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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Avanço na neurociência

Os estudos sobre o cérebro e seus mecanismos evoluíram muito ao longo de vinte anos. Estas novas descobertas só foram possíveis graças a diversas experiências e maneiras diferentes de entendê-lo, como explica o professor e pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis. Nicolelis é professor da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Ele é autor de mais de 200 estudos sobre mecanismos cerebrais e de um livro sobre seus vinte anos de pesquisas, realizadas nos Estados Unidos.
O pesquisador afirmou ter sentido a necessidade de migrar para o exterior devido às condições do Brasil e custear e aprofundar seu sonho de pesquisa. Nicolelis tinha em mente estudar e acompanhar as atividades cerebrais em tempo real ao seu funcionamento. Estimulado por sua avó a perseguir seu sonho, em meados dos anos 80 rumou para os Estados Unidos.
No ano de 2008, Nicolelis foi o entrevistado do programa Roda Viva, da TV Cultura. No programa ele apresentou resultados de suas pesquisas e novos projetos, como o da escola Alfredo Monte Verde, na cidade de Natal. Dentro deste projeto, ele desenvolve um ensinamento de conceitos científicos forma empírica, como crianças da rede publica. O projeto conta com a rádio Big Bang, produzida e apresentada pelas crianças. Seu ensinamento fundamental para aprendizagem destas crianças baseia-se na teoria de que para ser um cientista, é preciso primeiro ser criança.
Dentro de seus estudos no exterior, Nicolelis descobriu que o cérebro é um sistema, uma população de neurônios a serem estudados a partir de uma visão global, como um todo. Seguindo esta descoberta, conseguiu desenvolver a técnica pela qual ele havia mudado de país. Fazendo testes em macacos, ele percebeu que poderia fazer um robô movimentar-se através de ondas cerebrais. O teste aplicado para verificar a veracidade dos resultados da pesquisa funcionava da seguinte forma: colocou-se uma macaca a andar em uma esteira ergométrica enquanto ela olhava uma grande TV, onde aparecia um robô em uma esteira no Japão. Estimulada a andar e com um chip em seu cérebro gravando todas as suas atividades cerebrais, a macaca começou a andar. O robô, ligado às ondas cerebrais da macaca, começou a andar também. Com sinais de onda cerebrais tão rápidos, eles acompanhavam os passos um do outro. Tão estimulada a andar, vendo o robô, a macaca continuou a andar mesmo depois de desligada a esteira, fazendo com que o robô continuasse a fazer o mesmo.
A partir desta descoberta, chips foram desenvolvidos para movimentar braços, pernas ou outras partes do corpo através das ondas cerebrais. Isto faria com que pessoas com algum tipo de paralisia, doença ou distúrbio neural pudessem movimentar ou comandar seus movimentos, juntamente com uma roupa ou "terno" mecânico, descrito por Nicolelis como uma roupa de astronauta mais moderna e ajustada.
Para eles, estes estudos cerebrais não são uma simples cura para o corpo humano, mas são, principalmente, o conhecimento mais profundo de quem realmente somos como ser humano. Acreditando na ciência como um agente de construção de um país, ele remete às descobertas científicas como sendo estratégias dentro de uma sociedade, deixando de ser algo abstrato para responder a inúmeras perguntas.
A sociedade brasileira é naturalmente de pensamento pequeno no que diz respeito à ciência e pesquisas científicas. Para Nicolelis, é preciso livrar-se deste complexo de que não se pode pensar grande e pensar na necessidade de mudança, afinal, somos uma população de neurônios na construção de uma sociedade melhor.

Juliane Freitas

Alimentação e desvios posturais

Ter uma barriga sarada é o que motiva muitas pessoas a encarar uma academia ou uma dieta. Mas nem sempre o resultado é o esperado. Em muitos casos, a barriga tem relação direta com a postura. A pessoa acerta a postura e a barriga simplesmente some. O problema da obesidade é considerada, em países desenvolvidos, um importante problema de saúde pública. Para a OMS é uma epidemia global. Trata-se de uma doença de etiologia multifatorial tais como fatores genéticos, hormonais, culturais, comportamentais e ambientais como atividade física diminuída, em que o excesso de ingestão energética é condição fundamental para o acúmulo de gordura nas células do tecido adiposo, podendo ser reflexo da dificuldade que as pessoas enfrentam de se alimentar para sentirem-se melhor e saudáveis. Suas conseqüências são muitas e debilitantes e afetam diretamente a qualidade de vida dos indivíduos.
As alterações das curvas fisiológicas da coluna vertebral têm grande incidencia na população, sendo que, sua origem se dá no período de crescimento e desenvolvimento corporal, ou seja, na infância e na adolescência e resulta da relação defeituosa das partes corpóreas que produz uma tensão maior e um desequilíbrio nas estruturas de apoio. “Classifica-se como alteração postural, quaisquer posições que aumentem o estresse sobre articulações, ou ainda, um efeito cumulativo de repetidos pequenos estresses durante um longo período de tempo ou de constantes estresses anormais durante um curto período de tempo”, explica a pesquisadora Inês Lima, da Unisul, em artigo publicado, "Estudo da relação entre o índice de massa corporal (IMC) e a postura corporal em estudantes do ensino fundamental São Judas Tadeu, Tubarão SC".
Dentre os problemas causados pela obesidade estão encurtamentos e alongamentos musculares excessivos que em combinação com a inclinação anterior da pelve ocasionarão rotação interna dos quadris e aparecimento dos joelhos valgos e pés planos. A partir do exposto, é possível inferirmos que a obesidade, por se constituir em um problema plurissistêmico, afeta também o aparelho locomotor. As alterações posturais não são exclusivas dos portadores da obesidade, mas sugerem com maior freqüência em virtude da ação mecânica desempenhada pelo excesso de massa corporal e o aumento das necessidades mecânicas regionais que deslocam o centro gravitacional para o plano frontal, causando uma hiperlordose lombar e uma anteversão de quadril. Essas alterações na postura serão compensadas com uma cifose dorsal mais acentuada, e uma lordose cervical aprofundada, fazendo com que a cabeça desloque-se anteriormente, os ombros tornem-se arredondados e o tórax achatado anteriormente.
No artigo, postura e hábitos posturais em crianças obesas,  afirma que atualmente observa-se um aumento significativo na incidência de problemas posturais em crianças de todo o mundo. As causas mais comuns à má postura durante as aulas é o uso incorreto de mochila, a utilização de calçados inadequados, o sedentarismo e a obesidade. Essas alterações posturais na infância podem predispor a alterações degenerativas na idade adulta, sendo que a criança obesa tende a apresentar mais freqüentes e importantes alterações posturais. Estas alterações podem provocar um desequilíbrio muscular, resultando em posições anormais de estruturas anatômicas que ainda estão e desenvolvimento.a pesquisadora Yara Juliano da Faculdade Integrada de Bauru
Para Andréa de Campos Oliveira e Márcia Carla Morete Pinto, no artigo ocorrência da obesidade infantil em pré-escolares de uma creche de São Paulo a prevenção e o diagnóstico precoce da obesidade são importantes aspectos para a promoção da saúde e redução de morbimortalidade, por ser um fator de risco importante para outras doenças já que 40% da população brasileira apresenta excesso de peso, segundo o Ministério da Saúde em 2006. Além disso, grande parte das pesquisas realizadas demonstra ser a prevalência da obesidade infantil e adulta maior no sexo feminino, isto se deve ao fato de que o excesso de energia é preferencialmente estocado sob a forma de gordura e não de proteína, como acontece no sexo masculino perceptíveis nas avaliações de pregas cutâneas.
Na pesquisa realizada por Inês Alessandra Xavier Lima mostra-se um estudo da relação entre o índice de massa corporal (IMC) e a postura corporal em estudantes do ensino fundamental São Judas Tadeu, Tubarão SC. 2007. E, verificou mais alterações posturais do que o número de obesos, explicando a não correlação das alterações posturais com a obesidade. Martelli e Traebert (2004) afirmam que, em seu estudo, também foi alto o número de alterações posturais encontradas e acrescentam que quanto mais altos e mais pesados eram as crianças, maior o número de alterações posturais. O grande número de alterações posturais, portanto, não pode ter sua causa-efeito delimitada somente à obesidade, porém supõe-se que os fatores podem ser decorrentes da maneira errônea ao assumir posturas estáticas, carregar mochila com excesso de peso.
Em Santa Maria, segundo uma das coordenadoras do projeto de Iniciação Cientifica, professora do curso de nutrição, Vanessa Ramos Kirsten, há vários casos que são resolvidos facilmente. “Além da barriga, problemas posturais também podem levar a um maior acúmulo de gordura, principalmente na região do abdômen”, esclareceu Vanessa.
Neste problema, a gordura localizada não vai ter qualquer ligação com alimentação e sedentarismo. São casos de hiperlordose, mais complicados de ser controlados. É necessário entrar com a Reeducação Postural Global (RPG) e uma atividade física bem direcionada para contornar o problema. Além da professora Vanessa, Cristina de Bragança Moraes do curso de Nutrição e Jaqueline Biazus da Fisioterapia auxiliam os alunos no desenvolvimento do projeto.
Viviane Pereira Braga pesquisadora da área explica: “A postura pode ser definida como a posição ou a atitude do corpo em disposição estática, ou o arranjo harmônico das partes corporais a situações dinâmicas. Uma boa postura apresenta curvaturas normais e os ossos dos membros inferiores ficam em alinhamento ideal para a sustentação de peso sendo que a posição neutra da pelve conduz ao bom alinhamento do abdômen, do tronco e dos membros inferiores sob tais condições, os músculos funcionam mais eficientemente e posições ideais são alocados para os órgãos torácicos e abdominais.
A pesquisa de iniciação científica surgiu da necessidade de se avaliar o perfil antropométrico de adolescentes e correlacionar com os desvios posturais para poder intervir clinicamente com fisioterapia e reeducação alimentar. Os jovens pesquisadores tem o objetivo de verificar se há relação entre a gordura abdominal e problemas posturais em adolescentes de Santa Maria.
Desde o início de agosto a produção metodológica está sendo investigada e em termos de amostragem será realizada na Escola Cilon Rosa de Santa Maria uma consulta com os adolescentes do ensino médio. Quanto aos pesquisadores compreendem acadêmicos da Nutrição e Fisioterapia do Centro Universitário Franciscano.
Segundo a estudante de nutrição, Taise Dobner, acadêmica do 6º semestre, a relação da má postura com a gordura abdominal pode acarretar problemas, quando dos pesquisados foram mais velhos. “Durante o trabalho veremos a repercussão que terá na vida da amostra estudada em termos de auxilio. Até mesmo, para encaminhamento aos ambulatórios para prevenir complicações maiores decorrentes dessas alterações”, explicou Taise.
Por se tratar de um Projeto de Iniciação Científica, o grupo de pesquisadores tem até o próximo semestre, janeiro a julho de 2011 para apresentar os resultados finais, sendo a bolsa mantida pela instituição. “Buscamos encontrar uma relação positiva entre problemas posturais, principalmente na região sacro lombar e a adiposidade central ou abdominal”, esclareceu a estudante.

Por Evandro Leão de Freitas

sábado, 13 de novembro de 2010

Maternidade em discussão

As mestrandas do curso de psicologia da UFSM, Luciane Beltrami e Mariana Flores expuseram dois pôsteres na XIV edição do SEPE da unifra. Uma das pesquisas mostradas tem por objetivo buscar entender “o manhês e a aquisição da linguagem”. Conforme mostra a pesquisa, o manhês é a forma característica de comunicação entre a mãe e seu bebê. Normalmente a maneira de falar da figura materna é suave e ritmada. Essa atitude é inconsciente e típica das mães com seus bebês. Isso ocorre através do olfato, tato, olhar e audição.
Todos sabem que o bebê desenvolve naturalmente a linguagem. Contudo quando colocado em um ambiente adequado ele pode se apropriar mais facilmente desta forma de comunicação. Desde muito cedo, já é possível notar o entusiasmo do bebê em relação à voz humana. Mas sem dúvida, é a voz da mãe que se destaca mais para pequeninos. A fala da mãe com o seu bebê é capaz de simplificar os enunciados. A pesquisa afirma ainda que quando a mãe usa uma voz mais aguda a atenção do bebê é prendida mais facilmente.
Já fala-se na criança, mesmo antes que ela nasça. Ainda que não tenha consciência disso, o adulto sabe que a linguagem vai se dirigir ao bebê. Isso funciona como uma espécie de antecipação. Dessa forma o bebê é capaz de perceber o que se passa no interior das outras pessoas. Isto é muito importante para a aquisição da linguagem, facilitando o aprendizado das crianças em relação às palavras. A significação afetiva e social do bebê é criada em conjunto com a mãe. A linguagem é fator determinante na formação de identidade da criança. É a mãe que exerce o papel de modelo social, que pode contribuir ou afetar o desenvolvimento dessa criança.
As alunas apresentaram também outro trabalho que tem como tema “Repercussões da ansiedade materna na aquisição da linguagem da criança”. A investigação afirma que as mães ansiosas têm mais dificuldade para ouvir seus filhos. Não deveria ser assim, pois a relação entre mãe e filho influencia diretamente no estado psicológico e na constituição da linguagem infantil. Tanto a falta de diálogo, quanto a falta de espaço para que a criança se expresse podem trazer problemas de ordem psicológica à criança.
No caso de a mãe apresentar algum sintoma de depressão durante a gestação o vínculo da mãe com o bebê pode ser impedido. Esse tipo de sintoma pode se desenvolver na fase pré e pós-natal. Isso não atrapalha apenas a relação da mulher com o filho, mas também com o marido. Nesses casos indica-se uma avaliação precoce para verificar se há ou não sintomas de ansiedade materna. Desse modo podem-se diminuir possiveis os riscos de desenvolvimento da criança.

Raquel Acosta

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Silveira Martins ganha inventário da vegetação urbana

Durante o SEPE 2010 foi apresentado através de banners, um trabalho de pesquisa da UFSM, que fez o levantamento arbóreo da cidade de Silveira Martins. A pesquisa é dos mestrandos em engenharia agrícola Leonita Girardi, Mauricio Neuhaus, Natalia Schwab, Márcia Peiter e também da professora de agronomia Fernanda Alice Backes e da aluna de agronomia, Bruna Brandão.
O Inventário Florístico de Silveira Martins, como é denominado o trabalho, consiste no levantamento arbóreo da cidade de Silveira Martins, através de indicadores quali-quantitativo, a fim de descobrir se a vegetação urbana proporciona um bem estar psicológico ao homem, sombra para veículos e pedestres, melhora a estética da cidade, entre outros.
O levantamento arbóreo foi feito em 11 ruas, duas avenidas e a praça central Giuseppe Garibaldi, e amostrados todos os indivíduos arbóreos, arbustivos e palmeiras, no período de fevereiro e março de 2010. Para a identificação das espécies, foi utilizada literatura básica e auxilio de profissionais do setor de botânica da UFSM.
Foram avaliadas a quantidade e a qualidade, sendo os parâmetros qualitativos: estado geral das plantas (ótimo, bom, regular e péssimo); aspecto da copa (normal, mediamente deformada e deformada), condição fitossanitária (com injuria ou sem injuria), ocorrência de danos ao patrimônio públicos (danos a fiação, calçadas e sem danos ao patrimônio público).
No percurso de avaliação, foram encontrados 1.126 indivíduos, pertencentes a 75 espécies botânicas. Os resultados revelaram que Silveira Martins é uma cidade mediamente diversificada, e observando a origem das espécies, verificou-se que a maioria dos exemplares são nativos (58%).
Os resultados qualitativos mostram que a maioria dos indivíduos apresentou um bom estado de conservação (56%), em 74% há presença de ataques de pragas, doenças ou danos mecânicos e 25,84% apresentam injúrias. Mais de 50% apresentam categorias de copa normal e 18% apresentam deformações severas, e 96% não causam prejuízos ao patrimônio público.
O levantamento arbóreo foi satisfatório, levando em conta que no geral os indivíduos demonstraram uma boa conservação e a maioria não está prejudicando a sociedade, quebrando calçadas ou arrancando fios de energia.
 
Daniel Bueno

Mais frutas às gestantes!

O consumo de frutas por gestantes é o tema do trabalho de investigação da acadêmica Carina Siqueira Martelli, do curso de Nutrição da UNIFRA. A pesquisa foi aplicada nas unidades básicas de saúde de Santa Maria, num trabalho em conjunto entre estudantes de Farmácia, Medicina e Nutrição da UFSM e UNIFRA.
Os acadêmicos aplicaram um questionário com o título “Como está a sua alimentação?” nas unidades de saúde, com gestantes de 16 a 42 anos , no período de novembro de 2009 à março de 2010.  Verificou-se com a pesquisa que considerável parte das gestantes apresentou saldo insuficiente no consumo das frutas. A quantidade necessária é de três a cinco porções, porque as frutas são ricas em minerais e vitaminas, essenciais a uma alimentação saudável. Do universo investigado, 8,3% das gestantes não consomem nenhuma fruta diariamente; 27,8% consomem de uma a três frutas por dia e 19,4% não consomem frutas.
A gestação é marcada por profundas mudanças que interferem na vida da mulher. As mais reconhecidas são as modificações relacionadas ao corpo, sua fisiologia e metabolismo. Um fator preocupante deste trabalho foi verificar o consumo inadequado das frutas por estas gestantes, o que pode impedir a absorção de vários nutrientes indispensáveis neste período. Isto mostra a necessidade de um acompanhamento por parte de um nutricionista orientando estas mulheres e estimulando hábitos alimentares saudáveis.
A equipe formada pelos estudantes da UFSM e UNIFRA continua um trabalho de reeducação alimentar nas unidades básicas de Santa Maria, quando cada curso dá a sua contribuição para o desenvolvimento das comunidades fazendo inclusive palestras sobre questões relacionadas à saúde da mulher.

Sérgio Pinheiro

Transformando a diferença em uma forma de intervenção


Nos dias 10, 11 e 12 de novembro, acontece o XIV Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPE) do Centro Universitário Franciscano (Unifra). Os acadêmicos têm a oportunidade de expor e apresentar para os visitantes, resumos expandidos e trabalhos, tendo os resultados obtidos por meio de trabalhos de iniciação científica, extensão e graduação.
Alunos do curso de Psicologia da Unifra, por meio de um pôster, relataram a experiência do estágio específico, integrante do currículo do curso. Com o objetivo de realizar atividades da área psicológica em uma escola para pessoas com necessidades especiais em Santa Maria, os estudantes formaram grupos operativos terapêuticos com cerca de 20 meninas, divididas em dois grupos, estes com duração de aproximadamente uma hora tendo a presença de coordenador e co-coordenador.
Dinâmicas de grupo, desenhos livres, cartazes, diálogos, danças e jogos, foram as intervenções realizadas pelos acadêmicos para interagir com os alunos da escola. Tamires Machado, um dos integrantes do grupo de acadêmicos, comenta a importância de proporcionarem uma maior capacidade de socialização. “A participação em grupos propicia, através do vínculo e da coesão grupal, a troca de experiências entre as participantes”.
As participantes do grupo são deficientes físicos e/ou mentais, mas mesmo assim foi possível perceber, nos encontros que aconteceram, que as necessidades de cada uma, aproximam-se das necessidades de outros cidadãos que não possuam este tipo de particularidade, conforme relatou a acadêmica Juliano Scott.
Com os resultados obtidos, os acadêmicos esperam que as participantes consigam desenvolver ainda mais autonomia. Busca-se também que consigam aumentar a capacidade de falar para outras pessoas sobre suas dificuldades e problemas, assim como ampliar ainda mais a capacidade de acolhimento mútuo durante as conversas e intervenções.

Verônica Barbosa

Fungos do solo podem ser combatidos com solarização

O solo é sempre preocupação para os agrônomos. Cuidar, pesquisar e tratá-lo é uma maneira de preservar o plantio e adquirir resultados positivos na colheita. No XVI Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPE) um dos pôsteres expostos tratou sobre os fungos que prejudicam o solo.
Com a pesquisa “Controle de escleródios de Sclorotinia Sclerotiorum através da solarização do solo”, a estudante de agronomia, Claudia Dutra, 29 anos, falou do processo de pesquisa e dos resultados obtidos a partir dela.
A Sclorotinia é um fungo de solo que apresenta escleródios, estruturas de resistência, que se localizam no solo e que podem durar até seis anos. Esse fungo danifica algo que será plantado, seja uma planta ou uma raiz.
A pesquisa visa combater o fungo para que ele não comprometa plantações.
Segundo a estudante, a pesquisa é feita em uma fração do solo, coberta com uma lona preta e deixada exposta no sol. O tempo pode variar de 24, 36 e até de 48 dias para obter resultados. No entanto, os resultados mais positivos foram nos solos que ficaram 48 dias no processo de solarização. Essa foi uma maneira encontrada para combater o fungo Sclorotinia, e não ter mais problemas nas plantações. No entanto, Claudia acrescenta que o estudo só é feito para combater este fungo em específico, mas que outros podem ainda estar no solo.

Maurício Araujo

Acadêmicos de jornalismo discutem suas pesquisas

Normalmente a faculdade de jornalismo tem duração de quatro anos. Durante este tempo há muitos trabalhos, provas, artigos, projetos e o tão esperado e temido TFG (Trabalho Final de Graduação). Este ano, os TFGs serão defendidos pelos acadêmicos do 8º semestre da Unifra entre os dias nove e 16 de dezembro. Uma oportunidade para os futuros formandos não enfrentarem direto a banca, é o SEPE, que está sendo realizado esta semana no campus I e II da instituição.

Leituras, escrita, análises, observações, orientações, dúvidas sobre o tema e a área de estudo e certo estresse. Esses são pontos pelos quais o acadêmico possivelmente vai passar ao desenvolver seu TFG. O trabalho que a acadêmica Caroline Cechin apresentou no SEPE nesta quinta-feira, dia 11, é intitulado “Autoreferencialidade na campanha dos 40 anos do Jornal Nacional”. Segundo Caroline a escolha sobre a área do seu trabalho surgiu logo no 6º semestre, “eu sempre gostei de telejornalismo. Não tinha bem definida a abordagem, mas tive algumas sugestões de colegas e a decisão foi bem na época da campanha dos 40 anos do jornal Nacional”, relata a aluna. A um mês de defender seu trabalho, ela reserva de duas a três diárias para as finalizações do TFG.

Para desenvolver seu trabalho, Caroline contou com a orientação da professora Carla Torres. Utilizando a metodologia “análise de conteúdo”, foram abordadas cinco reportagens e cinco entrevistas, onde eram mostradas afiliadas e repórteres que fazem parte da rede globo. Referencialidade, gêneros jornalísticos e contrato de confiança entre emissor e receptor foram alguns dos conceitos trabalhados no TFG.
 

Maiara Bersch

Painel reúne pesquisas do curso de jornalismo

O segundo dia (11) do Simpósio de Ensino Pesquisa e Extensão (Sepe) 2010, apresentou trabalhos na área de jornalismo. Dois trabalhos em destaque foram as pesquisas das acadêmicas da UNIFRA Paola Marconde e Caroline Cecchin.
Moda, fotografia e internet foram a base da pesquisa, de Paola Marconde, sobre os aspectos comunicacionais do trabalho produzido pelo fotógrafo Scoot Schuman. O objeto de pesquisa é o estilo It Girl, termo referente a mulheres modernas, criativas, capazes de lançar tendência com seu próprio estilo. Paola afirma que a mídia é o meio que legitima este movimento fashionista: “ A fotografia de Schuman é capaz de inserir a mulher comum na mídia através de suas captações urbanas e casuais que servem de referência para o mundo da moda,” declara a acadêmica.
A campanha de comemoração aos 40 anos de Jornal Nacional é o corpus do trabalho estudantes Caroline Cecchin. Ela analisa a autorreferência que a emissora fez para elucidar o trabalho e a importância do telejornal para os telespectadores. Caroline relatou que durante a campanha de comemoração a Globo mostrou suas afiliadas por território nacional e as suas emissoras próprias durante matérias e vinhetas. Segundo ela o recurso de mostrar os bastidores é uma tendência nos meios de comunicação: “ a autorreferência vem sendo empregada em vários meios em busca de legitimação no campo midiático” afirma Caroline.
Simpósio de Ensino Pesquisa e Extensão (Sepe) 2010 , que ocorre no Salão de Atos do Conjunto 1 da UNIFRA, encerra nesta sexta-feira.
O

 Rita Barchet

A comunicação em diferentes aspectos

Todos os anos o Simpósio de Ensino Pesquisa e Extensão (Sepe) é uma oportunidade para que os estudantes da UNIFRA possam mostrar seus trabalhos à comunidade acadêmica. Através dos pôsteres e das palestras, cria-se um ambiente para a divulgação dos resultados obtidos nas pesquisas de diversas áreas, além da troca de experiências entre alunos e professores.
No curso de jornalismo, as temáticas foram diversas, sempre relacionando um tema de interesse do aluno à comunicação.
 Na quinta-feira, 11 de novembro, entre os trabalhos expostos esteve o da acadêmica Paola Marcon, que teve como orientadora a professora Carla Torres. A pesquisa está em fase de finalização. Paola analisa as fotografias de moda produzidas por Scott Schuman, embasadas no conceito It Girl.
Em sua apresentação Paola destacou que as It Girls são “mulheres modernas e criativas, capazes de lançar tendências pelo seu próprio estilo”. Em seu trabalho, o fotógrafo Scott insere a mulher comum na mídia através de fotografias urbanas e casuais que acabam servindo de referência para o mundo fashionista. O objetivo da pesquisa é descobrir quais valores comunicacionais estão inseridos nas fotografias de Scott.
A acadêmica Alice Balbé também expôs sua pesquisa, que tem como tema o jornalismo investigativo na televisão e analisa os programas Conexão Repórter e Repórter Record. Para a análise, foram escolhidos 13 programas entre 31 de maio e 08 de julho de 2010. Após a seleção, Alice fez uma análise descritiva e separou os vídeos em reportagem, documentário e denúncia.
Ela também explicou algumas características das reportagens investigativas. “Os cenários remetem a investigação, fazem autorreferência e promoção. Também possuem uma linguagem de aproximação com o telespectador” destacou Alice.
O Jornal do Almoço, da RBSTV, foi o tema escolhido pela estudante Francine Boijink, que apresentou “Jornal do Almoço de Santa Maria: um estudo das interações”. A pesquisa tem como objetivo entender as estratégias internacionais dos apresentadores do jornal. Para isto, foram observadas linguagem verbal e não-verbal utilizadas pelos jornalistas. Franciele explicou que com o passar do tempo, os jornais passaram a utilizar mais gestos e deixaram o telepronper um pouco de lado. Estas e outras inovações inseridas no Jornal do Almoço são pesquisadas pela acadêmica.
Através dos trabalhos expostos, os participantes puderam compreender aspectos da comunicação em diferentes áreas como fotografia, televisão e internet. A pluralidade das pesquisas além de ampliar o saber, podem ter sido motivadora para que novos participantes estejam no Sepe de 2011.

 Andressa Scherer

Mídia digital é discutida no Sepe 2010

Novos “contratos” e as transformações dos discursos jornalísticos, este foi o relato de projeto que abriu os trabalhos de pesquisa e extensão da mesa de jornalismo, desta quinta-feira, dia 11, no Sepe 2010. A relatora do projeto é a acadêmica Júlia Mello Schnorr, 24 anos, 5º semestre. O projeto conta com a orientação do professor Antônio Fausto Neto. Os dois trabalham juntos desde abril, deste ano, quando Júlia ingressou no trabalho.
A pesquisa é a continuação de um estudo que existe desde 2009 e passou por uma reconfiguração. No ano passado buscava-se entender a midiatização no jornalismo impresso e digital. Agora, o foco está na mídia digital, mais especificamente em dois blogs do Diário de Santa Maria: “Bastidores do Diário” e “Meu filho”. É realizada uma análise das transformações, a partir da criação desses blogs, dos contratos de leitura do veículo de comunicação com os leitores.
Segundo Júlia, no jornalismo, sua futura profissão, é importante trabalhar em projetos, pois todos que querem atuar como jornalistas precisam pesquisar. A acadêmica, que já é formada em história pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, diz que as pessoas que pensam no futuro da profissão precisam pesquisar para enriquecer o seu conhecimento. “O aluno deve buscar informações além da vida acadêmica, só assim o profissional poderá mudar ou contribuir para a realidade que está inserido”, completa.
A metodologia que esta sendo utilizada é a observação, a pesquisa qualitativa e empírica. Os objetivos do projeto é estudar os contratos de leitura dos blogs, de que forma os leitores de tornam participantes, o receptor como co-produtor, a ambiência, o que mudou no cotidiano da redação com a criação da extensão online, qual é o espaço reservado para o leitor no impresso e no online, quem finaliza o sentido das informações nos blogs. Os próximos passos serão estudar como estão os estudos sobre midiatização na atualidade, a ambiência desses “novos” locais que a informação está presente e as leituras estratégicas dos mesmos. O projeto será executado até abril de 2011.


Alessandra Tonatto Noal

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Acompanhe o XVI SEPE também em www.centralsul.org

Leitura, desenhos e hábitos saudáveis no SEPE da Unifra

Que tal ensinar alimentação e hábitos saudáveis para adolescentes através de histórias em quadrinhos? Difícil? Não para as acadêmicas do 8º semestre do curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (Unifra), que lançaram a revista “HQ no João Belém”. Esta foi uma das novidades desta quarta-feira, 10, primeiro dia do XIV Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPE), que este ano tem como tema a responsabilidade sócio-ambiental.
     A proposta de um projeto diferente surgiu a um semestre atrás na aula de Estágio e Nutrição no Ciclo da Vida II, orientada pela professora Ana Lúcia Saccol. Mas, foi na escola João Belém que ela ganhou vida. As acadêmicas de Nutrição da Unifra, com a professora de Artes da escola, Irene de Barros e quatro turmas da 7ª série trabalharam um semestre para que a revista ficasse pronta. “Nós estávamos no 7º semestre quando fizemos a revista. Além de toda a organização da revista, também elaboramos artigos sobre o nosso trabalho acadêmico”, conta a estudante Luize da Cás.
Foto:Yuri Weber
Para a professora Ana Lúcia, as acadêmicas aprenderam muito e a atividade foi complementar ao estágio, que traz essa vivência prática. “É importante este trabalho interdisciplinar. Elas trabalharam com artes, comunicação e linguagens. Foi uma grande vivência para as minhas alunas”, explica a professora do curso de Nutrição.
Além de toda a importância da disciplina, do projeto e do estágio, a revista também beneficiou o outro lado desta história. Os alunos da 7ª série da Escola João Belém, que puderam desenhar e criar suas histórias. Para desenvolver essa proposta, eles contaram com a ajuda e orientação do cartunista Byrata.
Desenhar na aula de Artes, até ai tudo normal. Onde entra a Nutrição nessa história? Entra com as temáticas: ensinar hábitos saudáveis, melhor aproveitamento dos alimentos, drogas, alcoolismo e maneiras de combater doenças, como a diabetes e a hipertensão. Estes foram alguns dos temas abordados nos quadrinhos. A história da aluna Kamila Schirmer, 15 anos, foi sobre fibras. “Aprendi que podemos utilizar as cascas de alguns alimentos, antes eu sempre jogava elas fora”, relata Kamila.
O lançamento e os exemplares da revista de história em quadrinhos puderam ser observados por todos que passaram pelo campus I da Unifra. As revistas estão sendo vendidas com valor de três reais e podem ser compradas também na Escola João Belém. Segundo a acadêmica Luize da Cás, o valor arrecadado com as vendas será repassado a própria escola. Após a exposição, elas serão distribuídas nos colégios municipais e estaduais da cidade.

Maiara Bersch



quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Professor da USP abre o ciclo de conferências

A primeira conferência do SEPE 2010 na Unifra foi com o Prof. Dr. Paulo Roberto Jacobi, que abriu o evento na manhã de hoje com  a palestra Sociedade de Risco, responsabilidade socioambiental e aprendizagem social. Jacobi é graduado em Ciências Sociais e Economia pela USP, mestre em Planejamento Urbano e Regional pela Graduate School of Design - Harvard University e doutor em Sociologia também pela USP. Hoje, Professor Titular da USP e co-editor da Revista Ambiente e Sociedade.
O conferencista tratou dos problemas ambientais como as ameaças a biodiversidade, desmatamentos, mudanças climáticas, pobreza, etc. Falou sobre a sociedade de risco como a nova realidade globalizada que necessita de tomada de consciência da população sobre os impactos desses problemas ambientais. Tratou também sobre os papéis das universidades, do poder público, da sociedade civil e das empresas em relação à responsabilidade socioambiental.
Paulo enfatizou a realidade ambiental ao redor do mundo. Tocou em problemas como a escassez e distribuição desigual de água, desmatamento, produção excessiva de lixo, problemas esses que podem ser solucionados com pequenos gestos como coleta seletiva, reciclagem, reflorestamento das matas. Atitudes que no longo prazo podem fazer a diferença.
Para ele, o resgate e o desenvolvimento dos valores e comportamento é fundamental para essa questão ambiental. Essa educação precisa ser iniciada nos primeiros anos da escola.
Segundo o professor, ‘‘é preciso ter cuidado com os pequenos detalhes e fazer o consumo consciente dos materiais, mudanças positivas ainda são possíveis’’, finalizou destacando que é preciso haver mais responsabilidade, compromisso e iniciativa com o nosso mundo.

Carolina Baraúna e Caroline Rocha.


Unifra dá início ao XVI Simpósio de Ensino, pesquisa e Extensão – SEPE.

   Nesta manhã, 10, foi realizada a abertura do XIV Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPE), estiveram presentes autoridades do Centro Universitário Franciscano e representante do poder executivo de Santa Maria.
   Durante a abertura foi realizada uma homenagem a Ir. Noemi Lunardi, professora e enfermeira, ex-diretora da antiga Faculdade de enfermagem Nossa Senhora Medianeira (Facem) e atual fiscal do Conselho Regional de Enfermagem (COREN/RS), por reconhecimento pelos trabalhos realizados na instituição. Noemi é referência na formação de profissionais da saúde.
   Aconteceu também a entrega do Prêmio Projeto Gráfico SEPE 2010 ao acadêmico de Design da Unifra, Wladimir Coelho Medeiros, pela criação da marca do evento.
   O Simpósio acontece nos dias 10, 11 e 12 de novembro no campus II da Unifra, o tema este ano é Responsabilidade Socioambiental, e contará com aproximadamente 1.400 participantes, a maioria são acadêmicos da instituição e serão cerca de 1120 trabalhos, entre pôster e apresentações orais das áreas de ciências humanas, sociais, saúde e tecnologia.
   O evento traz discussões éticas sobre o desenvolvimento ambiental. Alerta a todos para assegurar a sustentabilidade e assim construir um mundo ecologicamente correto para as novas gerações.
 
Carolina Baraúna e Caroline Rocha.


sábado, 6 de novembro de 2010

Uma nova política catalisada pela educação

A política e todas as esferas que estão interligadas a ela refletem o comportamento da sociedade em diferentes períodos históricos. Imersa também na educação, é necessário, primeiramente, entender os sujeitos e o contexto em que está inserido. Pensar educação dentro do campo político cultural exige muito mais que uma simples reflexão. É preciso saber onde se quer chegar e quais objetivos se pretende alcançar. Para um dos mais importantes educadores brasileiros, Paulo Freire, também filósofo, “a questão que se coloca é saber que política é essa, a favor de quê e de quem, contra o quê e contra quem se realiza".
Compreender a educação a partir da política significa desmembrar comportamentos e traços culturais de diferentes períodos históricos de uma nação. É exatamente esta ligação que a Doutora em Educação pela USP e Pós-Doutora pela EHESS (Paris), Izabel Petraglia, busca refletir em seu artigo intitulado “Educação complexa para uma nova política de civilização”.
Izabel destaca que o pensamento político não deve se aliar apenas à área, mas sim transcender povos e culturas distintas. “Uma política planetária, que contemple uma educação a favor dos seres humanos, porque somos e compartilhamos de uma cidadania terrestre”, cita. A autora, assim com o próprio título de seu artigo destaca, propõe uma educação complexa, capaz de gerar a reflexão e resgatar a essência e humanidade. Estas transformações, através de pequenos atos, geraria assim uma consciência transformadora no ser humano que seria capaz de promover uma transformação consistente do processo educacional. “Torna-se mais autônomo, e toda autonomia pressupõe também dependências de um tempo, uma cultura, uma linguagem, um lugar e de diversas histórias e relações”.
Para Izabel uma nova política de civilização aliadas aos processos educacionais exige uma reforma que aposte no aprofundamento e na intervenção. Além disso, estratégias de ação devem ser implantadas para que o ser humano volte a se perceber como ser modificador. “Este não é um sonho idealista, mas uma boa e saudável utopia, que se pode desejar e começar a fazer, fazendo-a práxis do cotidiano. Se utopia é o que não tem lugar no presente, entendemos que seja possível ao seu tempo”, conclui a autora em seu artigo.


Leandro Ineu

O Sal como solução, sim ou não?

Desde muito cedo se aprende que o sal de cozinha é um dos grandes vilões das dietas e da boa forma, além de ser o causador de muitas doenças. Basta uma visita a um médico ou ao nutricionista para se tornar um combatente à comida muito salgada. O sal de cozinha é candidato a se tornar um alimento considerado “não seguro” por agências reguladoras de alimentos e remédios em vários países. E não tem sido diferente no Brasil.
Aproximando-se desse modo dos países considerados mais desenvolvidos, o consumo per capita de sal, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem sido excessivo no país. No nosso caso, porém, nem sempre foi assim, nas décadas de 1940 a 1960, o sal de cozinha era tido como salvação para muitas doenças, especificamente a malária e o bócio endêmico.
Duas doenças tão distintas como a malária e o bócio endêmico foram alvos das preocupações e ações da saúde pública brasileira no período em questão. Nas décadas de 1940 e 1960 o sal de cozinha foi considerado o instrumento mais adequado para superar esses desafios e transformado em elemento central de programas de saúde.
O primeiro Governo Vargas promoveu iniciativas voltadas para a melhoria da alimentação da população, como restaurantes populares e restaurantes nas empresas, cujo alvo seria o trabalhador urbano e sua família, além de refeições para alunos das escolas públicas nas grandes cidades e incentivo a educação alimentar e pesquisas sobre alimentos. Porém, as populações e trabalhadores rurais não foram incluídos nesta e nas demais políticas sociais.
Há indicações de que as populações do interior não aderiram ao “sal benfeitor”, que seria o sal refinado. Teimavam em utilizar o sal grosso, particularmente para conservação de alimentos, e havia desconfiança em relação ao gosto por causa do iodo. A extrema pobreza e o analfabetismo nas áreas endêmicas também dificultavam a mudança racional do hábito que, mesmo com campanhas educativas, esbarraria na ausência de recursos para comprar e consumir o produto com regularidade.
Nesse contexto especifico, a estratégia brasileira foi efetivamente reconhecida pelas agências da saúde internacional, e integrada na meta de erradicação da malária a partir de 1958. Apesar de semelhantes e quase simultâneas, as experiências de utilização do sal como veículo terapêutico e profilático no Brasil dos anos 1940 e 1950 estavam inseridas em circuitos institucionais e políticos bastante diversos, mas dentro da mesma orientação de superação das endemias rurais como base para o desenvolvimento.
A expectativa de que “salgar o Brasil” rapidamente nos livraria do bócio e da malária acabou sendo frustrada. Críticas aos programas existiram ao longo de sua implementação, mas críticas ao modelo de saúde pública e a maneira pela qual se associava ao desenvolvimento, surgiram mais clara e organizadamente nas décadas de 1960 e 1970.


Matéria produzida em cima do artigo feito por Gilberto Hochman,pesquisador titular da Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz,professor do Programa de Pós – Graduação em Historia das Ciências e da Saúde.
Lucian Ceolin

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O HIV e as grávidas infectadas

A psicóloga francesa Béatrice Martin-Chabot teve sua pesquisa sobre mulheres infectadas pelo HIV (AIDS) e ao relacionamento com seu parceiro, publicada no site www.scielo.org no mês de junho último. No estudo, a psicóloga discorre sobre a sua experiência junto à associação parisiense onde trabalha e que orienta gestantes soropositivas, tanto na gestação e nos cuidados com o bebê, quanto com o convívio com o cônjuge.
O artigo traz uma abordagem histórica da epidemia da AIDS pelo mundo e de como a ciência foi evoluindo com novos medicamentos até a descoberta de coquetéis retrovirais e terapias tríplices. Nesse mesmo contexto histórico são apresentados dados do aumento do vírus HIV em crianças, já que a transmissão mãe-filho pode ocorrer nas últimas semanas de gestação, através do parto e no aleitamento materno.
A psicóloga conta que desde 1994 é proposto a todas as mulheres grávidas um formulário de redução dos riscos de transmissão do vírus. Com ele, o índice de contaminação mãe-filho caiu de 25% para 1%. Porém, o auge do trabalho é na relação da grávida com o seu parceiro e pai da criança. A orientação na associação vai desde como contar ao companheiro até o momento das decisões para com a criança que vai nascer.
Segundo Béatrice, as gestantes chegam com medo à associação. Seu trabalho começa pelo esclarecimento sobre a doença e os cuidados para que o bebê seja saudável.
Outro grande temor das futuras mães é que várias delas não sabiam que eram portadoras e acabam por ligar sua condição ao companheiro. “Devemos tratar o assunto com a maior empatia para que não haja sentimento de culpa ou raiva tanto pela mãe quanto pelo cônjuge”, explica ela. A psicóloga conta que orienta as grávidas e se preocuparem essencialmente com o filho que esperam e que o que aconteceu com elas e com seus parceiros também tem tratamento.
A narrativa leva a um passeio pelo modo de vida dessas mães francesas. Porém, mostra que assim como na França os sentimentos, preocupações e angústias maternas são as mesmas em qualquer parte do mundo. Fica um recado: o esclarecimento nunca é demais, ele sempre pode salvar mais uma vida ou várias.

Larissa Sarturi

Sexualidade na mira dos adolescentes


Assuntos relacionado à sexualidade na adolescência estão em pauta nos últimos anos. Um dos motivos que contribuiu para isso é o estabelecimento de um novo ambiente de diálogo no contexto escolar, o que promove e facilita o aprofundamento do tema em parceria com os adolescentes.
Dentro das escolas, o que mais é conversado entre os alunos refere-se a sexo e suas amplitudes, como descoberta da sua própria sexualidade, desenvolvimento do seu corpo, relacionamentos, formação de identidade e gênero. Já em relação à família, o diálogo sobre sexualidade e sexo ainda é tabu. Os adolescentes adquirem essas informações principalmente com amigos, revistas, filmes, televisão e internet, e agora com professores e profissionais de saúde.
Kelly Ribeiro de Freitas, enfermeira da Fundação Universitária Cardiologia do Rio Grande do Sul e Silvana Maria Zarth Dias, mestre em enfermagem e professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fizeram um estudo qualitativo que se aplica ao estudo das relações, percepções e opiniões, produto das interpretações do modo de vida, do que se sente e se pensa.
No trabalho desenvolvido, buscou-se conhecer as percepções dos adolescentes de uma escola de Porto Alegre (RS) sobre o desenvolvimento da sua sexualidade e contribuir para o crescimento dos saberes que estruturam o ensino da educação em saúde voltado a eles. Os jovens revelaram que seus interesses em relação à sexualidade estão ligados à afetividade e à busca de um parceiro, ou seja, à procura do objeto sexual, ainda que relatem preocupação com a prevenção de DST e gravidez na adolescência.
Estudos como o de Kelly e Silvana, contribuem para o processo de conhecimento dos adolescentes sobre sua sexualidade, favorece a emancipação do sujeito e promove o autocuidado. É visível a importância de construir uma consciência crítica que leve os jovens a pensar sobre a formação de suas identidades.

 Verônica Barbosa

Um relato sobre a psicose infantil

A psicanalista e professora de psicologia na Université Paris VII e profissional do Centro de Psicologia e Psiquiatria da Criança e do Adolescente, do Hospital Sainte Anne, na França, Tatiana Pellion relata em artigo científico, um estudo de caso sobre psicose infantil. Trata-se de uma criança de seis anos que foi encaminhada ao centro por apresentar algumas dificuldades na escola. O garoto também tinha problemas de relacionamento. Augusto, seu nome, era só, não tinha amigos. “Só no seu mundo”, descreve a professora. Sua linguagem era pouco compreendida e por esta razão, o garoto integrava um “grupo de linguagem” organizado por dois fonoaudiólogos do hospital.
Augusto também já havia realizado três sessões de psicoterapia com outra psicóloga para um diagnóstico psicológico, cuja conclusão pareceu alarmante: “imaginário volumoso”, “prevalência de mecanismos fóbicos”, “descontrole emocional e fantasmático”.
Augusto ouvia falas de “outros” que não se esgotavam nunca, um super-eu insistente, que era até mesmo malfeitor. Ele contava seguidamente uma história onde o “lobo teria que comer a bruxa”.
A mãe do menino refere-se, em primeiro plano, a uma possível separação entre ela e o pai de Augusto, além do seu consumo excessivo de álcool como fatos que tiveram importância na vida do filho.
O pai era construtor, trabalhava frequentemente no interior e podia se ausentar por longas temporadas (quatro a cinco meses), estando raras vezes em casa nos finais de semana. A mãe era zeladora, de origem portuguesa, logo, Augusto e ela moravam juntos no quartinho destinado a serviços de manutenção e limpeza do prédio. O garoto dormia quase sempre com a mãe, na ausência do pai, e o casal atravessava uma grande crise.
A psicóloga percebendo certo apelo a figura do pai, pediu que o mesmo comparecesse a algumas sessões com o filho.
Em uma dessas sessões o pai conta sobre um fato que havia acontecido pouco antes: “Eu quase morri!” (a moto dele havia se chocado contra um caminhão). Esse fato angustiou e desorganizou a mente do garoto, porém o acidente real do pai introduziu psiquicamente em Augusto questões que ele tentava reproduzir e simbolizar em um mapa desenhado por ele. Sessão após sessão ele desenhava o mapa que reproduzia uma segurança, evitando perigos e voltando-se para outro lugar. Os habitantes desse outro lugar, “os chineses”, eram invisíveis, como o pai simbólico (ausente).
Segundo Tatiana, “a vinda do pai real às sessões parece ter também provocado a construção da instância da função paterna. A castração do pai no real permitiu a construção de algo simbólico para Augusto, retirando-o de sua alienação e prisão ao discurso materno totalitário.”
O mapa que Augusto desenhou, com todos os cruzamentos e seus obstáculos, representava, também, o caminho que ele fazia de casa à instituição (“hospital”), ou mesmo o trajeto dos numerosos encontros feitos aqui, como “lugar onde se pode fundar, criar, construir a lacuna da função paterna”, finaliza a autora.
O artigo denominado “o chinês, o lobo e a britadeira”, escrito pela professora e psicanalista Tatiana Pellion, foi publicado na revista de psicanálise, Àgora.

A anorexia por Freud e Lacan

Atualmente tornaram-se comuns falar das novas patologias como a síndrome do pânico, a síndrome do medo,o transtorno obsessivo compulsivo (TOC),o estresse, a depressão,a anorexia e a bulimia. Estas seriam as doenças do século XXI, e discute-se a ideia de que são toxicomanias.
Dentro da anorexia e bulimia, há o desejo de comer, de satisfazer, saciar a fome, mas há também o prazer de conseguir resistir e nada ingerir. Antecipa-se por aí que a anorexia nada mais seria que consequência da contemporaneidade, devido a estereótipos impostos pelo modismo. Eis o motivo dado pela mídia para difundir a dupla anorexia/bulimia como doença.
Em artigo publicado pela Revista Latino-americana de Psicopatologia Fundamental, em 2010, as psicanalistas Betty Funks e Vera Maria Pollo defendem uma ideia contraria, rastreando Freud e Lacan. Buscando algumas respostas em Freud, fica clara a intenção da psiquiatria atual em descrever as características e a sintomatologia da nova doença, baseados em sintomas conhecidos há séculos, levando, de alguma forma, à psicanálise. Porém, mesmo antes de fundamentar a psicanálise, Freud em “Um caso de cura pelo hipnotismo”, já havia descrito os sintomas da anorexia em uma mulher no pós-parto, no ano de 1893. Neste caso, a hipnose revelou que a paciente não sentia vontade de comer por repugnância, relembrando fatos de quando era obrigada a ingerir comida fria de maneira indigesta junto aos irmãos. Sendo assim, Freud nunca classificou a anorexia como um tipo de psicose. Ela era apenas uma perda de libido pelos alimentos, um paralelo neurótico de melancolia alimentar.
Já Lacan começou seus estudos sobra a anorexia em 1935, e teve como ponto de partida, a doença em crianças. Para ele a anorexia levava como sobrenome o “metal”. A anorexia metal foi diagnosticada em meninos judeus, durante um trabalho em um ambulatório público em que Lacan prestou serviços. Segundo ele, crianças e adultos recusam-se a descobrir o que significa poder comer, levando ao desconhecimento da comida e ao que ele define comer “nada”. A anorexia para Lacan é consequência da relação do individuo com o “outro materno”. No caso da criança, privando-se de comer, ela priva sua mãe do gozo de vê-lo comer. Já no caso do adulto, ele priva o “outro” de sua companhia, afastando-se do que tudo sabe sobre alimentação. Por isto, o comer “nada” torna-se o separador entre individuo anoréxico e o “outro”.Há ainda, o outro lado da anorexia estudada por Lacan, que diz respeito a anorexia mais grave, gerando o estado de gozo. Quando ingerir nada se torna prazeroso, extasiante.
O artigo das psicanalistas traz ainda a história de Pedro, que, aos 22 anos começou a ter sintomas de anorexia. Para Pedro, a anorexia veio através de um emprego com seu pai, quando terceiros começaram a mandá-lo dentro do trabalho. Descrevendo suas sensações com relação à doença, Pedro diz ser prazeroso não comer nada, pois se trata de uma morte lenta, indolor, chegando a ser agradável. No final das contas, Pedro tinha em seu interior o sentido de que se alimentar não passava de um desejo.
A anorexia termina por ser o limite do prazer e do gozo, onde seu objetivo é alcançar um gozo que, não associado ao principio do prazer, dispense o alimento. Gera, assim, o jogo de recusa do desejo alimentar.

Juliane de Freitas