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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Esquizofrenia: uma doença silenciosa

Apesar do progresso da ciência e da introdução da terapia com medicamentos antipsicóticos para a esquizofrenia, os resultados clínicos ainda não são satisfatórios. Existe uma elevada porcentagem de pacientes que são imunes ao tratamento, e a evolução da doença é desfavorável em muitos dos indivíduos afetados. Nos mamíferos são produzidos radicais livres (RL) de diferentes átomos, mas os que ganham destaque em razão de sua reatividade e dos danos que podem causar são os radicais derivados do oxigênio.
As conclusões são da equipe de pesquisa, liderada por Carlos Clayton e publicada com o título Esquizofrenia: uma doença inflamatória? , no Lilacs.
A esquizofrenia ocorre, em parte, por causa de um desequilíbrio entre os processos pró-oxidantes e antioxidantes Evidências sugerem que o estresse oxidativo tem papel importante na fisiopatologia da esquizofrenia.
O estresse oxidativo acontece quando existe desequilíbrio entre os processos antioxidantes e pró-oxidantes, com aumento da formação de RL, ou pela ineficiência das defesas antioxidantes ou, ainda, pela combinação de ambas, podendo levar a processos fisiopatológicos que resultam em toxicidade celular e culminar em morte celular. Todos os tecidos são vulneráveis ao estresse oxidativo, porém o sistema nervoso central é particularmente sensível por causa da alta taxa de consumo de oxigênio, dos elevados níveis de lipídios poli-insaturados capazes de sofrer peroxidação lipídica e da auto-oxidação de alguns neurotransmissores que pode levar à formação de ERO.
Os RL são produzidos naturalmente ou por alguma disfunção biológica. No organismo, sua formação ocorre por reações relacionadas à produção de energia, fagocitose, regulação do crescimento celular, sinalização intercelular e síntese de substâncias biológicas importantes. Em condições normais, os níveis de RL produzidos pelas reações celulares são controlados pelos antioxidantes produzidos endogenamente com ação enzimática.
Atualmente, pesquisas abordando o papel da neuroinflamação na esquizofrenia estão ganhando muita evidência. Considera-se neuroinflamação a ativação de células da micróglia, as células inflamatórias residentes no cérebro, podendo também envolver outras células linfoides que se infiltrem no cérebro. Estudos mostraram que um processo neuroinflamatório foi encontrado no hipocampo de sete pacientes em fase de recuperação de um surto psicótico, utilizando para essa determinação a técnica de PET scan. Este dado sugere que a neuroinflamação tem um papel importante na esquizofrenia, principalmente durante a psicose.
A inflamação apresenta papel importante na psicopatologia da esquizofrenia. Estudos futuros devem avaliar mais profundamente o papel das citocinas pró-inflamatórias e da autoimunidade na fisiopatologia dessa doença mental, o que poderá conduzir a estratégias de intervenções farmacológicas mais específicas e eficazes para o tratamento desse transtorno mental que provoca grande comprometimento na qualidade de vida do paciente e de sua família.

Daniel Bueno

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