Pesquisadoras da
Universidade Federal de Santa Maria mostraram que a maconha pode reduzir os
efeitos da abstinência do crack. O estudo foi realizado em dois Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS), o da infância (CAPSi) e o do álcool e outras drogas
(CAPSad), com 10 pessoas do sexo masculino com idade entre 15 e 36 anos.
Foram feitas
diversas entrevistas para a coleta de dados, instrumento utilizado para
pesquisas qualitativas. As entrevistas continham questões como: a
idade em que começou a fazer uso de drogas ilícitas; o tipo de drogas já usado;
o uso da maconha e sua frequência; os benefícios e danos do uso de crack e
maconha; além de dados como o tipo de tratamento, histórico de
internações e os motivos que levaram cada um a procurar tratamento.
Segundo a pesquisa de Amanda
Schreiner Pereira e Rudiane Ferrari Wurfel, publicada em 2011, a maioria começou a fazer uso
de drogas a partir dos 13 anos de idade. Foi constatado que alguns desses usuários de crack também consumiam maconha. A
observação dos dados e entrevistas permitiram que o estudo fosse dividido em dois
temas: “Percepção
dos adictos acerca do uso de crack e maconha” e “Possibilidade de tratamento ou
uso/abuso impensado?”.
O primeiro, quanto a percepção dos
usuários acerca do uso de crack e maconha, pôde-se constatar que são inúmeros
os danos causados pelo uso excessivo do crack. Esses danos aparecem de forma
física, psicológica e social, pois a droga age com efeito estimulante no
organismo do usuário. Isso também aparece nos relatos dos participantes.
“Na cabeça e no pensamento, a pessoa fica magra. O pulmão perde a força de respirar e a cabeça parece que não pensa direito” - afirma um dos participantes. Outro integrante do grupo relatou: “Eu gastava demais, vendi meu carro e fumei tudo (...) O que eu tinha de bom dentro do meu apartamento eu vendi, entende? Pra comprar crack”. Quanto a substituição do crack pela maconha, a maioria dos participantes alegou que percebem a diminuição nos seus atos ilícitos como roubos, assaltos e vendas de objetos. “O benefício pra mim é que eu não fumo o crack, entendeu? Eu não saio para roubar, não saio assaltar”, diz um participante.
“Na cabeça e no pensamento, a pessoa fica magra. O pulmão perde a força de respirar e a cabeça parece que não pensa direito” - afirma um dos participantes. Outro integrante do grupo relatou: “Eu gastava demais, vendi meu carro e fumei tudo (...) O que eu tinha de bom dentro do meu apartamento eu vendi, entende? Pra comprar crack”. Quanto a substituição do crack pela maconha, a maioria dos participantes alegou que percebem a diminuição nos seus atos ilícitos como roubos, assaltos e vendas de objetos. “O benefício pra mim é que eu não fumo o crack, entendeu? Eu não saio para roubar, não saio assaltar”, diz um participante.
Já em relação à possibilidade de
tratamento ou uso/abuso impensado, muitos dos participantes afirmaram que o uso
da maconha auxilia no alívio da "fissura" (crise de abstinência) do
crack. Um dos participantes da pesquisa conta: "Quando eu fumo a maconha eu não fumo
crack, a maconha me tira a vontade de usar crack". A fissura, segundo a
pesquisa, pode causar alterações comportamentais e de humor do dependente e a
maconha pode ajudar no controle dessa ansiedade aliviando a "fissura"
por não usar crack. Isso pode ser caracterizado como uma estratégia de redução
de danos, ou seja, a substituição de uma droga mais pesada por uma que não
apresenta danos permanentes quando usada em longo prazo.
A pesquisa traz o método de
redução de danos como uma alternativa eficaz para o tratamento de dependentes
químicos, levando em conta que deve ser acompanhado por especialistas da saúde
mental.
Luiz Gustavo Mousquer de Oliveira
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