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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A imprensa e a divulgação científica

      A popularização da ciência começou como um gênero literário, nos séculos XVII e XVIII, entre os países e sociedades. Porém, a humanidade não tinha os meios técnicos para que o conhecimento se tornasse possível a toda massa emergente.   No entanto, os grandes homens da história muito cedo perceberam a importância da disseminação do conhecimento. Um exemplo importante foi Leonardo da Vinci, pois ele enfatiza que o primeiro dever do cientista é estabelecer comunicação.
      Já no século passado, o jornalismo científico para Manuel Calvo Hernando é iniciado por causa da dupla explosão de conhecimento e informação, e emerge com mais força na Alemanha e nos Estados Unidos.
      Hernando acreditava que a divulgação da informação da ciência e da tecnologia era uma necessidade em nosso mundo e os jornalistas e escritores poderia tentar media-la à sociedade.
      Para ele, a divulgação da ciência deveria ser compartilhada, basicamente, entre cientistas e jornalistas.  Os professores e pesquisadores com interesse em comunicar a ciência para o público e torná-la mais acessível, com linguagem que possa estar disponível e estar mais perto de linguagem cotidiana deveriam fazê-la.
      Como comunicadores, a ciência é um dever, porque os meios de comunicação têm a obrigação de informar o homem médio, muitas vezes chamado de “público”, todas as coisas que acontecem ao seu redor e, especialmente, os fatos e conhecimentos que, como os avanços científicos estão transformando o mundo. 
      Nesta mesma linha, Hernando diz que não se pode esconder nada do público, pois tudo serve para o progresso da humanidade. Oferecer o material as pessoas, independente de seu valor científico é de interesse para o comunicador e pode influenciar positiva ou negativamente sobre o público.
      No início do século XIX, o desenvolvimento de parcerias para o avanço da ciência traz um progresso considerável na popularização da mesma, porque diversas instituições estavam tentando relacionar e vincular os cientistas com o público através da imprensa.
       Em uma sociedade democrática, os cidadãos precisam de uma compreensão básica de informação científica, para que eles possam tomar decisões informadas e não apenas contar com os especialistas. A obrigação de quem escolheu esta especialização evocativa está transformando o jornalismo em um. Positiva e criativa a serviço da educação popular e desenvolvimento integral do ser humano.

  A relação entre cientistas e jornalistas

Como todo trabalho, existem zonas de contatos (convergências) profissionais e as zonas de antagonismos (divergências). O cientista e jornalista têm muito em comum: ambos têm a obrigação de comunicas, e, portanto, o cientista, como o jornalista e escritor, a sociedade humana formula uma proposta que é um desafio e tanto: informar a incoerência do mundo, ou pelo menos explicar.
Ciência é conhecimento público. Público, aqui, tem o significado de “publicado”. Desde que tenha passado por um período de estudo crítico e testes. O objetivo da ciência não se limita a aquisição de informação ou a expressão de ideias contraditórias. Seu objetivo é o consenso de opinião racional sobre o campo mais amplo possível.
Os cientistas e os jornalistas dificilmente coincidem sua opinião com relação ao que será ou não notícia. Pois, os resultados de uma pesquisa são provisórios e, portanto não publicável pela imprensa até a aprovação dos colegas. Já os jornalistas, no entanto, tem o interesse em publicado o novo/espetacular. Porém, pode estar tratando-se de uma investigação provisória e até mesmo incorreta.
Uma tensão entre a relação entre jornalistas e cientistas é quanto ao momento de divulgação da notícia.

Zonas de atrito

Existem várias fontes de tensões entre esses profissionais. Afinal, cada um tem seus critérios de trabalho e exigências produtivas. O cientista deve confirmar todos os testes e verificar seus resultados, quase sempre sem a ansiedade de tempo. O jornalista geralmente não pode verificar suas fontes, trabalhando o tempo todo e necessita de uma explicação mais detalhada sobre a pesquisa para que não gere informações errôneas sobre aquele novo conhecimento proposto.
Uma grande barreira entre cientistas e jornalistas está na diferença de orientação do seu trabalho. O cientista é geralmente relacionado com a análise e soluções de problemas em longo prazo, já o jornalista é pressionado pelas exigências do mercado atual, bem como pelo curto prazo de conclusão do seu material produzido..

Pontos de vista de cientistas e jornalistas

Hernando pontua uma questão importante em relação aos cientistas e a comunicação deles com o jornalista e a sociedade. Ele diz que quando o cientista escreve com clareza e beleza é capaz de se comunicar com as pessoas, pois qualquer cientista que se recusa ou não sabe como explicar em termos simples o seu trabalho não é geralmente um bom profissional.
Em geral, ambos profissionais têm preocupações sobre a verdade dos fatos, honestidade e veracidade nas hipóteses explicativas e pensamentos. Clareza da mensagem e interesse, em partilhar o objetivo final da ciência como um instrumento ao serviço do homem é também um objetivo em comum das classes. A notícia como um bem social ou até mesmo como mercadoria. E cada um desses grupos precisa do outro para cumprir seu trabalho profissional.

Perfil de jornalista científico para o terceiro milênio

O jornalista do século XXI deve ser, além de especialista em generalidades, como qualquer jornalista, especialista em comunicação da ciência. As perspectivas de desenvolvimento tecnológico nas próximas décadas afetam não só o conhecimento e fabricação, mas toda a nossa vida diária, em nível individual e social.
O jornalista científico cruza as fronteiras entre cada uma das outras disciplinas com mais frequência do que os cientistas, assediado por superespecialização. É auxiliado por um grande número de cientistas profissionais, enquanto trata de um público. Público este, muito complexo e, em sua maioria, heterogêneo.
As sociedades do terceiro milênio precisam de um novo tipo de comunicador que seja capaz de avaliar, analisar, entender e explicar o que está acontecendo. Isso não quer dizer que o jornalista tem de abandonar o seu papel de informar.
O trabalho dos jornalistas de ciência tem sido avaliado com este fator sobre a precisão dos fatos que contam. Se, além disso, o leitor adquire uma melhor cultura científica ou compreender os fundamentos da mecânica quântica, biologia molecular ou física da atmosfera, melhor, mas isso não é essencial para o seu trabalho.
Hernando acredita que a especialização seja umas das maneiras de se conseguir maior rigor no jornalismo. É uma necessidade. O jornalismo, deste século, requer profissionalismo, exatidão, precisão, concisão, clareza. E, para funcionar, é essencial saber muito bem sobre o setor profissional ou a área de informação em que se está inserido. Caso contrário, o resultado pode ser um jornalismo mais brilhante ou mais ousado, mas menos grave e menos rigoroso. Na batalha pela qualidade, maduro, que sabe melhor as informações de cada lote e são capazes de expor para o público.
O jornalista científico tem sido definido como uma espécie de máquina, um intermediário entre o pesquisador e o leitor. E, como qualquer intermediário, corre-se o risco de não deixar ninguém satisfeito. O público pode não ter compreendido a explicação. O pesquisador pode pensar que as informações foram adulteradas. E ainda, na melhor das hipóteses, deturpadas.

Qualidades de um jornalista científico
Acima de tudo, um jornalista, deve satisfazer as condições e características peculiares da profissão. Aplicar as regras jornalísticas básicas e fundamentais. Para um tipo específico de informações, relacionadas à ciência e tecnologia, deve pesquisar e  agregar conhecimentos.
Para Hernando, o divulgador da ciência, se um jornalista profissional, deve mover-se entre o desejo de compreensão, a curiosidade universal, a capacidade de expressão, sede de conhecimento, o estado de dúvida, o cepticismo e alerta permanente.  Preocupação com o rigor, o senso de admiração, e, claro, como tal, divulga, o gosto pela comunicação.
A divulgação requer tradução e simplificação com cuidados de ideias científicas. Hoje você começa a ter consciência da necessidade de difundir o conhecimento na sociedade. A informação é essencial para o desenvolvimento tanto da ciência como a comunicação entre as empresas e indivíduos. Dar uma definição é complicada, mas pode-se argumentar que a divulgação é dar ao público o conhecimento que consideramos necessário para o seu próprio desenvolvimento e usar para isso os canais mais adequados, ou seja, os meios de comunicação.
Como em outras especialidades do jornalismo, temos de lidar com grandes quantidades de informações, selecionando as que podem se tornar notícia e apresentá-las ao público de forma eficaz e sugestiva. Outra questão que Hernando aborda é de que sempre têm de explicar. Pois, trata-se de um conhecimento, muitas vezes, desconhecido pelas pessoas. E nós, como especialistas em mediar informações, devemos saber fazer isso melhor do que ninguém

Desafios atuais em matéria de divulgação científica

A necessidade de envolver a sociedade no conhecimento científico, os seus benefícios e seus riscos, e ainda, promover o diálogo razoável entre aqueles que estão no comando da atividade científica e o resto dos cidadãos é o maior desafio de jornalistas responsáveis pela divulgação científica.
Afinal, todas as atividades humanas têm sido e são transformadas pela atividade científica e tecnológica, e quase sempre em benefício do indivíduo e da sociedade. Por isso, existe essa necessidade de prestar conta ao cidadão, que será atingido, diretamente, por essas mudanças científicas e tecnológicas.
Desafios do jornalismo científico
Um dos maiores problemas no jornalismo científico é a relação entre cientistas e jornalistas. Principalmente, no que diz respeito às diferenças entre os dois grupos, em especial, no conceito de notícias e do tempo que leva, ou deva decorrer entre a conclusão da obra (científica ou jornalística) e sua distribuição para o público.


Jornalismo científico: explicar o universo

Em última análise, os problemas do jornalismo científico são derivados da coleta de dados (fontes) e da capacidade de expressão e de transcodificar a mensagem científica para entender o que os especialistas querem dizer aos não-especialistas (público). Estamos na era da ciência e, portanto, refletem os mais recentes desenvolvimentos científicos e tecnológicos na mídia é, ou deveria ser, a grande notícia, a explicação diária do universo, o instrumento de participação das pessoas nesta única aventura da espécie humana, que é o conhecimento científico e as aplicações técnicas.
Devemos notar que, graças aos avanços no conhecimento, milhões de pessoas desfrutam níveis de saúde e bem-estar que apenas um século atrás, ou até menos, só poderia ser alcançado pelos poderosos da terra. Mas nem o conhecimento, nem cultura, nem o bem-estar, nem a riqueza, ou a informação, uniformemente distribuída. Metade da população mundial ainda vive sob as servidões da pobreza, insegurança, do velho e doloroso, e da ignorância.
Jornalismo científico é uma ferramenta para a democracia, porque proporciona todas as pessoas a comentar sobre o progresso da ciência. E ainda, permite o compartilhamento com os políticos e cientistas, da capacidade de tomar decisões sobre as graves questões que o desenvolvimento científico e tecnológico impõe.
Hernando salienta questões relacionadas aos problemas de divulgação, tais como: a língua, a extensão e profundidade da ciência, a ambivalência entre jornalistas e cientistas para divulgar, o conflito entre a velocidade e precisão, a necessidade de não perder de vista o equilíbrio informativo, a aceleração de nosso tempo.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Tópicos sobre divulgação científica, segundo Manuel Calvo Hernando

1. Criação de uma ciência coletiva
  •  Frente ao risco de ver a ciência subjugada pelo poder, ou vice-versa, é necessário subordinar o poder com cuidado. Para isso é preciso,, segundo Laurent Fabius “Desenvolver uma cultura científica e tecnológica de massa”. Segundo ele essa ideia desempenha um papel essencial na mídia impressa e radiofusão. Em outras palavras, ciar uma consciência coletiva científica necessariamente fortalece a sociedade democrática.
  •  Os jornalistas e os comunicadores devem fornecer uma informação verdadeira e sugestiva em ciência e tecnologia. Para isso, os cientistas também têm a obrigação de dedicar uma parte do seu trabalho e seu tempo, interagindo com o público através da mídia ou por outros meios que hoje são agrupados para o nome de Ciências da Comunicação Pública. Além disso, conforme Mª Gabriela S. Martins da C. Marinho, III Congreso Brasileño de Periodismo Científico, 1991, tem-se dito que a difusão da ciência deve ser considerada como uma fase do processo científico.
  • Este vínculo entre ciência e sociedade vem de longe. Os cientistas sabiam que sua obrigação era servir o povo, embora nem sempre o fizessem, especialmente em grandes sistemas políticos autoritários.
2. Coesão: característica entre os grupos sociais
  • A divulgação científica e técnica cumprem ou deveriam cumprir, uma função de coesão e fortalecimento da unidade dos grupos sociais, permitindo ao indivíduo participar de alguma forma nos objetivos e tarefas de uma parte da sociedade que têm o poder científico e tecnológico. É o que Albertini e Bélisle chamam de função social de integração. Trata-se se acabar com o distanciamento entre a ciência e o senso comum. Como complemento se destaca uma função social da divulgação científica: conseguir que os cientistas e o público se compreendam melhor.
3. Fator de desenvolvimento cultural.
  • Os primeiros que escreveram sobre a necessidade e os problemas da popularização da ciência, como Pradal (1968), já determinou que a divulgação é uma necessidade cultural. Hoje, quase por unanimidade acredita-se que a divulgação da ciência e da tecnologia é necessária para o desenvolvimento cultural de um povo.
4. Aumento da qualidade de vida.
  •  A popularização da ciência não é apenas um fator de crescimento do próprio trabalho científico, mas uma contribuição para a melhoria da qualidade de vida e um meio de disponibilizar o gosto por conhecer sistemas e utilização de recursos da natureza e uma melhor utilização do progresso da ciência e da tecnologia.
  • Este tipo de divulgação contribui a uma forma particular de mediação cultural e supõe uma atividade que seleciona, reorienta e adapta um conhecimento específico para transformá-lo com destino a um contexto distinto. 
  •  A divulgação tem uma dimensão econômica, já que pode facilitar a transferência de conhecimentos, pode acelerar o processo de desenvolvimento industrial e pode também promover uma cultura empresarial que ajuda a incentivar a competitividade.
5. Política de comunicação científica.
  •  Estudos como o de Dorothy Nelkin ("La ciencia en el escaparate"), refletem que em uma sociedade cada vez mais dependente do conhecimento tecnológico, é extremamente importante contar com uma informação honrada, crítica e exaustiva sobre ciência e tecnologia.
  •  Nas sociedades em desenvolvimento, a divulgação da ciência tem a dupla responsabilidade de informar sobre a investigação que se faz no próprio país e a referente à ciência mundial, levando em conta sua influência nos indivíduos e nos grupos sociais.
6. Comunicação de risco
  • Esta comunicação pode ser, pelo menos, de dois tipos: um de natureza persuasiva e outro para informar ao público sobre como tentar reduzir os riscos em casos de desastres.
  •  Relacionada com esta função de divulgação, está a necessidade de estabelecer novas relações de comunicação entre governos, indústrias e sociedade, para estabelecer um novo sistema de relações, que nos permita desfrutar dos benefícios da tecnologia com o mínimo de risco. 
  •  Isso implica o dever dos meios de comunicação, de transmitir não somente as informações de atualidade, mas também, as que são úteis ao indivíduo e a sociedade, em uma linha de serviço ao público, para oferecer uma informação diferenciada.
  • Tendo em conta todas essas circunstâncias a Royal Society de Londres juntamente com outras instituições estabelece o Commitee on the Public Understanding of Science, COPUS. Se trata de romper as barreiras entre os cientistas e os meios de comunicação, mediante iniciativas diversas. Entre elas um programa de bolsas para que cientistas da indústria, universidades ou de centros oficiais trabalhem durante oito semanas em um jornal, televisão ou rádio.
7. Função complementar de ensino
  • A divulgação científica não substitui a educação, mas pode contribuir para o desenvolvimento da educação permanente e ajudar o público a adotar uma determinada atitude perante a ciência.
  •  A divulgação científica como pedagogia tem seus limites, que são resumidos por Pierre Sormany (Conferencia CCP, Madrid 21-24 mayo 1991): “É unidirecional e não interativa, pode dar lugar a construções pseudocientíficas e pode fortalecer o mito da ciência inacessível, ao invés de promover um autêntico equilíbrio no reparo do conhecimento.”
  • Ao mesmo tempo, suas ambições excedem os objetivos da educação convencional, no sentido de que os jovens se interessem mais pela ciência. 
8. Divulgação e educação
  • Em seu estudo clássico, "El reparto del saber", Roqueplo (1974), estabelece quatro tipos de relações entre os divulgadores do ensino (primeira e segunda): uma relação de complementaridade e relações de dependência direta, negativa e inversa.
  •  A relação de complementaridade se deriva da necessidade de especialização nos docentes e do atraso dos programas escolares com relação ao progresso da ciência. A divulgação complementaria então, a educação com flexibilidade e imaginação.
  •  A relação de dependência direta: A divulgação dó será acessível a quem recebeu um ensino suficiente para obter um benefício real desta atualização de conhecimento. De outra maneira, a divulgação corre o risco de incrementar a “brecha do conhecimento”, entre quem aproveita a divulgação nos meios informativos e quem não a faz efetivamente, por falta de preparação.
  •  Em terceiro lugar, uma relação de dependência negativa: originada pela falta de curiosidade dos cientistas pelo que está fora de seu campo e o bloqueio das pessoas quando se houve fala em ciência.
  • Relação de dependência inversa: cooperação entre investigador e escritor, e adaptação mútua daquilo que caracteriza em um ou outro estranhamento.
9. Combater a falta de interesse
  • Uma dimensão importante da divulgação científica é combater a falta de interesse da opinião pública sobre esses temas. Há muitos meios de combater esta falta de interesse, e cada divulgador terá de descobri-los.
  • Se trata de exaltar o mistério do universo científico em suas diferentes dimensões, mas sem rebaixar a nobreza e a dignidade desta palavra que impede ou dificulta seu uso em términos domésticos, familiares ou de distração.
10. As mensagens da ciência
  • Devemos ter presente a utilidade da ciência, sua capacidade de melhorar nossa vida. A obrigação de científicos e escritores é transmitir ao público uma mensagem da utilidade da ciência como serviço ao homem.
  • Devemos nos esforçar em apresentar o raciocínio científico, onde o método, como sabem todos os cientistas, é com frequência mais importante que o próprio resultado. Os jornalistas científicos norte-americanos da última geração creem também que não se basta informar os descobrimentos, e sim, aprofundar mais nos efeitos da ciência sobre o indivíduo e a sociedade.
11. Função de divulgador: uma comparação
  • Uma comparação de Pierre Auger resume de modo transparente a função geral do divulgador neste último nível: “É sabido que os gestos e as ações dos profissionais, vistos de longe, são geralmente incompreensíveis para um observador que não este em jogo”.

12. Desdramatizar a ciência
  • Tratando de conciliar a democratização com a seleção, o rigor com a simplicidade. Almodóvar (1992) fala de "dramatizar a ciência", referindo-se a suas experiências de divulgação científica por televisão, em programas de grande público que não tem caráter científico, e sim  unicamente cultural.
  • Para interessar o público em certos temas, as vezes distantes de sua experiência cotidiana, é muito importante tratar de desdramatizá-los, de dispensar sua carga acadêmica e formal, para convertê-los em algo acessível a sua mentalidade e sua capacidade de compreensão.
13. Aprender a comunicar
  • O passo seguinte deveria ser a aprendizagem, por parte dos cientistas, de não somente comunicar-se entre si, que hoje é essencial, mas para informar seus concidadãos os resultados do seu trabalho e, até mesmo, o processo em cada caso, o que leva a uma melhor compreensão do homem e do universo.
  • Contrariamente ao que parecia, a atividade da divulgação da ciência é das que mais exige criatividade e imaginação de seus cultivadores. Por um lado, deve-se extrair a substância, suas matérias, do fechado âmbito cientifico e deve, por outra parte, alcançar, interessar e se possível, entusiasmar o público com seus resultados.
  •  
    Por Camille Wegner

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O jornalismo científico e a escassez da divulgação na América Latina


Além de todos os problemas de comunicação que os países da América Latina enfrentam, a divulgação da ciência e tecnologia, através da imprensa é a maior delas. Essa preocupação resultou no artigo “Problemas de la divulgación científica em Iberoamerica”, do jornalista científico Manuel Calvo Hernando, em que o autor apresenta um pouco de história, atualidade e perspectiva para o jornalismo científico nesses países.
Segundo ele, antes dos anos 60, a publicação científica era praticamente nula na América Latina. A sensibilidade pela questão começou a aumentar quando os Estados Unidos iniciou cursos sobre o assunto. A primeira manifestação pública que mencionou o estímulo ao tema foi feita pelos Chefes de Estado Americano, em 1967, objetivando colocar a ciência e a tecnologia “a serviço do povo”. A partir de então, começaram programas de incentivo científico, mesas redondas e seminários.
Na América Latina, os jornais, hoje, não satisfazem as necessidades básicas, como, por exemplo, educação científica e debate público. Segundo Hernando, a população não é informada sobre esses aspectos científicos que são de extrema relevância para suas vidas atuais e futuras, assim como para a de seus descendentes.  
Um dos principais problemas de divulgação científica na América Latina é a dificuldade da participação popular nas investigações. Segundo o autor, a inexistência de consciência científica na sociedade faz com que a mesma viva alheia a essas questões e os meios de informação acabam não dando muito espaço para o tema, pois não há público para isso, fenômeno que o autor denomina de “círculo vicioso”.
            Mas não é apenas isto que não contribui para o fortalecimento do jornalismo científico. O pesquisador identifica outras preocupações como, por exemplo, falta de criatividade nas técnicas de difusão, decadência da reportagem científica, visão dogmática da ciência e tecnologia, predomínio de grandes institutos e universidades, falta de utilização de empresas como fontes de informação, mantimento de antigos paradigmas, problemas de incentivo e intervenção política.
Em relação ao Brasil, o jornalista afirma que ele se distingue de outros países sobre o assunto, justificando o grande número de seminários, cursos e congressos promovidos no território nacional para divulgação da ciência. Hernando faz referência ao brasileiro José Reis, autor de muitos livros e trabalhos sobre o tema, denominando-o como um dos grandes divulgadores científicos do mundo. Apesar da melhoria na imprensa brasileira, a ciência e a tecnologia ainda são divulgadas com a utilização de formas sensacionalistas, conceitos como ciência neutra e que o conhecimento científico é inacessível à maioria.
Ainda sobre o Brasil, o autor fala sobre a dificuldade de profissionais de comunicação para exercerem essa função. Apesar disso ser uma característica mundial, raramente as instituições de ensino disponibilizam em sua matriz curricular o jornalismo científico, na tentativa de sanar a necessidade. A maioria realiza cursos e seminários sobre essa especialidade.
No México, o autor enfatiza que não existe apenas a divulgação, mas sim uma análise e reflexão sobre o tema. É notória, nas instituições de ensino, a preocupação com o assunto, a fim de utilizar esse conhecimento como uma ferramenta para melhorar a qualidade de vida. Algumas características que ameaçam a situação atual no país são a crença de que esse trabalho é essencialmente filantrópico, carência de formação e profissionais divulgadores da ciência, conceitos culturais e a difusão, muitas vezes, é vista como algo secundário pelos cientistas.
Já na Colômbia não existem escolas para essa especialidade, não tendo critério nem projeções para tratar a notícia no âmbito científico.  Os poucos trabalhos no país acabam sendo sensacionalistas. Segundo Hernando, os problemas de divulgação na América, além da falta de formação e educação científica, são frutos da falta de diálogo entre o jornalista e o cientista, apuração aprofundada, decodificação do discurso científico e colaboração de autores e críticos para qualificar a divulgação.
Para o autor, o jornalismo científico, teoricamente, oferece a oportunidade de conhecer e interpretar de uma forma mais amena esses temas que se encontram por uma questão cultural ou não, mais distantes da população. Resumidamente, a preocupação, não é só do autor referido, mas de inúmeros pesquisadores citados por ele durante o artigo, em relação ao jornalismo científico é imensa.
            Particularmente, acredito que a principal mudança deve ocorrer na educação, na quebra de conceitos e paradigmas. Primeiramente, a ciência deve ser vista como parte da vida da população que, por sua vez, tem direito de entender e participar do processo, em virtude da relevância do assunto em seu cotidiano e futuro. A partir disso, a difusão da mesma se tornará mais acessível. Em relação à dificuldade de formação profissional, isso não é uma característica apenas científica, a especialização jornalística ainda está em desenvolvimento. 

A sociedade moldada para a comunicação e para a ciência


Um olhar voltado aos efeitos da tecnologia e da informação designa uma nova era para a sociedade. Resultante de recorrentes mutações, a comunicação no séc. XXI é acentuada pela revolução das tecnologias. O fim de uma linha centralizada de poder de informação estabelece o novo panorama desta ciência: a informação disseminada, a inserção a um contexto multimidiático e a comunicação interativa. 

Manuel Calvo Hernando no artigo “Ciencia y comunicación em la sociedade postindustrial”, nos faz uma compreensão quanto ao papel da mensagem, pode-se retomar McLuhan e dizer que a mensagem é o meio. Diante dos processos comunicacionais, o homem assume o papel de maior destaque, o de criador dos meios e seus conteúdos. Observar o significado do termo “ciência”, nos leva a concluir que a ciência de hoje pode ser considerada similar à vida humana.  Assim, após romper o estereótipo tradicional, a ciência ultrapassa a limitação de adquirir informação ou a simples exposição de ideias para formar-se de um consenso de opiniões.

A sociedade moderna enfrenta um desafio para este século e necessitará passar por uma reforma. Para preencher a lacuna existente entre a sociedade cientifica e a ciência é preciso investir nas bases deste processo, portanto, enriquecer-se culturalmente e melhorar sua qualidade de vida. Tais quesitos ligam-se diretamente preparação e a educação da sociedade (enquanto receptor) e de futuros profissionais (como emissores). A formação dos indivíduos é o que delimitará as versões de modo a aproximar-se (cada vez mais) da realidade, ou seja, popularizar a ciência.  


A Era da Informação



Segundo Manuel Calvo Hernando a internet pode ser comparada a um motor elétrico, dado a sua capacidade de distribuir informações para todas as áreas do conhecimento humano. Através da internet pode-se levar qualquer notícia a qualquer lugar do mundo. As novas tecnologias de gerenciamento e distribuição permitem que fábricas e grandes empresas se estabeleçam  como base de organização de uma sociedade industrial. Hernando afirma que estamos vivendo a Era da Informação
Acredito que com essa Era da Informação muitas coisas irrelevantes viram notícias e muitas notícias sérias são distorcidas. Talvez a informação esteja banalizada. Vivemos em um mundo onde contar o que está fazendo no momento, vira notícia e tem milhares de acessos.
          A rede, como se refere o autor no texto “¿El Tejido de Nuestras Vidas?”, é uma maneira de estarmos todos interligados. E é essa “interligação” que muitas vezes afasta pessoas, o que para nós, jornalistas pode ser muito perigoso.
 Na era do online muitos jornalistas deixam de ter um contato presencial com suas fontes, o que muitas vezes prejudica a qualidade das informações. 
    As redes são formas antigas de agrupamento dos seres humanos, porém essa nova rede, a internet, se mostra de forma diferente, uma forma mais abrangente. Tendo características muito importantes como flexibilidade, se adaptando a cada internauta, afirmando sua natureza evolutiva. A internet é suscetível a mudanças, devido ao seu uso social, e pode produzir consequências sociais que devem ser estudadas através de sua observação na prática.  
    Outra característica marcante dessa “nova rede” é o seu imediatismo. Vivemos em uma sociedade onde as notícias são descartáveis a cada novo segundo
Manuel Calvo Hernando fala sobre processos independentes que são derivados de uma nova sociedade baseada em redes, sendo eles, a necessidade de uma economia flexível e globalizada, valores de liberdade individual e comunicação aberta. A internet é uma manifestação de expressões culturais, mas que também pode afetar a elas. 
Assim, concordando com o autor, acredito que internet é um espaço democrático, onde existe lugar para todos os tipos de culturas.  Afinal, como diz Hernando, "a internet é a nova forma de comunicação, e a comunicação é a essência do Ser humano".  


Resenha do artigo “¿Popularización de la ciencia o alfabetización científica?”

No seu artigo sobre a popularização da ciência e da alfabetização científica, o jornalista científico Manuel Calvo Hernando defende que a proposta de verificar maneiras de transmitir o conhecimento científico para o grande público passa, primeiramente, pela questão de considerar as mudanças que os conceitos sofreram ao longo dos anos. Para ele, a popularização científica foi e deve ser substituída pela noção de alfabetização científica ou cultura científica.

 Segundo o autor, estudiosos europeus concordam que o intuito dos cientistas, docentes, periodistas e escritores deve ser o de ajudar o homem comum a superar seus temores em relação à ciência, tornando-se para isso, mais íntimo da matéria.

Em se tratando da distância entre sociedade e comunidade científica, Manuel destaca a importância de agregar ações junto aos meios de comunicação, uma vez que é da mídia o compromisso mais imediato de difundir essa cultura, divulgando materiais científicos para o grande público. Assim, são imprescindíveis as ações de formação desse interlocutor que precisa estar apto à tarefa e, também, o questionamento a respeito do que realmente sabem, afinal, é preciso ter uma ligação entre o saber o conseguir transmitir para os demais.

 No tocante à evolução da comunicação científica pública, o autor aborda um ponto crucial ao falar da adaptação que as teorias de comunicação devem ter para que os estudiosos possam dar conta das peculiaridades e exigências específicas da comunicação científica e tecnológica. O discurso usado deve condizer com uma análise do léxico e semiótica dos termos técnicos, para que o comunicador se atenha ao significado do que está dizendo, gerando assim a compreensão nos outros, daquilo que ele próprio já compreendeu.

Por fim, Manuel Calvo Hernando trata das funções atribuídas à divulgação científica, considerando que é dever dessa comunicabilidade transmitir informações, criando assim uma consciência científica coletiva; promover a coesão entre grupos sociais; estimular o desenvolvimento cultural;  incrementar a qualidade de vida das pessoas; gerar uma política de comunicação científica e tecnológica crítica; complementar o ensino e incrementar a educação escolar; combater a falta de interesse; aprender a comunicar com eficácia e o mais importante instituir um meio de progresso científico.

É notório que o autor tem a preocupação de que sejam desenvolvidas teorias de apoio à divulgação científica. Propõe que passem por essas noções teóricas elementos que supram as necessidades dos comunicadores. Por certo, sabe que é um processo delicado e demanda muito interesse da parte dos envolvidos, mas considera que é possível alcançar o propósito.
 
Por Aline Lopes
Acadêmica de Jornalismo UNIFRA
 

 

 

Resenha: CONTRA LA FACTURA DIGITAL


De acordo com o autor Manuel Calvo Hernando, o maior foco dos debates na internet é referente aos problemas dos países ricos. 
Para tornar a internet um campo de conhecimento que atenda não só às questões de uma pequena parte do mundo, segundo Hernando, é preciso tomar medidas como o multilinguismo na rede e o acesso ilimitado às obras de domínio público. 
Conforme Hernando, com a finalidade de tornar a internet um “Portal Mundial de Conhecimento”, a UNESCO teve a iniciativa de criar sites que tenham ênfase no patrimônio cultural dos países pobres sem grande acesso à informação, além de oferecer programas de ensino à distância. 
Para expandir o efeito de suas ações, a UNESCO também trabalha com programas de distribuição de software livre através do site http//www.Isf.org. A iniciativa tem quatro metas fundamentais: a utilização do software com qualquer propósito, estudar seu funcionamento e adaptá-lo às necessidades do usuário, redistribuição gratuita de cópias e tornar públicas todos os updates que os softwares recebem. 
Em suma, a UNESCO busca transformar a internet em uma rede independente das grandes empresas, baseada em iniciativas locais, com o objetivo de promover a utilização da internet para a educação e apoiada nos princípios de diversidade e pluralidade de conteúdo gratuito.

Resenha: Opinión - El Periodismo del Tercer Milenio

          
Em seu artigo Manuel Calvo Hernando  fala da importância que o jornalismo científico tem e cada vez mais terá neste terceiro milênio, e o crescente aumento do tema ciência na vida cotidiana e como os meios de comunicação devem entregar isto seu consumidor.

Neste artigo, o autor diz que o texto de ciência e a tecnologia são cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas e devem conter uma carga de emoção, ser algo palpável, colocar o indivíduo dentro do universo do tema, pois comunicam fatos que vão alterar em grande parte a vida de quem está lendo, ouvindo ou vendo a notícia.

 Atualmente, o jornalismo científico é um ponto de democracia, pois permite que o leitor forme a sua opinião e possa debater os temas científicos e políticos, se tornando parte ativa destas evoluções, como no exemplo dado no artigo sobre o uso racional dos recursos naturais que são mostrados pelas notícias científicas. Defende a popularização do tema nos meios de comunicação para que o mesmo seja de acesso a todos, evitando que a história seja reescrita, quando a informação é de uma minoria de pessoas e nações. Levar a informação ao todo ajuda no desenvolvimento dos povos de maneira homogênea.

Hernando fala também sobre o modo como o jornalismo científico é abordado nas universidades, ou a falta do mesmo em alguns casos. Hernando dá o México como um exemplo de país que se preocupa em ensinar e debater os aspectos de produção e ética do tema dentro das universidades, além de haver um grande interesse social. Mas alerta que os países de língua espanhola e portuguesa ainda estão atrasados frente aos países mais desenvolvidos, e que isto deve ser revertido de maneira rápida para que a distribuição desta informação e a pesquisa do tema sejam para todos.


O Periodismo do Terceiro Milênio para Calvo Hernando


Segundo Manuel Hernando, o século XX será lembrado pela consolidação de uma atividade à qual no passado não foi dada o devido valor: a divulgação da ciência para o público, o que conhecemos como jornalismo científico; a comunicação pública da ciência. Porém,  segundo ele, isso não quer dizer que tenha começado no século passado, quando aquela geração não estava preparada para trazer ciência ao público, ainda que fosse na segunda metade do século XX, quando esta necessidade começou a se tornar um processo natural nas sociedades industrializadas.

Um dos pioneiros da divulgação da ciência foi Voltaire. Ele compreendeu que a opinião pública foi a mola propulsora, e proclamou que considera necessárias causas como a razão, tolerância e liberdade.
Hernando cita nomes bem conhecidos da literatura espanhola que fizeram ciência popular, entre eles José de Echegaray, que descreveu o conteúdo dos processos físicos e químicos, e os grandes filósofos da Espanha: Ortega y Gasset, García Morente, Zubiri Besteiro,  promotores de divulgação.

A imprensa também trouxe um espaço positivo para a propagação da ciência. Conforme cita o autor, no século XXI, descobertas como astronomia, descoberta da vacina e outros tópicos de informações científicas chegaram ao público através da continuidade de informação desenvolvida pela imprensa periódica.

Manuel Calvo Hernando
Manuel Hernando diz que a atual relação entre a ciência e o jornalismo foi lançada desde o final do século XIX,  destinada às classes dominantes. Inicialmente, a explicação da ciência foi destinada basicamente à aristocracia. O autor lembra que no século XX, na Espanha, começou uma série de atividades para promover o jornalismo científico, dentre elas o Primeiro Congresso Nacional de Ciência Jornalistas (Madrid, 1990), V Congresso Latino-Americano de Ciência Jornalistas (Valência, 1990); Segundo Encontro Internacional Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (Madrid, 1991). A Associação Espanhola de Jornalismo Científico, com a ajuda do Conselho Nacional de Pesquisa, promoveu a celebração de cursos, seminários, simpósios e debates sobre temas dessa natureza.

Assim,  o jornalismo científico no mundo é entendido por causa de alguns fatores básicos,  tais como os desenvolvimentos científicos e tecnológicos, por exemplo, a energia nuclear, a exploração do espaço e o progresso da medicina, assim como na física, a descoberta de partículas dos segredos da matéria.

Hernando coloca alguns itens para se fazer jornalismo científico, tais como: mostrar sempre duas ou mais visões sobre uma mesma questão; preparar o público para receber tais informações; consultar e revisar fontes e dados; consultar fontes escritas antes da entrevista: documentos de especialistas, enciclopédias, dicionários, livros, e afins, lembrando que este ramo exige complexidade e entendimento.

Manuel Hernando enfatiza que os obstáculos a uma difusão melhor e mais ampla da ciência não são cientistas, ou escritores, ou produtores de televisão, e muito menos a causa é a suposta estupidez das massas. As barreiras são erguidas pelos os que dirigem os meios de comunicação: editores de jornais, responsáveis ​​por televisão e rádio, por exemplo, por desprezarem o público e dar publicidade ao lixo cultural e a propaganda.

“Em última análise, o gênero jornalístico de hoje e de amanhã é para ser uma nova forma de escrita na linha de "testemunho moral" do nosso tempo, e com o duplo objetivo de descrever o estado e a evolução da mudança científica e tecnologia e ao mesmo tempo prevenir o público sobre os riscos da civilização tecnológica”.

Calvo Hernando e os conceitos

 

Manuel Calvo Hernando morreu aos 88 anos. Foto: arquivo.   

Os conceitos de difusão, divulgação, jornalismo e comunicação, discutidos pelo jornalista Manuel Calvo Hernando, se baseiam em Pasquali (1979),que os distingue da seguinte forma:
     Difusão é o envio de mensagens elaborado em códigos ou linguagens universalmente compreensíveis. É a totalidade do universo receptor disponível em uma unidade geográfica, sociopolítica, cultural etc. O que caracteriza esse tipo de difusão é que pressupõe que o destinatário de uma mensagem conheça o tema.
·   A divulgação seria o envio de mensagens, elaborados mediante a transcodificação de linguagens críticas e linguagens incompreensíveis à totalidade do universo receptor disponível. Na divulgação se parte, em geral, de que a mensagem se dirige a um público formado por pessoas de distinta preparação e, neste caso, a divulgação faz alguns científicos informar o público dos resultados de suas investigações.
·  Entende-se por disseminação o envio de mensagens elaborados em linguagens especializadas a preceptores seletivos e restringidos.
Assim, para Calvo Hernando, a divulgação seria a tarefa de transmitir ao grande público, em linguagem acessível e decodificada, informações científicas e tecnológicas. Suas formas são as conferências, bibliotecas, cursos, revistas, cinema, rádio, jornal. Já a difusão científica é a missão do investigador de transmitir ao público os conhecimentos sobre sua disciplina. Por fim, a disseminação científica é a transmissão, por parte dos investigados, de informações científicas e tecnológicas para seus pares ou especialistas no mesmo setor da ciência.
Em tal cenário, o jornalismo científico  consiste na missão do jornalista de divulgar, através dos meios de comunicação de massa e linguagem acessível, informações científicas e tecnológicas, distinguindo-se da divulgação não pelo tema,mas sim o veículo a ser utilizado.
Para Hernando, o conceito de divulgação científica é mais amplo que o de jornalismo científico. Compreende todo o tipo de atividades de ampliação e atualização do conhecimento. A divulgação nasce no momento em que a comunicação de um feito científico deixa de estar reservada, exclusivamente, aos próprios membros da comunidade investigadora ou as minorias que dominam o poder, a cultura ou a economia.
O jornalismo científico, em sua tarefa de entregar o conhecimento a sociedade, é uma fonte de ensinamento e aprendizagem que busca ser compreensível.
O jornalismo científico manifestou sua maturidade como especialista informativo e como instrumento de desenvolvimento e de educação ao celebrar, em Tóquio, a primeira Conferência Mundial de Jornalistas Científicos (de 10 a 13 de novembro de 1992). Hoje, esta especialidade não é só uma dimensão da sociedade tecnológica, mas também um fator de câmbio e uma parte da indústria de conhecimento que produz, distribui e transfere informação científica e tecnológica.


Pós-industrial jornalismo científico
A melhoria da relação entre ciência e jornalismo pode estar na expansão do que é considerado como informação. Há certo limite de complexidade, além do qual o compromisso é opção vital para a busca de sentido.
Se fornecer ao público informações para ajudar a entender melhor o mundo ao redor é se comunicar, e se a mídia, ciência e público está incluído na ideia de que comunicação não é apenas um critério objetivo, a comunicação também reflexão e adaptação à realidade.

Adaptado de Manuel Calvo Hernando : http://www.manuelcalvohernando.es/articulo.php?id=8

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A divulgação científica perde um dos seus pioneiros

 
O jornalista espanhol Manuel Calvo Hernando, conhecido pelo trabalho pioneiro com divulgação científica, morreu aos 88 anos no dia 16 de agosto, em Madri.

Manuel Calvo Hernando deixa uma extensa
obra sobre jornalismo e ciência.
Dedicado ao jornalismo científico desde a década de 1950, foi um dos fundadores da Associação Ibero-Americana de Jornalismo Científico, em 1969, da qual foi secretário-geral, e da Asociación Española de Periodismo Científico, em 1971, da qual foi presidente de honra - a entidade é atualmente conhecida como Asociación Española de Comunicación Científica.

Nascido em Fresnedillas de la Oliva, nos arredores de Madri, Calvo Hernando começou sua carreira como redator do jornal Ya, no qual chegou a redator-chefe e subdiretor. Foi o responsável pela comunicação no Instituto de Cultura Hispánica. Em 1999, aos 75 anos, doutorou-se em Jornalismo Científico.

Autor de mais de 30 livros e centenas de artigos sobre jornalismo científico, foi vice-presidente da Asociación de la Prensa de Madrid e professor na Universidad CEU San Pablo, em Madri. Em 2008, foi homenageado pelo Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha pelo trabalho com a divulgação da ciência.

"Se queremos realmente uma sociedade democrática, é preciso que todos entendam a ciência", disse Calvo Hernando em entrevista à revista Ciência e Cultura em 2005.

A respeito da formação dos jornalistas científicos, disse: "Como os campos científicos são muito específicos, não me parece adequado que os jornalistas sejam formados em cursos de ciência. Mas os jornalistas deveriam fazer uma disciplina de história da ciência e metodologia científica e, depois, fazer como fiz: escolher quatro ou cinco disciplinas - como física, latim, filosofia ou matemática - que, mais tarde, possam servir de base para todo o resto. A partir do momento em que os comunicadores entenderem e souberem o que é a ciência e o método científico, poderão se especializar na área de seu interesse".

Repercussão no Brasil - "A morte de Manuel Calvo Hernando representa uma lacuna significativa no campo da divulgação científica, pelo papel de incentivador e animador que ele vinha exercendo, desde 1955, quando se destaca como jornalista devotado à cobertura da ciência e da tecnologia", disse José Marques de Melo, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) e diretor da Cátedra Unesco de Comunicação na USP.

"Tive o privilégio de ser um dos seus alunos de pós-graduação, no curso que frequentei em 1965, no Centro Internacional de Estudios Superiores de Periodismo para América Latina, sediado pela Universidade Central do Equador. Suas lições foram basilares para a aprendizagem e o exercício crítico do jornalismo científico", disse.

"Convidei-o a conhecer o Brasil, quando o visitei em Madri, em 1970, ocasião em que manifestou o seu respeito e admiração por José Reis. Nesse mesmo ano veio a São Paulo e, na Escola de Comunicações Culturais da USP, ministrou um curso pioneiro sobre Jornalismo Científico, frequentado pela vanguarda desse setor em nosso país. Retornou em várias outras ocasiões, sempre entusiasmado com a formação das novas gerações", disse Marques de Melo.

"Foi por inspiração de Calvo Hernando que se fundou, em 1977, a Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), reunindo profissionais e acadêmicos, bem como ajudando a integrá-la na comunidade internacional. Seus livros sobre jornalismo científico constituem fontes indispensáveis aos jovens que se iniciam nesse ambiente", disse.

O médico e jornalista Julio Abramczyk, também importante divulgador da ciência, é outro que conheceu bem Calvo Hernando. "Para ele não era suficiente usar adequadamente o idioma na divulgação científica. Era necessário empregar também uma linguagem jornalística, isto é, clara, breve, concisa e simples", disse o colunista de a Folha de São Paulo.

"Calvo Hernando se destacou por incentivar em vários países da América Latina, por meio de quase uma centena de cursos e palestras, o desenvolvimento e a criação de associações de jornalismo científico", disse Abramczyk.

"Graças ao seu empenho, São Paulo foi a sede, em 1982, do 4º Congresso Ibero-Americano de Jornalismo Científico, realizado concomitantemente com o 1º Congresso da ABJC, cuja repercussão resultou, na década de 1980, na criação de editorias de Ciência e Tecnologia nos principais jornais do País", destacou.

Mais informações: www.manuelcalvohernando.es.
(Agência Fapesp)

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Congresso Brasileiro de Formação de Professores ocorre em outubro


Iniciativa da Faculdade Cenecista de Campo Largo, Paraná, o Congresso Brasileiro de Formação de Professores está na sua terceira edição.
O congresso, que irá ocorrer entre os dias 15 e 17 de outubro, tem como objetivo reunir pesquisadores nacionais e internacionais em torno de discussões de pesquisas sobre a formação de professores.
As inscrições de trabalhos foram feitas até o dia 15 de junho, e a avaliação em julho. Já para os participantes ouvintes, a inscrição pode ser feita pelo site do evento, no valor de R$150, em depósito bancário. As áreas temáticas serão divididas em: políticas públicas, educação de jovens e adultos, educação especial, educação infantil, educação básica, educação superior e educação à distância.
O Congresso Brasileiro de Formação de Professores é uma realização da Faculdade Cenecista de Campo Largo (FACECLA), em parceria com o Instituto INTAAG de Desenvolvimento Social. Mais informações pelo site: http://www.facecla.com.br/congresso/

Congressos na área do Direito



O 10º Congresso de Direito Internacional acontece no Rio de Janeiro, na Faculdade Nacional de Direito (UFRJ) nos dias 22 a 25 de agosto deste ano. O evento aborda o Direito Internacional frente os desafios da contemporaneidade. 

Acontece nos dias 15,16 e 17 de agosto, em Salvador, o VIII Congresso Brasileiro de Licitações, Contratos e Compras Governamentais. A temática do congresso são as transformações, avanços e problemas identificados no sistema brasileiro de licitações, contratos e compras governamentais. 

O III Congresso Brasileiro de Direito Médico, acontece nos dias 14 e 15 de agosto, na sede do TJ em Curitiba, tendo como tema o impacto das mudanças do Código Penal na área da saúde. 

XII Congresso Internacional de Direito Tributário de Pernambuco ocorre de 26 a 28 de setembro de 2012, no Recife-PE. O evento tem como objetivo promover um espaço aberto para discussões multidisciplinares da relação jurídico-tributária em que tomarão parte os maiores especialistas do Brasil, Europa e América Latina.

V Congresso Internacional de Direito Eletrônico, ocorre do dia 25 a 27 de outubro de 2012 em São Paulo. A temática do congresso aborta os desafios para o século XXI. 

O Departamento de Direito da Universidade da Região de Joinville (Univille) realiza, nos dias 27 e 28 de setembro de 2012, o VII Congresso MERCOSUL de Direito Ambiental.  O encontro tem como objetivo desenvolver conhecimentos técnicos e científicos que conduzam a uma melhor compreensão da natureza. O evento acontece nas dependências do Hotel Bourbon, em Joinville – SC.

Por: Aline Zuse, Rúbia Keller e Camila Cunha