Essa análise
foi realizada acerca da coluna do físico Marcelo
Gleiser publicada na edição imprensa e na página virtual do jornal Folha de
São Paulo. O colunista é professor de física e astronomia do Dartmouth College,
em Hanover (EUA). Gleiser venceu duas vezes o prêmio Jabuti, e é autor de
diversas publicações, seu livro mais recente está “Criação Imperfeita” onde
fala sobre a relação tênue entre religião e ciência, e desmistifica a ideia de
que há ordem sob o Universo, defendendo a celebração das imperfeições da
natureza.
Foram
selecionados os dois últimos textos publicados por Marcelo Gleiser em sua
coluna. Gleiser escreve com uma periodicidade semanal. Dessa forma, serão
apresentados os textos “A morte do Nada” e “Copérnico traído”, respectivamente
dos dias 4 de novembro e 28 de outubro de 2012. Na página da Folha de São
Paulo, estão disponíveis mais de 60 textos do colunista. Seu primeiro texto
publicado foi “Ciência e inovação no Brasil”, no dia 7 de agosto de 2011. Na
edição imprensa, sua coluna é veiculada aos domingos no caderno “Cotidiano” na
editoria de “Ciência + saúde” O espaço de sua coluna no impresso faz uma
relação com o cotidiano do leitor. Dessa forma, se dá ênfase a ciência com
participação constante no dia-a-dia do leitor.
No espaço
virtual, seu texto abre espaço para comentários do leitor, bem como o
compartilhamento através das redes sociais. “A morte do Nada” possui 18
comentários até o momento da análise, enquanto “Copérnico traído” foi comentado
24 vezes. É comum encontrar um entrelaçamento com o literário na forma de
escrever de Marcelo Gleiser, onde o leitor é conduzido por linhas que não tem a
complexidade conhecida da ciência e que lhe sugere uma leitura fluida. É preciso
salientar, ainda, que o autor não se enquadra em gênero informativo, pois
fala de ciência com um tom pessoal onde, talvez, sua forma de escrever
refere-se ou assemelha-se às crônicas, gênero tradicional em jornal impresso.
No
primeiro texto “A morte do Nada”,
Gleiser discute a suposta existência de um espaço vazio ou simplesmente o Nada,
sob a atmosfera terrestre. Com uma escrita totalmente configurada na
interpretação pela literatura narra, brevemente, a cronologia de estudos sobre
a existência de um breu. Contextualizando com teóricos nas áreas de física,
astronomia e filosofia, cita grandes nomes da ciência como Tales, Descartes,
Aristóteles, Newton e Einstein, desmembrando esses estudos sobrepostos uns aos
outros. Nessa publicação, o autor fala sobre a inquietude do ser humano em
novas descobertas e em entender-se no seu espaço. Contudo, posiciona-se
categoricamente ao encerrar sua discussão com a seguinte frase: “Existimos numa natureza
plena-plena de essências e mistérios.”.
Já
no segundo texto, “Copérnico traído”,
fala sobre os problemas entre ciência e religião nos séculos 16 e 17. Para
contar a história da traição a Copérnico, Gleiser narra a história desde a
hipótese da circunferência terrestre até a publicação traiçoeira dos
manuscritos da sua comprovação teórica. Diferente do primeiro texto analisado,
em “Copérnico traído”, o autor não fala apenas da inquietude do ser humano, mas
sim da difícil relação entre ciência e religião, ressaltando que muitos
cientistas podem ser reconhecidos postumamente como é o caso de Copérnico. A Revolução
Copernicana o teve junto a Galileu e Johannes Kepler. Por isso, Marcelo Gleiser
termina dizendo que “Copérnico
morreu traído, mas é imortalmente celebrado como um dos heróis da história do
pensamento.”
Seu texto fala
diretamente ao leitor em alguns momentos, traz exemplificações relevantes à
realidade cotidiana de quem lê sua coluna, além de trazer metáforas em seus
textos. O autor intriga a mente do leitor que é conduzido para o que mais
lhe parece plausível.
Por Thales de Oliveira
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