Atualmente tornaram-se comuns falar das novas patologias como a síndrome do pânico, a síndrome do medo,o transtorno obsessivo compulsivo (TOC),o estresse, a depressão,a anorexia e a bulimia. Estas seriam as doenças do século XXI, e discute-se a ideia de que são toxicomanias.
Dentro da anorexia e bulimia, há o desejo de comer, de satisfazer, saciar a fome, mas há também o prazer de conseguir resistir e nada ingerir. Antecipa-se por aí que a anorexia nada mais seria que consequência da contemporaneidade, devido a estereótipos impostos pelo modismo. Eis o motivo dado pela mídia para difundir a dupla anorexia/bulimia como doença.
Em artigo publicado pela Revista Latino-americana de Psicopatologia Fundamental, em 2010, as psicanalistas Betty Funks e Vera Maria Pollo defendem uma ideia contraria, rastreando Freud e Lacan. Buscando algumas respostas em Freud, fica clara a intenção da psiquiatria atual em descrever as características e a sintomatologia da nova doença, baseados em sintomas conhecidos há séculos, levando, de alguma forma, à psicanálise. Porém, mesmo antes de fundamentar a psicanálise, Freud em “Um caso de cura pelo hipnotismo”, já havia descrito os sintomas da anorexia em uma mulher no pós-parto, no ano de 1893. Neste caso, a hipnose revelou que a paciente não sentia vontade de comer por repugnância, relembrando fatos de quando era obrigada a ingerir comida fria de maneira indigesta junto aos irmãos. Sendo assim, Freud nunca classificou a anorexia como um tipo de psicose. Ela era apenas uma perda de libido pelos alimentos, um paralelo neurótico de melancolia alimentar.Já Lacan começou seus estudos sobra a anorexia em 1935, e teve como ponto de partida, a doença em crianças. Para ele a anorexia levava como sobrenome o “metal”. A anorexia metal foi diagnosticada em meninos judeus, durante um trabalho em um ambulatório público em que Lacan prestou serviços. Segundo ele, crianças e adultos recusam-se a descobrir o que significa poder comer, levando ao desconhecimento da comida e ao que ele define comer “nada”. A anorexia para Lacan é consequência da relação do individuo com o “outro materno”. No caso da criança, privando-se de comer, ela priva sua mãe do gozo de vê-lo comer. Já no caso do adulto, ele priva o “outro” de sua companhia, afastando-se do que tudo sabe sobre alimentação. Por isto, o comer “nada” torna-se o separador entre individuo anoréxico e o “outro”.Há ainda, o outro lado da anorexia estudada por Lacan, que diz respeito a anorexia mais grave, gerando o estado de gozo. Quando ingerir nada se torna prazeroso, extasiante.
Em artigo publicado pela Revista Latino-americana de Psicopatologia Fundamental, em 2010, as psicanalistas Betty Funks e Vera Maria Pollo defendem uma ideia contraria, rastreando Freud e Lacan. Buscando algumas respostas em Freud, fica clara a intenção da psiquiatria atual em descrever as características e a sintomatologia da nova doença, baseados em sintomas conhecidos há séculos, levando, de alguma forma, à psicanálise. Porém, mesmo antes de fundamentar a psicanálise, Freud em “Um caso de cura pelo hipnotismo”, já havia descrito os sintomas da anorexia em uma mulher no pós-parto, no ano de 1893. Neste caso, a hipnose revelou que a paciente não sentia vontade de comer por repugnância, relembrando fatos de quando era obrigada a ingerir comida fria de maneira indigesta junto aos irmãos. Sendo assim, Freud nunca classificou a anorexia como um tipo de psicose. Ela era apenas uma perda de libido pelos alimentos, um paralelo neurótico de melancolia alimentar.Já Lacan começou seus estudos sobra a anorexia em 1935, e teve como ponto de partida, a doença em crianças. Para ele a anorexia levava como sobrenome o “metal”. A anorexia metal foi diagnosticada em meninos judeus, durante um trabalho em um ambulatório público em que Lacan prestou serviços. Segundo ele, crianças e adultos recusam-se a descobrir o que significa poder comer, levando ao desconhecimento da comida e ao que ele define comer “nada”. A anorexia para Lacan é consequência da relação do individuo com o “outro materno”. No caso da criança, privando-se de comer, ela priva sua mãe do gozo de vê-lo comer. Já no caso do adulto, ele priva o “outro” de sua companhia, afastando-se do que tudo sabe sobre alimentação. Por isto, o comer “nada” torna-se o separador entre individuo anoréxico e o “outro”.Há ainda, o outro lado da anorexia estudada por Lacan, que diz respeito a anorexia mais grave, gerando o estado de gozo. Quando ingerir nada se torna prazeroso, extasiante.
O artigo das psicanalistas traz ainda a história de Pedro, que, aos 22 anos começou a ter sintomas de anorexia. Para Pedro, a anorexia veio através de um emprego com seu pai, quando terceiros começaram a mandá-lo dentro do trabalho. Descrevendo suas sensações com relação à doença, Pedro diz ser prazeroso não comer nada, pois se trata de uma morte lenta, indolor, chegando a ser agradável. No final das contas, Pedro tinha em seu interior o sentido de que se alimentar não passava de um desejo.
A anorexia termina por ser o limite do prazer e do gozo, onde seu objetivo é alcançar um gozo que, não associado ao principio do prazer, dispense o alimento. Gera, assim, o jogo de recusa do desejo alimentar.
Juliane de Freitas
A anorexia termina por ser o limite do prazer e do gozo, onde seu objetivo é alcançar um gozo que, não associado ao principio do prazer, dispense o alimento. Gera, assim, o jogo de recusa do desejo alimentar.
Juliane de Freitas
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