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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ensino da ciência: como aprender brincando

Alcanos, aldeídos, cetonas, 2x+12x+1...
Eis alguns dos maiores pesadelos dos estudantes, sem falar da Física. Durante muito tempo a Química, a Matemática, a Física e a Biologia foram odiadas e se tornaram sinônimos de notas baixas. 
Pode também significar muitas noites em claro sobre os livros.
Os professores, que sofriam certo “preconceito” dos alunos, resolveram mudar o modo de ensinar. Adotaram uma metodologia ideal para adolescentes: diversão e aprendizagem. Desta forma a matéria deixa de ser complexa e começa a ter um entendimento mais fácil para os alunos.
Paródias, desenhos, piadas... Tudo isso é usado em sala de aula. O professor de Física, Marcelo Correa, adotou esse método em suas aulas. Segundo ele, os alunos do primeiro ano apresentam dificuldades, pois no ensino fundamental a disciplina não é estudada. Para facilitar o aprendizado e despertar o interesse do estudante, o professor conta piadas e toca violão parodiando canções, relacionando com a Física. O desempenho dos alunos foi significante. Nenhuma nota abaixo da média e, o mais surpreendente, nenhuma reclamação do tipo: “Ah, não. Agora tem aula de Física”.
A música “Chora, me liga” de João Bosco e Vinicius, virou paródia e é a mais cantada pelos alunos nos corredores:

“Não era pra você brincar
Era só para estudar
Eu te avisei, eu bem que te avisei
Você sabia que não era assim,
Você estudar a física desse jeito assim
Eu te avisei, eu bem que te avisei
Podemos relembrar na física o que estudamos
Que foi a luz de um corpo por reflexão
Também podemos ver que as cores que os corpos apresentam
Dependem das cores que as luzes refletem
Vamos estudar minha gente pra passar de ano
Pensar nos teus planos
Tem que batalhar
Vamos estudar minha gente que o ano não acabou
O ano ainda não passou,
Ainda dá pra vocês recuperarem...”

As aulas de Química do terceiro ano, do ensino médio, também passaram por mudanças metodológicas. A química orgânica é o maior pesadelo para quem está se despedindo do colégio. Estudar a nomenclatura dos compostos orgânicos não era nada fácil para os alunos.
Pensando nisso, o professor de cursinho pré-vestibular Eduardo Guiani, tornou as aulas mais agradáveis. A relação entre professor e aluno foi trabalhada por meio de conversas engraçadas, deixando o estudante mais a vontade para questionar quando dúvidas aparecerem. Após isso, a química é ensinada com uma pitada de humor e prática.
“Ensinar rindo sempre funcionou. Mostrar ao aluno que ele pode brincar e se sentir a vontade é muito importante. A matéria se torna agradável e a sua compreensão é facilitada, principalmente pela prática no laboratório” assegura o professor que trabalha com macetes para facilitar a memorização.
Os macetes são ridicularizados pelos alunos, mas eles não abrem mão de decorá-los na hora da prova. Um exemplo é a brincadeira para decorar a nomenclatura dos ácidos, onde se troca ISO por OSO, ATO por ICO e ETO por IDRICO: mosquITO teimOSO, te mATO te pICO, te mETO no vIDRICO.
 O essencial é saber se tal forma de ensinar é aprovada pelos maiores interessados: os alunos. A estudante Clarissa Manardi, 14 anos, disse que foi a maneira mais fácil de aprender. “Eu não sabia nada sobre Física e no começo tinha muito medo. Mas com as paródias foi bem divertido de estudar, não senti nenhuma dificuldade”.
Já Marcus Vinicius Cleming, 17 anos, acredita que todas as aulas deveriam ter essa metodologia. “Aprender Química, Física e Matemática, se divertindo é muito bom. Mas deveria ser assim com as outras disciplinas. Minha compreensão nessas matérias é excelente, mas em Português e Literatura é complicada” brinca o estudante do terceiro ano.
Quem disse que ciência precisa ser aterrorizante? Ainda mais quando se trata de ensinar ciência. Algumas atividades desenvolvidas ajudam a entender fenômenos climáticos, conceitos de física e biologia, como cores, luzes e comportamento animal. E o que é melhor: tudo isso brincando.

 Camilla Guterres




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