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segunda-feira, 22 de junho de 2015

O imaginário do espaço no fotojornalismo online

A fotografia tem o poder simbólico de retratar uma mesma realidade sobre perspectivas diferentes e, assim, podendo revelar os anseios do fotógrafo em contar determinada história.  Com os adventos tecnológicos, a fotografia se tornou ainda mais presente no cotidiano social tanto no registro quanto no consumo de imagens.

Em artigo publicado na edição de junho de 2015 - da Revista Galáxia (PUC-SP) - as autoras  Ana Taís Martins Barros e Anelise Angeli De Carli, analisaram como o imaginário das marcas territoriais emerge no fotojornalismo quando as redes de comunicação expandem os espaços nacionais para além de seus limites geográficos.


Foram escolhidos os jornais mais populares a fim de observar o comportamento do imaginário do espaço e do território no Oriente e no Ocidente, sendo selecionados os seis continentes tradicionais. As fotografias foram destaque dos jornais na mesma data, 27 de dezembro de 2013. Para embasar a análise das imagens, as autoras utilizaram as noções de imaginário do pensador francês Joël Thomas e da simbologia da imagem de Gilbert Durand.


São feitas as leituras das capas das edições online dos jornais para explicitar a noção do imaginário dos leitores de cada país. As fotos foram escolhidas aleatoriamente, no momento em que foram abertos os sites, para ressaltar o caráter randômico do leitor. Foram elencados os seguintes jornais: Al-Ahram (Egito); The New York Times (Estados Unidos); O Globo (Brasil); The People’s Daily (Pequim); The Guardian (Reino Unidoe The Sydney Morning Herald (Austrália).


De acordo com a pesquisa, vivemos em uma era imagética, onde a quantidade de imagens produzidas é imensa, devido aos dispositivos que facilitaram o processo de divulgação. A subjetividade das fotografias usadas gera uma noção de ligação territorial em cada jornal em que são utilizadas.


Após análise dos elementos de composição e conteúdo de cada fotografia, as autoras evidenciaram a falta de eficácia simbólica. O fotojornalismo acaba por ser enfraquecido pelo volume de fotografias que circulam na rede. É notada a falta de potencial de sensibilização em retratar o assunto.


“As diferenças entre as várias partes do mundo parecem pasteurizadas, mas não por iniciativa das culturas locais, preocupadas em construir uma identidade própria, que supere localismos e que fale de uma unidade nacional ou mesmo continental, e sim por efeito de dispositivos jornalísticos, como o critério de noticiabilidade e o valor-notícia”.  


Renan Mattos 



Pesquisador evidencia alternativas aos alimento transgênico

Os alimentos transgênicos  podem ser considerados tentadores como alternativa para suprir a crescente demanda nutricional e alimentar da população mundial? A pesquisa realizada por Hugh Lacey, professor emérito de filosofia no Swarthmore College, contestou que o problema a cerca das necessidades humanas de alimentação são muito mais atraentes se olhados por outras alternativas.

A crescente popularização dos estudos relacionados a biotecnologia, e em específico os transgênicos, apontam  diretamente para o investimento científico na área nos últimos 20 anos.  O fato de a biotecnologia tomar um novo patamar de importância na economia internacional, alavancou o financiamento privado para estudos científicos relacionados a engenharia genética de alimentos.

Com o propósito de popularizar as monoculturas de transgênicos como solução de plantio em  terrenos praticamente inférteis, ou mesmo como solução para redistribuição de alimentos, as  pesquisas acadêmicas , metodologicamente, limitam-se de tal forma que desconsideram fatores sócio-econômicos como relevantes na hora da aplicação.

Como consequência, a abordagem descontextualizada - como explica o pesquisador Hugh Lacey -  não consegue ter a dimensão dos riscos potenciais do uso dos transgênicos,  seja do seu caráter biológico ou socioeconômico.  Assim, os atuais estudos na área acabam  por  ignorar os riscos em longo prazo, sustentando-se à ideia de que os benefícios atingidos pelo uso dos transgênicos  acabam  por compensar malefícios.

A partir de uma metodologia que engloba benefícios, os riscos e as alternativas, o pesquisador chama atenção para agroecologia como uma forma de resistência as monoculturas de transgênicos utilizadas pela agroindústria. “A agroecologia é considerada uma disciplina científica que transcende os limite da própria ciência, ao pretender incorporar questões não tratadas pela ciência clássica, ou seja , relações sociais de produção, equidade, segurança alimentar, produção para auto consumo, qualidade de vida, sustentabilidade", afirma o pesquisador.

Tendo em vista que o levantamento de dados realizado pela FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação,  a produção mundial de alimentos é suficiente para alimentar toda a população humana, e ainda sobra. Portanto, o problema não é a produção de alimentos, e sim a distribuição de renda que impossibilita a distribuição de forma universal e igualitária.  Essa conclusão  evidencia, ainda mais, a  importância por parte dos estudos científicos em que considera a realidade sócio-cultural, para que os riscos sejam mínimos e para garantir que a alimentação seja um direito universal e não um monopólio de produção extensiva direcionado a  uma parcela da população.
Daniel de Moura Pinto 

terça-feira, 16 de junho de 2015

Análise das narrativas da imprensa nacional revelam a origem do futebol-arte

        Segundo análises feitas por Filipe Fernandes Ribeiro Mostardo, o estilo de jogo adotado como símbolo do futebol nacional, o futebol-arte, foi edificado em densas narrativas da imprensa nacional. Segundo as pesquisas, esse termo começou a ser utilizado no final da década de 30 e consolidou-se na década de 70.
            Para a realização da pesquisa, foram analisadas edições dos jornais Jornal do Brasil e O Globo durante as Copas do Mundo que aconteceram entre os anos de 1950 e 1970. Apesar dessa limitação temporal, a pesquisa remeteu o pesquisador ao ano de 1938, onde o embrião do futebol-arte brasileiro foi criado. Após a Copa do Mundo de 38, Gilberto Freyre, sociólogo e jornalista, publica em sua coluna do Diários Associados de Pernambuco, um texto que se tornou emblemático no que diz respeito ao futebol brasileiro. Segundo o jornalista, o futebol nacional contrastava com o futebol europeu em relação a velocidade e a capacidade de improvisação que, segundo ele, era decorrente da mestiçagem do povo brasileiro. A seleção brasileira terminou o campeonato na terceira posição e teve Leônidas da Silva, o “diamante negro”, como artilheiro do campeonato, o que acabou chamando a atenção dos jornalistas europeus.
         Já mais consolidado, o Brasil abre a década de 50 sediando uma Copa no país. Após fantásticas exibições, a seleção acabou derrotada pelo Uruguai em pleno Maracanã, fato conhecido até hoje como “Maracanaço”. Já na copa seguinte, em 54, a seleção perdeu para a forte equipe húngara e, mesmo assim, ainda era exaltada pela facilidade que seus jogadores tinham para improvisar em campo.
           No final da década de 50, mais precisamente em 1958, a equipe brasileira consegue finalmente alcançar o título de campeão mundial de futebol, o que acabou sendo extremamente exaltado na imprensa nacional. Segundo o artigo, é nesse momento em que começa a se consolidar o futebol-arte como algo restritamente relacionado ao povo brasileiro. A consolidação definitiva do futebol-arte acontece no México, em 1970, quando os preparadores físicos da seleção brasileira elaboraram o “Planejamento México”, um plano de preparação física para os jogadores. Após o título, os jornais exaltaram a capacidade dos jogadores canarinhos e do plano físico. Porém, segundo Salvador e Soares, preparadores físicos criadores do “Planejamento México”, com o tempo a cientificidade do planejamento seria secundarizada. Desse modo, o estilo de jogo nacional ficaria limitado a "aquilo que acontece naturalmente", deixando de lado toda a preparação física pensada para aquele ano.
            A pesquisa, de maneira geral, tenta afirmar que o estilo "futebol arte" adotado pelas seleções brasileiras, estão enraizados na década de 70, afinal a partir desse momento nos tornamos "o maior campeão do mundo", "detentores do talento" e reconhecidos mundialmente, o que torna o nosso estilo de jogo, um importante elemento na formação de uma identidade brasileira.


Luiz Gustavo Mousquer de Oliveira

Pesquisa estuda o consumo do álcool na adolescência


Estudo realizado por Leandro Rozin e Ivete Palmira Sanson buscou identificar alguns dos principais fatores que ameaçam a dependência do álcool na adolescência. Os pesquisadores analisaram 21 artigos publicados entre 2000 e 2009, capturados nas bases de dados LILACS, BVS, MEDLINE, COCHRANE e IBECS.
O estudo foi publicado em 2012 pela revista ACTA Paulista de Enfermagem, da Universidade Federal de São Paulo (USP), e apresentou resultados que apontam a cerveja, como a bebida alcoólica mais consumida entre os adolescentes. Ela traz uma sensação de bem estar quando ingerida inicialmente reduzindo, assim, a ansiedade, a timidez e o estresse. Além disso, constatou-se a alta influência das companhias como colegas e amigos no começo do uso da substância.  
            De acordo com o Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas (CEBRID) - realizado em 2004 com 48.155 estudantes do ensino fundamental e médio em 27 capitais brasileiras - constatou-se que 65,2% já haviam consumido álcool alguma vez na vida. Além disso, comparando estudos de levantamento domiciliar na faixa etária de 12 e 65 anos, entre 2001 e 2005, detectou-se aumento de 1,1% no uso da bebida.
            No Brasil, uma pesquisa realizada pela CEBRID em 2006, revelou que os adolescentes entre 12 e 17 anos (48,3%) já beberam alguma vez na vida. Destes, 14,8% bebem regularmente e 6,7% são dependentes de álcool.
          O estudo conclui que é primordial manter uma política abrangente e significativa de saúde pública e que tenha como prioridade a mudança das quantidades de álcool consumidas, dos padrões de consumo e dos danos posteriores.

Gisele Fernandes

quarta-feira, 10 de junho de 2015

A busca pela cura do câncer de mama: deveríamos começar tudo de novo?

             Uma pesquisa realizada por Daniel Guimarães Tiezz revelou que os esforços e gastos com o desenvolvimento de novas terapias para a o câncer de mama não têm sido a melhor estratégia para redução da mortalidade pela doença. O câncer de mama é a neoplasia maligna que mais afeta as mulheres nos dias atuais.
            Segundo um levantamento de dados, no ano de 1975, a taxa de incidência era de 105/100.000 mulheres/ano nos Estados Unidos.  Essa razão foi aumentando gradativamente e, hoje, atinge uma taxa bruta de 126/100.000 mulheres/ano naquele país, um aumento de 19,5%. Em todo o mundo, foram registrados 1,6 milhão de casos da doença com 522 mil mortes no ano de 2012.
            A proporção de mortes por casos novos é da ordem de 24,9% em países mais desenvolvidos e atinge 36,7% em países menos desenvolvidos onde, atualmente, se concentra mais da metade de todos os casos diagnosticados em todo o mundo.
            A pesquisa mostrou que não só a incidência de câncer de mama, mas das neoplasias malignas em geral, está aumentando em todo o mundo. Existe uma relação direta entre o desenvolvimento socioeconômico e o aumento da incidência da doença. A "busca pela cura do câncer" vem desviando a atenção das medidas básicas de prevenção primária da doença que, dentro da conjuntura atual, seria uma medida razoável para minimizar os efeitos futuros dos avanços tecnológicos.

Priscilla Sousa Toledo

As redes são as ruas: as jornadas de Junho no mundo digital

           As manifestações ocorridas em junho de 2013, no Brasil, foram analisadas por Rafael Grohmann e Lívia Silva de Souza no artigo A midiatização das jornadas de junho: o consumo na rede. O trabalho foi publicado na edição nº 31 da revista Ciberlegenda, no segundo semestre de 2014. O objetivo foi explorar os processos de midiatização e circulação de sentidos no mundo digital, a partir da análise de um anúncio publicitário e sua circulação na rede, relacionado com tais acontecimentos no país.
          O comercial “Vem pra rua”, da montadora Fiat, começou a ser veiculado a partir de maio de 2013 com a participação do vocalista Falcão, da banda “O Rappa”. A música tem como refrão “Vem pra rua porque a rua é a maior arquibancada do Brasil” que serve como slogan da Fiat, expressão usada pela marca por meio da hashtag “#Vemprarua”. 
          A letra da música remete à Copa do Mundo, que seria realizada no Brasil cerca de um ano depois, o que dá sentido a palavra “arquibancada”, e as imagens tem cores verde e amarela presentes em todo o vídeo, o que refere ao patriotismo. A empresa, no entanto, não foi patrocinadora oficial da Copa no Brasil. 
         O slogan da campanha caiu na boca do povo como uma espécie de hino dos manifestantes, principalmente no Youtube. Por isso, os pesquisadores analisaram a repercussão nesta rede social. Os manifestantes fizeram cartazes, gritaram, criaram músicas que se espalharam simultaneamente na internet e na cidade. Criou-se um grande coletivo de indivíduos, com as mais diferentes ideologias e motivos para participarem. Espalharam muitas ideias e interagiram através de tuítes, postagens no Facebook, fotos compartilhadas ou comentários sobre o acontecimento. Quanto mais se falava nas manifestações, mais o assunto era proliferado nas redes sociais. Tornou-se um fenômeno midiatizado.
         A partir desse contexto, a pesquisa selecionou a campanha publicitária da montadora Fiat, veiculada pouco antes das jornadas e intensificada no mês das manifestações, que se tornou um produto simbólico, com o discurso midiático transformado milhares de vezes.   
Foram analisados os comentários dos internautas no videoclipe publicitário que continham imagens do próprio cantor, por ser a peça publicitária mais comentada no canal da Fiat no Youtube, com um total de 2.752 comentários até 11 de agosto de 2014. Assim, pode-se perceber que a maior repercussão da campanha foi através do formato de videoclipe e não nos comerciais que fazem menção direta à empresa. 
        Percebeu-se que os conteúdos dos comentários, antes das manifestações, tinham um viés mais relacionado com a Fiat e a Copa. Já no auge das manifestações, os comentários tinham uma abordagem mais conspiratória. As jornadas de junho, portanto, não se limitaram aos grandes veículos de comunicação, nem mesmo às ruas das grandes cidades. Elas viraram um produto midiatizado, que circula e é consumido por todos os campos sociais, sem que possa ser controlado pela política ou pela grande mídia. Assim, os discursos da marca, que estão nas ruas e nas redes, se complementam e se reconfiguram, alimentando sempre mais o consumo e os novos sentidos.

Amanda Santos

Jornada do Meio Ambiente apresenta pesquisas sobre sustentabilidade na Unifra

Para promover ações que colaborem com o tema do Centro Universitário Franciscano ‘Viver 2015 Sustentável’, acadêmicos de 9 cursos de graduação apresentaram trabalhos sobre a temática da sustentabilidade na 6ª Jornada Integrada do Meio Ambiente (JIMA). Os trabalhos foram apresentados no primeiro dia do Salão de Iniciação Científica (SIC), no último dia 2. Além dos estudantes de graduação, alunos do mestrado e doutorado em Nanociências expuseram pesquisas ambientais.
A acadêmica de Direito, Francie Lazzari, mostrou a relação entre a sociobiodiversidade e os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas, negros, quilombolas e agricultores familiares, entre outros. “Minha pesquisa aborda a biodiversidade atrelada aos povos. Estudo desde a criação, ao manejo e à forma de extração que cada povo usa ao trabalhar em contato com a natureza”, explica. A estudante afirma que a pesquisa relaciona os povos da floresta com o Direito para entender a exploração que se faz sobre essas pessoas.
Acadêmica de Direito estuda a biodiversidade atrelada aos povos


Acadêmica de Direito estuda a biodiversidade atrelada aos povos
Reduzir os efeitos dos agrotóxicos na agricultura por meio de filtros de nanotubos de carbono é o objetivo da pesquisa apresentada pela estudante de Engenharia Ambiental e Sanitária, Daniela Pfeifer. “A nanotecnologia é capaz de ser incorporada a outros materiais resistentes que aumentam as propriedades físicas e mecânicas para diminuir o poder dos agrotóxicos”, relata a pesquisadora.
A 6ª JIMA foi coordenada pelo curso de Geografia da instituição. Segundo a professora e organizadora do evento, Ail Ortiz, a jornada promove o compartilhamento de visões distintas sobre a sustentabilidade e faz com que essas visões, propostas pelos alunos, não fiquem apenas no papel, mas que sejam colocadas em prática em benefício da comunidade. “Acima de tudo buscamos ultrapassar os muros institucionais para que essas práticas tenham visibilidade a nível municipal e regional”, declara.
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Da produção à distribuição: o percurso do Jornaleco
Para mostrar iniciativas praticadas em Santa Maria e na região, relacionadas ao ecossistema, o curso de Jornalismo apresentou o JornalEco – jornal impresso de temática ambiental produzido pelos alunos do 5º semestre do curso, orientados pela professora Andreia Fontana. Outra experiência do curso de Jornalismo apresentada na JIMA foi o Laboratório de Jornalismo Ambiental (Ambjor), inaugurado em 10 de maio, apresentou matérias ambientais produzidas e exibidas na TV Unifra e na Agência Central Sul. O Ambjor, orientado pela professora Aurea Evelise Fonseca, integra a Agência Central Sul de Notícias.
O SIC ocorreu nos dias 2 e 3 de junho, durante a Semana Mundial do Meio Ambiente, no Salão de Atos do conjunto III do Centro Universitário Franciscano.

Fotos: Francine Antunes (Laboratório de Fotografia e Memória/Centro Universitário Franciscano)
Por Luisa Neves

Estudo mostra de que forma os meios de comunicação alimentam o debate sobre a redução da maioridade penal

     O estudo “Adolescentes infratores na cena pública: como os media alimentam o debate sobre a redução da maioridade penal”, publicado na edição nº 1/2015 da Revista Contemporânea aborda a maneira como os meios de comunicação alimentam a discussão da maioridade penal, através de discursos sobre menores infratores. 

    A pesquisa enfatiza a forma como essa visibilidade midiática contribui para a formação de opiniões acerca da maioridade penal e consistiu na análise de conteúdo de 426 matérias publicadas entre os meses abril e setembro de 2012 nos Jornais O Liberal e Diário do Pará. Outro método utilizado foi a análise dos discursos sobre adolescentes em conflito com a lei.

   Os resultados apontam que adoção de uma perspectiva sistêmica dos media complexifica o processo analítico, afastando-o de perspectivas notadamente sensacionalistas, e permite a compreensão nuançada dos modos pelos quais os media investigados participam do debate público sobre a redução da maioridade penal.

     No trabalho, analisou-se como os media mobilizam e articulam discursos sobre adolescentes que cometem atos infracionais em momentos de latência, quando nenhum caso específico está roubando a cena midiática.

      Posições em defesa dos adolescentes ou contra a redução da maioridade penal são frequentemente colocadas em questão por entendimentos largamente compartilhados de que não há como ressocializar adolescentes ou ainda de que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) só serve para “proteger bandido”.



Deborah da Silva Alves

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Pesquisa realiza um panorama crítico das narrativas na imprensa nacional sobre o futebol-arte

O Brasil é conhecido como o “país do futebol”, e a mídia alimenta essa ideia dando destaque a esse esporte como um novo estilo de jogo. Dessa forma, a pesquisa desenvolvida por Filipe Fernandes Ribeiro Mostaro, publicada na Revista Estudos em Jornalismo e Mídia, v.11, de 2014,  parte da ideia de que um estilo distinto de praticar o futebol foi edificado em densas narrativas que tiveram como pano de fundo a questão da mestiçagem e a identidade nacional construída nos anos 1930.

A pesquisa utilizou as publicações de edições do Jornal do Brasil e O Globo nas Copas realizadas entre 1938 e 1970. O autor utiliza textos de Freyre que destacam o sucesso da equipe brasileira, considerando a mistura étnica presente nos jogadores convocados, um dos fatores que levaram a ter esse destaque, utilizando termos como “dança ou capoeiragem” e “malandragem” para distinguir o futebol apresentado pela seleção brasileira e os demais times. Assim, alguns jogadores daquela equipe tornaram-se referências ao estilo de jogo, ganhando notoriedade mundial por conta do poder de improvisação durantes as partidas.

Na final da copa 1950 houve um fato marcante na história do futebol e das copas, o famoso Macanaço. O Brasil, sediando a edição, enfrentou na final a seleção do Uruguai, e em pleno Maracanã foi derrotado por 2 a 1, porém, mesmo assim, nada alterou a representação do futebol-arte construída em 1938.

Garrincha com seus dribles, Pelé com seus belos gols, são considerados sinônimos desse futebol-arte, porém na Copa de 1966, a seleção brasileira foi eliminada na primeira fase, dando uma pausa no discurso de que o melhor futebol do mundo era apresentado pela seleção nacional.

Para a Copa de 1970 foi feita uma nova preparação dos atletas, com cuidados em relação ao físico e talento, exaltando o chamado “Planejamento México”. Com isso, a mídia deixou de lado o discurso de que o futebol-arte era baseado no improviso e dom natural. Perceberam que, além desses dois fatores, outros novos começaram a surgir como a estratégia e a disciplina do treinamento.

Brasil campeão da Copa de 1970, porém, com uma bela atuação em campo, uma vitória por 4 a 1 em cima da Itália, ficando em definitivo com a Taça Jules Rimet. De acordo com a mídia, surge um novo adjetivo para o futebol apresentado pela seleção: o “futebol-arte-tecnica-poesia”. Com isso, são redefinidos elementos para o novo futebol-arte brasileiro.

A pesquisa conclui que a seleção da Copa de 1970 concretiza esse novo estilo brasileiro de jogar futebol, sendo um marco ao esporte nacional, tornando-se referência para outras equipes. Criou-se, assim, uma nova identidade nacional para o futebol brasileiro.




Diego Oliveira dos Santos

Pesquisa identifica estratégias discursivas no programa Globo Ecologia


O Salão de Iniciação Cientifica (SIC), que aconteceu nos dias 2 e 3 de junho, teve o objetivo divulgar e avaliar a pesquisa acadêmica em nível institucional, desenvolvida no Centro Universitário Franciscano. Um dos trabalhos apresentados foi o da acadêmica de jornalismo e bolsista do Pibic/CNPq Laíz Lacerda, que apresentou o artigo “A midiatização da ciência as estratégias do discurso midiáticos no programa televisivo Globo Ecologia”.

O trabalho tem como objetivo discutir o discurso midiático no processo de popularização da ciência a partir da análise do programa Globo Ecologia. Ou seja, observar como a mídia explica a ciência, através de uma linguagem descritiva e didática, de fácil entendimento. Os programas pesquisados têm suas temáticas relacionadas a água e sustentabilidade.

A autora conta que aliou seu gosto pela pesquisa com a temática de preservação da água, um dos bens mais valiosos que ainda existe no planeta terra. “É algo que nunca devemos esquecer, é um assunto que deve ser sempre discutido e até polemizado”, opina.

Na pesquisa foram escolhidos seis programas com a temática de interesse, transmitidos entre abril e junho de 2013. A partir da análise, foi verificado, que a mídia televisa veicula em seus programas, entre outras estratégias de estudo, uma tentativa de conscientização da população sobre a preservação da água. “A mídia, através desta abordagem, conscientiza as pessoas e populariza a linguagem científica, tornando didática a linguagem para que seja de fácil e prático entendimento pela população”, afirma.

Também foi revelado que quanto mais a televisão veicula discussões voltadas a problemáticas como essas, utilizando linguagens características do seu meio, mais facilmente a sociedade compreende o assunto a fim de socializar o saber especializado e, com isso, procurar democratizar o conhecimento científico. “A mídia abordando temas tão importantes como esse, preenche as lacunas deixadas pelo Estado, o qual deveria trazer mais informações e tomar decisões sobre este tema”, constata.

 Priscila Martini