Imagine tratar uma lesão muscular ou entorse sem uso de analgésico, sem perder o conforto e a liberdade de movimento. Ou estimular uma região parcialmente paralisada sem medicamentos. Isso já é possível através da técnica de bandagem terapêutica, também conhecida como Kinesio Taping.
Criada no Japão há 38 anos, o método é uma solução revolucionária da medicina do esporte, e uma ferramenta eficaz para fisioterapeutas no tratamento e prevenção de lesões esportivas. A técnica teve início em 1973 pelas mãos do quiroprata japonês Kenzo Kase. A fisioterapeuta Belisa Kalsing, especialista na área, conta que para o doutor Kase, os músculos, faciais, ligamentos e tendões poderiam ser ajudados através de um apoio ou suporte externo. Bastava uma banda ou fita elástica que fosse capaz de auxiliar a função normal dos tecidos. “As bandagens existentes nessa época eram de materiais mais rígidos, que não proporcionavam conforto e a liberdade dos movimentos.
Nos jogos olímpicos de Seul, em 1988, a delegação japonesa utilizou essas bandagens pela primeira vez oficialmente, mas elas ganharam maior visibilidade nas olimpíadas de Pequim, onde foi possível verificar um elevado número de atletas que recorreram ao seu uso de forma a melhorar o desempenho desportivo”, diz Belisa.
A técnica Kinesio Taping é bastante usada na área de ortopedia e traumatologia, onde se enquadram com maior frequência as lesões desportivas, e vem sendo bastante popularizada no tênis, voleibol e futebol, também podendo ser aplicada em qualquer tipo de modalidade ou atleta. A fisioterapeuta explica que a bandagem elástica funciona como um método de alívio da dor, que tem como objetivo a estimulação do sistema tegumentar. “Ao entrar em contato com o corpo, a fita provoca um estímulo na pele, que chega ao cérebro em uma velocidade mais rápida que o estímulo de dor, inibindo a sensação dolorosa. O princípio de aplicação está baseado nas capacidades de regeneração natural do nosso corpo,” esclarece Belisa. A bandagem elástica permite uma sensação de suporte e estabilidade, promove analgesia e aumento do fluxo sanguíneo periférico. É indicado usá-la em qualquer desordem músculo-esquelética onde se busque de imediato o alívio da dor e o retorno da função normal da área afetada, mas a fisioterapeuta ressalta: “A aplicação da Kinesio não apresenta contra-indicações, porém deve-se ter uma atenção especial com indivíduos que apresentem problemas dérmicos, alergias ou com tendência à irritação de pele com outros tipos de ataduras ou materiais adesivos. Também se deve evitar exposição direta ao sol ou a elevadas temperaturas”, adverte. Ela explica também que pacientes que apresentarem alguma reação adversa, são orientados a tirar a bandagem imediatamente.
Mas como a banda é aplicada no corpo? Belisa explica: “A banda é feita de 100% de cóton, material permeável ao ar e resistente à água. Além de ser elástica, ela é fina, porosa, não tem medicamentos, tem expessura e peso similar à pele, contendo marcas na sua parte adesiva que simulam impressões digitais ou as veias existentes no nosso corpo.” A fisioterapeuta comenta que a cola é 100% acrílica, hipoalérgica e sensível ao calor. Antes da aplicação é necessário fazer a assepsia da região onde a bandagem será fixada. “Deve-se observar a existência de lesões cutâneas, fazer a limpeza da área com solução antisséptica, remover as pilosidades para melhorar a aderência das fitas. Por fim, o tecido ou músculo que se pretende aliviar, inibir ou ativar, deve ser previamente alongado para a correta aplicação e funcionalidade da banda. Após fixada, seus efeitos duram de três a sete dias, tempo em que a cola adere”, finaliza.
A medicina aprova
A medicina aprova
O médico e fisioterapeuta Lucas Moro diz que estudos comprovam que o método Kinesio Taping pode contribuir com outras especialidades da medicina. Atualmente, vem sendo utilizado em casos neurológicos e estéticos. “Quem passou por uma cirurgia plástica, por exemplo, tem a técnica como aliada para drenar o edema e colaborar com o processo de cicatrização. Em pacientes neurológicos, o método é muito utilizado em casos de espasticidade (aumento do tônus muscular), sialorreia (perda não intencional de saliva pela boca), e paralisias”, explica. Segundo ele, o tratamento funciona também para acelerar cicatrização de feridas porque aumenta a circulação sanguínea no local. Moro diz que a bandagem terapêutica tem sido esperança para muitas vítimas de paralisias e sequelas decorrentes de lesões cerebrais provocadas por tumores, hemorragias, bloqueios nos vasos sanguíneos e acidentes. Ele conta que uma de suas pacientes, fez uma cirurgia cerebral para retirada de um angioma. O procedimento afetou a musculatura do rosto, ocasionando paralisia facial. Para reverter o quadro, foram recomendadas sessões de fisioterapia. Quando iniciou o tratamento, há cerca de um mês, conheceu a técnica da bandagem terapêutica. “Após duas semanas de uso da bandagem, a paciente começou a sentir os primeiros resultados, recuperando aos poucos o sorriso. Hoje, ela teve um avanço bastante expressivo no sorriso e nos movimentos faciais,” diz.
Embora a técnica tenha sido trazida há 11 anos no Brasil, pelo médico Nelson Morini Júnior, seu uso ainda é recente. Em 1998 a Therapy Taping Association foi criada no país.
Embora a técnica tenha sido trazida há 11 anos no Brasil, pelo médico Nelson Morini Júnior, seu uso ainda é recente. Em 1998 a Therapy Taping Association foi criada no país.
Por Bruna Kozoroski
Um comentário:
Sofri um acidente de carro e tive TCA , o procedimento cirúrgico me deixou com paralisia facial do lado esquerdo, isso dia 26/12/2015. Faço fisioterapia, fono, e acumpultura. Há um mês descobri o kinesiotape e estou fazendo. Gostaria de saber dessa paciente que utilizou para paralisia facial quanto tempo ela demorou pra ter 100% da paralisia facial extinta, recuperando o rosto. Meu email é erickavieira60@gmail.com. aguardo contato.
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