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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Cerrado em pauta

A 63ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência ocorreu, este ano, em Goiânia. Com o tema Cerrado: água, alimento e energia, o encontro reuniu pesquisadores e estudantes de todo o país, entre os dias 10 e 15 de julho, na Universidade Federal de Goiás (UFG).

O ecólogo do Departamento de Ecologia da UFG, Marcus Cianciaruso, apresentou o Cerrado para os alunos da Escola Brasil de Jornalismo Científico durante a Reunião, mostrando a importância do evento para o avanço da ciência nas diversas áreas de conhecimento para o segundo maior bioma do país. Ele acredita que a participação de autoridades, gestores do sistema nacional de ciência e tecnologia e representantes de sociedades científicas, qualificam a Reunião para discutir sobre o assunto. Os especialistas em meio ambiente acreditam que este tema está sendo abordado em um momento delicado, pois o Cerrado, hoje, sofre com a degradação ambiental e sua riqueza junto à suas necessidades ainda não faz parte do conhecimento do brasileiro.

Marcus Ciancaruso
Para Cianciaruso, as grandes variações fisionômicas do Cerrado dificultam o conhecimento das pessoas sobre as particularidades do bioma. Assim sendo, a visão econômica e os interesses ruralistas, de acordo com o pesquisador, contrapõem-se às necessidades ambientais do bioma.
O solo empobrecido do Cerrado leva os agricultores a expandirem suas plantações em direção às matas nativas para a produção de alimentos. Cianciaruso revela que a falta de nutrientes no solo do Cerrado implica na prática do desmatamento, porque é preciso ampliar a área cultivada para atender os aumentos na demanda de produção de alimentos. Segundo o pesquisador, faltam incentivos políticos para impulsionar o desenvolvimento agrícola com tecnologia, para que assim, a preservação do Cerrado possa coexistir.
Mais de duas mil espécies de animais vivem no Cerrado
O Cerrado está presente em oito estados brasileiros, estendendo-se por uma área de 2.045.064 milhões km2 no centro do Brasil. Para o pesquisador, a imensa diversidade biológica corresponde à um ecossistema dinâmico, com processos ecológicos próprios e variados, como as queimadas naturais, um fator importante para o ciclo deste bioma tão complexo. As queimadas podem ocorrer pela queda de raios durante o período de seca, devido ao acúmulo de biomassa facilmente inflamável. O fogo também é causado por acidentes ou até mesmo pode ser planejado, para acelerar a remineralização da biomassa e a transferência dos nutrientes naturais para o solo sob a forma de cinzas. O fogo influência a estrutura fisionômica do Cerrado, mas também, compromete mais de 2 mil espécies de animais que sobrevivem desta vegetação. Cianciaruso lembra que são muitas as perguntas sobre o Cerrado que ainda não podem ser respondidas, justamente, por falta de pesquisa na área e por se tratar de um bioma complexo que ainda não recebeu a importância que é necessária.


Marcelo Figueiredo (texto e fotos)

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