimento de quem doou órgão:
"Eu acredito que os familiares dos receptores devem ter ficado rezando pela gente, porque ficamos bem. Apesar de ele ser novo, ter 42 anos, dois filhos e ser totalmente saudável, foi algo que aconteceu de repente, nos pegou de surpresa. Mesmo assim ficamos bem, Quando aconteceu foi um choque pra gente. Mas eu nem esperei a comissão vir fazer a abordagem. Quando constataram a morte cerebral, eu fui até os médicos e avisei que meu irmão era doador. Nem perguntei ao meu pai e minha mãe. Sabia que esta era a sua vontade e que se começássemos a ponderar, acabaríamos vacilando, porque o maior medo que os familiares têm é de que o paciente não esteja realmente morto. É muito difícil tu ver o corpo corado, quente, com o coração pulsando e ter de se convencer que a pessoa não está mais lá. O sentimento que fica é o de ter ajudado alguém. É confortante saber que existem pessoas que foram salvas pelo meu irmão. Ele ajudou oito pessoas, e eu sei que onde estiver, com certeza está feliz." Maria Eliane Savegnago , enfermeira ,doou os órgãos do irmão.

Por Denise de Oliveira

Um comentário:

Bibiane Moreira disse...

Que matéria linda, Denise. A doação de órgãos ainda precisa de um grau de compreensão muito grande das pessoas, e é com matérias como essa que se pode tentar um maior esclarecimento.

Abs, Bibi.