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quarta-feira, 3 de junho de 2015

Pesquisa realiza um panorama crítico das narrativas na imprensa nacional sobre o futebol-arte

O Brasil é conhecido como o “país do futebol”, e a mídia alimenta essa ideia dando destaque a esse esporte como um novo estilo de jogo. Dessa forma, a pesquisa desenvolvida por Filipe Fernandes Ribeiro Mostaro, publicada na Revista Estudos em Jornalismo e Mídia, v.11, de 2014,  parte da ideia de que um estilo distinto de praticar o futebol foi edificado em densas narrativas que tiveram como pano de fundo a questão da mestiçagem e a identidade nacional construída nos anos 1930.

A pesquisa utilizou as publicações de edições do Jornal do Brasil e O Globo nas Copas realizadas entre 1938 e 1970. O autor utiliza textos de Freyre que destacam o sucesso da equipe brasileira, considerando a mistura étnica presente nos jogadores convocados, um dos fatores que levaram a ter esse destaque, utilizando termos como “dança ou capoeiragem” e “malandragem” para distinguir o futebol apresentado pela seleção brasileira e os demais times. Assim, alguns jogadores daquela equipe tornaram-se referências ao estilo de jogo, ganhando notoriedade mundial por conta do poder de improvisação durantes as partidas.

Na final da copa 1950 houve um fato marcante na história do futebol e das copas, o famoso Macanaço. O Brasil, sediando a edição, enfrentou na final a seleção do Uruguai, e em pleno Maracanã foi derrotado por 2 a 1, porém, mesmo assim, nada alterou a representação do futebol-arte construída em 1938.

Garrincha com seus dribles, Pelé com seus belos gols, são considerados sinônimos desse futebol-arte, porém na Copa de 1966, a seleção brasileira foi eliminada na primeira fase, dando uma pausa no discurso de que o melhor futebol do mundo era apresentado pela seleção nacional.

Para a Copa de 1970 foi feita uma nova preparação dos atletas, com cuidados em relação ao físico e talento, exaltando o chamado “Planejamento México”. Com isso, a mídia deixou de lado o discurso de que o futebol-arte era baseado no improviso e dom natural. Perceberam que, além desses dois fatores, outros novos começaram a surgir como a estratégia e a disciplina do treinamento.

Brasil campeão da Copa de 1970, porém, com uma bela atuação em campo, uma vitória por 4 a 1 em cima da Itália, ficando em definitivo com a Taça Jules Rimet. De acordo com a mídia, surge um novo adjetivo para o futebol apresentado pela seleção: o “futebol-arte-tecnica-poesia”. Com isso, são redefinidos elementos para o novo futebol-arte brasileiro.

A pesquisa conclui que a seleção da Copa de 1970 concretiza esse novo estilo brasileiro de jogar futebol, sendo um marco ao esporte nacional, tornando-se referência para outras equipes. Criou-se, assim, uma nova identidade nacional para o futebol brasileiro.




Diego Oliveira dos Santos

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