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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Divulgação científica e a consciência social da população

    Por Ingrid Bravo

   Por que divulgar ciência? Muitos motivos poderiam ser mencionados. Divulgar ciência ajuda a melhorar a educação e traz conhecimento. A divulgação científica atrai jovens ou entusiastas para o convívio do meio científico e ajuda a desmistificar conceitos equivocados e mitos sobre o papel do cientista ou pesquisador.

   Divulgar ciência não é um trabalho simples, porém, todos os envolvidos com ciência deveriam fazê-lo. Uma pesquisa bem apresentada ao público pode render reconhecimento e, até mesmo, fundos para continuar o trabalho. A população deve ter conhecimento da importância e necessidade dessa ou daquela pesquisa.

    Quando o cientista e/ou pesquisador divulga o seu trabalho, presta contas à sociedade daquilo que investiu. Um pesquisador tem de explorar um modo de divulgar o seu trabalho de maneira clara e precisa. Professora adjunta do Departamento de Fisiologia e Farmacologia do Centro de Ciências da Saúde da UFSM, Liliane de Freitas Bauermann, conta que divulgar o trabalho na mídia comum depende muito do que ele aborda. “Interesse do público é o que facilita ou dificulta a divulgação de qualquer trabalho produzido”, explica.

     Outro papel importante do divulgador é a correção de equívocos, conceitos errôneos e a má divulgação científica. Em nosso meio, existem pessoas que se aproveitam do vazio deixado pela ciência na mídia e se autoproclamam especialistas, quando muitas vezes nem trabalhos possuem. No caso do mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da UFSM, Robson Borba de Freitas, a pesquisa acadêmica o acompanha desde 2008. “Durante minha vida acadêmica desenvolvi trabalhos com produtos naturais, dentre eles as plantas medicinais. O cerne do meu estudo está baseado na investigação de possíveis efeitos tóxicos de plantas medicinais da flora gaúcha”, relata o pesquisador.

            A linguagem superespecializada e os procedimentos rigorosos adotados pelos pesquisadores tendem a afastar a ciência das pessoas. Porém, a pesquisa é um produto social como outro qualquer. Para transladar os resultados de suas pesquisas aos meios de comunicação, Liliane ressalta que a divulgação varia do tipo de mídia. “Revistas, palestras, entrevistas, imprensa, televisão. Dependendo da mídia é a maneira como colocamos os resultados. Deve-se respeitar o formato da mídia. Tenho que ter a capacidade de adaptar os meus resultados conforme as regras da mídia”, ressalta.

            A ciência, no entanto, não deve ser simplificada na pedagogia do “Você sabia?”. Para os pesquisadores, ciência é bem mais que uma compilação de curiosidades. “Em pesquisa, não gosto de falar em desfecho bom ou ruim. Resultado negativo também é resultado, tendo bastante valia no meio acadêmico. Na minha linha de pesquisa, provar através de métodos estatísticos que uma determinada planta é tóxica, mesmo querendo que ela fosse isenta de toxidez, agrega conhecimento a pesquisadores e profissionais da área da saúde que desconheciam tal característica”, explica Robson. Deu para entender por que pesquisar a ciência não é brincadeira?

            A divulgação científica possui múltiplos objetivos e pode ser realizada de forma individual ou em grupo. No laboratório em que chefia na UFSM, Liliane parte do princípio da coletividade. “Todos nos ajudamos. Dá para se dizer que uns são assessores dos outros. Desta maneira, podemos atuar em várias posições. Por exemplo, não tem uma pessoa que faça uma análise bioquímica e só ela domine a técnica, ao contrário, ela ensina outra pessoa e esta outra pessoa assim por diante”, completa a pesquisadora.

            As formas mais tradicionais de divulgação são em forma de textos, vídeos, feiras e palestras, porém também é possível disseminar o conhecimento científico através das novas tecnologias como blogs e portais na internet. Uma preocupação de quem faz divulgação científica é saber como a mídia trata o seu trabalho. Será que esse material científico vai ser de interesse do público em geral? Como avaliar estes interesses?

            Para Liliane, a imprensa traz um pequeno espaço de divulgação, porém, segundo ela, nunca negou atenção para as atividades realizadas no laboratório. “Dentro da instituição que trabalho, atualmente, nosso trabalho vem sendo prestigiado, principalmente, pelo nosso programa de extensão Prevendroga. Quanto à pesquisa básica, a UFSM dispõe de atividades para divulgação.”, diz.

            É fato que os cientistas precisam fazer divulgação científica para que a sociedade forme uma consciência social sobre a atividade científica, mas é essencial o contato dos cientistas com a realidade da sociedade. A partir desse entendimento da realidade e do conhecimento científico, a ciência consegue promover inovações e trazer avanços tecnológicos em prol de todos.

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