No dia 13 de setembro completou 20 anos do maior acidente radioativo do Brasil, que aconteceu em Gôiania, Goiás e contaminou, na época, 102 vítimas, segundo autoridades locais. A radiação foi emitida por uma cápsula que continha césio 137.
O processo de disseminação da radiação começou quando dois catadores de lixo, Roberto dos Santos e Wagner Mota removeram o aparelho de radioterapia do antigo Instituto Goiano de Radioterapia até a casa de um deles. Ingenuamente não sabiam que estariam causando o maior acidente do mundo ocorrido fora das usinas nucleares.
Com a intenção de desmontar e vender as partes de metal e chumbo do aparelho para ferros velhos da cidade, eles o abriram sem saber que dentro ele continha uma grande quantidade de césio-137. No momento em que os catadores entraram em contato com o material, altamente radiativo, imediatamente o material todo ficou exposto a 19,26 g de cloreto de césio.
Após venderem a máquina para um ferro velho, o desfecho foi ainda pior. O novo proprietário ficou admirado com a luz azulada que o pó branco do césio refletia durante a noite. Do dia 18 de setembro de 1987 ao dia 21 de setembro do mesmo ano, ele convidou amigos e familiares para conhecerem o que parecia ser uma grande descoberta. Curiosos chegaram a levar parte do pó para casa achando que se tratava de algo sobrenatural. Assim foi se espalhando a radiação por toda cidade.
Não demorou muito e os primeiros sintomas começaram a aparecer. Hospitais começaram a receber pacientes com vômitos, náuseas, tonturas e diarréia, acreditavam se tratar, até então, de uma doença contagiosa desconhecida. Na verdade se tratava de sintomas da Síndrome Aguda da Radiação.
O caso mais conhecido foi o da sobrinha do dono do ferro velho, Leide das Neves , na época com 6 anos de idade, que foi a primeira vítima a morrer devido a ingestão do césio durante a janta.
Físicos contataram que se tratava de um grave acidente radioativo após análise do material recolhido. Este material gerou 13,4 toneladas de lixo, entre eles, roupas, utensílios, plantas, resto de solo, materiais de construção, que permanecerão armazenados em um depósito, construído numa cidade vizinha por pelo menos 180 anos.
No dia 8 de maio de 2008 foi aprovado no Senado um projeto de lei que estabelece o pagamento de pensão vitalícia ,no valor de R$ 750,00 para cerca de 3 mil pessoas, entre elas, policiais militares, bombeiros, funcionários da Vigilância Sanitária e outros. Mesmo o governo apoiando as vítimas, elas ainda continuam sofrendo o preconceito gerado pelo desconhecimento dos efeitos da radiação. Uma das moradoras do local, onde ocorreu o acidente ainda vive isolada e incompreendida pelos vizinhos.
Sabe-se que até hoje foi registradas a morte de 60 pessoas e a contaminação de 6 mil. Mas não há como calcular o número de pessoas que ainda possam vir a sofrer com o acidente de 1987.
Mais informações sobre o césio 137 estão disponíveis no
site:Por Clarissa Pippi e Rejane Fiorenza