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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Médicos são alvos do assédio da indústria farmacêutica

A indústria farmacêutica fatura mais de 43 bilhões por ano.
Foto: Tais Lima
A indústria farmacêutica fatura milhões de dólares todos os anos. Cosméticos, antibióticos, anti-inflamatórios, a lista de medicamentos é vasta. Mas será que a população sabe avaliar qual é a real finalidade de cada medicamento e comparar seus benefícios com seu preço?
Existe uma suposta “parceria” entre a indústria farmacêutica e os médicos realizada pelos representantes dos laboratórios. O representante é aquele profissional que faz a ligação entre a empresa e o médico. Ele oferece os produtos e disponibiliza amostras grátis de medicamentos nos consultórios médicos.  Não raro, levam a proposta dos laboratórios de financiarem a participação de médicos em congressos, viagens, acompanhantes de luxo, brindes, entre outras regalias. Esta matéria mostra o assédio que sofrem os profissionais da área médica pela indústria de medicamentos.
A reportagem foi ouvir a classe médica e esclarecer como se dá esse relacionamento entre médicos e laboratórios, alguns relatam os fatos de maneira clara e objetiva, enquanto outros falam de maneira mais ambígua sobre o tema.
“Os laboratórios exercem certa sedução na classe médica a partir da promoção e financiamento de congressos médicos”, relata o médico gastroenterologista Thomaz Antonio Carneiro da Cunha. Aparentemente, o objetivo maior dos laboratórios é o paciente, mas só aparentemente.
Na relação com os laboratórios, o gastroenterologista diz que há os que apresentam resultados de pesquisas indicando investimentos no progresso e na atualização da profissão. Segundo ele, estes "são mais simpáticos e, evidentemente, o médico se inclina, sempre levando em consideração a qualidade do produto e seus objetivos”.
O cuidado das respostas do gastroenterologista encontra uma ressonância mais contundente na opinião da
 dermatologista Nara Beck Martins, que diz haver uma pressão “velada” da indústria farmacêutica em relação à classe médica. Ela afirma que “a propaganda que os representantes dos laboratórios fazem, age como se o medicamento oferecido por eles fosse o melhor, apesar dos outros  medicamentos da mesma categoria terem o mesmo principio ativo”.
Os laboratórios oferecem cursos e palestras para os médicos, mas também cobram por isso, e muitos profissionais da área da saúde se sentem constrangidos. " Tem uma maneira de nos pressionar que é contar quantas receitas cada médico deu em cada farmácia da cidade”, explica a médica Nara.
Os representantes de laboratórios tem acesso às informações de receitas médicas e, depois, pressionam os  os médicos sobre o porquê que receitaram determinado remédio e não aquele que ele vende. “Então o representante diz: - por que o outro remédio e não o meu, se eu venho lhe fazer propaganda?”, comenta a médica que se sente incomodada com essa prática. “Existe pressão dos laboratórios, mas cabe ao médico não aceitar”, esclarece ela.
A dermatologista ainda relata que, cada dia mais, a indústria dos cosméticos esta se fortalecendo pela busca excessiva que as pessoas têm pela juventude eterna.  “A procura por produtos de beleza é ainda maior, muitos pacientes fazem uma consulta médica por problemas que não existem. As pessoas não querem ter rugas, querem ter uma pele de porcelana e é exatamente isso que a indústria farmacêutica propaga”. Nara ainda alerta, “o objetivo é o lucro que não tem limite. Não importa se vai fazer bem ou mal. Tem produtos que foram comprovados cientificamente que não fazem nada, mas ainda são muito vendidos no mercado”.

O Código de ética médica defende:

Art. 9° - A Medicina não pode, em qualquer circunstância, ou de qualquer forma, ser exercida como comércio.
Art. 10° - O trabalho do médico não pode ser explorado por terceiros com objetivos de lucro, finalidade política ou religiosa.

Será que os laboratórios e os próprios médicos respeitam esse código ético?

João David Martins
Rodrigo Marques de Bem
Tais Lima

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