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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Desmistificando a doação de sangue e o transplante de medula óssea


 Muito pouco se ouve falar em processos de hemoterapia, que nada mais é do que o emprego terapêutico do sangue. Em torno dele muitos mitos são criados, diminuindo assim o número de doadores.
Antigamente, a transfusão sanguínea era feita sempre através do sangue integral. Novas pesquisas foram feitas e o processo se tornou mais eficaz. O receptor não precisaria receber todos os hemocomponentes de um sangue, ou seja, os glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plasma e plaquetas, mas sim apenas aquele componente que o paciente necessita.
O médico hematologista e oncologista, Dalnei Pereira, professor adjunto de hematologia e oncologia da UFSM afirma que com a evolução da medicina a complexidade da transfusão se tornou maior. “Não só no sentindo de fazer a transfusão daquele componente que o individuo necessita, mas também potencializar a quantidade do hemocomponente do que aquelas relacionadas à transfusão de um sangue total, contendo todos esses elementos”.
Dalnei Pereira, médico oncologista.
Atualmente, a prioridade é sempre pela transfusão de hemocomponentes, jamais de sangue total, só usado em raras exceções como, por exemplo, quando o indivíduo teve uma hemorragia aguda, ou em um processo cirúrgico onde o paciente tem uma perda significativa de sangue. A terminologia médica também mudou. O antes chamado “sangue integral” é o atual “sangue total” na semântica médica
Menos riscos na coleta e  transfusão
Santa Maria, sempre foi pioneira nos processos de hemoterapia. Em 1975 o Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo, HCAA, já contava com a Hematerese - nome dado à máquina que faz o processo de transfusão de sangue, permitindo separar as plaquetas do plasma, e do sangue. Nesse processo, as plaquetas são separadas e o sangue retorna ao paciente. Esse processo tem o nome de “doação por Aférese”, e exige critérios para que seja feita a doação. O candidato à doação tem que ter um número de plaquetas suficientes para fazer a filtragem pela máquina. A coleta é feita através de duas punções venosas, sendo uma em cada braço, com o tempo de duração de 1h aproximadamente. Todo esse processo só veio a favorecer, pois na doação de sangue habitual um doador só consegue doar uma unidade de plaquetas, já na Aférese pode chegar até oito unidades. Segundo a Coordenadora do Hemocentro Regional de Santa Maria, Carla Coelho, a doação por Aférese é bem melhor para os pacientes. “Esse tipo de coleta é interessante já que um doador pode nos render oito unidades, sendo benéfico para o receptor. É que ele estará recebendo uma menor quantidade de antígenos, anticorpos de pessoas estranhas enquanto você faz um pool de plaquetas de oito pessoas diferentes, com a aférese dá a possibilidade de uma pessoa só, expondo menos o paciente a riscos.”
Santa Maria atualmente conta com uma unidade móvel de coleta de sangue, um ônibus com todos os equipamentos necessários. Facilitando o acesso para as pessoas que não tem como se deslocar até o Hemocentro. Para maiores informações pelo telefone (55) 3221-5262.

Transplante de medula óssea
Outro tipo de intervenção delicada é o transplante de medula óssea, que se faz necessário, quando o paciente utiliza altas doses de quimioterapia. Medicação essa que atinge não só as células tumorais, mas também as células normais. As mais sensíveis à  quimioterapia são exatamente as células epiteliais e as do sangue.
 Existem dois tipos de transplante de medula óssea. O que  pode utilizar a própria célula tronco do individuo que é coletada antes de realizar a quimioterapia e armazenada em temperatura extremamente baixa de -190°C. No Hospital Universitário de Santa Maria é possível realizar esse procedimento.
O segundo é através de um doador, podendo ser parente ou até ser cadastrado no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME). Para poder ser um possível doador é necessário ter o sistema antigênico celular igual ou aproximado do paciente.  “Na maioria das vezes ele será igual, mas se tiver aproximação ele também serve como doador. Nós temos alguns transplantes nos quais o doador não era completo. E foram feitos com sucesso. Testamos 10 antígenos para ser igual. Se o indivíduo tiver 9 , ele pode ser um bom doador e, às vezes, até com 7 antígeno fazemos o transplante”, destaca Pereira.
A coordenadora Carla Coelho destaca que muitas pessoas tem medo em doar  por ser um processo cirúrgico, ou pelo risco de ocorrer um erro. “A pergunta mais comum é sobre o risco de ficarem inválidos. Então esclarecemos o que é uma medula óssea. A medula espinhal não é medula óssea, medula espinhal sim é coluna, medula óssea é o tutano do osso. Como ela vai ser retirada? Você vai para o bloco cirúrgico onde vai ter um acompanhamento multidisciplinar, com médicos de várias especialidades. Normalmente a retirada da medula óssea é feita do osso ilíaco, osso da bacia, feito punções e retirado no máximo 10%”, diz ela, ressaltando ainda, que não existe dano ao doador já que o local não tem vértebra.

Por Aline Schefelbanis e Jéssica Padilha

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