O Brasil é conhecido como o “país do futebol”, e a mídia alimenta essa ideia dando destaque a esse esporte como um novo estilo de jogo. Dessa forma, a pesquisa desenvolvida por Filipe
Fernandes Ribeiro Mostaro, publicada na Revista Estudos em Jornalismo e Mídia, v.11, de 2014, parte da ideia de que um estilo distinto de praticar o futebol foi edificado
em densas narrativas que tiveram como pano de fundo a questão da mestiçagem e a
identidade nacional construída nos anos 1930.
A pesquisa utilizou as publicações de edições do Jornal do Brasil e O Globo nas
Copas realizadas entre 1938 e 1970. O autor utiliza textos de Freyre que destacam o sucesso da equipe brasileira,
considerando a mistura étnica presente nos jogadores convocados, um dos
fatores que levaram a ter esse destaque, utilizando termos como “dança ou
capoeiragem” e “malandragem” para distinguir o futebol apresentado pela seleção
brasileira e os demais times. Assim, alguns jogadores daquela equipe tornaram-se
referências ao estilo de jogo, ganhando notoriedade mundial por conta do poder
de improvisação durantes as partidas.
Na final da copa 1950 houve um
fato marcante na história do futebol e das copas, o famoso Macanaço. O Brasil, sediando a edição, enfrentou na final a
seleção do Uruguai, e em pleno Maracanã foi derrotado por 2 a 1, porém, mesmo
assim, nada alterou a representação do futebol-arte construída em 1938.
Garrincha com seus dribles, Pelé com seus belos gols, são
considerados sinônimos desse futebol-arte, porém na Copa de 1966, a
seleção brasileira foi eliminada na primeira fase, dando uma pausa no discurso de
que o melhor futebol do mundo era apresentado pela seleção nacional.
Para a Copa de 1970 foi feita uma nova preparação dos
atletas, com cuidados em relação ao físico e talento, exaltando o chamado “Planejamento
México”. Com isso, a mídia deixou de lado o discurso de que o futebol-arte
era baseado no improviso e dom natural. Perceberam que, além desses
dois fatores, outros novos começaram a surgir como a
estratégia e a disciplina do treinamento.
Brasil campeão da Copa de 1970, porém, com uma bela atuação
em campo, uma vitória por 4 a 1 em cima da Itália, ficando em definitivo com a
Taça Jules Rimet. De acordo com a mídia, surge um novo adjetivo para o futebol apresentado pela seleção:
o “futebol-arte-tecnica-poesia”. Com isso, são redefinidos elementos para o novo futebol-arte
brasileiro.
A pesquisa conclui que a seleção da Copa de 1970 concretiza esse novo estilo
brasileiro de jogar futebol, sendo um marco ao esporte nacional, tornando-se
referência para outras equipes. Criou-se, assim, uma nova identidade nacional
para o futebol brasileiro.
Diego Oliveira dos Santos
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