A popularização da ciência começou como um gênero literário, nos séculos XVII e XVIII, entre os países e sociedades. Porém, a humanidade não tinha os meios técnicos para que o conhecimento se tornasse possível a toda massa emergente. No entanto, os grandes homens da história muito cedo perceberam a importância da disseminação do conhecimento. Um exemplo importante foi Leonardo da Vinci, pois ele enfatiza que o primeiro dever do cientista é estabelecer comunicação.
Já no século passado, o jornalismo científico para Manuel Calvo Hernando é iniciado por causa da dupla explosão de conhecimento e informação, e emerge com mais força na Alemanha e nos Estados Unidos.
Hernando acreditava que a divulgação da informação da ciência e da tecnologia era uma necessidade em nosso mundo e os jornalistas e escritores poderia tentar media-la à sociedade.
Para ele, a divulgação da ciência deveria ser compartilhada, basicamente, entre cientistas e jornalistas. Os professores e pesquisadores com interesse em comunicar a ciência para o público e torná-la mais acessível, com linguagem que possa estar disponível e estar mais perto de linguagem cotidiana deveriam fazê-la.
Como comunicadores, a ciência é um dever, porque os meios de comunicação têm a obrigação de informar o homem médio, muitas vezes chamado de “público”, todas as coisas que acontecem ao seu redor e, especialmente, os fatos e conhecimentos que, como os avanços científicos estão transformando o mundo.
Nesta mesma linha, Hernando diz que não se pode esconder nada do público, pois tudo serve para o progresso da humanidade. Oferecer o material as pessoas, independente de seu valor científico é de interesse para o comunicador e pode influenciar positiva ou negativamente sobre o público.
No início do século XIX, o desenvolvimento de parcerias para o avanço da ciência traz um progresso considerável na popularização da mesma, porque diversas instituições estavam tentando relacionar e vincular os cientistas com o público através da imprensa.
Em uma sociedade democrática, os cidadãos precisam de uma compreensão básica de informação científica, para que eles possam tomar decisões informadas e não apenas contar com os especialistas. A obrigação de quem escolheu esta especialização evocativa está transformando o jornalismo em um. Positiva e criativa a serviço da educação popular e desenvolvimento integral do ser humano.
A relação entre cientistas e jornalistas
Como todo trabalho, existem zonas de contatos (convergências) profissionais e as zonas de antagonismos (divergências). O cientista e jornalista têm muito em comum: ambos têm a obrigação de comunicas, e, portanto, o cientista, como o jornalista e escritor, a sociedade humana formula uma proposta que é um desafio e tanto: informar a incoerência do mundo, ou pelo menos explicar.
Ciência é conhecimento público. Público, aqui, tem o significado de “publicado”. Desde que tenha passado por um período de estudo crítico e testes. O objetivo da ciência não se limita a aquisição de informação ou a expressão de ideias contraditórias. Seu objetivo é o consenso de opinião racional sobre o campo mais amplo possível.
Os cientistas e os jornalistas dificilmente coincidem sua opinião com relação ao que será ou não notícia. Pois, os resultados de uma pesquisa são provisórios e, portanto não publicável pela imprensa até a aprovação dos colegas. Já os jornalistas, no entanto, tem o interesse em publicado o novo/espetacular. Porém, pode estar tratando-se de uma investigação provisória e até mesmo incorreta.
Uma tensão entre a relação entre jornalistas e cientistas é quanto ao momento de divulgação da notícia.
Zonas de atrito
Existem várias fontes de tensões entre esses profissionais. Afinal, cada um tem seus critérios de trabalho e exigências produtivas. O cientista deve confirmar todos os testes e verificar seus resultados, quase sempre sem a ansiedade de tempo. O jornalista geralmente não pode verificar suas fontes, trabalhando o tempo todo e necessita de uma explicação mais detalhada sobre a pesquisa para que não gere informações errôneas sobre aquele novo conhecimento proposto.
Uma grande barreira entre cientistas e jornalistas está na diferença de orientação do seu trabalho. O cientista é geralmente relacionado com a análise e soluções de problemas em longo prazo, já o jornalista é pressionado pelas exigências do mercado atual, bem como pelo curto prazo de conclusão do seu material produzido..
Pontos de vista de cientistas e jornalistas
Hernando pontua uma questão importante em relação aos cientistas e a comunicação deles com o jornalista e a sociedade. Ele diz que quando o cientista escreve com clareza e beleza é capaz de se comunicar com as pessoas, pois qualquer cientista que se recusa ou não sabe como explicar em termos simples o seu trabalho não é geralmente um bom profissional.
Em geral, ambos profissionais têm preocupações sobre a verdade dos fatos, honestidade e veracidade nas hipóteses explicativas e pensamentos. Clareza da mensagem e interesse, em partilhar o objetivo final da ciência como um instrumento ao serviço do homem é também um objetivo em comum das classes. A notícia como um bem social ou até mesmo como mercadoria. E cada um desses grupos precisa do outro para cumprir seu trabalho profissional.
Perfil de jornalista científico para o terceiro milênio
O jornalista do século XXI deve ser, além de especialista em generalidades, como qualquer jornalista, especialista em comunicação da ciência. As perspectivas de desenvolvimento tecnológico nas próximas décadas afetam não só o conhecimento e fabricação, mas toda a nossa vida diária, em nível individual e social.
O jornalista científico cruza as fronteiras entre cada uma das outras disciplinas com mais frequência do que os cientistas, assediado por superespecialização. É auxiliado por um grande número de cientistas profissionais, enquanto trata de um público. Público este, muito complexo e, em sua maioria, heterogêneo.
As sociedades do terceiro milênio precisam de um novo tipo de comunicador que seja capaz de avaliar, analisar, entender e explicar o que está acontecendo. Isso não quer dizer que o jornalista tem de abandonar o seu papel de informar.
O trabalho dos jornalistas de ciência tem sido avaliado com este fator sobre a precisão dos fatos que contam. Se, além disso, o leitor adquire uma melhor cultura científica ou compreender os fundamentos da mecânica quântica, biologia molecular ou física da atmosfera, melhor, mas isso não é essencial para o seu trabalho.
Hernando acredita que a especialização seja umas das maneiras de se conseguir maior rigor no jornalismo. É uma necessidade. O jornalismo, deste século, requer profissionalismo, exatidão, precisão, concisão, clareza. E, para funcionar, é essencial saber muito bem sobre o setor profissional ou a área de informação em que se está inserido. Caso contrário, o resultado pode ser um jornalismo mais brilhante ou mais ousado, mas menos grave e menos rigoroso. Na batalha pela qualidade, maduro, que sabe melhor as informações de cada lote e são capazes de expor para o público.
O jornalista científico tem sido definido como uma espécie de máquina, um intermediário entre o pesquisador e o leitor. E, como qualquer intermediário, corre-se o risco de não deixar ninguém satisfeito. O público pode não ter compreendido a explicação. O pesquisador pode pensar que as informações foram adulteradas. E ainda, na melhor das hipóteses, deturpadas.
Qualidades de um jornalista científico
Acima de tudo, um jornalista, deve satisfazer as condições e características peculiares da profissão. Aplicar as regras jornalísticas básicas e fundamentais. Para um tipo específico de informações, relacionadas à ciência e tecnologia, deve pesquisar e agregar conhecimentos.
Para Hernando, o divulgador da ciência, se um jornalista profissional, deve mover-se entre o desejo de compreensão, a curiosidade universal, a capacidade de expressão, sede de conhecimento, o estado de dúvida, o cepticismo e alerta permanente. Preocupação com o rigor, o senso de admiração, e, claro, como tal, divulga, o gosto pela comunicação.
A divulgação requer tradução e simplificação com cuidados de ideias científicas. Hoje você começa a ter consciência da necessidade de difundir o conhecimento na sociedade. A informação é essencial para o desenvolvimento tanto da ciência como a comunicação entre as empresas e indivíduos. Dar uma definição é complicada, mas pode-se argumentar que a divulgação é dar ao público o conhecimento que consideramos necessário para o seu próprio desenvolvimento e usar para isso os canais mais adequados, ou seja, os meios de comunicação.
Como em outras especialidades do jornalismo, temos de lidar com grandes quantidades de informações, selecionando as que podem se tornar notícia e apresentá-las ao público de forma eficaz e sugestiva. Outra questão que Hernando aborda é de que sempre têm de explicar. Pois, trata-se de um conhecimento, muitas vezes, desconhecido pelas pessoas. E nós, como especialistas em mediar informações, devemos saber fazer isso melhor do que ninguém
Desafios atuais em matéria de divulgação científica
Desafios atuais em matéria de divulgação científica
A necessidade de envolver a sociedade no conhecimento científico, os seus benefícios e seus riscos, e ainda, promover o diálogo razoável entre aqueles que estão no comando da atividade científica e o resto dos cidadãos é o maior desafio de jornalistas responsáveis pela divulgação científica.
Afinal, todas as atividades humanas têm sido e são transformadas pela atividade científica e tecnológica, e quase sempre em benefício do indivíduo e da sociedade. Por isso, existe essa necessidade de prestar conta ao cidadão, que será atingido, diretamente, por essas mudanças científicas e tecnológicas.
Desafios do jornalismo científico
Um dos maiores problemas no jornalismo científico é a relação entre cientistas e jornalistas. Principalmente, no que diz respeito às diferenças entre os dois grupos, em especial, no conceito de notícias e do tempo que leva, ou deva decorrer entre a conclusão da obra (científica ou jornalística) e sua distribuição para o público.
Jornalismo científico: explicar o universo
Em última análise, os problemas do jornalismo científico são derivados da coleta de dados (fontes) e da capacidade de expressão e de transcodificar a mensagem científica para entender o que os especialistas querem dizer aos não-especialistas (público). Estamos na era da ciência e, portanto, refletem os mais recentes desenvolvimentos científicos e tecnológicos na mídia é, ou deveria ser, a grande notícia, a explicação diária do universo, o instrumento de participação das pessoas nesta única aventura da espécie humana, que é o conhecimento científico e as aplicações técnicas.
Devemos notar que, graças aos avanços no conhecimento, milhões de pessoas desfrutam níveis de saúde e bem-estar que apenas um século atrás, ou até menos, só poderia ser alcançado pelos poderosos da terra. Mas nem o conhecimento, nem cultura, nem o bem-estar, nem a riqueza, ou a informação, uniformemente distribuída. Metade da população mundial ainda vive sob as servidões da pobreza, insegurança, do velho e doloroso, e da ignorância.
Jornalismo científico é uma ferramenta para a democracia, porque proporciona todas as pessoas a comentar sobre o progresso da ciência. E ainda, permite o compartilhamento com os políticos e cientistas, da capacidade de tomar decisões sobre as graves questões que o desenvolvimento científico e tecnológico impõe.
Hernando salienta questões relacionadas aos problemas de divulgação, tais como: a língua, a extensão e profundidade da ciência, a ambivalência entre jornalistas e cientistas para divulgar, o conflito entre a velocidade e precisão, a necessidade de não perder de vista o equilíbrio informativo, a aceleração de nosso tempo.